Apesar da revolução da Internet, a web está longe de ser o principal produtor de notícias jornalísticas. Pesquisa feita pelo Pew Research Center, e relatada pelo jornal Le Monde, demonstra que os meios de comunicação tradicionais são os grandes apuradores, os produtores primários de notícias, cabendo à internet apenas o "copiar-colar".
A pesquisa, realizada entre 19 e 25 de julho de 2009, envolveu 53 meios jornalísticos. Desde jornais locais, blogs, televisão, rádio, até portais na internet e twitter.
O resultado demonstrou que a imprensa escrita é a principal produtora de notícias. Seis, em cada dez novas notícias, são coletadas e difundidas pelos jornais. Os jornais generalistas são responsáveis por 48 % das informações inéditas. Já os especializados em temáticas, como Direito e Economia, respondem pela fatia complementar de 13 %. As televisões não chegam a levantar 3, de cada 10 notícias divulgadas. São responsáveis apenas por 28 % do noticiário. O rádio, quem díria, tem um peso muito pequeno - provavelmente pela ausência cada vez maior de repórteres neste tipo de mídia. A produção dos radiorepórtes norte-americanos, não chega a uma notícia, em cada 10 ( 7 %)
E a internet, quem diria, com todos os blogueiros, twitteiros, gestores de sítios, responde apenas por 4 % das informações inéditas.
O resto é só copia daqui, cola ali, e divulga pra todo mundo. A Internet é, na verdade, uma grande copiadora da imprensa tradicional, afirma o Le Monde. O papel dos navegadores é muito mais de disseminação e de alertar sobre determinados temas apurados pela verdadeira imprensa.
Estes dados são interessantes, pois em vários países há estudos que desejam classificar os blogueiros e twitteiros como jornalistas. Na verdade, em minha opinião, eles desempenham papel semelhante a muitos locutores e comunicadores de emissoras de rádio no Brasil. No passado, eles liam notas dos jornais, hoje pescam na Internet. Repórter na rua, apurando fatos novos, é muito pouco.
Aproveito aqui para convidar à leitura do meu artigo Radiojornalismo no Brasil:um jornalismo sem jornalistas
O estudo destaca e velocidade da Internet em difundir os fatos. Não é preciso esperar o dia seguinte para ler os jornais, principalmente para os fatos urgentes. O que chamamos aqui de Plantão, Informe extraordinário, e os norte-americanos classificam de "breaking news".
Outra grande fonte dos canais informativos na internet são os press releases difundidos por organizações públicas e privadas. Segundo a pesquisa, eles são retransmitidos na íntegra, sem agregar nenhuma nova informação ou comentário, e, o que é pior, o ciber leitor não é informado de que está lendo um release e não um texto fruto da apuração de um profissional vinculado ao cibermeio.
Para ler, em francês, o restante da reportagem do Le Monde, clique aqui .
3 comentários:
Chico,
Acredito que a pesquisa feita pelo Pew Research Center, seja verdade, até por um simples motivo. A maioria dos que gostam e trabalham com essa nova mídia, são geralmente jornalistas free-lancer ou que estão insatisfeitos (no bom e no mau sentido) com seus locais de trabalho, que por vezes editam de forma arbitraria as notícias. E por outro lado quem trabalha de uma forma independente também tem pouco ou quase nenhum recurso financeiro para apurar as notícias. Mas como você mesmo alerta a internet é um importante e hoje é de longe o mais rápido meio de divulgar notícias...é mentiras...kk.
É vero..a net tá bem mais pra ctrl c, ctrl v, mas, principalmente, pela praticidade das coisas. Infelizmente paramos de criar, investigar, difundir..afff
Acho que se desejarmos preservar o ciberespaço enquanto espaço jornalístico, teremos que avançar, apurar, olhar o mundo com olhos mais atentos.
Caso contrário, será mais um pouco do mesmo e o pior, cheio de aventureiros
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