Caros leitores e leitoras.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Fato Online não paga salário e jornalistas decidem por greve.

Com base no QuidNovi e no Portal do Sindicato dos Jornalistas do DF

Jornalistas do Fato Online aprovam greve se empresa não pagar salários atrasados.

Trabalhadores do Portal Fato OnLine aprovaram em assembleia ontem uma paralisação por tempo determinado se a empresa não depositar salários e décimo-terceiro em atraso. A redação não recebeu ainda o salário de dezembro, que deveria ter sido pago em janeiro, nem o décimo-terceiro.

Após muitas promessas e adiamentos, a direção da empresa prometeu fazer o pagamento até a semana que vem. Os trabalhadores decidiram que se o dinheiro não estiver na conta até o fim do expediente bancário de quinta-feira, 4/2, irão cruzar os braços a partir das 17 horas daquele dia até a 0 hora de sábado, 6/2, permanecendo toda a sexta-feira parados.

O Fato OnLine já havia atrasado o salário de novembro, que foi pago somente no fim de dezembro. E agora, os trabalhadores novamente sofrem sem o salário que já deveria ter sido pago. Há situações de pessoas em sérias dificuldades financeiras.
"O pagamento de salário é o direito mais básico do trabalhador. Os funcionários já deram vários votos de confiança e mais uma vez estão trabalhando com o prazo dado pela própria empresa, mesmo com os sucessivos descumprimentos. 
A decisão da paralisação é reflexo da insatisfação e da situação crítica que a direção da empresa provocou", afirma Jonas Valente, coordenador-geral do SJPDF, que acompanhou a assembleia. 


Ministério Público do Trabalho

No dia 27/1, foi realizada audiência no Ministério Público do Trabalho para tratar dos atrasos. Os representantes do Fato OnLine iniciaram se limitando a dizer que o salário de novembro (objeto inicial da reclamação) estava quitado. Frente à informação do SJPDF de que permanecia o atraso de salário de dezembro e do décimo-terceiro a empresa admitiu a situação e informou que regularizaria as pendências até o dia 20 de fevereiro.

Questionada sobre quais pendências seriam regularizadas, disse que apenas os salários e o décimo-terceiro para funcionários contratados com carteira assinada, sem estender o repasse a quem possui vínculo como pessoa jurídica. O representante do Sindicato questionou o prazo de 20 de fevereiro para o salário de dezembro, o que também foi contestado pela procuradora Waleiska Monte, que dirigia a audiência. Ela fixou prazo de cinco dias úteis para a quitação das pendências. Caso isso não seja feito, adiantou que irá tomar providências acerca do problema. 

Ligações Políticas

Com versão impressa e de webtv, o portal Fato OnLine entrou no ar dia 4 de março de 2015, com um time de profissionais de primeira: Nomes como os de Sérgio Assis (diretor geral), Cecília Maia (diretora de Redação), Rudolfo Lago (editor-chefe), Achiles Pantazopoulos (editor da TV Fato), Andrei Meirelles e a ex-ministra das Comunicações Sociais,Helena Chagas (colunistas). Na cobertura de Política, nomes competentes como Lúcio Vaz (editor), Mário Coelho, Edson Luiz, Afonso Morais,Marcelo Rocha e Iva Velloso.
Na Economia: Sheila D’Amorim (editora); Isabel Sobral; Fábio Graner, Regina Pires, Laís Lis e Guilherme Waltenberg, Ary Filgueira e Beatriz Ferrari e Joelma Pereira (repórteres). Na Fotografia: Orlando Brito (editor); Igo Estrela, Joel Rodrigues e Sheyla Leal.

Num período de crise na imprensa, o responsável pelo empreendimento foi Silvio Barbosa Assis, que se apresenta como operador no mercado financeiro, mas que foi apontado pelo jornalista Mino Pedrosa, no seu Portal QuidNovi, como sendo lobista, além de outras qualidades em seu currículo.

"Denunciado no Amapá – diz Pedrosa - por enriquecimento ilícito associado ao tráfico de drogas, Assis é considerado um homem de grande habilidade e se apresenta como afilhado de políticos de renome e caciques de vários partidos, como o ex-presidente José Sarney. Ele teve de sair de lá às pressas, depois de ter sido preso por sonegação fiscal. Antes da fuga, porém, já havia sobrevivido a um ajuste de contas em Macapá, onde recebeu seis tiros à queima-roupa, fazendo jus à lenda de que o gato tem sete vidas.”
Ainda segundo Pedrosa, Assis teria captado recursos para ajudar no financiamento da campanha do atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. Após a vitória e posse, “Assis convocou auditores do Detran e o seu diretor geral, Jayme Amorim de Sousa, e comunicou ser o ‘dono’ da autarquia, e dizendo falar em nome do governador Rodrigo Rollemberg e da presidente da Câmara Distrital, Celina Leão.”

Redes sociais: Belo Horizonte será sede do 5º BlogProg



São esperados 1.000 blogueiros e ativistas digitais, do país e do exterior. 


Representantes da Comissão Nacional de Blogueiros reuniram-se na terça-feira 26/1, em Belo Horizonte, na Casa do Jornalista com dezenas de militantes de movimentos sociais e sindicalistas para discutir a organização do 5º Encontro Nacional de Blogueiros, que acontecerá nos dias 20, 21 e 22 de maio na capital mineira e que tem apoio do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. São esperados cerca de 1.000 blogueiros e ativistas digitais, dentre eles os principais do país, além de convidados estrangeiros. 

A abertura será feita pela presidenta Dilma Rousseff e contará também com a presença de três ex-presidentes da República: Pepe Mujica, do Uruguai, Cristina Kirchner, da Argentina, e Luís Inácio Lula da Silva, do Brasil; além dos ministros da Comunicação Social, das Comunicações e da Cultura. [*]

O Encontro Nacional de Blogueiros aconteceu pela primeira vez em 2010, em São Paulo, como resposta à efervescente comunicação na internet, em contraponto ao pensamento único nos meios tradicionais. Repetiu-se em 2011, em Brasília, em 2012, em Salvador, e desde então tornou-se bienal – em 2014 foi realizado novamente em São Paulo. O número de participantes é cada vez maior, tendo chegado a 500 no 4º Encontro.

A escolha de Belo Horizonte para sede do 5º Encontro se deveu, além da sua localização central no país, à importância da capital na atual conjuntura política nacional. Os blogueiros entendem que Minas Gerais foi decisivo na eleição presidencial de 2014, disputada por dois candidatos belo-horizontinos. A decisão tomada pela Comissão Nacional de Blogueiros foi referendada com entusiasmo pelos militantes mineiros, que se comprometeram com a organização do encontro.

Apoios

Entre estes apoiadores estão centrais sindicais, como a CUT-MG; sindicatos, como SindUTE, Sindieletro, Sindifisco e dos Petroleiros; entidades estudantis e de jovens, como UNE, União Colegial, UJS, Levante Popular da Juventude; movimentos sociais, como Quem Luta Educa, Pastoral Fé e Política, Fora do Eixo, MST, e instituições de jornalismo e comunicação, como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Jornalistas Sem Fronteiras, Brasil de Fato e jornais laboratórios de cursos de jornalismo.

O jornalista Altamiro Borges, presidente do Núcleo de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, ficou animado com a reunião. “Tenho certeza de que vamos realizar um grande encontro”, disse. Miro, como é conhecido, ressaltou que um movimento como esse não existe em outros países. “Os estrangeiros ficam impressionados com o vigor dos blogueiros brasileiros”, comentou.

A reunião discutiu a infraestrutura necessária para a realização do encontro, especialmente local, alojamentos e alimentação dos participantes. O encontro reivindica o apoio dos governos federal, estadual e municipal para sua realização, conforme aconteceu nos encontros anteriores, considerando que representa um segmento e um interesse expressivos da sociedade brasileira hoje.

Democratização

O centro das discussões do 5º Encontro Nacional de Blogueiros será a luta pela democratização da comunicação e pela liberdade de expressão, bandeiras que unem os ativistas digitais de todo o país, das mais diversas ideologias e preferências políticas. Os riscos de retrocesso social e a cruzada de ódio em curso na sociedade brasileira estarão em pauta.

Além de palestras e debates, o encontro terá rodas de conversas para trocas de experiências entre blogueiros. Participarão blogueiros famosos, como Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Rodrigo Viana, Paulo Moreira Leite, Cynara Menezes, Hildegard Angel e outros, além de convidados estrangeiros. No último dia será aprovada a Carta de Belo Horizonte e eleita a nova Comissão Nacional de Blogueiros.

* Da redação do blog: Os nomes citados na reportagem foram convidados para o evento, mas nem todos já confirmaram a sua participação.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Cabo Verde: Jornalistas denunciam limitações legais à liberdade de imprensa

Distribuído pela Panapress, publicado anteriormente na África 21 Digital


A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) pediu, ao presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que solicite ao Tribunal Constitucional a fiscalização de uma norma do Código Eleitoral que leva a uma limitação séria da liberdade de Imprensa no arquipélago.

Praia - A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) pediu, terça-feira, ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que solicite ao Tribunal Constitucional a fiscalização de uma norma do Código Eleitoral que leva a uma limitação séria da liberdade de Imprensa no arquipélago.
À saída da audiência que uma delegação da AJOC teve com Jorge Carlos Fonseca, a presidente da AJOC explicou que a associação que representa a classe jornalística cabo-verdiana está preocupada com a aplicação dada ao artigo 105 do Código Eleitoral, nas alíneas c) e e).
"Entendemos que, nesse momento o que se desenha é essa nova limitação de liberdade de imprensa e da liberdade de expressão dos cabo-verdianos e a AJOC entende que isto é inconstitucional, tendo em conta o artigo 40 e 60 da Constituição da República", disse.
Por isso, prosseguiu, "porque temos essas dúvidas sobre essa inconstitucionalidade dessas normas, viemos pedir ao Presidente que solicite ao Tribunal Constitucional a fiscalização desta norma do Código Eleitoral".
Para Carla Lima, o facto de o referido artigo dizer que não se pode emitir opinião nem favorável nem desfavorável em relação ao candidato de partidos ou listas e nem em relação aos órgãos de soberania ou órgãos autárquicos, tem levado as televisões, as rádios e os jornais a suspenderem os espaços de opinião dos cidadãos e de especialistas, durante o período da campanha para a eleições legislativas de 20 de março próximo.
A presidente da AJOC diz ter verificado que, após as eleições de 2011, o número de queixas que entraram na Comissão Nacional de Eleições (CNE) contra os órgãos de comunicação social foi "imenso", tendo, na altura, o órgão que supervisiona os processos eleitorais  dado provimento a essas queixas com base no artigo 105 do Código Eleitoral.
Carla Lima disse ter  constatado que o Presidente da República também tem dúvidas sobre a constitucionalidade nessa matéria, tendo Jorge Carlos Fonseca informado à delegação da AJOC estar a analisar a questão e que muito provavelmente irá solicitar a fiscalização da mesma por parte do Tribunal Constitucional.
Entretanto, já depois do encontro com a AJOC, Jorge Carlos Fonseca comentou o tema no seu perfil de Facebook, revelando que o assunto tem merecido a sua "avaliação" e que na próxima semana tomará uma posição quanto ao eventual pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade das normas em causa.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

UTPBA, sindicato de Jornalistas Argentino é alvo de atentado

Três veículos invadiram as instalações da sede campestre da UTPBA, nos arredores de Buenos Aires. Em 2011 a sede já tinha sido alvo de outro vandalismo.

Otra vez se produjo un hecho vandálico –minuciosamente planificado- no sólo contra las instalaciones recreativas que la UTPBA tiene en la localidad de Moreno, sino contra la propia organización.
Como mínimo tres vehículos de mediano y gran porte ingresaron al predio de Moreno y sus conductores y acompañantes, además de dañar todo lo que encontraron a su paso, robaron un tractor, puertas, ventanas, bancos de plaza, cerca de cincuenta mesas (para ocho personas cada una), rejas y varias parrillas.
Todo lo indicado había sido restituido recientemente en el marco de los trabajos realizados para la recuperación del lugar después de los robos e incendios provocados con regular frecuencia durante los años 2014 y 2015.
Local funciona como centro de recreação dos trabalhadores da imprensa
Repetimos lo que dijéramos en las anteriores ocasiones similares: sin lugar a dudas los hechos se corresponden con una desesperada política de oposición a la UTPBA motorizada por quienes sueñan con destruirla.
Desde el año 2010 a esta parte, por todas las vías posibles se ha intentado, y se intenta, acallarnos y derrotar a como de lugar una historia de dignidad avalada por miles de compañeras y compañeros del gremio.

Ni lo sueñen, nada ni nadie podrá derrotarnos.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Brasil: Audiência de jornais desaba no impresso e no digital

Publicado originalmente no Brasil 247


Os principais jornais brasileiros experimentaram quedas expressivas de circulação ao longo de 2015, segundo dados do IVC, o Instituto Verificador de Circulação.
O dado mais surpreendente é que a circulação caiu não apenas nas edições impressas, mas também nas digitais – o que revela que as publicações não estariam sabendo como se adaptar à era da internet.
Entre janeiro e dezembro, a Folha caiu 14,1% no impresso e 16,3% no digital, o que gerou uma queda média de 15,1%, superior à do Estado de S. Paulo (8,9%) e à do Globo (5,5%).
Na lista do IVC, que contempla ainda publicações como Correio Braziliense, Zero Hora, A Tarde, O Povo, Valor Econômico, Gazeta do Povo e Super Notícia, todos – sem exceção – caíram. Alguns cresceram no digital, mas partindo de bases pequenas.

Os dados revelam vários fatores. Os jornais, naturalmente, foram afetados pela crise econômica que ajudaram a amplificar. Mas hoje enfrentam uma concorrência crescente de veículos puramente digitais.
Além disso, o modelo de cobrança por conteúdo, dos chamados paywalls (muros de cobrança para quem assina determinada quantidade de artigos), tem tido pouca receptividade no Brasil.
Um outro fator, que pode vir a ser considerado na análise, é o grau de engajamento político dos jornais da imprensa familiar, que passaram a substituir o jornalismo pelo proselitismo político, afugentando uma parcela de seus leitores.


Confira, abaixo, a tabela do IVC:

Como a mídia é regulada na Suécia


Por Claudia Wallin, publicado originalmente em Cartas da Suécia


O Ombudsman sueco da Imprensa levanta uma sobrancelha, como se acabasse de ouvir um impropério ou um desvairado insulto pessoal. A pergunta é se o sistema de regulação da mídia na Suécia pode ser interpretado como algum tipo de censura ou cerceamento da liberdade de imprensa. ”Absolutamente não”, diz um quase raivoso Ola Sigvardsson. ”Trata-se,aqui, de proteger a ética”.
Em 1766, a Suécia aprovou a primeira lei de liberdade de imprensa do mundo. Um século e meio depois, os suecos chegaram à conclusão de que era inadiável criar um modelo que, se de um lado preservava a essencial liberdade de expressão, de outro continha os perigosos excessos da mídia. Em 1916, o país criou o mais antigo conselho supervisor de imprensa da história – um modelo pioneiro, que viria a inspirar a criação de organismos de auto-regulamentação da mídia em diversos países.
Tempos depois, os suecos deram mais um passo à frente: incorporaram representantes da sociedade e do Judiciário ao seu Conselho de Imprensa. Criaram também um Comitê de Radiodifusão para supervisionar o rádio e na TV, e também puseram lá cidadãos comuns – como professores, médicos, representantes de sindicatos. E a presidência dos dois organismos é sempre excercida por juízes da Suprema Corte, que se alternam, em regime de revezamento, à frente dos órgãos de supervisão.
O entendimento sueco é de que o direito de expressar uma opinião traz, em doses iguais, o dever da responsabilidade. ”A liberdade de expressão, quando exercida de forma abusiva, pode ofender, incitar à discriminação e à violência, ou ter consequências negativas para um indivíduo ou uma sociedade como um todo”, diz a literatura oficial sueca sobre o tema.
O modelo sueco é, por definição, um sistema de auto-regulação voluntária da mídia – mas que se equilibra sobre o alicerce de um sólido conjunto de normas de conduta, e leva em conta a voz do público. Não há uma legislação específica para regular a imprensa: o que rege o sistema é um robusto código de ética.
”A ética é sempre muito mais rigorosa do que as leis”, pondera Ola Sigvardsson, ex-jornalista que desde 2011 ocupa o cargo de Ombudsman da Imprensa na Suécia.
”Um jornal poderia, por exemplo, publicar os nomes de pessoas que cometeram suicídio, ou de indivíduos suspeitos de ter praticado um crime. Isso não seria uma violação à lei, mas seria antiético. A ética também manda que a imprensa seja particularmente cuidadosa com as vítimas de crimes, por elas já terem sofrido o suficiente”, observa Sigvardsson.
Os guardiões da ética na imprensa sueca são o Ombudsman da Imprensa e o Conselho de Imprensa (Pressens Opinionsnämnd). O Ombudsman, também uma invenção sueca (de ”ombud”, representante, e ”man”, povo”), é a face pública do sistema. Ele atua como o primeiro filtro das queixas relacionadas à mídia, e tem poderes para mediar correções e direitos de resposta nos jornais. Casos mais complexos são examinados pelo Conselho em seu conjunto.
O envolvimento no sistema do Conselho de Imprensa é voluntário – mas praticamente todos os jornais e sites noticiosos do país são sócios desse clube: aos olhos do seu exigente público, submeter-se voluntariamente a um real escrutínio representa uma espécie de selo de garantia de responsabilidade.
”Quando o jornal Expressen foi criticado certa vez, o editor estampou a seguinte manchete: ’O Expressen foi criticado pelo Conselho de Imprensa. Leiam sobre isso’. Porque a posição do editor é a de que ser reconhecido como um jornal responsável é o caminho do futuro, e uma maneira de se diferenciar do ”quase jornalismo” que em muitos casos se pratica na internet.
No passado, publicar uma crítica do Conselho era algo vexaminoso. Hoje, eu diria que essa cultura está sendo transformada: publicar uma crítica mostrando que seu jornal errou mostra ao seu público que você está empenhado em ser correto”, diz o Ombudsman da Imprensa, que é nomeado por um comitê especial composto pelo Ombudsman do Parlamento, o presidente da Associação Nacional de Magistrados da Suécia e o presidente do Clube Nacional de Imprensa.
O Conselho de Imprensa sueco é formado por 32 integrantes: além dos quatro juízes da Suprema Corte que se revezam na presidência, a composição do órgão é equilibrada entre 16 representantes das organizações de mídia e 12 membros do público em geral. Os representantes públicos – atualmente composto, entre outros, por médicos e professores – são nomeados pelo Ombudsman do Parlamento, e pelo presidente da Associação Nacional de Magistrados da Suécia.
”Não há qualquer interferência de políticos, do estado ou do governo. É um comitê independente, que realiza uma supervisão independente”, diz Fredrik Wersäll, o juiz da Suprema Corte que preside atualmente o Conselho.
”A Suécia tem uma forte tradição de liberdade de expressão, que é um elemento básico de uma sociedade liberal. Mas por outro lado, é preciso defender os valores éticos”, destaca Wersäll.

Conselho de Imprensa da Suécia
Com orçamento anual de 45 milhões de coroas suecas (cerca de 15,3 milhões de reais), o Conselho de Imprensa da Suécia é financiado majoritariamente pelasquatro principais organizações jornalísticas do país: a Associação de Editores de Jornais (75%), a Associação dos Editores de Revistas (5%), a União de Jornalistas (menos de 1%) e o Clube Nacional de Imprensa (menos de 1%) – organismos que são também responsáveis pela formulação do Código de Ética que rege o sistema.
Os cerca de 20% restantes do financiamento do Conselho vêm de uma peculiaridade do sistema sueco: as multas aplicadas a empresas jornalísticas que violam as normas da ética. O valor das multas varia de 13 mil coroas suecas (cerca de 4,4 mil reais), para jornais de menor porte, a 22 mil coroas (aproximadamente 7,4 mil reais) para jornais com tiragem superior a dez mil exemplares.
É um sistema que ainda se apóia consideravelmente na eficácia da ameaça da humilhação pública: jornais que atropelam o código de ética costumam publicar os veredictos do Conselho de Imprensa em notas da proporção de uma página quase inteira – mesmo não sendo obrigados a isso: ”Recomendamos que as críticas sejam publicadas com destaque, mas não há obrigatoriedade no cumprimento da norma”, diz Synnöve Magnusson, secretária-geral do Conselho.
Por que então quase sempre as críticas ocupam quase toda uma página? – pergunto.
”Penso que é porque os jornais têm grande respeito pelo sistema”, responde Synnöve. ”E o sistema funciona, porque os leitores suecos odeiam ver esse tipo de crítica no jornal que compram”.
No site oficial do Conselho de Imprensa, é possível acessar um extenso banco de dados com as reprimendas e punições aplicadas pelo órgão. Um dos casos mais recentes é o de um sueco que se prepara para cumprir pena em uma penitenciária, e que encaminhou a sua queixa ao Conselho: o jornal Aftonbladet havia incluído seu nome em uma lista decondenados pela Justiça procurados pela Interpol, em reportagem intitulada ”Caçados em todo o mundo”.
Só que o homem já havia se apresentado à Justiça, que o condenou a quatro anos de prisão por ter ludibriado os serviços sociais ao fingir estar preso a uma cadeira de rodas para receber benefícios do Estado. O Conselho demandou a correção.
A cada ano, o Conselho recebe em torno de 200 queixas formais, em sua maioria relacionadas à cobertura jornalística sobre suspeitos de crimes e a casos de invasão de privacidade. Este ano, das 136 reclamações recebidas, 72 resultaram em críticas ao órgão jornalístico em questão.
”O sistema é eficiente, e não penso que o código de ética deve ser transformado em lei. Porque uma legislação teria o potencial de reduzir a liberdade de expressão”, opina o Ombudsman da Imprensa.
A Suécia também não tem uma legislação específicapara regular a alta concentração da mídia no país: dois grupos, o sueco Bonniers e o norueguês Schibsted, controlam os jornais de maior circulação nacional e têm diferentes interesses no mercado de TV; a tradicional Bonniers controla ainda a maior editora do país.
”Somos um país pequeno, de pouco mais de 9 milhões de habitantes, e o mercado tende a ser mais concentrado. Temos por outro lado uma forte tradiçãode liberdade de opinião, e fortes valores éticos na mídia.Também há um grande espectro de empresas independentes de distribuição e produção de conteúdo.Mas há um consenso geral de que, a longo prazo, precisaremos ter um novo panorama de mídia no país”, diz Kristoffer Talltorp, o porta-voz do Ministério da Cultura.
Casos de fusão de empresas de mídia, porém, passam obrigatoriamente pelo crivo do Konkurrensverket, a autoridade sueca que regula a competição no país.
”Bloqueamos uma fusão de empresas de mídia recentemente, pois do contrário uma companhia de TV a cabo teria se tornado dominante demais”, conta Maria Ulvensjö, especialista em casos de merger do Konkurrensverket. ”Mas não é proibido na Suécia que uma empresa de mídia cresça e adquira predominância”, acrescenta ela.
Também não há nenhuma proibição formal, na Suécia, de que políticos sejam donos de jornais ou concessões de rádio e TV.
”Mas isso simplesmente não acontece aqui. Seria inaceitável”, afirma o porta-voz do Ministério.
Para o rádio e a TV sueca, o sistema de auto-regulação segue os moldes do modelo adotado na imprensa. Oguardião do sistema é a Comissão de Radiodifusão(Myndigheten för Radio och TV), subordinada ao Ministério da Cultura. São duas as funções do órgão: regulamentar a outorga de concessões, e supervisionar se as regras estabelecidas na Lei de Rádio e Televisão são cumpridas pelas emissoras.
A renovação de concessões de rádio e TV não é automática.
"As licenças são concedidas por um período máximo de seis anos”, diz Kerstin Morast, diretora do departamento responsável pela outorga de concessão de licenças. ”Todas as licenças de rádio e TV na Suécia expiram simultaneamente, e portanto a cada seis anos iniciamos um amplo processo de análise da renovação das licenças”.
Não há registro recente, no entanto, de casos de revogação de concessões.
”Não temos problemas sérios de violação das normas na Suécia”, diz Kerstin.
Algumas normas da Lei sueca de Rádio e TV, atualizada em 2010, são:
. O direito de realizar transmissões deve ser exercido, mais especificamente no caso das emissoras públicas,com imparcialidade e objetividade
. Empresas jornalísticas devem garantir que os serviços de jornalismo reflitam os conceitos fundamentais de uma sociedade democrática, o princípio de que todas as pessoas têm igual valor, e a liberdade e dignidade do indivíduo
. Programas para crianças menores de 12 anos de idade não devem ser interrompidos por comerciais
. Anúncios comerciais na TV não devem exceder o total de 12 minutos por hora
A lei sueca também proíbe a veiculação de comerciais destinados a crianças menores de 12 anos de idade.
Igualmente, a lei não permite que estrelas de programas infantis façam qualquer tipo de propaganda na TV.
”E antes das 9 da noite, as emissoras devem também evitar exibir filmes violentos ou que possam amedrontar as crianças. É recomendável ainda que a violência na TV sempre seja mantida em níveis aceitáveis”, diz o jurista Nils Sigfrid, jurista da Comissão de Radiodifusão.
A supervisão do cumprimento das normas é feita em caráter constante, na Comissão, pelo chamado Comitê Supervisor da Radiodifusão (Granskningsnämden för Radio och TV).
O órgão é composto por 11 integrantes, incluindo três juízes da Suprema Corte. Os demais oito membros são representantes públicos, nomeados pelo governo.
”Atualmente, os representantes do público são umprofessor de Mídia e Comunicação, três jornalistas, sendo que um deles é aposentado, um escritor e o diretor de uma companhia de ópera”, detalha Helena Söderman, chefe do departamento de supervisão da Comissão de Radiodifusão.
Não se trata, repete Söderman, de um trabalho de censor: ”Absolutamente nada a ver com censura”, diz ela. ”Temos uma legislação com normas de conduta, e regras especiais que os detentores de concessões devem seguir”.
Dos cerca de 1 300 casos julgados anualmente pelo Comitê, segundo Söderman, a maioria é relacionada à questão da imparcialidade e da exatidão das informações veiculadas.
A punição para o descumprimento das normas é a leitura das críticas do Comitê antes da transmissão do programa em questão – ou multa: casos de emissoras que violam por exemplo as regras sobre anúncios comerciais, ou sobre a proibição de exibir produtos em programas não comerciais, são levados pelo Comitê à Justiça. O valor da multa, nesses casos, pode chegar a5 milhões de coroas suecas (cerca de 1,7 milhão de reais).
Deve haver sensatez no modelo de regulação da mídia dos suecos e seus vizinhos escandinavos, que adotam sistemas semelhantes: Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca aparecem consistentemente no alto dos rankings dos países com o maior índice de liberdade de imprensa do mundo.

TV brasileira lança websérie sobre o Irã

Jovens iranianas em Shiraz. Foto de Chico Sant'Anna
Publicado originalmente no Diário Liberdade

Aproveitando o fim das sanções econômicas e financeiras impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos contra o Irã, a TVT - TV dos Trabalhadores - decidiu lançar na rede uma websérie sobre o país persa.
A série aborda temas políticos, sociais e culturais.
A série tem como objetivo entender o país presidido por Hassan Rohani e comandado pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
O primeiro episódio da série já foi ar e está disponível no canal da TVT no YouTube. (para assisitir, basta clicar abaixo)




A TVT é o primeiro, e único, canal aberto de televisão no Brasil mantido diretamente por entidades de trabalhadores.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

IBGE abre 29 vagas para diversas áreas de Comunicação Social

Profissionais irão trabalhar no
Censo agropecuário 2016
O Instituto Brasileiro de Geografia e EstatístIca (IBGE) abriu edital de abertura do processo de seleção simplificada de profissionais que irão trabalhar para a realização do Censo Agropecuário 2016. Dentre as diversas funções desejadas existem 29 oportunidades para profissionais de Comunicação.

Vagas
São 16 vagas para Jornalistas, sete para webdesigner,duas para profissionais de produção gráfica/editorial, duas para programação visual,e duas para Relações Públicas. Os contratos são temporários e a previsão de duração deles é de 31 meses.
A jornada de trabalho será de quarenta horas semanais - oito horas diárias – e a remuneração é de R$ 7.166,00, acrescidos de auxílio alimentação e auxílio transporte. Mesmo sendo contrato temporário, os selecionados farão jus a férias e 13º salário proporcionais
As inscrições vão de 26 de janeiro até 22 de fevereiro, pelo site da Fundação Cesgrario. As provas serão realizadas em 22/05/2016.

Mais informações, clique aqui

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Entidades cobram do governo a prometida interatividade na TV Digital

Por Alberto Perdigão


Entidades ligadas à pesquisa, implementação e desenvolvimento da televisão digital no pais estão divulgando um manifesto pela adoção de um conversor digital que assegure interatividade – e inclusão - às famílias inscrita no Cadastro Único. O documento, intitulado Carta Aberta à Presidente Dilma, defende a manutenção do que estabeleceu o próprio Governo, em 2014 (Portaria 481), o que foi confirmado pelo grupo responsável pelas diretrizes operacionais da migração digital (GIRED), em maio de 2015.

Leia também:
“O modelo brasileiro é inovador, convergente, inclusivo e promove o desenvolvimento da indústria nacional”, argumenta a carta, numa referência ao midlleware Ginga. E, ao final, apela: “Presidenta, a senhora, que participou de todo o processo de definição do modelo de TV digital brasileiro, e que agora tem a oportunidade de colocá-lo em prática, sabe que a efetiva implantação da interatividade na TV digital brasileira, aberta e gratuita, poderá impulsionar enormemente a inclusão social e digital no país.”

A íntegra do manifesto é o seguinte:

Carta aberta à Presidenta Dilma

O middleware Ginga, que garante a interatividade plena na TV digital, é resultado de investimento público da ordem de 60 milhões que envolveu 1500 pesquisadores de todo o país em instituições de pesquisa, universidades e indústria, para desenvolvimento de um modelo que atendesse às necessidades brasileiras. Adotado  por 17 países da América Latina e da África, o Ginga diferencia o padrão brasileiro de TV digital (ISDB-Tb) dos demais padrões existentes.
Estabelecido pelo Decreto 5820/2006, o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) determinou, dentre seus objetivos, que a TV digital brasileira deve: promover a inclusão social e a diversidade cultural do País de acordo com a política do Ministério da Cultura e com o MEC, nas políticas de ampliação do EAD por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação; estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras, da indústria nacional e da economia criativa, possibilitando o desenvolvimento de inúmeros serviços decorrentes da tecnologia digital; incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços digitais.
¬O modelo brasileiro é inovador, convergente, inclusivo e promove o desenvolvimento da indústria nacional.  Todavia, desde sua criação, tem sofrido sucessivos boicotes contrários à sua efetiva implantação no país.
Tanto a radiodifusão comercial como as operadoras de telefonia móvel não tem demonstrado interesse na oferta da interatividade gratuita pela TV. Uma porque ainda não encontrou um modelo de negócio no qual obtenha novas receitas; outra porque não quer concorrência no streaming ou VOD que a TVDi pode oferecer de graça.

A iniciativa da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) com o projeto Brasil 4D, que ofereceu  informações e serviços públicos pela TV digital para comunidades carentes de João Pessoa/PB (2012)  e Samambaia/DF (2014), comprovou a eficácia do modelo brasileiro para a inclusão sociodigital. Como conseqüência, o governo determinou, por meio da Portaria 481/2014, a distribuição gratuita de conversores digitais interativos para todos os beneficiários do Bolsa Família; decisão especificada pelo GIRED, grupo responsável pelas diretrizes operacionais da migração digital, coordenado pela Anatel, em 15 de maio de 2015.
Entretanto, a recente indicação do GIRED de autorizar a distribuição de 12 milhões de conversores digitais sem interatividade para os cidadãos de baixa renda, inscritos no Cadastro Único, residentes em cidades com mais de 100 mil habitantes, tenta colocar de lado os rumos da política pública de interatividade para a TV digital aberta, decidida pelo governo brasileiro.

Querem oferecer um conversor apenas com zapper, com capacidade de recepção do sinal digital, porém sem a capacidade de rodar os aplicativos interativos com informações e serviços públicos, como a busca de emprego em tempo real, o acesso a filmes nacionais sob demanda, dentre inúmeros conteúdos que podem ser acessados pela TV digital interativa.

Isso significa que mais da metade da população brasileira que não têm acesso à banda larga fixa nem móvel permanecerá excluída, sem acesso às tecnologias de comunicação e informação. O beneficiário do Bolsa Família poderá acessar uma série de conteúdos e serviços públicos interativos gratuitos, mas o seu vizinho do Cadastro Único encontrará apenas a programação normal das emissoras abertas, sem nenhuma interatividade, sem nenhum valor agregado. Para entrar no mundo digital e convergente, ele terá de pagar internet ou TV a cabo.
Ao invés de alavancar o modelo brasileiro de TV digital, vamos retroceder e ampliar as divisões sociais que tentamos combater?

Este modelo de receptor com zapper não permite a atualização pelo ar, tornando sem efeito todo o investimento e trabalho realizados até o momento. Nenhuma herança será deixada à população, apenas um equipamento que se tornará obsoleto em curtíssimo prazo.

Serão dois Brasis? Um que usufrui dos benefícios da inclusão digital e o outro, interiorano, pobre, desconectado, carente de acesso às políticas e serviços públicos?.

Manter a decisão original (distribuir o receptor com Ginga para 14 milhões de famílias do Bolsa Família), significará dar condições para um mercado industrial que levará para o varejo conversores similares para um público consumidor potencial que ainda possui TVs de tubo ou planas, mas com recepção analógica, os quais poderão adquirir  um conversor digital com Ginga C, sem precisar comprar um novo aparelho de TV para acessar o sinal digital.

É possível garantir a interatividade dos conversores digitais a um custo menor do que os R$ 160,00 que a EAD (entidade privada executora do processo de migração da TV digital) pagou por cada um dos 1,2 milhões de receptores com Ginga C adquiridos até o momento. Existe boa vontade da indústria em desenvolver um conversor com Ginga C mais barato.

Presidenta, a senhora, que participou de todo o processo de definição do modelo de TV digital brasileiro, e que agora tem a oportunidade de colocá-lo em prática, sabe que a efetiva implantação da interatividade na TV digital brasileira, aberta e gratuita, poderá impulsionar enormemente a inclusão social e digital no país.

TV digital no Brasil se faz com Ginga !

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Concurso Microbolsas Judiciário vai distribuir cinco bolsas para as melhores pautas

A Agência Pública convoca repórteres independentes para investigar o sistema judiciário. As inscrições para o 6º Concurso de Microbolsas da Agência Pública estão abertas até o dia 29/2 para repórteres independentes de todo o Brasil. Eles devem propor pauta sobre o Poder Judiciário. As cinco pautas vencedoras ganham 5 mil reais, cada uma, para custear a execução da reportagem .
Entre os três poderes da República, o Judiciário é o que conta com menos coberturas investigativas e aprofundadas feitas pela imprensa brasileira. É nesse contexto que a Agência Pública de Jornalismo Investigativo lança seu sexto concurso de microbolsas para reportagens e convoca jornalistas independentes de todo o Brasil a pensarem em pautas sobre o sistema Judiciário.
Em 2014, os custos do Poder Judiciário foram de um total de R$ 68,4 bilhões, o equivalente a R$ 337 por brasileiro. Mesmo assim, começou o ano de 2014 com 70,8 milhões de processos pendentes, número que cresce todos os anos desde 2009, segundo o relatório Justiça em Números 2015, do Conselho Nacional de Justiça. E a morosidade é apenas um dos problemas recorrentes.
Com apoio do Instituto Betty e Jacob Lafer, o concurso vai distribuir bolsas no valor de R$ 5 mil para as cinco melhores propostas de pauta sobre o Poder Judiciário. As inscrições vão até o dia 29 de fevereiro e devem ser feitas pelo formulário disponibilizado junto com o regulamento do concurso no site da Pública. As pautas vencedoras serão selecionadas e receberão orientação e mentoria das diretoras da Agência Pública, Marina Amaral e Natalia Viana.
“Como nos outros poderes, o Judiciário precisa ser monitorado e cobrado pelos cidadãos para ter um bom funcionamento. É também esse o papel do jornalismo de interesse público: expor os problemas que acossam o nosso Judiciário, como por exemplo a parcialidade, a corrupção e a morosidade que contribuem para a ausência de uma Justiça efetiva e igualitária”, dia Natalia Viana. Serão aceitas pautas que tenham como objetivo investigar o sistema judiciário brasileiro em qualquer de suas esferas. A Agência Pública incentiva jornalistas de todo o Brasil a participar.
Para fazer a inscrição, o repórter deve apresentar uma pré-apuração da pauta, plano de trabalho e plano de orçamento. Os critérios para a escolha dos vencedores são consistência na pré-apuração, experiência e capacidade do repórter de realizar matérias de forma independente, segurança e viabilidade da investigação e ineditismo e relevância da pauta.
Microbolsas
Desde 2011 a Agência Pública promove concursos de microbolsas para repórteres independentes. O projeto tem como objetivo fomentar o jornalismo independente e investigativo no país, apoiando repórteres que nem sempre encontram espaço nas redações para reportagens aprofundadas. Ao todo, as cinco edições anteriores distribuíram 89 mil reais em microbolsas e financiaram 20 reportagens.
Três investigações realizadas através do projeto foram premiadas: “Severinas”, minidocumentário de Eliza Capai foi finalista do Prêmio Gabriel Garcia Marques 2014; “Cadeias Indígenas na Ditadura”, reportagem de André Campos, foi finalista do Prêmio Iberoamericano de Periodismo 2014; e “Jovens negros na mira de grupos de Extermínio na Bahia”, de Lena Azevedo) recebeu uma menção honrosa no Prêmio Abdias do Nascimento 2013. Em 2015, reportagens ganhadoras de microbolsas foram publicadas pelos jornais Zero Hora (RS) e O Povo (CE).

Sobre a Agência Pública: 
A Agência Pública aposta em um modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência. Fundada em 2011, funciona como uma agência de notícias que publica reportagens investigativas e distribui conteúdo para mais de 60 republicadores. Todo o conteúdo pode ser livremente reproduzido sob a licença Creative Commons. Tem como missão produzir reportagens de fôlego pautadas pelo interesse público – visando ao fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate democrático e à promoção dos direitos humanos. Além das campanhas de crowdfunding, a Agência Pública conta com financiamento de instituições de peso e renome internacional, como a Fundação Ford e a OAK Foundation. http://apublica.org/
SERVIÇO:
Inscrições: de 20/01 a 29/02
As inscrições devem ser feitas através do formulário: http://goo.gl/forms/lVNd14se2H
Informações e dúvidas: (11) 3661-3887
Divulgação do resultado: 07/03

Regulamento no site: http://goo.gl/blrm8D

TV Digital: adiada a transição da TV analógica para o novo sistema de TV

Por Chico Sant'Anna

Autoridades temem que o sistema não funcione a contento durante os jogos olímpicos e nas eleições municipais. 

Olimpíadas, eleições municipais e crise econômica protelam no Brasil a transição do sistema de televisão analógico para o digital. Agora, neste ano de 2016, apenas Brasília, em outubro (após as olimpíadas e sem eleições municipais) e a cidade goiana de Rio Verde vão fazer a transição. Um segundo bloco de localidades fica para até 2018 e a transição total só em 2023.

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Além de dificuldades técnico-operacionais, as autoridades demonstraram temor do sistema não estar funcionando a contento durante os jogos olímpicos do Brasil e também durante a campanha das eleições municipais. Ninguém quer correr o risco de ver o eleitor chateado por não ter acesso à telinha.
Outro fator que tem pesado na decisão é o baixíssimo nível das residências que já compraram aparelhos receptores de televisão digital, ou mesmo o conversor, denominado setop-box.
Transição 2
O segundo bloco de transição acontecerá em cerca de mil, dos mais de cinco mil  municípios brasileiros. Esse segubndo bloco será formado pelas capitais estaduais e suas respectivas áreas metropolitanas, todas as cidades dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e outras 15 cidades de porte médio (com as respectivas áreas metropolitanas), nas quais o espectro eletromagnético estiver efetivamente congestionado e o desligamento se mostrar essencial para assegurar o funcionamento da internet em a banda larga móvel na faixa de 700 MHz.
Segundo informa Samuel Possebon, no informativo Telaviva News, "o que parecia quase impossível aconteceu": o governo, empresas de telecomunicações e emissoras de radiodifusão chegaram a um novo calendário que empurra por dois anos, para 2018, o switch-off desligamento do sistema analógico.

Bolsa TV

Para atenuar a dificuldade dequipar as residências com os conversores necessários à recepção de sinal digilta, o governo decidiu que nas cidades do bloco 2, e apenas nelas, serão distribuídas gratuitamente as caixas de recepção a todos os cadastrados no Bolsa Família, com garantia de que os conversores  serão equipados com o programa de interatividade Ginga C.
A idéia é que os conversores distribuídos gratuitamente assegurem a seus usuários a prometida inserção digital - acesso à internet - e que eles não sejam meros sintonizadores. 
Mesmo com adiamento, a conclusão total da transição de uma tecnologia a outra depende da efetiva liberação da faixa de 700 MHz, necessária às operações de banda larga móvel e pelas quais as teles pagaram cerca de R$ 9 bilhões em leilão.

Novo calenário
Pela proposta aprovada, em 2016 serão desligadas apenas as cidades de Rio Verde e Brasília, ficando as demais para até 2018 e um segundo grupo para até 2023. Em breve será publicada uma portaria alterando o cronograma até 2018 e depois será publicado um novo decreto com um cronograma formalizando o desligamento das demais até 2023, já que elas podem ter os canais remanejados para liberar a faixa de 700 MHz.
Brasília será o verdadeiro teste piloto. Se este ano a cidade não puder ser desligada (o que está previsto para outubro), haverá uma nova discussão.
Outra novidade é que o sinal analógico passa a ser transmitido em 16:9, o que cria duas faixas pretas na tela, que poderão ser usadas para uma publicidade mais agressiva sobre o desligamento. Também haverá a inserção de cartelas de publicidade na programação.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Opinião: O papel da mídia na atual "crise" brasileira‏

Por Geniberto Paiva Campos*

“ Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma” – Joseph Pulitzer

1. Parece haver um problema de matriz cultural interferindo no cotidiano da política brasileira.
Durante décadas fomos educados para respeitar o que se apresentava na forma impressa, assumindo como verdadeiras as suas notícias, informações e, eventualmente, suas (raras) opiniões. Jornais, revistas e outros tipos de publicação gozavam de um respeito reverencial, o qual era transferido aos jornalistas, editores, diagramadores e até linotipistas, todos profissionais envolvidos na nobre missão de (bem) informar.
Os jornalistas brasileiros eram profundamente respeitados e admirados pelos diversos segmentos populacionais que dependiam do acesso aos órgãos da imprensa para obter informações confiáveis. E que sabiam reconhecer a veracidade e o estilo da escrita destes profissionais.
Com o advento das mídias eletrônicas (rádio e televisão) a partir do século passado, esse sentimento de respeito e admiração transferiu-se para os profissionais dessas novas áreas.
Em reciprocidade, havia um profundo respeito desses profissionais para com os seus leitores, radiouvintes e telespectadores. Para com o seu público, enfim.
Esse acordo informal entre os jornalistas e o público consumidor de notícias, baseado na verdade e na decência, raramente era descumprido. Havia uma ética implícita nesse relacionamento.
Como esperado, muitos jornalistas que alcançavam notoriedade profissional enveredavam pela política. São vários os exemplos desse fato. Positivos e negativos. Esse entrelaçamento entre jornalismo e política não causou maiores prejuízos aos comunicadores, nem tampouco à política ou à gestão pública. E a comunicação social passou a ser exercida de maneira mais cuidadosa. E na medida que a Comunicação passou a ser algo mais complexo e ganhou as cátedras acadêmicas, os jornalistas assumiram maior importância no âmbito da sociedade.
O que viria a acarretar profundas mudanças nesse relacionamento respeitoso entre os órgãos de comunicação e os seus fiéis seguidores foi a percepção crescente da importância da Informação numa sociedade agora essencialmente urbana e industrializada, que ao adquirir novos hábitos culturais, tornou-se uma sociedade de consumo de massa.
A TV, o rádio, o jornal e as revistas assumiram gradativamente o papel de orientadores desse consumo. E perceberam que era facilmente alcançável orientar outras escolhas dessa sociedade “em trânsito”.
2) A criação dos grandes conglomerados midiáticos foi a evolução natural desse processo. O qual tornou-se irreversível pela força incontida da comunicação através do rádio, e principalmente da TV, nos hábitos de consumo e na formação da opinião (a temida “opinião pública”) da sociedade. Consequentemente, a mídia tornou-se orientadora não só dos hábitos de consumo como também das mais diversas escolhas dos cidadãos. Principalmente com o avanço do conceito de “propaganda”.
Na prática, tudo poderia se transformar em “produto”. Objeto de desejo dos indivíduos (também chamados de “público alvo”), desde que bem manipulado pelas técnicas dessa nova arte. A partir desse ponto os acordos éticos, implícitos no relacionamento entre mídia e público foram “flexibilizados”. O sistema capitalista entendeu perfeitamente, e passou a usar, sem maiores escrúpulos, a força incontida da publicidade e da propaganda na formação de hábitos e comportamentos dessa nova sociedade, valendo, principalmente, para quem viesse a dispor do controle da mídia, impressa e eletrônica. (E o conceito de cidadania evaporou-se. Foi para o espaço… E o Jornalismo, enquanto missão social, e serviço público, foi extinto)
Em muitos países do chamado primeiro mundo as autoridades públicas, percebendo precocemente a imensa força política dos aglomerados midiáticos, estabeleceram regras e limites, através de legislação específica. Sendo os exemplos mais evidentes a Inglaterra e os Estados Unidos da América. O que não veio a ocorrer na América Latina e especificamente no Brasil.
Abrindo uma imensa via para a atuação dos órgãos de comunicação, agindo sem qualquer controle legal. E a mídia, habilmente e absolutamente livre em suas manobras, espertamente passou a associar esse controle – essencialmente democrático – com a censura à liberdade de expressão. De modo que o Brasil entrou no século 21 permitindo a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Embora a Constituição, promulgada em 1988, a proibisse expressamente. Mas este artigo dependia de uma regulamentação infra- constitucional, nunca posta em prática. Simplesmente porque isso não era do interesse de três ou quatro famílias proprietárias de conglomerados de rádios, TVs, revistas e jornais.
Qual um trem desgovernado, esses conglomerados foram gradativamente assumindo um papel cada vez mais relevante e decisivo no jogo político. E, rapidamente, os donos das organizações jornalísticas assumiram o papel de empresários. E que dispunham de um produto de alto valor para venda: a formação da opinião pública. Tornando-se bilionários. Criando cidadãos de segunda classe, despolitizados e absolutamente crentes (e militantes) daquilo que a mídia decidia divulgar como verdade. E, mais ainda, dispostos a ir às ruas e avenidas do país, propagando as palavras de ordem dos conglomerados midiáticos. Estes, meros porta-vozes do neoliberalismo.
Estava criado, portanto, um novo partido político. O qual passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada. Por não precisar de votos. Ou de prestar contas aos seus eleitores ou à justiça eleitoral. Por prescindir de realizar convenções e debates para indicar seus candidatos e escolher seus projetos e propostas. Usando, ao extremo, o seu poder político, tornou-se o quarto poder (com tendência a assumir o primeiro lugar nessa hierarquia). Exercido no âmbito familiar e restrito aos proprietários das empresas jornalísticas, que se tornaram verdadeiras dinastias.
E os jornalistas? Estes, com raras e honrosas exceções, foram se transformando em meros serviçais dos seus patrões. Dispostos, para garantir os vínculos com suas empresas, a assimilar, acriticamente, as ideias e os projetos do interesse das suas organizações. Raramente coincidentes com os interesses nacionais.
( George Orwell ao publicar, em meados dos anos cinquenta, o seu profético livro “1984”, jamais poderia imaginar que a sua ficção política iria, tão rapidamente , assumir foro de realidade. O seu imaginário “Big Brother” e a Novilíngua tornaram –se verdades singelas, passando a conviver naturalmente com as sociedades mais vulneráveis e dóceis ao seu apelo).
3. Diziam os poetas e seresteiros, antenas da raça: “o tempo não para…” E não permite recuos e a volta ao passado, completam os descrentes e os cínicos. E, como falava um antigo compositor cearense: “ o passado é uma roupa que não se veste mais”.
Daí que o mundo mudou. Na Comunicação essas mudanças foram intensas. E introduziram novas e interativas formas de relacionamento nessa área. A síntese perfeita emissor (ativo) >>> receptor (passivo) foi superada por algo totalmente novo, muito sério, profundo e definitivo, denominado apropriadamente pelos teóricos de Revolução Digital. E nada será como antes, profetizaram, definitivos, os rapazes mineiros do “Clube da Esquina”.
O telefone celular, a internet, conectaram as pessoas com a facilidade permitida pelas novas e surpreendentes tecnologias de comunicação. E que não param de evoluir. E quem não evoluir, aderindo à nova onda, vai ficando para trás.
Em resumo, o receptor de notícias e informações deixou de ser a instância passiva dessas novas formas de conexão. A interatividade tornou-se um dos elementos irreversíveis da Comunicação. Como consequência, tornou-a mais democrática.
Essa revolução, como esperado, provocou um choque nos conceitos e nos fundamentos das empresas de comunicação que presumiam ter conseguido a forma perfeita – e definitiva – de controle da notícia, da arte de transformar opiniões em fatos, criar verdades. Enfim, de manipular o seu público de acordo com os seus interesses de lucro e acumulação.
Para onde caminha a humanidade nestes tempos novos e surpreendentes? Como será a comunicação dessa nova era?
São perguntas que estão sendo respondidas na vivência do dia-a-dia. Podemos ter, pelo menos, uma certeza, (ou, que seja, uma nobre e democrática aspiração): não voltaremos aos tempos obscuros do domínio incontrastável da mídia hegemônica.
Com a palavra os teóricos da Comunicação. Os para sempre conectados militantes das chamadas mídias sociais. E, claro, os estrategistas políticos. Essa luta apenas começa.
——–
(*) Geniberto Paiva Campos é médico cardiologista em Brasília e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB.