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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Documentário traz a fotografia do Brasil na ótica de Orlando Brito


Vítima de um câncer de intestino, o fotojornalista Orlando Brito, um dos gigantes do fotojornalismo contemporâneo,
nos deixou uma crônica visual das últimas décadas do Brasil. Registros que remontam aos anos de chumbo da Ditadura Militar. Não Nasci Para Meus Olhos Perderem Tempo, documentário sob a direção de Cláudio Moraes, resgata a alma desse que foi o grande cronista de nosso país.


Por Rita Nardelli              

                

Zé Ketti, compositor de músicas de enorme sucesso, como Máscara Negra, A Voz do Morro e Acender as Velas, terminou a vida num quartinho cedido por uma prostituta, cantando em bares da zona de prostituição em São Paulo em troca de um prato de comida.

João Cabral de Melo Neto, diplomata e poeta, autor de Morte e Vida Severina, tomava cachaça diariamente para disfarçar a dor de, em idade avançada e depois de ter acumulado tanto conhecimento, ter sido aposentado e não poder mais trabalhar pelo seu país.

Dois soldados comunicaram-se pelo olhar no momento que decidiram, por não haver outra opção, soltar-se de um cabo de aço que apresentou problemas durante um exercício militar realizado numa torre a uma altura correspondente a onze andares.

Num acidente de trânsito, Bruna, de 15 anos de idade, morre. A mãe explica assim a dor: “olha, quando eu perdi a minha filha, eu perdi também a noção das distâncias, eu perdi a precisão dos aromas, perdi a delícia dos sabores e eu perdi, sobretudo, a beleza das cores.”

Em 1977, o plenário da Câmara vazio – só havia ali um segurança da Casa, tomando conta daquele cenário – era o triste retrato de uma das medidas constantes do Pacote de Abril - o fechamento do Congresso Nacional.

Em 1989, Fernando Collor de Mello é eleito presidente da República. Todos em festa na Casa da Dinda. Menos o irmão do futuro chefe da Nação, Pedro Collor. O olhar dele já antecipava a tragédia que atingiria a família.

Em 2010, Dilma Rousseff é eleita presidente. Na transmissão da faixa presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva levanta o braço de sua sucessora. O vice-presidente eleito, Michel Temer, aplaude timidamente e sem entusiasmo a nova presidente. Já se podia antever, ali, a deterioração da relação entre os dois.

No Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff chega de uma viagem. Os guardas demoram a hastear a bandeira – que estava rasgada. Um descaso que representava um prenúncio do impeachment da presidente, aprovado dias depois.

Essas personagens e essas histórias foram registradas pelo olhar aguçado e sensível do premiado fotógrafo Orlando Brito, protagonista do documentário Não nasci para deixar meus olhos perderem tempo – Uma fotografia do Brasil por Orlando Brito.

Sobre Orlando Brito, leia também:


O filme fez parte da Seleção Oficial do maior festival de documentário da América Latina, o É Tudo Verdade – It’s All True de 2020. É construído a partir das entrevistas feitas com Orlando Brito, das fotos que ele produziu, de imagens dele trabalhando no Congresso Nacional ou registrando o colorido e o místico no Vale do Amanhecer.

Repórter fotográfico desde 1966, Brito fotografou todos os presidentes da República desde Castelo Branco até hoje. Suas fotos retratam o regime militar, os bastidores da política, a solidão dos ocupantes do Palácio do Planalto. Edição do AI-5, assinatura da Lei da Anistia, renúncia do ex-presidente Collor, eleição do presidente Lula são fatos marcantes clicados pelo fotógrafo. Nas viagens a trabalho para a cobertura de fatos políticos, sempre aproveitou os momentos que seriam de descanso para registrar a vida, os costumes, as pessoas no interior do país, em povoados de nomes desconhecidos.

Autor de diversos livros, como O Perfil do Poder, Senhoras e Senhores, Poder – Glória e Solidão e Corpo e Alma, Brito recebeu o World Press Photo Prize concedido pelo Museu Van Gogh, em Amsterdam, na Holanda, em 1979. E conquistou onze vezes o Prêmio Abril de Fotografia - a partir de 1987, foi considerado hors-concours da premiação. Também mereceu os Prêmios de Aquisição da I Bienal de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e da Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba. Participou de mais de quarenta exibições coletivas no Brasil e no exterior. Suas fotografias estão em acervos de colecionadores institucionais e privados.

Gravações tiveram lugar em diferentes sets, um deles foi no Vale do Amanhecer.
A equipe trabalhou, toda ela, de forma voluntária,
contaminada pela grandeza da trajetória de Orlando Brito
Nas entrevistas para o documentário, Brito não só relata as experiências que teve no Brasil e no exterior e que são reveladas em suas fotos, como fala sobre o papel do fotógrafo, a importância do domínio visual dos personagens fotografados e a dor do fotógrafo ao registrar a dor de alguém.

O documentário foi feito de forma independente. Todos os envolvidos no processo dedicaram-se ao filme gratuitamente, por paixão. O filme sobre o genial fotógrafo Orlando Brito já está disponível no Now, no Vivo Play e no Oi Play.


Ficha técnica:

  • Fotografia e Direção – Claudio Moraes
  • Roteiro e Entrevistas: Rita Nardelli
  • Montagem: Douro Moura
  • Produção Executiva: Claudio Moraes, Jimi Figueiredo e Ricardo Movits
  • Som Direto: Fernando Cavalcante
  • Finalização e DCP: Thiago Moysés
  • Assistente de Finalização: Radha Nicihoka
  • Fotografia Adicional: Elder Miranda e Alan Silva
  • Trilha Sonora Original: Assis Medeiros e Ricardo Movits
  • Gerência do Arquivo de Fotos de Orlando Brito: Rodrigo Botelho
  • Audiodescrição: Guilherme Bitencourt e Milena Maiave
  • Apoio: Vale do Amanhecer, Omeleteria Brasil, Mary Oliver e Ricardo Nunes Román

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Como criar roteiro para mininovelas de até um minuto no Kwai


Diretores e produtores participantes do projeto TeleKwai dão dicas para desenvolver um roteiro e produzir vídeos curtos originais e de qualidade.


Por Gabriela Menezes, da RPMA Comunicação


O Kwai, aplicativo de criação e compartilhamento de vídeos curtos, tem conquistado cada vez mais o público no Brasil com suas mininovelas. Com o lançamento do programa TeleKwai no país, a plataforma oferece aos usuários um novo formato de dramaturgia com mininovelas e minisséries produzidas na vertical. O projeto é exclusivo da plataforma para agências, produtoras e criadores de conteúdo parceiros, que criam vídeos originais de diferentes gêneros, do drama à ficção científica. Mas o formato também pode ser explorado por qualquer usuário no app, e para isso é importante criar histórias que envolvam a audiência do começo ao fim. 

Um roteiro bem produzido facilita a produção do conteúdo e pode deixar os vídeos com mais personalidade e dinamismo. Pensando nisso, o Kwai reuniu algumas dicas valiosas para quem quer produzir um bom vídeo em formato de mininovela ou minissérie, preparadas por dois participantes do TeleKwai: o ator e diretor Felipe Reis, que possui cinco canais (DistopiaMeu chapa, GuruFala ComigoCâmera de Insegurança e Golpistas!) no app, e o diretor de conteúdo da DR Produtora, Phil Rocha, que gerencia os canais O Lado ObscuroA Nossa HistóriaHistórias de AmorMensagem Inesperada e Abra o Coração na plataforma. 

Confira as dicas a seguir:

Primeiros passos

Antes de produzir qualquer conteúdo, é preciso planejar seu roteiro. Uma boa forma de fazer isto é responder às seguintes  perguntas:

· Qual será o conteúdo?

O primeiro passo é definir o assunto da sua mininovela. Se vai seguir o gênero drama, terror, LGBTQIA+, romance, histórias que sejam motivacionais com uma lição de moral, se vai ser uma nova receita, ou até mesmo retratos do seu cotidiano.

· Qual o formato?

Serão episódios aleatórios ou uma série? Se for uma minissérie é muito importante definir que cada episódio precisa terminar em um momento que gere curiosidade nas pessoas para que elas queiram ver a continuação dessa história.

· Qual o público que você quer que assista a seus vídeos?

É importante distinguir a  faixa etária, identidade de gênero e localização dos usuários que gostaria que tivessem acesso e vissem seus vídeos. Assim fica mais fácil pensar em assuntos que possam virar tema para os roteiros.

· Como?

De que forma o conteúdo será feito? Estabeleça a duração do vídeo, se ele será feito de forma narrada, com efeitos especiais, com a inserção de animações, com a participação de outros criadores, etc.

Crie um Storytelling

Depois de responder a essas quatro questões, o próximo passo é criar um storytelling, ou seja, uma breve descrição das cenas e do que acontecerá entre elas. Descreva o que irá aparecer em cada cena, qual cenário será utilizado (uma parede branca ou um local aberto, por exemplo), quem serão os personagens do vídeo, quais serão os ingredientes da   receita ou a maquiagem do tutorial de beleza. Lembre-se que é uma narrativa que precisa ter começo, meio e fim.

De acordo com Felipe Reis, para criar roteiros de ficção e mininovelas, mais do que uma ideia, é preciso uma história, com um bom personagem e principalmente um excelente conflito. “O conflito da trama normalmente vai contra o protagonista, impedindo ele de alcançar o seu objetivo, é isso que vai deixar sua história interessante. Não precisa ser uma ideia mirabolante, muitas vezes, uma ideia simples, aquela que a gente não se perde para contar, acaba rendendo grandes histórias”.

Para Phil Rocha, também é importante estabelecer estratégias para elaborar um roteiro eficiente. “É essencial estudar o formato do conteúdo antes de começar a produzir para entender a linguagem e as principais características de cada estilo. A adequação do que irá abordar ou a mensagem da produção que irá manter o público interessado durante todo o vídeo. Além disso, é preciso ser criativo e utilizar os recursos disponíveis da melhor maneira possível”, explica.

Para se destacar no feed do Kwai, o vídeo deve começar de uma maneira muito impactante, e isso irá chamar atenção de quem está rolando a tela. “Existem algumas artimanhas para a gente poder chegar nesse resultado. Uma delas é, por exemplo, começar o vídeo com uma frase bem marcante, que pode ser usada mais para frente usando o recurso de flashbacks. Digamos que iremos contar uma história de assassinato e lá no final a personagem vai falar para o assasino ‘não acredito que você matou tal pessoa’, o vídeo com essa frase no começo irá despertar a curiosidade e fará os usuários assistirem até o final”, completa Phil.

Nas mininovelas também é importante definir onde cada episódio deve terminar. A trama com final aberto tem que dar a entender que será resolvida no próximo capítulo. Isso irá atiçar a curiosidade de quem está assistindo.

Por fim, produza!

É muito importante revisar o roteiro por completo e fazer uma leitura em voz alta para ter uma percepção melhor de como ficarão as falas e as cenas dentro do vídeo. Após isso, seu conteúdo estará pronto para ser gravado e publicado. “Uma dica importante é fazer uma leitura com os atores que vão participar da cena antes de gravar, assim cada um pode adaptar o texto para falar de uma forma mais natural. Nessa leitura você já vai perceber o que funciona e o que não funciona”, finaliza Felipe Reis.

Sobre o Kwai

Um dos aplicativos gratuitos mais populares do Brasil, o Kwai permite que o público crie seu próprio conteúdo e compartilhe vídeos online de forma fácil, inclusiva e acessível, em um universo interativo que possibilita a conexão de pessoas. Com a missão de tornar a vida das pessoas mais felizes, o Kwai acredita que todos os pequenos momentos da vida merecem ser compartilhados. O app está disponível nos sistemas iOS e Android, na App Store e no Google Play . Saiba mais em: kwai.com.