Por Augusto Valente, da agência Deutsche Welle
Documentários, cinema de autor, sucessos de bilheteria, novos e velhos clássicos: nove produções e cineastas brasileiros participam em diferentes seções do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale.
Neste ano em que completa seis décadas de existência, o Festival Internacional de Cinema de Berlim apresenta um total de nove filmes produzidos do Brasil ou realizados por cineastas nacionais. Eles se distribuem por uma ampla palheta de seções, desde a Berlinale Shorts até Play It Again...!, a retrospectiva selecionada pelo crítico e autor David Thomson.
Nenhuma dessas produções está incluída na mostra competitiva. Na realidade, após José Padilha haver arrebatado o Urso de Ouro em 2008, com Tropa de elite, seguido, no ano passado, pela peruana Claudia Llosa (La teta asustada), a presença latino-americana é relativamente modesta nesta 60ª edição do festival.
Juventude de Gláuber, Brasil da Central
Quarenta anos após sua realização, um clássico do Cinema Novo pode ser (re)visto no Fórum Internacional do Filme Jovem. Trata-se da seção mais "arriscada" da Berlinale, com um forte perfil político, reunindo películas de vanguarda e de cineastas ainda desconhecidos, experimentos, ensaios fílmicos e reportagens.
Em O Dragão da Maldade e o Santo Guerreiro, Gláuber Rocha (1939-1981) conta a saga de Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros e fanáticos religiosos que mudou de campo, passando de capanga dos coronéis a paladino dos oprimidos. A lenda de São Jorge serve como metáfora para a luta contra o "dragão da maldade" da ditadura militar. Considerado "um ponto alto da arte de Gláuber", o filme de 1969 traz, entre outros, Maurício do Valle, Odete Lara e Othon Bastos.
Já posicionado por alguns na categoria cult, Central do Brasil, de Walter Salles consta da seção Retrospektive, lado a lado com Akira Kurosawa, Michelangelo Antonioni e Jean Renoir. Indicado para dois Oscars em 1998, o road movie entre a principal estação ferroviária carioca e o Nordeste do país recebeu no mesmo ano o prêmio máximo da Berlinale, assim como o Prêmio do Júri Ecumênico e o Urso de Prata para Fernanda Montenegro como melhor atriz.
Cuecas de presente e o salto da ponte
A biografia pessoal é ponto de partida para dois dos participantes brasileiros. Que repercussões tem o extermínio de 6 milhões de judeus, várias décadas atrás, na vida de uma criança da América do Sul? Em seu curta Avós, de 2009, com 12 minutos de duração, o diretor uruguaio Michael Wahrmann, neto de sobreviventes, procura fechar uma lacuna na elaboração do Holocausto: a da terceira geração. Pois é aos 10 anos de idade que seu protagonista Leo começa a compreender a relação entre as tatuagens nos braços de suas avós, os presentes que lhe dão – sempre meias e cuecas –, e o fato de ele ser assim, rechonchudo.
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