Por Daniel Agrela, da Cia da Informação
A Câmara dos Deputados está debatendo ao longo do mês a utilização da rede mundial de computadores em campanhas políticas no Brasil. A proposta é do deputado Flávio Dino - PC do B-MA - e defende que a Internet seja liberada totalmente durante o processo eleitoral. A decisão deve sair até a segunda semana de julho.
A partir de uma mudança, os candidatos poderiam interagir também pelas mídias sociais, como blogs, Twitter, Orkut e YouTube. Seria um passo na direção de uma campanha como a do democrata Barack Obama. E é de olho nessa experiência americana que políticos brasileiros apostam suas fichas para chegar mais perto dos milhões de eleitores online.
Por força da lei, atualmente a presença online de uma campanha se resume a um único endereço. A regra é estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral e limita a utilização dos recursos da Web já de amplo domínio dos brasileiros. De acordo com Moriael Paiva, diretor executivo de criação da Talk Interactive e especialista em campanhas online, mesmo com rígido controle, já há exemplos práticos no Brasil de como a Web pode ser fundamental em uma disputa. "Um deles foi a campanha online de Gilberto Kassab à prefeitura de São Paulo, onde mesmo com as restrições foi possível criar formas inovadoras de conversa com eleitores e uma aproximação entre o público jovem e o então candidato" afirma. "Imagine se pudéssemos realizar essa conversa oficial também no Orkut?", sugere.
Segundo Paiva, esse novo cenário dá mostras de que as eleições de 2010 já devem apresentar uma forma diferente de interação entre político e população, tornando essa comunicação muito mais direta e as propostas mais claras para o eleitor. "Outro fator que deve incentivar o uso das ferramentas da Web pelos candidatos é a possibilidade de arrecadação de fundos a partir da doação feita por pessoas físicas, um ponto que também está sendo debatido. Caso seja aprovado, os políticos do Brasil terão à disposição as mesmas possibilidades de Obama, que teve a Internet como a principal fonte de captação de recursos individuais".
O especialista aponta ainda que a partir do debate construtivo por meio da Web, a tendência é que as qualidades e os defeitos dos candidatos sejam evidenciados. "A Internet é realidade no dia a dia de milhões de brasileiros. A escolha dos governantes com o apoio desse canal traz possibilidades que certamente irão engrandecer o processo democrático. Sem dúvida, uma evolução do sempre inovador sistema eleitoral brasileiro", argumenta Paiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário