Em 1972, ocorria a primeira transmissão em cores na TV aberta brasileira, no evento histórico da Festa da Uva, em Caxias do Sul Por que vemos a imagem da TV colorida e quais tecnologias evoluíram com o tempo?
Por Larissa Leão
Habituados com uma tecnologia tão moderna e presente no
nosso dia a dia, para os mais jovens chega a ser curioso imaginar que há apenas
50 anos ocorria a primeira transmissão em cores da TV aberta no Brasil. Foi uma
jornada até esse dia, com estudos e testes, para que a TV analógica, antes
preto e branco, ganhasse cores em 19 de fevereiro de 1972, conquistando seu
marco na história da comunicação e da televisão brasileira. O evento da Festa
da Uva, realizado em Caxias do Sul (RS), ficou popularmente conhecido como o
início de uma nova era para a TV, com uma programação sendo transmitida em
cores em circuito fechado.
Segundo Elmo Francfort, diretor do Museu da TV, Rádio e
Cinema, a Festa da Uva foi o pontapé inicial, mas apenas em 31 de março de 1972
aconteceu a estreia oficial da TV em cores no Brasil.
Mas, afinal, por que e como conseguimos enxergar as cores
nos televisores?
O coordenador do Módulo Técnico do Fórum do Sistema
Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD), Luiz Fausto, explica que “o
olho humano possui três tipos de receptores de cores diferentes que nos
permitem distingui-las: um que absorve mais o vermelho, outro que absorve mais
o verde e outro que absorve mais o azul. Assim, as telas coloridas combinam
para cada ponto da imagem (chamado "pixel"), esses três componentes
de cor (vermelho, verde e azul – ou RGB, do inglês red, green, blue)”. Além disso,
Fausto ressalta que para que as telas possam exibir imagens coloridas, as
câmeras também precisam ser capazes de separar esses três componentes de cor
(RGB).
Evolução da
tecnologia em cores
Ao longo do tempo, a tecnologia das telas e das câmeras
evoluiu muito, permitindo uma maior precisão na representação das cores, como
também, o uso de um espaço de cores maior.
O coordenador explica que na televisão colorida analógica
(TV 1.5) o espaço de cores suportado compreendia cerca de 32% das cores
visíveis. “Já na TV Digital, a resolução do vídeo melhorou muito (de 480 linhas
para 1080 linhas). O espaço de cores também obteve uma melhora, compreendendo
cerca de 35% das cores visíveis”, ressalta. Com o suporte opcional a HDR (High
Dynamic Range) introduzido na TV 2.5, é possível um aumento do contraste
suportado (de 1.000:1 para 200.000:1). Embora o espaço de cor ainda seja o
mesmo, o volume de cores aumenta devido a uma faixa maior de ajuste de brilho.
A chegada da TV Digital no país apresentou novas
possibilidades, com cores mais próximas da realidade, e, para quem se pergunta
se terão novas tecnologias aprimorando o que conhecemos hoje, Luiz Fausto
confirma que sim.
“A TV 3.0, além de suportar resoluções de vídeo maiores
(incluindo 4K e 8K), vai suportar um espaço de cores ampliado (WCG, Wide Color
Gamut), compreendendo cerca de 76% das cores visíveis. Combinando isso com HDR
você terá um volume de cor tão grande como se a sua TV fosse uma janela para o
mundo real (ou para o mundo das obras de ficção)”, explica.
Além disso, Fausto conta que aumentando o número de bits por
componente de cor de 8 para 10, haverá ainda mais precisão na reprodução de
cada tonalidade. Por fim, aumentando a taxa de quadros de 29,97 quadros por
segundo para até 120 quadros por segundo (HFR – High Frame Rate), cenas com
movimentos rápidos como esportes e filmes de ação vão ficar ainda mais nítidas.
Aos novos e mais velhos, definitivamente a maneira com que
acompanhamos os conteúdos na televisão, promete ser ainda mais emocionante com
as novas transformações.
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