A nova regulamentação foi proposta pela Comissão Europeia em setembro de 2022, com seu rascunho inicial indicando que os governos europeus poderiam instalar spyware nos dispositivos dos jornalistas para supostamente garantir a segurança nacional ou para investigar "crimes sérios", como terrorismo, tráfico de seres humanos e de armas, exploração de crianças, estupros e homicídios.
Publicado
originalmente pelo
portal Sputnik News
A Lei de Liberdade de Imprensa europeia prevê a instalação
de spyware nos telefones dos jornalistas em nome da "segurança
nacional".
A Sputnik se reuniu com alguns observadores internacionais
para discutir como a disposição corresponde à liberdade e aos princípios
básicos europeus.
"Não há um motivo legítimo para espionar os
jornalistas", afirmou Lucy Komisar, uma jornalista investigativa de Nova
York, à Sputnik. "Esta lei visa pessoas identificadas como jornalistas,
não como espiões, terroristas ou criminosos. O jornalismo não é um crime, a
menos que Julian Assange faça isso. O verdadeiro motivo é proteger os
funcionários governamentais dos jornalistas que relatam suas políticas
inadequadas, abusos e corrupção", enfatizou.
A nova regulamentação foi proposta pela Comissão Europeia em
setembro de 2022, com seu rascunho inicial indicando que os governos europeus
poderiam instalar spyware nos dispositivos dos jornalistas para supostamente
garantir a segurança nacional ou para investigar "crimes sérios",
como terrorismo, tráfico de seres humanos e de armas, exploração de crianças,
estupros e homicídios.
Diante da situação, a Federação Europeia de Jornalistas,
representando mais de 300 mil membros, denunciou a intenção europeia como um
"golpe à liberdade de imprensa". "Desde o século XVIII, quando
os jornais começaram a circular, o sigilo das fontes tem sido
sacrossanto", afirmou à Sputnik o professor Ellis Cashmore, ao comentar as
consequências que a nova regra poderia causar.
"Os jornalistas têm, por gerações, respeitado isso e se
recusado resolutamente a revelar suas fontes. [...] É um princípio extremamente
importante na imprensa", destacou.
Também insatisfeita com as medidas europeias, a imprensa
britânica se manifestou, afirmando que a lei proposta não só vai infringir a
liberdade de imprensa como também vai abalar ainda mais a confiança pública na
grande mídia ocidental.
Por sua vez, Lucy Komisar voltou a enfatizar que a lei,
proposta pelas autoridades, não visa proteger as nações europeias, mas sim elas
próprias, com medidas típicas de governos repressivos, onde os jornalistas
devem usar telefones indetectáveis, computadores sem Internet e ter encontros secretos
com suas fontes. "A democracia é distorcida quando os cidadãos são
privados de obterem as informações que precisam para realizarem escolhas
informadas", alertou Komisar.
Em diversas ocasiões, os governos europeus demonstraram seus
esforços em ocultar a verdade em seus respectivos países, prendendo jornalistas
que tentam mostrar fatos reais, e não apenas histórias criadas para iludir o
povo, e "bloqueando" informações que não satisfazem seus governos ou
que possam comprometê-los.