Para contar essa história, Jorge Oliveira vasculhou os alfarrábios da República, investigou e resgatou documentos durante cinco anos e concluiu que o complô para matar o Prudente de Morais começou em Alagoas, quando Marcellino foi recrutado pelo Exército e transferido para o Rio de Janeiro com a missão de eliminar o presidente.
Com o seu novo livro Conspiração, o autor resgata uma história que que esteve sepultada há quase dois séculos: o atentado contra Prudente de Morais, o primeiro presidente civil da República, perpetrado pelo soldado Marcellino Bispo de Mello, e planejado pelos militares jacobinos do Exército, aliados do marechal Floriano Peixoto, alagoano, segundo presidente da República.
Ao investir contra Prudente de Morais, que se defendia dos golpes com a cartola, a arma do recruta falhou e, com um punhal, ele matou o ministro da Guerra da Guerra, Carlos Machado de Bittencourt, e feriu Luiz Mendes de Moraes, chefe da Casa Militar, e Cunha Moraes, ajudante de ordens do presidente, numa das cenas sangrentas jamais vistas no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Para contar essa história, Jorge Oliveira vasculhou os alfarrábios da República, investigou e resgatou documentos durante cinco anos e concluiu que o complô para matar o Prudente de Morais começou em Alagoas, quando Marcellino foi recrutado pelo Exército e transferido para o Rio de Janeiro com a missão de eliminar o presidente.
Três meses depois, os próprios militares
encarregaram-se da queima de arquivo: Marcellino apareceu enforcado dentro do
Arsenal de Guerra com um lençol, morte semelhante a do jornalista Vladimir
Herzog durante a ditadura militar em 1975. Nas investigações que fez, o autor
desmascara a versão de suicídio e prova, com documentos, que Marcellino foi
eliminado dentro da cela quando estava imobilizado com algemas nas pernas.
Para tornar a história mais palatável, o autor se transporta para
o final do século XIX, época do atentado, para trabalhar como repórter da
Gazeta de Notícia. No jornal, ao lado de Machado de Assis e Olavo Bilac, Jorge
Oliveira narra a história como a vivesse a no dia-a-dia do movimento tenso da
redação de um dos jornais do mais antigos do país, que sobreviveu até o final
século XX.
Conspiração é leitura indispensável para quem quer
conhecer a maior conspiração do Brasil feita por militares e políticos para
derrubar um presidente da república à bala na Praça XV, no
Rio de Janeiro, e substitui-lo pelo vice, o baiano Manuel
Victorino Pereira, florianista, simpático
aos militares, também envolvido no complô. O atentado ocorreu durante uma
solenidade festiva no Centro do Rio em homenagem aos soldados que regressavam
da Bahia vitoriosos com a morte do beato Antônio Conselheiro.
Apresentação
Coube ao professor de História da UFAL e vice-reitor do Centro Universitário – Cesmac apresentar Conspiração.
Confira abaixo o que disse o historiador
Já disse e redisse
que gosto muito dos
expoentes surrealistas como André
Breton, Magritte e Salvador Dali que cunharam a
frase “o belo e a
surpresa” ou “a surpresa é o belo”. Jorge Oliveira,
em mais uma
obra, nos
faz pensar na expressão dos vanguardistas da arte
moderna.
Pensar que ele estava
satisfeito, após tantas obras de sucesso,
tantas vitórias, prêmios, com temas interessantes que conquistaram o público. Ledo
engano! Lá vem esse cabra da peste ousado a nos brindar com outra produção. A nos contar
uma história apaixonante, onde hipótese e realidade se cruzam num trabalho que leva o leitor a se
interessar pela narrativa
do princípio ao
fim.
Para mim a História é uma realidade viva, com personagens humanos complexos, que falam, sentem e
agem como se estivessem juntos a nós. E novamente aparece
Jorge Oliveira a desmentir
os teóricos da História
engessada, como uma lápide de cemitério gravada anos depois.
Estática. Parada. A História é também um teatro de
dúvidas, mistérios a espera de
esclarecimentos, cheia de interrogações que
perduram as vezes por
anos e séculos.
Como podem os historiadores medianos, no rol dos
quais me incluo, competir com um jornalista
que faz história com
inovação e extraordinária competência em suas produções? Desta feita ele vai buscar nos turbulentos momentos da república nascente
brasileira, um episódio
que nada fica a dever de situações contemporâneas da chamada teoria da conspiração.
Um episódio tenebroso, uma tentativa de assassinar
o Presidente da República onde morreu ao tentar
salvá-lo, o seu
Ministro da Guerra, nas
comemorações da horripilante Campanha de Canudos, realizada na Praça XV, no Rio de Janeiro.
Prudente de Morais foi o
primeiro presidente civil, após os seus antecessores, Deodoro e Floriano, ambos militares, marechais e nascidos aqui no País das
Alagoas. Uma era tempestuosa, de sucessivas crises políticas, institucionais,
guerra civil, onde o novo regime ainda não tinha se firmado.
Grupos políticos disputavam o poder junto com os militares.
Um soldado alagoano de
nome Marcellino Bispo de Mello, participava do desfile, foi o autor do atentado frustrado. Imediatamente
preso e posto a ferros numa prisão militar da capital
da República. O Arsenal
de Guerra. E, da mesma forma que no século XX
tivemos ocorrências
semelhantes, casos Delmiro, Gregório, e mais
recentemente Herzog e Manuel Fiel que
guardam semelhanças, mas tem um viés diferente.
Essas mortes dentro das prisões apagam
vestígios dos mandantes e das verdadeiras razões das conspiratas. E cômodo os verdadeiros responsáveis dormirão tranquilos
o sono da impunidade.
Mestre José Honório Rodrigues dizia que a trajetória da História
exige sempre revisão dos acontecimentos quando deixam margens a dúvidas. A obra de Jorge Oliveira
preenche uma lacuna
e ganha o vigor
da veemência conhecida do autor. Gostei também de seus
comparativos com outros acontecimentos
semelhantes. Ele certamente fará do livro mais um roteiro para suas apreciadas produções cinematográficas. Jorge Oliveira
presta também um serviço a História com seu faro de investigação e atende aos
desafios árduos e sempre fragmentário trabalho dos historiadores.
O autor
Jorge Oliveira, é jornalista e cineasta, trabalhou em grandes redações de jornais no país depois que deixou Alagoas, em 1969. Vencedor de dois prêmios Esso de Jornalismo, além de outros prêmios. Hoje, dedica-se também à produção de documentários e ao marketing político. Seu filme Perdão, Mister Fielganhou 14 prêmios em festivais no Brasil e no exterior. Em 2013, foi homenageado no Brazilian Endowment for the arts em Nova York com a exibição dos seus documentários.
Onde encontrar o livro:
Conspiração está sendo vendido na Amazon.com.br, Submarino, Lojas Americanas, Nova Livraria, na Rua Iris Alagoense, 438, Farol, tel: (Zap) 99973.3879, em Maceió, e com Sebastião Medeiros, na Livraria digital Quilombada, tel: (Zap) 98155.9787.