Por Chico Sant'Anna
Dois livros de autoria de jornalistas da Capital Federal movimentam a agenda literária nesse mês de março. Filho de pandemia - Os 110 dias do diário de um pai no momento mais desafiador para qualquer família, de Diego Amorim, chefe de redação do site O Antagonista.
A segunda obra é Nas asas da mamata, é do quarteto Eduardo Militão, Eumano Silva, Lúcio Lambranho e Edson Sardinha. O
livro traz um extenso levantamento de viagens parlamentares bancadas pelo
contribuinte.
A “farra das passagens aéreas”, dizem
os autores, foi o maior escândalo político desde a redemocratização. Com 560
parlamentares investigados, teve mais alvos do que a Operação Lava Jato e a CPI
dos Anões. A diferença é que ninguém foi punido e só uns poucos devolveram o
dinheiro. “O caso ficou no passado? Em parte, sim. Em parte, não. Isso porque
episódios de uso indiscriminado de passagens aéreas por autoridades continuam
acontecendo hoje. A diferença é que, desta vez, eles se aproveitam de outra
brecha na transparência: os voos fretados de jatinhos no Congresso e os jatos
exclusivos proporcionados pela Força Aérea Brasileira ao Poder Executivo.”
Os autores compilaram dados desde 2019,
início do atual governo. Foram compiladas doze 12 situações em que voos da FAB
ou os jatinhos do Congresso, nos quais há menos transparência sobre passageiros
e gastos; serviram para fazer viagens de propósito no mínimo duvidoso. Estimativas
e custos mínimos apontam para despesas de mais de R$ R$ 2 milhões.
“A falta de transparência que existia
em 2009 permitiu o escândalo das passagens aéreas no Congresso e, de certa
forma, no Executivo, no TCU e no Supremo também”, afirma Militão. Geralmente,
eram voos comerciais, como das empresas Gol, Latam e Passaredo. “Agora, é a
falta de transparência, de novo, que permite episódios no mínimo suspeitos em
2021, desta vez na Força Aérea Brasileira e ainda no Congresso Nacional”,
completa Eumano.
Em 2009, depois do escândalo, o
Congresso Nacional passou a publicar todos os voos dos parlamentares, com rota,
nome dos passageiros, gastos feitos e proibição de que parentes participassem
das viagens. A brecha ficou para os voos fretados. Neles, ninguém sabe se o
parlamentar viajou sozinho ou acompanhado. Cid Gomes (PSB-CE) se negou a dar
esses detalhes neste ano.
“Na Força Aérea Brasileira, acontece
algo parecido. Ninguém sabe o nome de todos os passageiros. Os relatos de
parentes e amigos viajando com autoridades são confirmados em redes sociais”,
destacam Militão e Eumano. E, para piorar, existe o sigilo das despesas dos
voos. “Um parlamentar que deseja viajar para o exterior pela Câmara, precisa
justificar o motivo da viagem, fazer um relatório e ter todas as suas despesas
com hospedagem, diárias e passagens publicadas”, afirmou Militão. “Mas, se ele
for ao exterior com o apoio da FAB, nada disso é exigido. E a despesa vai ficar
em sigilo”, completou Eumano.
Sobre os autores
Eduardo
Militão, nascido em 1978, é jornalista em Brasília
desde 2000. Repórter do UOL, trabalhou no Correio Braziliense, Congresso em
Foco, Piauí, Isto é e The Intercept. Ganhou um prêmio Esso, dois Embratel e
dois de associação de procuradores do Ministério Público.
Eumano
Silva, nascido em 1964, é jornalista, formado em
1987 na UnB. Chefiou as sucursais de Época e Isto é em Brasília. Escreveu os
livros Operação Araguaia (Prêmio Jabuti), A morte do diplomata e O levante dos
ribeirinhos.
Lúcio
Lambranho, nascido em 1973, foi repórter no Correio
Braziliense, no Jornal do Brasil e no Congresso em Foco e editor no Metrópoles,
em Brasília. Recebeu os prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo
Investigativo.
Edson
Sardinha, nascido em 1978, é diretor de redação do
Congresso em Foco. Ganhou duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog e uma vez o
Embratel. Contribuiu para que o Congresso em Foco levasse o Prêmio Esso.
Serviço:
Informações
de como obter o livro: Paulo Tadeu - editor@matrixeditora.com.br - Tel.
(11) 99104-4471
Diário de pai para filho
Filho de Pandemia também traz um tema
atual, trata dos dramas provocados pela Pandemia da Covid-19. Trata-se de um
diário escrito de pai para filho, com relatos de cenas e sentimentos de uma
família com o desafio extra de ter um recém-nascido em casa em plena pandemia. “Não
é exagero dizer que se trata de um documento histórico sobre como as famílias
encararam este momento tão desafiador para toda a humanidade.” – comenta Diego.
O próprio autor define assim a sua
obra, convidando à leitura:
"Este diário é um presente para o
meu filho. Mas é um presente para mim e para você também. Com relatos iniciados
na Páscoa de 2021, em meio ao avanço da pandemia e diante da expectativa da
vacinação, abro as portas da minha casa para você. Coloque a máscara, lave as
mãos ou use o álcool em gel, mantenha certo distanciamento, mas pode entrar. A
minha casa é também a sua. Os meus sentimentos são os seus. O meu cansaço é o
seu. As minhas alegrias são as suas. Este diário une todo mundo que sabe que a
vida vale a pena. Às vezes, é verdade, dói um bocado, os dias assustam, mas
sempre, sempre vale a pena."
O prefácio é do ex-presidente do STF,
Aires Brito. Eis um trecho:
"Diego Amorim se desnuda ou se dá
por completo em seu tão inato quanto exemplar humanismo. Revela o quanto de
'Humano, demasiado humano' (para lembrar Nietzsche) é preciso botar para fora
nesses dramáticos momentos em que o destino da humanidade inteira transita por
um fio de navalha, permito-me dizer. (...) Extremamente preocupado com os
malefícios da pandemia e sobre o que fazer para entendê-la tecnicamente e
contribuir para o seu eficaz enfrentamento em perspectiva pessoal, familiar e
coletiva, sobretudo.Com o que se dota de um tipo de coragem e de imaginação à
moda Albert Einstein e Hannah Arendt, para quem 'É preciso fazer das
dificuldades oportunidades'."
Serviço:
Informações de como obter o livro: Contato: (61) 98155 6857