Esta é, também, a linha da investigação seguida pela polícia maranhense. A morte do jornalista, por si só um crime bárbaro, foi marcada, ainda, por requintes de extrema crueldade. Um homem se aproximou dele, desfechou-lhe seis tiros de uma pistola calibre 40 à queima roupa - quatro atingiram o jornalista na cabeça e outros dois no peito - e fugiu acompanhado por uma pessoa que o esperava do outro lado da rua, em uma motocicleta.
Jornalista de O Estado do Maranhão - pertencente à família Sarney - Décio Sá também era o titular do Blog do Décio conhecido por trazer informações sobre os bastidores da política maranhense de forma destemida, com revelações que atingiam de prefeitos à cúpula da política do Estado.
Arma do crime é de uso privativo da polícia
Por isso a polícia concorda com a hipótese de crime por encomenda levantada pelo presidente estadual do PT. Ainda mais ao considerar que a arma calibre 40 usada para matar o jornalista é privativa da polícia. “Se foi crime de encomenda, teve mandante”, adianta Monteiro, informando que o Estado já iniciou as investigações para chegar a quem encomendou e identificar os responsáveis.
No Palácio dos Leões - sede do governo maranhense - a Secretaria de Comunicação da governadora Roseana Sarney expediu nota na qual repudia o assassinato e afirma ter “tomado as providências” para a apuração. O presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney - cuja família é proprietária do jornal - também divulgou manifestação de repúdio, classificando o crime como "hediondo, brutal e cruel" e cobrando investigações.
Dirigindo-se aos colegas de profissão de Décio Sá, o presidente Sarney pediu engajamento para que "essa covardia não fique impune. Que a polícia identifique os assassinos e a justiça seja feita de forma exemplarmente rigorosa". Eu também espero que assim seja.
Eu e os brasileiros estamos cansados de crimes impunes e de investigações nas quais prometem sempre o "máximo rigor" e, ao final, não chegam a nada. Que o assassinato de mais um jornalista, do Décio, seja o primeiro sinal de que a era da impunidade ficou para trás em nosso país e de que viveremos novos tempos em que, se é impossível evitar crimes, que eles sejam esclarecidos e seus responsáveis exemplarmente punidos.
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