Audiodescrição é a uma faixa narrativa adicional para os cegos e deficientes visuais consumidores de meios de comunicação visual, onde se incluem a televisão e o cinema, a dança, a ópera e as artes visuais.
Da Ascom Unesp
Os professores especialistas e tutores do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) comemoram os resultados do primeiro curso a distância de audiodescrição, técnica que descreve imagens estáticas e audiovisuais para pessoas cegas, garantindo o seu acesso à educação, cultura e informação. No ano passado, 380 pessoas inscreveram-se em três turmas do curso “Princípios e Técnicas da Audiodescrição: Aplicabilidade em Contextos Culturais e Educacionais”, sendo que duas turmas já o concluíram. “Mais do que números, celebramos o engajamento dos cursistas, a expansão dos seus horizontes profissionais e a revelação de novos talentos”, esclarece a professora Ana Julia Perrotti-Garcia, autora do curso, tradutora e audiodescritora.
A pesquisadora paulistana Isabel Gasparri, 37 anos, graduada e pós-graduada em Letras, está envolvida na promoção da acessibilidade por meio da audiodescrição. Ao terminar o curso, ela criou um canal no YouTube para divulgar seus trabalhos e ampliar o conteúdo audiodescrito para pessoas com deficiência visual. A primeira audiodescrição disponibilizada por Gasparri foi a do vídeo “Vamos Jogar?”, referente à campanha de mesmo nome da Unicef e da prefeitura do Rio de Janeiro com o objetivo de impulsionar a prática segura e inclusiva de esporte por meninos, meninas e adolescentes da América Latina e do Caribe. “Eu escolhi esse vídeo pela importância do tema. Diversos estudos indicam que brincar é fundamental para o desenvolvimento das crianças, mas muitas delas, infelizmente, ainda têm tal direito negado”, explica. “Além disso, pessoas cegas são protagonistas e podem ter interesse no engajamento em campanhas com temáticas diversas”, completa. Com esse pensamento, a pesquisadora também fez a audiodescrição de imagens estáticas do site Salvo Vidas, que incentiva a doação de sangue.
Além dessas ações, Gasparri inscreveu um trabalho no festival de filmes com acessibilidade comunicacional Ver Ouvindo, que acontecerá em abril, em Recife, e incluirá uma mostra competitiva de curtas nacionais com audiodescrição. Esta foi uma atividade realizada em conjunto com outra ex-cursista, Milena Schneid Eich, 39 anos, professora das línguas portuguesa e inglesa, de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. “Pensei que seria uma boa oportunidade para trabalhar colaborativamente e fazer parcerias”, conta Eich, que escolheu, para participar desse concurso, audiodescrever o curta-metragem A Fuga do Silêncio, baseado em um conto da escritora argentina Samanta Schweblin e produzido por alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
“O trabalho fluiu e o resultado nos deixou muito satisfeitas. Ficamos felizes por colocar em prática o que aprendemos até agora”, destaca Eich, ressaltando a importância de outros dois parceiros: Uilian Donizete Vigentim, assessor em acessibilidade do NEaD/Unesp e Manoel Neto, que possui um estúdio de gravação em Caxias do Sul e auxiliou na mixagem do som. “O Uilian foi nosso consultor e nos deu preciosas dicas do ponto de vista de quem consome o produto audiodescrito. Enfim, posso dizer que foi um trabalho a oito mãos”. No próximo dia 7 de março, a organização do festival irá divulgar a lista dos selecionados para a mostra.
Para o futuro, ambas fazem planos de profissionalização. “Decidi estudar audiodescrição devido à relevância social da atividade e por conta da proximidade com minha área de formação. Agora, finalizado o curso, estou apaixonada pela atividade e quero atuar profissionalmente”, afirma Gasparri, que gostaria de elaborar a audiodescrição de filmes mudos. Eich, por sua vez, pretende trabalhar como roteirista e difundir a técnica na região da Serra Gaúcha. “Meu interesse inicial era o de melhorar minha prática em sala de aula, mas fui completamente conquistada e também quero dedicar-me profissionalmente”, diz.
Elas salientam que o curso da Unesp proporcionou-lhes um aprendizado contextualizado. “Aprendi de forma aplicada, o que foi muito mais significativo”, frisa Eich. “O fato de o curso associar teoria e prática foi fundamental para que eu pudesse desenvolver minhas próprias audiodescrições com segurança e qualidade”, garante Gasparri. As duas intencionam continuar os estudos, com cursos avançados e em áreas específicas. “Diferentemente do que se possa pensar, a técnica não é algo simples, demandando sólido conhecimento teórico, pesquisas sobre assuntos diversos e a prática da alteridade”, conclui Gasparri.
Devido aos resultados positivos e ao interesse demonstrado pelos cursistas em continuar a formação na área, O NEaD/Unesp ofertará, no segundo semestre de 2017, novos cursos sobre audiodescrição. Cadastre-se para receber informações: https://goo.gl/JKwibY
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