"Os veículos de comunicação que aderirem à campanha a favor do projeto terão direito à publicidade federal"
A denúncia é do
jornal o Estado de São Paulo. A verba da propaganda federal, que deveria ser
usada com critérios técnicos e republicanos, será dividida apenas com aqueles
que falam bem das ações do governo Temer.
Num período que
os meios de comunicação atravessam dificuldades financeiras, principalmente os
pequenos, a medida tem como objetivo usar a força do dinheiro para construir
uma imagem positiva. Um dos focos prioritários são os locutores e apresentadores
de rádio, em especial no interior.
O Planalto quer
que esses comunicadores optem por um discurso simpático ao governo que vem
reduzindo verbas sociais, quer retirar os direitos trabalhistas e ainda
reformular a previdência social de forma a inviabilizar as aposentadorias.
Veja abaixo o
que disse o Estadão:
"A ofensiva do
governo para atrair apoio à reforma da Previdência passa agora pela
distribuição das verbas federais de publicidade, principalmente em rádios e
TVs. A estratégia do Palácio do Planalto para afastar as resistências à reforma
é fazer com que locutores e apresentadores populares, principalmente no
Nordeste, expliquem as mudanças sob um ponto de vista positivo. Os veículos de
comunicação que aderirem à campanha terão direito à publicidade federal.
Com esse
roteiro, o Planalto mostra que, além da concessão de cargos e emendas
parlamentares, a propaganda também virou moeda de troca em busca da aprovação
da reforma no Congresso. Os responsáveis pela indicação da mídia que receberá a
verba publicitária são justamente deputados e senadores.
De olho na
eleição de 2018, os parlamentares sabem que, ao conseguir recursos para rádios,
TVs e até jornais do interior, ganham espaço para aparecer nesses meios de
comunicação. O combinado é que, sendo contemplados, votem a favor das alterações
na aposentadoria.
O plano para
conquistar emissoras de grande audiência, na tentativa de virar o jogo, foi
definido pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Nas
palavras de um auxiliar do presidente Michel Temer, a tática "mata dois
coelhos com uma só cajadada". Coube ao líder do governo na Câmara,
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), receber os pedidos dos parlamentares.
Na prática, o
governo intensificou as articulações políticas para enfrentar o desgaste que
vem sofrendo desde o envio da proposta de reforma à Câmara. Pesquisas mostram
que, nos últimos meses, a popularidade de Temer caiu ainda mais, desabando em
regiões onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito campanha, como
o Nordeste.
Até ontem, o
Placar da Previdência feito pelo Estado indicava que, dos 513 deputados, 273
eram contra as mudanças e 100 a favor. Mesmo entre os que defendiam alterações
na concessão dos benefícios, porém, 85 faziam ressalvas à proposta do governo. Para que a reforma seja aprovada são
necessários 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações.
Além dessa
estratégia, o governo também vai por no ar novas propagandas para esclarecer
dúvidas a respeito da reforma. Sob o slogan "Previdência. Reformar hoje
para garantir o amanhã", as peças tentarão consertar o que os assessores
de Temer definem como "erros" de comunicação.
Um dos vídeos
dirá, por exemplo, que as pessoas não precisam contribuir com o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) durante 49 anos para deixarem de trabalhar. A
aposentadoria proporcional é paga a partir de 25 anos de contribuição."
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