A agência de notícias portuguesa Lusa encerrou o seu serviço no Brasil. O site do serviço brasileiro da agência estatal mantinha-se até esta quarta-feira (6) na Web com notícias do dia 31 de dezembro de 2009, sem qualquer explicação aos internautas.
Os conteúdos da Lusa no Brasil eram tratados pela empresa Primapagina, de São Paulo. De acordo com fonte da empresa, responsável pelo site, a Lusa decidiu não renovar o contrato, sem qualquer explicação. "Deve ter sido uma decisão estratégica", disse fonte da Primapagina contatada pelo Portugal Digital.
Segundo informação obtida pelo Portugal Digital, os parceiros da Lusa no Brasil, a estatal Agência Brasil e o portal UOL, participado da Portugal Telecom, não foram informados da decisão. A agência mantém no Brasil dois jornalistas brasileiros, como correspondentes em São Paulo e Brasíla.
O encerramento do serviço brasileiro acontece quase em simultâneo com declarações do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que, em recente entrevista ao jornal "Público", de Lisboa, defendeu a necessidade de Portugal "valorizar cada vez mais a relação com o Brasil" (ver notícia do Portugal Digital de 3 de janeiro 2010).
"Temos de valorizar cada vez mais, no eixo do Atlântico Sul, a relação com o Brasil e a relação com Angola. O futuro passa por valorizar muito o eixo Lisboa-Brasil, o eixo Lisboa-Washington e o eixo Lisboa-Luanda", afirmou o ministro na referida entrevista ao "Público".
O serviço brasileiro da Lusa foi inaugurado há dez anos com a abertura de uma Delegação em Brasília, chefiada por um jornalista português e integrada por uma equipe de jornalistas brasileiros, com o objetivo de desenvolver a circulação de informação entre os dois países e, simultaneamente, procurar viabilizar financeiramente a agência.
Dificuldades da administração da empresa e da sua diretoria de Informação, nomeadamente na definição de uma estratégia informativa adequada às realidades brasileiras, a par de interesses políticos, comerciais e pessoais, alheios ao projeto inicial, levaram ao encerramento da empresa na capital federal e à sua transferência para São Paulo.
Posteriormente, por iniciativa diplomática, foram feitas algumas tentativas para dar maior expressão ao serviço da Lusa no Brasil, que conduziram à sua terceirização, com entrega da gestão do site à empresa Primapagina, ao estabelecimento de um acordo de parceria com o provedor UOL e à revitalização de um acordo de cooperação, que já havia sido assinado por duas vezes, em anos anteriores, durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso, com a agência estatal Brasil.
A entrega, há quatro anos, da gestão do site brasileiro da Lusa - que veiculava publicidade e significativo número de matérias noticiosas relativas a instituições do governo chinês - foi acompanhada pela “migração" para a Primapagina do site Macauhub, ligado ao governo da região administrativa chinesa de Macau e dirigido, na altura, por um jornalista da Lusa.
Até ao momento, a Lusa não divulgou qualquer informação sobre a interrupção ou encerramento do serviço Brasil. A Agência Lusa é controlada a 50,14% pelo Estado português, tendo ainda vários grupos portugueses de mídia como acionistas de referência, entre os quais a Controlinveste, com 23,35%, e a Impresa, com 22,36%.
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