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domingo, 10 de março de 2013

Opinião: Chávez, Barões da imprensa, jornalistas e jornalismo burgês

Por Davis Sena Filho, em Brasil 247


Depois de acompanhar a cobertura da imprensa de mercado, ou seja, de negócios privados sobre a morte do estadista e revolucionário, Hugo Chaves, cheguei à seguinte conclusão:
Há algum tempo, quando eu era um jovem jornalista, percebi que as redações da imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) praticam apenas o jornalismo empresarial, de negócios, bem como, irrefragavelmente, tem lado, cor, partido, ideologia e preferências culturais, raciais e de classe social.
Sabem por que essas distorções acontecem nas redações? Porque o jornalismo é tratado como produto por empresas de comunicação cujos proprietários são megaempresários, que estão a fim de ganhar dinheiro, aliás, muito dinheiro, como qualquer grande capitalista de outro ramo de negócios.
Contudo, esses comerciantes, proprietários de órgãos de comunicação privados, insistem em dar uma conotação nobre às suas atividades, quando, na verdade, a informação e a opinião, que são os produtos vendidos por eles, têm o propósito de defender os interesses da classe dominante a qual eles pertencem. Por isto e por causa disto, atacam, sistematicamente, seus adversários políticos, e, para isto, manipulam e distorcem os fatos e as realidades, com a finalidade de impor suas "verdades", e, consequentemente, manter, indefinidamente, o status quo do qual sempre se beneficiaram em forma de privilégios.
Por isto e por causa disto, temos um jornalismo partidário, sectário e conservador, elaborado, escrito e apresentado por jornalistas filhos das classes média e média alta, quando não de origem rica. São profissionais pequenos burgueses e que sonham desde sempre com ascensão social, fama, além do acesso a um mundo VIP, de preferência paralelo ao mundo real, porque a meta e o desejo é fugir das massas nem que para isso tenha de viver das sobras de seus patrões, que são os inquilinos da parte mais alta da pirâmide social..
Esses jornalistas não conhecem o Brasil, as suas diferentes regiões e culturas e muito menos compreendem as questões, as necessidades e as dificuldades das classes sociais menos privilegiadas. Agem assim porque inexiste neles o compromisso com o País e o seu povo, porque prezam essencialmente os valores individuais, que se alicerçam em uma sociedade de consumo, que, equivocadamente, mede e avalia as pessoas pelo o que elas têm e não pelo que elas são.
Parte desses jornalistas por ser assim integra e serve, de forma espontânea e natural, um sistema midiático de direita acumpliciado com os interesses econômicos e financeiros dos barões da imprensa, dos proprietários de mídias cartelizadas e monopolistas, que, por sua vez, são sócios e porta-vozes dos interesses dos grandes capitalistas nacionais e internacionais.
Características de tal ordem me levam a afirmar que os barões da imprensa são imperialistas e colonialistas, bem como os replicadores do pensamento conservador nacional e internacional. Ao controlarem os meios de comunicação e de informação, eles passam a influenciar e a domesticar o pensamento, os valores e até mesmo os sonhos e os propósitos rotineiros da população em geral e em especial das classes média e média alta, que, alienadas e conservadoras, aliam-se àqueles que combatem, historicamente, a distribuição de renda e de riqueza, porque não desejam um Brasil justo, independente e democrático, e muito menos querem o povo brasileiro emancipado e soberano.
Os jornalistas os quais faço críticas são exatamente assim. Agem dessa forma, como se fossem patrões. Eu os conheço e sei de suas vaidades e manias de grandeza que se baseiam na ascensão social. São meros burgueses e acreditam em valores estritamente comerciais e de modismos, que os levam a pensar que subiram de status. Detestam ter de lidar com tudo o que seus pais sempre desprezaram: conviver com os mais pobres e ter de ouvir suas queixas e necessidades, Afinal a redoma de cristal onde vivem é um lugar para as poucas pessoas que eles consideram seus semelhantes.
Os homens e as mulheres comprometidos com seus patrões e, por conseguinte, com o jornalismo alienígena e de negócios privados se vestem e se comportam como yuppies cujos valores se confundem com o mundo neoliberal que derreteu as economias, as almas e o orgulho da Europa Ocidental, do Japão e dos Estados Unidos. Um mundo fútil e leviano, que se alicerça em falso moralismo e que edifica a ganância, o egoísmo, o materialismo e constrói a guerra entre as pessoas, as sociedades e os países.
Por isto e por causa disto, resolvi no já longínquo ano de 1995 não trabalhar mais em redações da imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?). Hugo Chávez pertence à história, e, indelevelmente, ao povo venezuelano e latino-americano. É isso aí.

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