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segunda-feira, 25 de março de 2013

Pesquisa traz retrato da cobertura jornalística sobre a questão racial quando tratada no parlamento


Como a imprensa trata editorialmente a temática racismo quando tratada no parlamento brasileiro? A resposta está nos resultados da pesquisa “Parlamento e Racismo na Mídia”, lançada em 20/3, pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a pela Andi: comunicação e direitos traz um retrato da cobertura jornalística sobre a questão racial. O estudo avaliou 401 matérias jornalísticas que vinculam a questão do racismo ao Parlamento de 45 jornais diários, sendo cinco de abrangência nacional e 40 regionais/locais.

O jornal A tarde, da Bahia, se destacou como o veículo que mais puxa o debate sobre parlamento e racismo na mídia no País. O jornal publicou 51 textos (12,7% do total de notícias analisadas). Em seguida ficaram os veículos de abrangência nacional: O Estado de S. Paulo, com 46 textos (11,5%); o Correio Braziliense, com 32 (8,0%), O Globo,com 25 (6,2%), a Folha de S. Paulo, com 19 (4,7%) e o Jornal do Brasil, com 16 (4,0%).
Segundo Eliana Graça, assessora política do Inesc, o mais importante não é a quantidade das matérias que o jornal publica sobre a temática, mas a qualidade das informações. “O jornal A tarde surpreende por conquistar a melhor posição em quantidade de matérias e por ser um dos que mais abriram espaço para lideranças que afirmavam a existência da discriminação racial contra a população negra. Do outro lado, temos O Estado de S.Paulo que apesar de estar em segundo no quadro de quantidade se destacou negativamente ao empalidecer a ideia de uma sociedade marcada pelo racismo”, afirma. 

Racismo
O cenário da falta de representação do/a negro/a no parlamento já é desolador. Embora representem mais de 50% da população brasileira, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os/as negros/as são minoria no Parlamento brasileiro, representando menos de 10% do total de parlamentares. De acordo com levantamento realizado pela União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), dos/as 513 deputados/as federais, somente 43 se reconhecem como negros/as. Dos/as 81 senadores/as, apenas dois são negros/as.
Se por um lado existe uma ausência dos negros/as no legislativo, a pesquisa demonstra também a dificuldade da mídia em tratar o tema racismo. Mais da metade dos 401 textos analisados (56,1%) não menciona o conceito de racismo. As notícias afastam-se do debate histórico, filosófico, sociológico e antropológico sobre o fenômeno, ainda que abordem mecanismos de combate ao racismo (tais como cotas e legislação na área).
Embora parte significativa das notícias (35,4%) admita a existência do racismo, a grande maioria (83,4%) do noticiário trata de maneira geral a questão da igualdade/desigualdade racial, o que não é o mesmo que tratar de racismo.
Principais temas abordados
A pesquisa também aponta que as temáticas mais abordadas pelo noticiário sobre Parlamento e Racismo na Mídia foram a política de cotas para ingresso de negros em instituições do ensino superior (23,2% de todos os textos) e as comunidades quilombolas (14,5% do total de notícias).

O estudo também traz uma seção especial, que aborda 74 textos, capturados nos dois dias subseqüentes à aprovação do Estatuto da Igualdade Racial na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O objetivo foi examinar o comportamento da imprensa escrita brasileira em relação ao processo de construção e aprovação da lei nas duas casas legislativas.

Saiba mais sobre a pesquisa: A pesquisa tem o intuito de alimentar o debate em torno da sub-representação política dos/as negros/as e de identificar como esse segmento participa do noticiário sobre racismo e igualdade racial publicado pela imprensa no Brasil. Ela analisa 401 textos jornalísticos selecionados do universo de 1.602 matérias da pesquisa Imprensa e Racismo, desenvolvida anteriormente pela Andi.  As matérias são de 45 veículos, sendo cinco de abrangência nacional e 40 de abrangência regional/local. Veja a pesquisa completa aqui

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