A Rádio Senado Ondas Curtas (OC), que transmitia em 5990 Khz, faixa de 49 metros, deicou de ir ao ar desde a terça-feira, dia 07 de fevereiro de 2012. A razão é o término e a não renovação do contrato de utilização dos transmissores e do canal de frequência que a emissora alugava. Desde o ano de 2000, o Senado Federal mantinha com a Radiobrás, hoje EBC, um contrato, mediante pagamento de aluguel, de utilização, durante 13 horas por dia, de um transmissor em ondas curtas de alta potencia (250 Kwatts),com antena direcionada para o Norte, instalado no Parque do Rodeador, no Distrito Federal.
Esse contrato foi renovado várias vezes, mas, este ano, até esse momento, não houve entendimento entre as direções das duas entidades para a renovação do aluguel e a ordem da cúpula da Secretaria de Comunicação Social do Senado é não colocar a emissora no ar nesta terça-feira, por não haver mais instrumento legal que garanta a continuidade do serviço.
Ao longo desses 12 anos do contrato de aluguel com a Radiobras/EBC, a alta direção do Senado Federal nunca julgou necessário ter equipamentos próprios de transmissão, nem requisitar ao Ministério das Comunicações e à Anatel um canal de transmissão em ondas curtas, mesmo sendo a Rádio Senado Ondas Curtas uma emissora que angariou ao longo dos anos grande audiência em vastas áreas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
A Rádio Senado Ondas Curtas cobre uma área estimada em 3 milhões de km2 do território nacional e atinge fazendas, povoados, áreas indígenas, assentamentos da reforma agrária e outras comunidades isoladas do interior do Brasil.
A principal audiência da Rádio Senado OC é de pessoas que, ou não tem outros meios de comunicação, ou tem acesso difícil a eles, tanto por conta do isolamento geográfico, quanto por suas condições financeiras. Nas cartas que enviam à emissora os ouvintes informam que não têm acesso a telefone e nem mesmo a luz elétrica.
Já houve dias em que ao longo da programação cerca de 200 recados foram ao ar, comunicando fatos os mais diversos como, nascimentos, falecimentos, agendamentos de consultas etc. Não só pessoas físicas, mas também prefeituras, sindicatos, agências de defesa sanitária, secretaria de educação e associações do interior usam o serviço para transmitir comunicados aos moradores da zona rural.
Os ouvintes também mandam cartas para a emissora que são lidas no ar. Em 2011 foram cerca de 1 e 500 cartas recebidas e aproximadamente 40 mil recados, viabilizando a comunicação com ouvintes que residem em áreas isoladas do nosso território.
O carro chefe da programação da emissora é um programa ao vivo - O Senado é Mais Brasil, transmitido no início da manhã, com 3 horas de duração, que mescla notícias do Senado, informações de interesse da população do interior, leitura de cartas de ouvintes e um quadro que cativa a audiência - O Celular do Sertão. Através desse serviço qualquer pessoa, ligando gratuitamente para o Alô Senado (0800612211), por e-mail ou ligando para o estúdio, pode enviar mensagens para amigos e parentes que residem em regiões que ainda não são servidas pela rede telefônica, nesse imenso território brasileiro.
Para atender a esse público a Rádio Senado Ondas Curtas mantém no ar programas de prestação de serviço. Um dos mais requisitados é o Pergunte ao Doutor. Os ouvintes escrevem para a emissora relatando um problema de saúde e as dúvidas e perguntas são respondidas por médicos do próprio Senado ou outros profissionais de Brasília.
A emissora produz ainda o Fique Por Dentro da Lei, destinado a tirar dúvidas sobre questões legais e o acesso a programas sociais; Viver da Terra, com orientações sobre agropecuária e Sintonia Ambiental, tendo como tema a proteção do Meio Ambiente. Os programas sempre buscam especialistas nas suas áreas para tratar dos temas em pauta.
A Rádio Senado Ondas Curtas atua ainda em radiodramaturgia com o programa Contos que Encantam, fazendo a dramatização radiofônica de peças da literatura nacional e mundial.
A continuidade desse trabalho está ameaçada se não houver um entendimento com a EBC ou se o Senado Federal não considerar importante a instalação de um sistema próprio de transmissão em ondas curtas.
As transmissões em OC alcançam longas distâncias. O sinal emitido pelo transmissor sobe até a ionosfera reflete nessa camada da atmosfera e volta para a terra, reflete novamente sobre a crosta terrestre e ricocheteando consegue contornar o globo terrestre.
O sinal emitido de Brasília é ouvido, com boa qualidade sonora, em simples receptores portáteis (radinhos de pilha) no interior da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste e até em partes da região Sudeste, como no Norte de Minas Gerais e interior de São Paulo, mesmo durante o dia, quando as transmissões radiofônicas são afetadas pela radiação solar. Os estados que mais se comunicam com a Rádio Senado Ondas Curtas são: Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
A emissora já recebeu também inúmeras cartas de radio-escutas enviadas do Japão, Finlândia, França, Suíça, Estados Unidos, Rússia, Canadá, China, Colômbia, Áustria, Espanha, Holanda, Inglaterra, Itália, Noruega, Suécia, Nigéria e de Goa, antiga colônia portuguesa na Índia.
O Senado Federal tem diversos canais de comunicação com o cidadão pelos quais eles podem fazer críticas sugestões e elogios. As pessoas que queiram se manifestar sobre o fim das transmissões da Rádio Senado Ondas Curtas podem enviar e-mail para os senadores e para a alta direção da Casa que é quem tem a palavra final sobre a viabilização da continuidade do trabalho da emissora. Os e-mails dos senadores estão disponíveis na página do Senado na Internet emhttp://www.senado.gov.br/
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