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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

New York Times: Escapando da realidade com a Tv Globo do Brasil

Publicado originalmente no The New York Times

No ano passado, a revista “The Economist” publicou um artigo sobre a Rede Globo, a maior emissora do Brasil. Ela relatou que “91 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população, a assistem todo dia: o tipo de audiência que, nos Estados Unidos, só se tem uma vez por ano, e apenas para a emissora detentora dos direitos naquele ano de transmitir a partida do Super Bowl, a final do futebol americano”.
Esse número pode parecer exagerado, mas basta andar por uma quadra para que pareça conservador. Em todo lugar aonde vou há um televisor ligado, geralmente na Globo, e todo mundo a está assistindo hipnoticamente.
Sem causar surpresa, um estudo de 2011 apoiado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o percentual de lares com um aparelho de televisão em 2011 (96,9) era maior do que o percentual de lares com um refrigerador (95,8) e que 64% tinham mais de um televisor. Outros pesquisadores relataram que os brasileiros assistem em média quatro horas e 31 minutos de TV por dia útil, e quatro horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem TV todo dia e apenas 4% nunca assistem televisão regularmente (eu sou uma destes últimos).
Entre eles, a Globo é ubíqua. Apesar de sua audiência estar em declínio há décadas, sua fatia ainda é de cerca de 34%. Sua concorrente mais próxima, a Record, tem 15%.
Assim, o que essa presença onipenetrante significa? Em um país onde a educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência considerável sobre nossa política.
Um exemplo: há dois anos, em um leve pedido de desculpas, o grupo Globo confessou ter apoiado a ditadura militar do Brasil entre 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, o grupo disse, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original”.
Com esses riscos em mente, e em nome do bom jornalismo, eu assisti a um dia inteiro de programação da Globo em uma terça-feira recente, para ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove.
A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva.
A partir dos talk shows matinais e outros programas, eu aprendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todo mundo no ar ama todo mundo e sorri o tempo todo. Histórias maravilhosas foram contadas de pessoas com deficiência que tiveram a força de vontade para serem bem-sucedidas em seus empregos. Especialistas e celebridades discutiam isso e outros assuntos com notável superficialidade.
Eu decidi pular os programas da tarde –a maioria reprises de novelas e filmes de Hollywood– e ir direto ao noticiário do horário nobre.
Há dez anos, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson –incapaz de entender notícias complexas. Pelo que vi, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a escassez de água em São Paulo, por exemplo, foi destacado por um repórter, presente no jardim zoológico local, que disse ironicamente “É possível ver a expressão preocupada do leão com a crise da água”.
Assistir à Globo significa se acostumar a chavões e fórmulas cansadas: muitos textos de notícias incluem pequenos trocadilhos no final ou uma futilidade dita por um transeunte. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse um repórter sobre o técnico da seleção brasileira. Com frequência, alguns poucos segundos são dedicados a notícias perturbadoras, como a revelação de que São Paulo manteria dados operacionais sobre a gestão de águas do Estado em segredo por 25 anos, enquanto minutos inteiros são gastos em assuntos como “o resgate de um homem que se afogava causa espanto e surpresa em uma pequena cidade”.
O restante da noite foi preenchido com novelas, a partir das quais se pode aprender que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. (Com base nisso, acho que não sou uma mulher.) As personagens femininas são boas ou ruins, mas unanimemente magras. Elas lutam umas com as outras pelos homens. Seu propósito supremo na vida é vestir um vestido de noiva, dar à luz a um bebê loiro ou aparecer na televisão, ou todas as opções anteriores. Pessoas normais têm mordomos em suas casas, que são visitadas por encanadores atraentes que seduzem donas de casa entediadas.
Duas das três atuais novelas falam sobre favelas, mas há pouca semelhança com a realidade. Politicamente, elas têm uma inclinação conservadora. “A Regra do Jogo”, por exemplo, tem um personagem que, em um episódio, alega ser um advogado de direitos humanos que trabalha para a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios materiais para fabricação de bombas para os presos. A organização de defesa se queixou publicamente disso, acusando a Globo de tentar difamar os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil.
Apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas foram dolorosas de assistir, com suas altas doses de preconceito, melodrama, diálogo ruim e clichês.
Mas elas tiveram seu efeito. Ao final do dia, eu me senti menos preocupada com a crise da água ou com a possibilidade de outro golpe militar –assim como o leão apático e as mulheres vazias das novelas.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

OAB-Bahia quer processar TV Globo

Publicado originalmente no JusBrasil

OAB da Bahia pretende ingressar com ação de danos morais coletivos contra a TV Globo por reportagem do Fantástico

Há três semanas, reportagem do Fantástico narrava cobrança de honorários advocatícios excessiva em causas previdenciárias. No entanto, este nosso rotativo foi conferir alguns dados e constatou que a realidade era diferente daquela apresentada. Agora, a OAB/BA pede providências ao Conselho Federal da Ordem no sentido de ajuizar ação de indenização por dano moral coletivo.
"Pedi ao conselho para que verifique se as generalizações que repercutiram em diversos meios de comunicação não teriam causado um dano coletivo à advocacia, e pedi que o Conselho Federal adote as medidas cabíveis para indenização", disse Luiz Viana, presidente da OAB/BA, ao jornal Bahia Notícias. A seccional reuniu matérias de blogs, rádios, jornais com reprodução da reportagem para que o Conselho faça a avaliação.
De acordo com o periódico baiano, duas ações civis públicas foram propostas pelo MPF e pedem que a Justiça imponha um limite de 20% na cobrança de honorários. As duas estão em grau de recurso no TRF da 1ª região. Para Viana, as ações são equivocadas. "A OAB recebeu uma gravação de um depoimento do procurador que disse que, não tendo condição de investigar todos os advogados, pegou uma certidão no juizado com o nome de todos os colegas, que há sete anos advogavam no local", esclarece o gestor. "Dessa forma, colocaram no mesmo balaio situações diferentes."
Luiz Viana ainda explica, na entrevista, que a Ordem impõe limites rigorosos na cobrança de honorários e que o advogado "não pode ganhar mais do que seu cliente, podendo chegar a no máximo - a soma do contrato de honorários e a soma de honorários sucumbenciais", que podem chegar até a 50% o total. Os honorários contratuais são os valores que o advogado recebe como remuneração pelo serviço, de até 30%, e os honorários sucumbenciais são os recebidos da parte condenada no processo, limitados a 20%. Nos erros de cobrança de honorários praticados por advogados, a Ordem instaura processo disciplinar.
Na última sexta-feira, 6, o Conselho Pleno da Seccional autorizou a instalação de uma Comissão de Orientação ao Advogado para que não cometam faltas disciplinares por desinformação, como em casos de propaganda, principalmente no interior do estado.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Novamente em queda, TV Globo perdeu 5% de audiência em 2014

Por Lauro Jardim, em Radar on-line
Audiências da Rede TV e TV Brasil
não foram informadas
TV Globo perdeu 5% de audiência em 2014, caindo de 14,3 pontos, em 2013, para 13,5 pontos, no ano passado, entre 7h e meia-noite. Os dados do Ibope são da medição na Grande São Paulo. É o pior desempenho anual, desde que virou líder de audiência, há 45 anos.
Na contramão, cresceu a participação da TV paga e dos pequenos canais regionais, que cresceram de 6,7 pontos em 2013 para 8,6 em 2014.
Os números repetem a tendência dos últimos dez anos. Enquanto, de 2004 para cá, a Globo registrou uma queda de 38% na audiência, caindo de 21,7 para 13,5, a TV paga e os canais regionais cresceram 260%, saltando de 2,4 pontos para 8,6 na Grande São Paulo.
Em 2014, o crescimento da Record foi tímido, subindo de 6,1 para 6,2, número que a emissora tinha em 2012. O SBT fechou o ano com 5,6, frente a 5,3 em 2013. Já a Band caiu de 2,5 pontos em 2014 para 2,4 pontos em 2013.
A Record teve crescimento de 50% de 2004 para cá, saindo de 4,2 para 6,2. O pico da emissora do bispo Edir Macedo foi em 2008, com 8,3 pontos.
Nesses dez anos, o SBT perdeu 33% de sua audiência, numa queda de 8,4 para 5,6 pontos.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Após 36 anos, Globo tira da TV o Telecurso. Agora, só na web

Com base no texto der Bárbara Sacchitiello, no Meio & Mensagem

Desde o dia 15 de novembro, o programa Telecurso não pode mais ser assistindo na televisão. Ele saiu do ar. Depois de 36 anos fornecendo apoio educacional e formação técnica por meio da TV, o projeto migrará integralmente para a internet, em uma plataforma da Globo.com. 
A dúvida que surge, é se os cidadãos brasileiros que precisam aprender as primeiras letras e algarismos terão condições de interagir com a internet.
A presença de computadores nas residências brasileiras mais do que triplicou na primeira década de 2.000. Ainda assim, menos da metade da população, segundo o censo de 2010, tinha um PC em casa. Em 2013, segundo estudos Marplan/EGM da Ipsos, a internet chegava a 57% dos brasileiros. Já a televisão, neste mesmo ano, se fazia presente em 95,1% dos lares
Apesar de a televisão ainda ser o meio de maior penetração entre todas as classes e em todas as regiões do Brasil, Hugo Barreto, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, diz que “o portal representa um movimento de expansão do Telecurso, já que amplia as possibilidades de acesso, a qualquer hora e de qualquer lugar, às teleaulas e aos conteúdos, seja via computador, celular ou tablet”, diz ele.
O Telecurso, desenvolvido entre a Globo e a Fundação Roberto Marinho, ficou na TV até 14 de novembro; Ele e o Globo Rural — exibido na sequência, vai aposentar a edição diária — serão substituídos por séries até o final do mês e, a partir de dezembro, por um novo telejornal, o Hora Um, apresentado por Monalisa Perrone.
Para divulgar a mudança do Telecurso, a Globo criou uma série de filmes, destacando o histórico do Telecurso, que já atendeu sete milhões de estudantes e teve parceria com 1,5 mil instituições de ensino. 

domingo, 29 de junho de 2014

Opinião: Globo é a grande derrotada da Copa

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

A Copa do Mundo de Futebol no Brasil deveria ter sido vista como uma oportunidade rara para as empresas de mídia fazerem bons negócios. Poderiam aproveitar a visibilidade e o interesse no Brasil pelo evento esportivo de maior popularidade do planeta para vender ao mundo reportagens, documentários sobre cada região no entorno das cidades-sede e ampliar os canais de exportação para produtos jornalísticos e obras audiovisuais.
Mas estas empresas, quase todas "filhotes da ditadura", perderam esta oportunidade histórica por visão pequena, provinciana, e pelo vício de tratar seu próprio negócio como se fosse um partido político, daqueles obrigados a contestar qualquer ação de um governo o qual querem derrubar nas urnas ou sabe-se lá como.
Até o início do Mundial, as tevês, jornalões, revistas e portais alinhados ao pensamento demotucano detonavam a Copa no Brasil. Óbvio que essa corrente de pensamento do contra influiu na imprensa estrangeira. Mesmo empresas de comunicação que tenham correspondentes no Brasil acabam contaminadas pelo que ouvem e veem nas telas de TV, nas capas de revistas e nas páginas dos jornais de maior circulação.
Com a chegada da Copa, cerca de 19 mil profissionais de mídia de diversos países do mundo desembarcaram no Brasil. Por si só, esse número já mostra o fracasso da imprensa tradicional brasileira. Quase ninguém quis comprar suas reportagens e matérias por falta de confiança na narrativa. Todos quiseram ver com seus próprios olhos, fazendo suas próprias reportagens, tanto esportivas como sobre outros acontecimentos.
E o aconteceu é que essa multidão de jornalistas estrangeiros passou a produzir matérias de todos os tipos com uma visão positiva, sem deixarem de ser realistas, sobre o Brasil – e suas narrativas foram muito diferentes do que havia sido propagado até antes da Copa.
As minorais barulhentas, que protestavam com quebra-quebras localizados e ganhavam grande destaque na pauta do principal telejornal brasileiro, passaram a ser retratadas com sua verdadeira dimensão no exterior: sem serem desprezadas, mereceram notas na imprensa internacional proporcionais à sua relevância.
E a maioria do povo brasileiro, até então silencioso, explodiu em festa com a chegada da Copa.
Pois bem. Na quinta-feira (27), o Jornal Nacional da TV Globo fez uma longa matéria mea culpa, mas disfarçada, com o título "Clima festivo e sucesso da Copa conquistam manchetes internacionais".
O apresentador William Bonner abriu dizendo "Durante meses, os atrasos e os problemas de organização da Copa do Mundo foram assunto de muitas reportagens no Brasil e no exterior. Existia no ar uma preocupação generalizada com as consequências dos atrasos, das obras não concluídas. E os jornais estrangeiros eram especialmente ácidos nas críticas. Mas o fato é que, aos poucos, desde o início desse Mundial, isso tem mudado." Em seguida, citou algumas reportagens de revistas e jornais europeus e estadunidenses, comparando o conteúdo antes da Copa, que era negativo, e agora, francamente positivo.
O que o telejornal fez foi jogar no colo da imprensa estrangeira o que a própria TV Globo, junto com revistas como Veja e Época, e jornais como Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo propagaram incessantemente e que acabou repercutindo no exterior.
É a inversão das coisas. É como dizer: "Caros e ingênuos telespectadores, nada do que nós falamos durante meses sobre um suposto fracasso da Copa era verdade, como vocês estão percebendo, mas 'existia no ar uma preocupação generalizada' de que o seria, respaldada na imprensa estrangeira."
Como se vê, o 'tucanismo' da Globo está levando-a à decadência

domingo, 21 de julho de 2013

Rede de televisão Globo sob suspeita de sonegação fiscal

Da Agência Brasil e do Portugal Digital

A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) confirmou que abriu apuração criminal preliminar para investigar suspeitas de sonegação de impostos envolvendo a Rede Globo, suspeita de lavagem de dinheiro, e crimes contra órgãos da administração direta e indireta da União.
A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) confirmou terça-feira (16) que abriu apuração criminal preliminar para investigar suspeitas de sonegação envolvendo a Rede Globo. O procedimento foi iniciado na segunda-feira (15), com a distribuição do caso para um procurador responsável.
A apuração foi solicitada na última sexta-feira (12) por 17 entidades da sociedade organizada, entre elas, o Centro de Estudo das Mídias Alternativas Barão de Itararé, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. Eles alegam que o Ministério Público deve agir porque há indícios de lesão a bens federais.
De acordo com o grupo, as apurações tornaram-se necessárias devido a divulgação recente de documentos, até então sigilosos, sobre multa de mais de R$ 600 milhões à Rede Globo pela tentativa de sonegar impostos relativos à exibição da Copa do Mundo de 2002. Ainda segundo o grupo, também há suspeita de lavagem de dinheiro, de crimes contra órgãos da administração direta e indireta da União e de estelionato.
Com a abertura de procedimento preliminar, o Ministério Público tem prazo de 90 dias, prorrogáveis pelo mesmo tempo, para apurar as informações. Se houver indícios suficientes de crime, é aberto inquérito. Caso negativo, o procedimento é arquivado. A Procuradoria do DF ainda poderá encaminhar os documentos para o Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa.
Na semana passada, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro divulgou nota informando que acompanhava o caso desde 2005 e que não pediu abertura de inquérito policial por impeditivos legais relativos à restituição de valores fiscais. "Quanto aos demais tipos criminais aventados na mídia, o MPF entende que o enquadramento não seria aplicável por ausência de indícios". O órgão também confirmou que documentos do caso foram extraviados por uma servidora da Receita Federal, que já foi processada e condenada pela Justiça.
Em nota, a Rede Globo disse que já não tem qualquer dívida em aberto com a Receita e que apenas optou, na época, por "uma forma menos onerosa e mais adequada no momento para realizar o negócio, como é facultado pela legislação brasileira a qualquer contribuinte". A empresa informou que, após ser derrotada nos recursos apresentados à Receita, decidiu aderir ao Programa de Recuperação Fiscal da Receita Federal e fazer os pagamentos.
A empresa ainda destacou que desconhecia os fatos relativos a desvios de documentos no processso fiscal, pois não figurava como parte no processo. Segundo a Globo, os documentos perdidos foram restituídos com a colaboração da própria empresa, que desconhece os motivos que levaram a servidora a agir dessa forma. Agência Brasil

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Rede Globo admite fraude fiscal e multa milionária da Receita

Publicado originalmente no Correio do Brasil
O dinheiro depositado em paraísos fiscais circulam o mundo em questão de segundos, sem pagar impostos
Rede Globo de Televisão admitiu, na noite passada, em nota divulgada após denúncias publicadas no blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário, e reproduzidas aqui no Correio do Brasil, que a Receita Federal multou a empresa após constatar uma fraude milionária na contabilidade. Em comunicado oficial, a Globo Comunicação e Participações confirmou a multa de mais de R$ 270 milhões à Receita Federal, em 2006.
O motivo da multa, segundo a Receita Federal, foram as irregularidades na operação de compra dos direitos exclusivos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. No total, a emissora teve de desembolsar entre multa (R$ 274 milhões) , juros de mora (R$ 157 mi) e imposto não pago (R$ 183 milhões) um total de mais de R$ 615 milhões.
A fraude foi dissimulada em uma compra dos direitos sobre a rubrica “investimentos e participação societária no exterior”, com transferência de dólares para o paraíso fiscal nas Ilhas Virgens. A Receita Federal descobriu a estratégia contábil e aplicou a multa, que já teria sido paga, segundo a emissora.
Ao responder às insistente perguntas dos jornalistas, a assessoria de Comunicação Social da empresa responde pela Globo, contratada com exclusividade para este assunto (e não a CGCom) tentou tergiversar.
“A Globo Comunicação e Participações esclarece que não existe nenhuma pendência tributária da empresa com a Receita Federal referente à aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de Futebol de 2002. Os impostos devidos foram integralmente pagos”, disse.
Questionada novamente por não haver respondido à pergunta sobre a multa da Receita, a assessoria enviou outra nota, na qual esclarece que a Globo foi, de fato, multada.
“Todos os procedimentos de aquisição de direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 pela TV Globo deram-se de acordo com as legislações aplicáveis, segundo nosso entendimento. Houve entendimento diferente por parte do Fisco. Este entendimento é passível de discussão, como permite a lei, mas a empresa acabou optando pelo pagamento”, informava uma segunda nota oficial enviada neste sábado ao colunista do site UOL, Ricardo Feltrin.
“A Receita Federal entendeu que houve erro ou sonegação, não aceitou as justificativas contábeis e fez a cobrança. ‘A pessoa jurídica realizou operações simuladas, ocultando as circunstâncias materiais do fato gerador de imposto de renda na fonte’, afirma página do processo 0719000/0409/2006, obtida pelo blog de Rosário”, conclui Feltrin.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

No ano do "pibinho", Globo cresce 16%

Por Samuel Possebon, publicado em Pay-TV News


Grupo Globo cresce 16% em receitas em 2012 
e registra R$ 12,7 bilhões de receita líquida

As Organizações Globo publicaram nesta quarta, 27, seus resultados financeiros referentes a 2012. O grupo teve crescimento de 16% em sua receita líquida no ano, chegando a R$ 12,7 bilhões. O EBITDA cresceu 10%, totalizando no final de 2012 R$ 3,13 bilhões, o que significa uma margem de 25%. Em caixa, o grupo Globo tem R$ 7 bilhões, e uma dívida de R$ 1,7 bilhão. O lucro bruto do grupo foi de R$ 5,7 bilhões e o resultado líquido foi de R$ 2,9 bilhões. Em janeiro fevereiro, a Globo distribuiu R$ 947 milhões em dividendos aos acionistas.
O resultado é significativo sobretudo se considerarmos que o mercado publicitário, que é a principal fonte de receitas da Globo, cresceu 6% em 2012, totalizando R$ 30 bilhões, dos quais R$ 20,8 bilhões foram para o segmento de TV (aberta e paga).
O balanço também destaca o desempenho de audiência da TV Globo, com 45% do share de televisores ligados em 2012 considerando-se o período das 7 da manhã à meia noite (em 2011 eram 46%) e 53% do share  considerando-se apenas o horário nobre, das 6 da tarde à meia noite (em 2011 era os mesmos 53%). esses dados, contudo, excluem a audiência de outros dispositivos ligados à TV, como DVDs, videogames e dispositivos de TV conectada.

Fontes de receita

Em termos de diferentes fontes de receita, o grupo Globo (que controla a Globosat e tem participações nos canais Telecine e NBC Universal) viu o segmento de conteúdo e programação crescer em relação à receita meramente com publicidade. Em 2011, o percentual de receitas proveniente da rubrica "conteúdos e programação" (que inclui os canais pagos e também as vendas internacionais e conteúdos vendidos pela Internet) representava 22% do total, e em 2012 esse percentual passou a 25%, o que significa R$ 3,2 bilhões. As receitas publicitárias (tanto na TV aberta quanto na TV paga e nos veículos impressos e de Internet) ainda representam quase R$ 9 bilhões do faturamento do grupo, ou 71% do total. Outras fontes de receita representam apenas 4% do total, ou pouco mais de R$ 533 milhões. O segmento de programação e conteúdo cresceu em receitas 34% no ano passado, contra 10% do crescimento de receitas com publicidade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Silvia Faria é a nova diretora da Central Globo de Jornalismo

Egressa da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde se formou em 1979, a jornalista Silvia Faria é a nova diretora da Central Globo de Jornalismo. Ela substitui Ali Kamel, que foi promovido a diretor geral de Jornalismo e Esporte da TV Globo, conforme anúncio feito essa semana. 
Antes da Globo, na trajetória profissional de Sílvia, destacam-se o trabalho como jornalista de economia na Folha de São Paulo, e chefe da assessoria de imprensa do Banco Central. Na Globo está há onze anos, período em que foi chefe de redação, diretora de jornalismo de Brasília e, mais recentemente, diretora executiva de jornalismo da CGJ.
Erick Bretas é o novo diretor executivo de jornalismo da TV Globo, assumindo o lugar de Silvia. Já Miguel Athayde assumirá a direção regional de Jornalismo da Editoria Rio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

MP obriga TV Globo Rio a contratar 150 jornalistas e a dar fim a horas extras excessivas


Crédito : Roberta A.Salvetti Oliveira
Por Daniela Novais, publicado originalmente no Brasília em Pauta

A Rede Globo no Rio de Janeiro será obrigada a contratar 150 jornalistas e radialistas para suas redações, até fevereiro de 2013 e pagar multa de R$ 1 milhão. 
Este é o resultado de um acordo firmado com Ministério Público (MP) no fim de 2011, após uma investigação identificar diversas irregularidades trabalhistas no maior veículo de comunicação do País. 
Esta foi a terceira vez nos últimos cinco anos, que a emissora foi flagrada constatadas irregularidades quanto a jornadas de trabalho.
Após solicitar à Globo cópia do controle de frequência de empregados, a Procuradoria do Trabalho da 1ª Região encontrou casos de funcionários com excesso de jornada com mais de 19 horas de trabalho, desrespeito ao intervalo mínimo de 11 horas entre os expedientes além de não conceder repouso semanal remunerado. “Foi constatado que este excesso é habitual, e não extraordinário”, afirma a procuradora Carina Bicalho, do Núcleo de Combate às Fraudes Trabalhistas. 
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) também atinge o Infoglobo, que edita os impressos da empresa.
O acordo foi assinado em 12 de dezembro de 2011 e homologado em fevereiro último e garante o descanso mínimo garantido na lei trabalhista para os profissionais de jornalismo que trabalham na empresa, além de abrir novos postos de trabalho e 70 destes profissionais devem ser contratados até o mês de agosto. “O acordo feito com a empresa foi para o futuro, para que ela deixe de cometer estas práticas, com uma solução — a contratação de pessoal”, diz Carina.

Outras emissoras – A Procuradoria ainda tem ações contra outros veículos do Rio de Janeiro, como Record, SBT e Bandeirantes. Uma das irregularidades denunciadas é a contratação de jornalistas por meio de pessoa jurídica, que tem sido constantemente criticada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro nos últimos anos.
Na Record, denúncias são de que, metade da redação da emissora na cidade é de PJs. “PJ é uma forma que o capital descobriu para trazer o trabalhador para o lado dele, dizendo que o empregado está ganhando com isso”, explica a procuradora, completando que, quando essa prática ocorre com os altos salários, não há distribuição de riqueza, já que tanto a empresa quanto o profissional deixam de recolher impostos.
O mesmo tipo de investigação também vem sendo feita em assessorias de comunicação cariocas que “simulam a condição de sócio” ao contratar jornalistas, em vez de utilizar a CLT.
Leia abaixo nota oficial do sindicato carioca sobre a “PeJotização” das redações.

A dor da gente não sai no jornal

Nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro
Ao conseguir que a TV Globo seja multada e obrigada a contratar 150 funcionários no prazo de um ano – até fevereiro do ano que vem – o Ministério Público põe o dedo numa ferida. Profissionais, não apenas da Globo, sofrem com as longas jornadas de trabalho, a falta de respeito às folgas semanais e aos intervalos de 11 horas entre uma jornada e outra. Sofrem sem que a população tome conhecimento.
Os trabalhadores que têm a missão de informar jamais são notícia quando o que está em pauta é o desrespeito às leis trabalhistas praticado pelas empresas de comunicação. Por motivos óbvios, os empresários não permitem que os seus próprios erros sejam noticiados. Esse tipo de censura é cláusula pétrea na lei interna das redações.
A multa de R$ 1 milhão aplicada à TV Globo é simbólica, mas serve de alerta a todas as empresas que agem da mesma forma. E a justificativa dos procuradores ao pedir a punição é contundente.
Os jornalistas, pressionados por um mercado de trabalho limitado, não devem sofrer calados. Com os devidos cuidados, precisam denunciar as irregularidades e se unir, através do Sindicato da categoria, na luta por melhores salários e condições de trabalho. Os veículos de comunicação, que fazem tantas denúncias de ilegalidades, têm a obrigação de cumprir a lei no que diz respeito ao seu público interno. Até mesmo para que seus funcionários não vivam diariamente, na própria pele, aquele verso da canção de Haroldo Barbosa e Luiz Reis: a dor da gente não sai no jornal.
Com informações do Conexão Jornalismo.

sábado, 24 de março de 2012

TV Globo perde 35% da audiência das tevês ligadas


Por Altamiro Borges, publicado originamente em Pátria Latina

Ricardo Feltrin, editor do F5, o sítio de entretenimento da Folha, divulgou ontem dados impressionantes. Nos últimos 20 anos, a TV Globo teria perdido quase 35% de participação nas tevês ligadas na região metropolitana de São Paulo. “O F5 obteve dados inéditos de audiência da TV aberta no país, o mais extenso período já publicado sobre número de aparelhos ligados (o chamado ‘share’)”.
“Em números exatos, a Globo perdeu 34,97% da participação no universo das tevês ligadas (de 59,2%, em 1993, para 38,5%, em 2011). O primeiro trimestre mostra que 2012 também não deve ser redentor: o ‘share’ até agora está em 37,4%”. O jornalista também analisa a pontuação do Ibope, que mede a audiência das emissoras brasileiras.

Queda de audiência

“Todas as emissoras, com exceção da Record, perderam pontos... Em 93 o SBT tinha 8 pontos de média e no ano passado teve 5,7 ponto; a Band marcava 2,8 pontos em 93 e no ano passado teve 2,5; a extinta TV Manchete tinha 1,5 ponto em 93, e no ano passado sua sucessora, a RedeTV!, teve 1,4. No início dos anos 90 a TV Cultura tinha 1,9 ponto – o dobro de sua média atual”.
 “A Record foi a única que teve muito ganho de ibope e ‘share’ nas últimas décadas. Em 93, ela tinha 3,7% de participação nas TVs ligadas. No ano passado foi 17%. Em pontos de ibope, porém, a emissora ainda dá menos que a metade da Globo. Em 93 a Record tinha apenas 1,5 ponto de audiência e a Globo tinha 23,5 pontos. No ano passado, ela teve 7,2 pontos (contra 16,3 da Globo)”.

Estranho mercado publicitário

O jornalista Ricardo Feltrin, um especialista no assunto, dá algumas explicações para a decadência da TV Globo. Ele lembra que em 1993 ainda não havia TV por assinatura. “Hoje, porém, 25% dos aparelhos ligados estão nela e nos chamados ‘outros aparelhos’”. Ele observa também que, em 1993, havia muito menos canais abertos disponíveis, a concorrência era menor.
Estes dados são um petardo para a famiglia Marinho. Afinal, o “share” define a fatia no mercado da publicidade, que movimentou R$ 39 bilhões no ano passado. Desde montante, R$ 18 bilhões foram a TV aberta e R$ 11,5 bilhões ficaram para a TV Globo. Ou seja: “A Globo tem 38,5% de participação nas TVs ligadas em 2011 e recebeu 64% da receita publicitária de toda a TV aberta”.

Globo tenta se explicar

O estudo de Ricardo Feltrin comprova que há algo de muito estranho no mercado publicitário brasileiro. Não é para a menos que a Rede Globo tratou de rebatê-lo de imediato. Em comunicado, ela garantiu que a sua audiência cresceu nas duas últimas décadas porque o número de aparelhos ligados aumentou. Na prática, a emissora tentou justificar a sua enorme fatia no mercado publicitário. Veja alguns trechos:
“O Brasil registra os maiores índices de TV aberta do mundo ocidental, com consumo crescente de horas assistidas por dia. Nos últimos 10 anos, o telespectador brasileiro aumentou sua permanência em frente à TV – uma média de cinco horas por dia, por pessoa, por domicílio. Devemos lembrar ainda que a população cresceu, o número de lares com TV e de aparelhos por lar também. A média de aparelhos de TV em cada lar brasileiro quase dobrou em relação a 20 anos”.
“O resultado disso é que a televisão aberta está cada vez mais forte na preferência do telespectador brasileiro – e também do mercado publicitário. O que se vê no Brasil e no resto do mundo é que a televisão se mantém como o principal assunto de todas as novas plataformas/mídias/tecnologias... Essa conjuntura explica porque o meio TV segue como o mais importante e preferido, tanto pelo o público quanto pelos anunciantes, pelos resultados efetivos que ela oferece de vendas e de imagem e prestígio para as marcas”.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Record pretende processar Fifa por transmissão de Copas

Da Brasil 247

A TV Record reagiu à informação de que a sua principal concorrente, a TV Globo, já garantiu os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018 e 2022. E bateu forte na concorrente. A emissora carioca fez o comunicado do acerto na terça-feira e, nesta quarta, o canal paulista divulgou uma nota oficial informando sua "absoluta surpresa" sobre a decisão da Fifa. A Record informa que pretende estudar medidas judiciais cabíveis na Suíça e no Brasil que garantam os direitos internacionais de negociação.
De acordo com a Record, a emissora foi informada pela entidade que rege o futebol de que haveria uma licitação para definir a melhor proposta para a transmissão dos Mundiais. A emissora afirma ter como prova e-mails trocados entre executivos da Fifa e da Record após a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.
"No encontro realizado no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, a direção de nossa empresa ouviu garantias de que a licitação seria pública, transparente e aberta em regime semelhante ao que a Fifa realiza em países do mundo inteiro. Na oportunidade, a Record também entregou à Fifa um documento oficial afirmando que concorda com todas as condições para a aquisição dos eventos", diz o comunicado.
A Record diz, ainda que a concorrência foi anunciada sem que qualquer outra empresa de comunicação do Brasil fosse consultada. E, ao mesmo tempo, a Fifa teria iniciado processos de concorrência em países europeus e sul-americanos, além de Estados Unidos, Canadá e Austrália.
"É estranho verificar que para o Brasil o método seja outro. Um contrato sem concorrência decidido 'fora do horário comercial', sem ser à luz do dia e de forma transparente", continua o comunicado. "Relevante, também, ressaltar que a empresa que teve seu acordo prorrogado com a FIFA gosta de se auto intitular como um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Em contrapartida, mostra em seus métodos que não aceita concorrência livre em que a melhor proposta seja a vencedora."

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Escândalo BBB: Navio naufraga, mas o que afunda é nossa televisão

Por João José Forni, publicado originalmente no Brasil247

COMO A TV PODE SE TRANSFORMAR NA VANGUARDA DO ATRASO


“O Brasil não é um país sério”, disse um ex-presidente da França, há 50 anos. De lá para cá, o Brasil teve recaídas. Vivemos uma ditadura, durante 20 anos, símbolo do atraso de nossas instituições políticas.
Desse período negro na nossa história, desembarcarmos na democracia, com uma inflação de mais de 50% ao mês. Os jovens devem achar que estamos falando de alguma obra de ficção. Mas não. Já passamos por isso.
Felizmente, o país mudou nestes últimos 20 anos. Consolidou a democracia, se abriu para o exterior, controlou a inflação e estabilizou a moeda, milhões de jovens tiveram acesso à universidade, transformou a agricultura em agribusiness e começou a dar sinais de país grande, respeitado pelas potências internacionais. Embora tenhamos ainda cara de terceiro mundo, na maioria dos indicativos de desenvolvimento humano, esnobamos o Reino Unido ao emplacar a sexta economia global.
Pena. Porque na semana passada, como se não houvesse nada mais sério para tratar, o país interrompeu as férias de muita gente para discutir um dos temas mais simplórios e inúteis dos últimos tempos: as cenas levadas ao ar na madrugada de sábado, 14, no Big Brother, da Rede Globo, um dos programas mais pobres da televisão brasileira, se não o pior.
Lamentável Ministério Público, Polícia Civil, Secretaria de Políticas para Mulheres, peritos, especialistas e até alguns parlamentares gastarem tempo e energia com o episódio. Como se o esfrega-esfrega de um casal, embaixo do edredom, na casa construída pela Globo, fosse o maior problema do país.
Pouco se lixando para as milhares de pessoas desabrigadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro; para agricultores gaúchos atordoados com os prejuízos causados pela seca; ou com os milhares de estudantes concentrados nos vestibulares pelo Brasil afora, televisão, rádios, redes sociais e blogs perdiam tempo com a absurda polêmica.
Houve ou não estupro na nau dos insensatos criada pela Globo para enjaular desocupados, em festas regadas a sexo e bebida, como forma de preencher a programação e faturar? Qual a importância disso para o Brasil que trabalha, estuda, produz, sofre e se diverte? Absolutamente nenhuma.
O canal de maior audiência, como a se justificar pelas travessuras de seus meninos, interrompe o Jornal Nacional para dar explicações. O ar compungido de William Bonner parece prestes a anunciar algo sério. Até porque o caso saiu da esfera do entretenimento e do voyeurismo para se tornar um caso de polícia. Especulou-se até ser uma grande armação da Globo, para aumentar o Ibope do programa. Pelo menos para isso, o imbróglio serviu.
Tudo que se diga sobre o episódio, que monopolizou canais de fofocas, blogs, Facebook, Twitter, e até mesmo os concorrentes, não tem a mínima importância para o país. Especialistas em comunicação deram entrevistas; advogados opinaram sobre o pseudocrime; políticos de plantão pregaram mais restrições à televisão. Entidades clamaram contra a discriminação racial. Todo brasileiro virou comentarista de reality show.
Até parece que não temos problemas sérios para discutir. Como gerar empregos para a massa de jovens que ingressa no mercado de trabalho; como aumentar o número de mestres e doutores ou qualificar mão-de-obra. Pelo menos 16 milhões de brasileiros precisam sair da linha de pobreza. A área de saúde pública continua muito doente e o MEC não aprendeu a fazer o exame do Enem até hoje. Nas grandes cidades, não há transporte decente para o trabalhador. Como nos darmos ao luxo de ficar vários dias discutindo a consumação de uma relação, numa noite de bebedeira?
A figura de Pedro Bial anunciando a expulsão do participante, por ter violado as regras da casa, foi patética. O jornalista, que anunciou a Queda do Muro de Berlim, nos bons tempos de repórter, se transformou numa caricatura. Só faltou a música do Plantão do Jornal Nacional. O interesse dessa notícia para o país não passa de zero ao quadrado.
Não estamos aqui falando de entretenimento. Até porque o lazer, que encontra na televisão um dos seus meios mais democráticos e mágicos, faz parte da nossa vida. O nível cada vez mais baixo do programa, tratado na TV Globo como coisa séria, afronta o Brasil que constrói o futuro. Faz apologia à bebedeira, quando o país vive uma epidemia de motoristas alcoolizados. Tenta transformar arroubos sexuais dos participantes, em agenda nacional.
A alcova, tantas vezes consagrada como um lugar especial e único na arte literária, não merecia ser vulgarizada embaixo do edredom do Big Brother. Lamentável. Foi uma semana em que a televisão brasileira afundou junto com o Costa Concordia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Escândalo BB: Psol pede a revisão da concessão da TV Globo

O deputado federal e presidente do PSOL, Ivan Valente (SP), pediu a revisão da concessão da "Rede Globo" após o suposto caso de estupro veiculado em rede nacional no programa "Big Brother Brasil". Para o parlamentar, é preciso apurar a responsabilidade da emissora no caso.

Paredão I

Para Ivan Valente, o fato de a "Rede Globo" ter omitido o fato ao público durante a apresentação do programa e tratado o caso de maneira ambígua logo que o escândalo veio à tona.

Paredão II

"Essa é a mensagem q uma concessionária pública de TV manda para o país diante de um assunto tão sério como a violência sexual contra mulheres? Todos ficamos indignados com a banalização daquilo que pode ter sido um crime", criticou o parlamentar.

MP no jogo

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) também entrou no caso e pode pedir à emissora que esclareça o caso publicamente durante a exibição do programa.

Escândalo BBB: Protesto anti-Globo cobra novo marco da mídia, que Dilma segura

Por André Barrocal e Najla Passos, publicado orginalmente no Carta Maior

Mesmo sem comprovação de que de fato tenha havido estupro, a polêmica levantada pelo programa Big Brother Brasil (BBB) serviu até agora para reacender, em setores da sociedade, um sentimento anti-Globo e o debate sobre a necessidade ou não de um novo marco regulatório para TVs e rádios, regidas hoje por uma legislação que, em agosto, vai completar 50 anos.

Nesta sexta-feira (20), entidades que lutam pela democratização da comunicação no país vão promover um protesto contra a Globo, em frente a sede dela em São Paulo, a partir das 12 horas.

Além de criticar a conduta da emissora, a manifestação vai cobrar do ministério das Comunicações que tire da gaveta e discuta publicamente a proposta de regras mais atuais na radiodifusão. A proposta de um novo marco regulatório começou a ser elaborada na reta final do governo Lula, depois que, em dezembro de 2009, houve a I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Conduzido na época pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, o trabalho resultou em uma proposta que, no governo Dilma Rousseff, foi encaminhada ao ministério das Comunicações.

Em 2011, o ministério decidiu refazer o trabalho, com o objetivo de ampliar seu escopo – em vez de englobar apenas a radiodifusão e o Código Brasileiro de Telecomunicações, o plano foi avançar até a Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que em 2012 completa 15 anos. O ministro das Comunicações, Paulo Bernando, pretende colocar o novo regulatório em consulta pública, antes de fechá-lo para envio ao Congresso. Ele recebeu uma proposta de marco e consulta pública no fim de 2011.

Segundo Carta Maior apurou, o texto ainda não andou por falta de vontade política da presidenta Dilma Rousseff. Ela não cobra o projeto de Bernardo e, ao menos por ora, não o considera uma prioridade. Na convocação do ato contra a Globo, a Frente Paulista pela Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação (Frentex), o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Rede Mulher e Mídia afirmam, porém, que há necessidade de aprovação de “um novo marco regulatório do setor com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos”.

No cenário vislumbrado pelos defensores do novo marco, o país teria uma agência de regulação de conteúdo de rádio e TV com poderes para, de forma mais ágil, julgar casos como o do BBB, em que se suspeitou de sexo não consentido – em depoimento à polícia, porém, a vítima não apresentou queixa e disse que, ao menos enquanto esteve acordada, concordou com o que acontecia. Independentemente disso, no entanto, o grupo que vai protestar contra a Globo pois considera a emissora culpada por não contar à suposta vítima que ela poderia ter sido estuprada, por prejudicar as investigações da polícia e por, via BBB, enviar ao país uma mensagem de permissividade feminina.

Além de responsabilizar a emissora, pressiona para que os patrocinadores do BBB parem de anunciar, sob pena de boicote do público. Nesta quinta-feira (19), o grupo que organiza o protesto, formado por diversas entidades de defesa dos direitos da mulher, entrou com uma denúncua no Ministério Público Federal em São Paulo cobrando a responsabilização da Globo e um direito de resposta coletivo em nome das mulheres que se sentiram ofendidas, agredidas e que tiveram seus direitos violados. Em nota, o Ministério Público informou que vai investigar o caso do ponto de vista dos direitos da mulher.

“O objetivo do procedimento é que a Rede Globo, emissora de alcance nacional, não contribua para o processo de estigmatização da mulher, mas para a promoção do respeito à mulher e a desconstrução de ideias que estabelecem papéis estereotipados para o homem e a mulher”, afirma o MP.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados encaminhou ao diretor do BBB, Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, pedido de informações sobre providências tomadas. Segundo o ofício assinado pela presidente da Comissão, Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), o colegiado quer ter informações suficientes para “formar opinião qualificada sobre episódio que possa, ou não, se caracterizar como violação da dignidade humana num veículo com ampla influência na formação da população brasileira”.