O grupo que reúne os pesquisadores do GP Telejornalismo da Intercom e da Rede de Pesquisadores em Telejornalismo (SBPJor) lançará, no Congresso Nacional da Intercom 2010, um trabalho de reflexão sobre as seis décadas de telejornalismo brasileiro. Resultado de um trabalho articulado de pesquisadores que participam das duas sociedades científicas, o lançamento da obra evidencia os 60 anos de telejornalismo como pano de fundo para as discussões do GP Telejornalismo no Congresso 2010, que ocorre entre os dias 02 e 06 de Setembro, em Caxias do Sul, RS.
Com o título provisório "60 anos de telejornalismo no Brasil: história, análise e crítica", a obra será editada pela Editora Insular. O livro trará experiências de estudiosos de Norte a Sul do país em suas análises sobre telejornalismo, gênero estratégico na construção da realidade social cotidiana, tanto em níveis globais quanto locais.
As abordagens incluem variadas perspectivas, que vão desde considerações teóricas e históricas sobre o gênero até a influência da internet nos telenoticiários regionais e nacionais.
Parte do grupo insere a discussão sobre a importância do telejornalismo enquanto "lugar" de negociação de memória nacional e identidade. É o caso dos trabalhos de Guilherme Jorge de Rezende (UFSJ), que apresenta, entre "percalços e conquistas", as sete fases que, segundo o autor, compõem a história desse gênero e de Sérgio Mattos (UFRB), que faz uma retrospectiva da televisão no Brasil, recuperando momentos e fatos.
Célia Ladeira Mota (UNB) destaca em sua pesquisa a construção de uma imagem do brasileiro pela TV, institucionalizando a sua consciência cultural. A autora questiona que "entre afagos ao ego coletivo ('com brasileiro não há quem possa') e as dificuldades do presente, com que imagem ficamos?". Ainda nesta direção, o texto de Christina Musse e Mila Pernisa (UFJF) evidencia a hegemonia do discurso televisivo na conformação do mito da brasilidade, que, para as autoras, "mascara a excessiva centralização nos modos de narrar o país".
A história da televisão parte, em outro momento do livro, para uma perspectiva mais segmentada, nas abordagens de Iluska Coutinho e Jhonatan Mata (UFJF) e Valquiria Kneipp (UFRN). Os dois primeiros pesquisadores tratam a questão do público no telejornalismo, suas tentativas de incorporação no discurso dos programas veiculados em rede e localmente. Já Valquíria apresenta a trajetória de formação do telejornalista brasileiro, por meio da análise de depoimentos dos próprios profissionais, dentre outras metodologias.
Flávio Porcello e Débora Gadret (UFRGS) aproveitam tanto as reflexões sobre os 60 anos da TV no Brasil quanto as eleições presidenciais para avaliar a influência política da televisão tupiniquim. Para os autores, "Há um verdadeiro vocabulário do poder que a TV utiliza em suas narrativas verbais para compor com as imagens uma base para o discurso do poder".
Nas discussões sobre o futuro do telejornalismo, Ana Carolina Temer (UFG) questiona sobre a sua contaminação por outros gêneros televisivos. Essa linha de estudos figura em outro texto, de Beatriz Becker e Lara Mateus (UFRJ) que consideram que "as atividades de ver TV e acessar a Internet estão se misturando".
Edna de Mello Silva e Liana Vidigal Rocha (UFT) apontam as características do ciberespaço que influenciam o jornalismo televisivo brasileiro. As implicações na construção dos conteúdos e as relações com os telespectadores trazidas pela inserção dos conceitos de multimidialidade e interatividade nos portais dos telejornais estão presentes na pesquisa. Num panorama semelhante, Alfredo Vizeu e Fabiana Siqueira (UFPE) apontam para o que denominam provisoriamente como "revolução das fontes". Trata-se de um cenário onde cada vez mais homens e mulheres, por meio dos diversos suportes e dispositivos digitais, participam dos processos de produção de conteúdos jornalísticos.
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