Andrew Wardin, do Financial Times, de Estocolmo
O tráfego de dados superou pela primeira vez o volume de chamadas de voz nas redes sem fio do mundo, ressaltando o desafio com que se defrontam as operadoras de telefonia móvel em seu esforço para adaptarem-se à crescente demanda por serviços móveis de internet.
A inversão ocorreu em dezembro, quando 140 mil terabytes de conteúdo de dados, como e-mails, músicas e vídeos, foram processados por operadoras de telefonia móvel, superando o tráfego de voz, segundo medições da Ericsson, maior fornecedora do mundo de equipamentos para redes.
"Esse é um marco significativo, e cerca de 400 milhões de assinaturas de banda larga móvel agora geram mais tráfego de dados do que o tráfego de voz gerado pelo total de 4,6 bilhões de assinantes móveis em todo o mundo", disse Hans Vestberg, executivo-chefe da Ericsson.
A Ericsson informou que o tráfego mundial de dados quase triplicou em cada um dos dois últimos anos, e prevê que dobrará anualmente durante os próximos cinco anos, com mais pessoas buscando obter acesso móvel à internet por meio de computadores portáteis e telefones inteligentes.
A rápida mudança de voz para dados está transformando a paisagem, à medida que os operadores de telecomunicações lutam para maximizar as receitas de serviços móveis de internet, ao mesmo tempo em que tentam frear o declínio das receitas de voz, que ainda representam a maior parte de seus negócios.
O aumento do tráfego de dados está também exercendo pressão sobre a capacidade das redes em algumas áreas, causando deterioração na qualidade do serviço, enquanto as operadoras têm dificuldade para dar conta do crescente número de usuários de internet famintos por largura de banda móvel.
A Ericsson e seus concorrentes, como a Nokia Siemens Networks, a Alcatel-Lucent e a Huawei, acreditam que a escassez de capacidade resultará em aumento de gastos em infraestrutura de rede, mas as operadoras estão relutantes em investir até que descubram como extrair mais lucros com o tráfego de dados.
Embora a internet móvel tenha proporcionado uma nova e importante fonte de crescimento, o tráfego de dados ainda não compensou plenamente o declínio na receita de voz, em meio a acirrada concorrência e pressões de agências reguladoras visando baixar as tarifas das chamadas.
O crescimento das receitas de dados, excluindo os serviços de envio de mensagens de texto (SMS), diminuiu de quase 40% em 2007 para 25% no ano passado, segundo o Barclays Capital.
"O desafio para as operadoras cuidarem do tráfego de todos esses dados é que elas ainda não descobriram como ganhar dinheiro com isso", disse Nick Jones, analista da consultoria Gartner.
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