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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Programa de inclusão digital tem apenas 16% dos telecentros funcionando

Por Jacson Segundo do Observatório do Direito à Comunicação
 
O Governo Federal passa por um momento delicado em relação à sua política de inclusão digital. Devido a problemas de gestão, dos oito mil telecentros do Programa Telecentros.BR apenas 1,3 mil (16%) estão conectados e em funcionamento, segundo o próprio Poder Executivo. A insatisfação das entidades que lidam com o tema foi perceptível no I Fórum da Internet no Brasil, que aconteceu em São Paulo na quinta e sexta (13 e 14).
O alvo da crítica das organizações que atuam em parceria com o governo na implantação do programa é o atraso na conexão dos telecentros. Dessa forma, as entidades que coordenam os telecentros localmente – selecionadas via edital - não conseguem desenvolver o trabalho de inclusão digital do público-alvo.
Uma dessas organizações parceiras do Ministério das Comunicações (Minicom) é o Coletivo Digital, que desenvolve o trabalho em São Paulo. A entidade venceu um edital em julho de 2010 para dar formação a uma rede de monitores no Estado. No entanto, pela falta de conexão nos telecentros, dos 1,5 mil monitores que precisariam ser formados até o fim deste ano apenas 40 foram.
Segundo Beatriz Tibiriça (Beá), do Coletivo Digital, isso impossibilita o programa de receber os bolsistas que trabalhariam como monitores dos telecentros e impede que essas pessoas entrem na Rede Nacional de Formação para Inclusão Digital, que poderia chegar a 16 mil jovens e que não consegue atender nem 10% desse total hoje.
“Ou damos conexão ou a política pública não existirá. Isso não é mais um pedido, é uma exigência do movimento”, disse Beá. Para ela, o governo deveria ter obrigado as teles a conectarem os telecentros no acordo fechado em junho deste ano dentro do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Outra entidade que se encontra em posição parecida com o Coletivo Digital é o Projeto Saúde e Alegria, que atua no Oeste do Pará. Segundo explica Paulo Lima, coordenador do Projeto, o contrato com o governo é referente a 40 telecentros. “Até agora só chegaram nove kits e sem computadores. Assim a entidade se desmoraliza porque cria uma expectativa na comunidade”, reclama.
Governo
O governo, por sua vez, argumenta que o atraso no cronograma do programa vem da dificuldade em gerenciar as parcerias com as entidades e fornecedores de equipamentos. Muitas dessas organizações responsáveis pelos telecentros – vários em zonas remotas do país - demoram no envio de informações ou passam dados incorretos para o Minicom.
Segundo a diretora do Departamento de Articulação e Formação do Minicom, Cristina Kiomi Mori, o governo vai mudar a estratégia de gestão do Programa Telecentros.BR para acelerar a implantação desses espaços. Ela explica que em vez de tentar conectar todos de uma vez, o ministério vai concentrar sua atuação em estados mais necessitados para depois atingir os que têm menos problemas. A diretora não estipulou um prazo, mas afirmou que isso será feito “o mais rápido possível”. Como as entidades têm seu convênio encerrado no fim deste ano, elas devem ganhar um aditivo para concretizar o trabalho.

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