Depois de perder quatro posições satelitais adquiridas por multinacionais das telecomunicações, o Brasil corre, agora, contra o tempo, e pensa em lançar o seu próprio satélite de comunicações. Desde que a Embratel foi privatizada no governo FHC, o país ficou sem ter satélite próprio, deixando, inclusive, a área militar desprovida de um canal seguro.
O Brasil quer lançar até 2014 um satélite geoestacionário para comunicações. O satélite deverá ser fabricado no exterior, mas o governo pretende estabelecer como cláusula de contrato a transferência de tecnologia e a “ativa participação da indústria brasileira” no empreendimento, conforme destacou hoje (29) o chefe de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Monserrat Filho.
“Já foi consagrado que nada será feito sem que haja transferência de tecnologia. Não vamos comprar satélite pronto. Ele não pode ser feito sem a participação da indústria brasileira”, garantiu Monserrat. Segundo ele, é a primeira vez um satélite de comunicações é incluído no Programa Espacial Brasileiro.
O edital para a contratação do fabricante ainda não foi preparado, mas, de acordo com Monserrat, a fabricação do satélite deverá envolver parceria com um consórcio nacional que tende a ser formado pela AEB, a Telebrás, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer.
O satélite, que ficará a 35,7 mil quilômetros da Linha do Equador, se deslocará na mesma velocidade da Terra, ficando como se estivesse estacionado em um ponto de órbita. O equipamento servirá para a ampliação da oferta de banda larga em áreas remotas do país e também para fins militares. Apesar da intenção de nacionalização da tecnologia, não está definido se o satélite deverá ser lançado do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, ou mesmo se um foguete brasileiro o levará ao espaço.
O Plano Plurianual 2012-2015 (PPA) – que fixa diretrizes, objetivos e metas para as despesas de capital e de duração continuada do período – prevê que o lançamento do satélite deve custar R$ 716 milhões. Além do satélite geoestacionário de comunicação, o PPA prevê o desenvolvimento dos satélites sino-brasileiros de observação Cbers 3 (no próximo ano) e Cbers 4 (até 2016).
Alguns projetos de satélites previstos no PPA tiveram início antes do período de planejamento do plano e terão a execução depois de 2015. São eles: o Satélite de Medida de Precipitação, que será desenvolvido em parceria com os Estados Unidos (até 2020); o Satélite Radar, em parceria com a Alemanha (2021); o Satélite Amazônia 1, apenas com peças fabricadas no Brasil (2018); o Satélite Lattes, para experiências científicas (2017) e o Satélite Sabiá Mar (2021).
No total, o desenvolvimento e lançamento desses satélites custarão mais de R$ 2,5 bilhões. Além dos satélites, a política espacial no PPA, sob a rubrica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, inclui mais R$ 825 milhões até 2018 para a implantação do complexo espacial de Alcântara.
O lançamento de satélites brasileiros geoestacionários começou com o satélite Brasilsat A1 (1985) da Embratel, à época empresa estatal. A ele, seguiram o Brasilsat A2 (1986); o Brasilsat B1 (1994); o Brasilsat B2 (1995); e o Brasilsat B3 (1998), todos desenvolvidos com tecnologia americana ou canadense e lançados da Base de Kourou, na Guiana Francesa, pelo foguete europeu Ariane.
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