Juntando o gesto às palavras após ter suspendido as liberdades públicas por decreto, o governo de facto mandou fechar, a 28 de setembro de 2009, em Tegucigalpa, a estação Radio Globo e a emissora de televisão Canal 36, já por várias vezes suspensas e atacadas desde 28 de junho, devido à sua oposição ao golpe de Estado. Em ambos os casos, a polícia interveio a fim de evacuar as redações de seus locais de trabalho e confiscar a totalidade dos equipamentos. A organização C-Libre sublinha que estes procedimentos violam de forma flagrante o artigo 73 da Constituição que proíbe qualquer interferência das autoridades no funcionamento de um meio de comunicação.
"Até onde irá o governo golpista? Roberto Micheletti corre sérios riscos de figurar entre os predadores da liberdade de imprensa. O presidente interino já afirmou estar disponível para suspender o decreto que instaurou o estado de exceção, logo no dia seguinte à sua promulgação. Consideramos que esse anúncio não terá nenhum valor se a Radio Globo e o Canal 36 não recuperarem imediatamente suas freqüências e equipamentos, e se a repressão não parar, em particular contra os defensores dos direitos humanos", declarou Repórteres sem Fronteiras.
No decorrer do confisco do equipamento de Radio Globo, um jornalista guatemalteco do canal mexicano Televisa, Ronny Sánchez, queixou-se de ter recebido golpes por parte dos policiais presentes. As forças da ordem também se comportaram com brutalidade com o seu colega e compatriota Alberto Cardona, de Guatevisión.
"A situação repressiva é pior que nos anos 80, na época do processo de segurança nacional. Nesse período, as liberdades públicas estavam garantidas oficialmente. Agora que elas já não existem, e os militares podem fazer o que bem desejarem. A situação sanitária se torna cada vez mais alarmante e a comunidade internacional também deve se mobilizar sobre essa questão", confiou a Repórteres sem Fronteiras Bertha Oliva de Nativí, coordenadora geral do Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (Cofadeh), cujas instalações foram invadidas pela polícia no dia 22 de setembro.
Repórteres sem Fronteiras pede à comunidade internacional, com o Brasil e os Estados Unidos à cabeça, que exija ao governo de facto que permita o acesso ao território de uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA), para que esta possa obter a libertação dos opositores, jornalistas e defensores dos direitos humanos atualmente detidos.
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