Do portal Portugal Digital
O que seria um mero acto de gestão tornou-se um escândalo político, em que é lançada a suspeita de que a decisão da Prisa (proprietária dos jonais El Pais e Le Monde) teria sido influenciada pelo primeiro-ministro português José Sócrates.
Lisboa - A administração da Prisa, empresa espanhola controladora do Jornal Nacional que ia ao ar às sextas-feiras na estação de televisão portuguesa TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes, decidiu pôr fim ao programa.
O que seria um mero acto de gestão tornou-se um escândalo político em Portugal, com amplo noticíário nos principais mídias do país e artigos de opinião que, em período de campanha eleitoral, vêem na decisão motivações políticas associadas ao primeiro-ministro José Sócrates.
No Jornal Nacional desta sexta-feira seria apresentada uma reportagem sobre o "caso Freeport", um escândalo de corrupção em torno da construção de um shopping nos arredores de Lisboa, ao qual o nome do primeiro-ministro tem sido associado."Os 1,2 milhões de telespectadores que acompanhavam as edições de sexta-feira do Jornal Nacional da TVI não voltarão a ouvir a frase ´Boa noite, eu sou a Manuela Moura Guedes e este é o Jornal Nacional´. Uma decisão editorial, argumenta o grupo espanhol Prisa, dono da TVI.
Mas a poucas semanas das eleições legislativas o tema transformou-se de imediato em facto político. E pode assumir contornos problemáticos para José Sócrates, que há cinco meses acusou este noticiário de "jornalismo travestido" e de "caça ao homem", escreve nesta sexta-feira o jornal "i".
De acordo com nota divulgada pela administração da empresa, o actual director, João Maia Abreu, "aceitou manter-se interinamente em funções até ser nomeada uma nova direcção de informação". Por outro lado, a Media Capital - empresa proprietária - emitiu também comunicado a garantir "o respeito pela liberdade de expressão, independência, rigor e profissionalismo" da sua informação.
"Nem eu, nem o Partido Socialista, temos qualquer coisa a ver com esta decisão. São absolutamente injustas as acusações que estão a fazer sobre essa pretensa influência na administração da TVI", defendeu-se José Sócrates, que acusa os partidos da oposição de estarem "a fazer uma campanha de calúnias".
"Queremos que a Prisa explique. Faço esse pedido com a autoridade moral de quem foi vítima do jornal", apontou Sócrates, que não escondeu a sua preocupação face às possíveis consequências políticas desta decisão. "O PS não pode pagar por isto. Não quero a mínima suspeita".
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