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terça-feira, 28 de abril de 2009

Publicidade cresce, circulação cai. Será um paradoxo?

Duas notas do Sitio M&M Online, publicadas em 27/04/2009, chamam a atenção pelo comportamento díspare entre crescimento publicitário e redução das tiragens dos principais jornais brasileiros. Pelas contas do M&M, do início da década aos primeiros meses deste ano, todos os jornais mais conhecidos do País tiveram reduzidas sua circulação, em alguns casos chegando a quase à metade do que praticavam antes.
Por outro lado, o Brasil e a América Latina deverão apresentar neste ano de 2009, mesmo com a crise, um crescimento da receita publicitária, da ordem de 9%, ultrapassando à casa dos 20 bilhões de dólares.


Este paradoxo de circulação menor e receita maior é um bom tema para debate.
Confira as notas abaixo e deixe suas considerações no espaço para comentários

Grandes jornais tem pior circulação da década
Oito dos 20 maiores diários brasileiros registram quedas no primeiro trimestre


Por Alexandre Zaghi Lemos

O fechamento do primeiro trimestre gerou sentimentos bem diferentes entre os principais jornais brasileiros. O período de janeiro a março foi o pior em circulação desta década para seis dos 20 maiores diários do País: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Dia, Diário de S. Paulo, Correio Braziliense e Jornal da Tarde.

Também não têm o que comemorar O Globo e Extra, que só registraram um trimestre tão ruim em 2003 e 2004. Apesar da pequena reação de 1,5% em relação ao início do ano passado, o gaúcho Correio do Povo fechou o trimestre com sua segunda pior circulação desde 2000.

Líder do ranking, a Folha de S. Paulo começou o ano 2000 com média diária de 429.476, foi caindo ano após ano até fechar o primeiro trimestre de 2009 com 298.352. O mesmo ocorreu com seu maior concorrente, O Estado de S. Paulo, que registrou queda de 391.023 para 217.414.
Em igual situação de baixas sucessivas no período encontram-se O Dia (de 264.752, em 2001, para 91.819, em 2009), Diário de S. Paulo (que fechou o primeiro trimestre com média de 61.088, sendo que seu antecessor Diário Popular registrou 151.831 no ano 2000), Correio Braziliense (de 61.109 para 52.831) e Jornal da Tarde (de 58.504 para 50.433).

No Rio de Janeiro o cenário não é muito diferente, já que O Globo começou o ano 2000 com média diária de 334.098 e fechou o primeiro trimestre de 2009 com 260.869, número superior apenas a outros dois anos desta década: 258.485, em 2003, e 250.480, em 2004. Exatamente o mesmo ocorreu com o Extra, que entrou no ano 2000 com média de 264.715 e chegou a 258.324 nos três primeiros meses de 2009, resultado melhor apenas que os de 2003 (236.466) e 2004 (224.071).
No caso do Correio do Povo, a circulação média do início de 2009 (155.774) é maior apenas que a do primeiro trimestre do ano passado (153.439), considerando-se o período desde 2000, quando atingiu 217.897.
Em alta
Em situação oposta estão os jornais Meia Hora, Lance, A Tribuna, Expresso da Informação e Valor Econômico, que encerraram o primeiro trimestre de 2009 com sua maior circulação desta década. A circulação média nos três primeiros meses do ano foi de 219.148 para o Meia Hora, de 131.423 para o Lance, de 62.909 para A Tribuna, de 62.714 para o Expresso da Informação e de 53.885 para o Valor Econômico.
Comemoração também para Zero Hora e Diário Gaúcho, que tiveram o segundo melhor começo de ano desde 2000. No caso do primeiro, a média de 184.893 perde apenas para a de 186.471, do primeiro trimestre do ano 2000. Já o Diário Gaúcho fechou os três primeiros meses de 2009 com média de 156.818, o que representa queda de 7,8% em relação a igual período de 2008, quando registrou 170.055, seu melhor início de ano da década.
Com média diária de 90.415, o Agora São Paulo não tinha um primeiro trimestre tão bom desde 2002 (108.456). Já o Estado de Minas fechou o período de janeiro a março com média de 76.628, melhor resultado desde 2003 (78.882). Apesar da queda de 4,4% em relação aos primeiros três meses de 2008, de 298.438 para 285.184, o mineiro Super Notícia, maior fenômeno de circulação do mercado brasileiro atualmente, manteve a segunda posição no trimestre - atrás apenas da líder Folha de S. Paulo.
Caçula no ranking, o goiano Daqui continua crescendo: fechou o trimestre com média de 59.089, aumentando sua circulação em 44% em comparação aos três primeiros meses do ano passado (40.931).
O levantamento, publicado pela coluna Em Pauta da edição 1356 de Meio & Mensagem, que circula com data de 27 de abril, foi feito pela reportagem do jornal, com base nos relatórios mensais do Instituto Verificador de Circulação (IVC).


Publicidade: Investimentos na AL são os únicos a crescer
Brasil e a América Latina serão as únicas regiões do planeta em que os investimentos publicitários em mídia crescerão no ano de 2009


Por Felipe Turlão

O GroupM, conglomerado de compra de mídia que faz parte do grupo WPP, divulgou recentemente novo relatório semestral com previsões sobre a publicidade global e atestou: a América Latina será a única região do mundo em que os investimentos publicitários em mídia crescerão em 2009, na ordem de 8,2%, chegando a US$ 20,3 bilhões.
A América do Norte atingiria um total de US$ 164 bilhões, o que representa redução de 4,2%. O estudo aponta a Europa Ocidental com queda de 6,7%, para US$ 99,9 bilhões, e a Ásia com redução de 3,3%, para US$ 112 bilhões. O total global indica US$ 425 bilhões, queda de 4,4%. De acordo com dados do relatório, isso interrompe o crescimento de 2008 em relação a 2007 que, após revisão de resultados, ficou em 3%. Vale lembrar que se os investimentos fossem ajustados às taxas de inflação, ainda assim a América Latina seria a única a ter crescimento real, de 1,7%.
No índice por países, o Brasil é o oitavo maior mercado do mundo e o único dentre os 14 grandes para o qual se prevê aumento nos investimentos publicitários, atingindo US$ 10,3 bilhões. Isso representaria alta de 5% em relação a 2008.
A maior publicidade do planeta segue sendo a norte-americana, com US$ 155 bilhões de investimentos, mas com queda de 6% em comparação a 2008. Na sequência, pela ordem, estão Japão, China, Alemanha, Reino Unido, França e Itália, todos com variação negativa.
Para Adam Smith, diretor de futuro do GroupM, "o período de 2008 a 2009 marca a mais séria recessão da publicidade, tanto em termos de escala como de duração e impacto na economia global, mais até do que a queda de 5,1% ocorrida em 2001, muito em decorrência dos ajustes necessários por causa da bolha da internet".

Um comentário:

José Roberto Paraíso disse...

Não é um paradoxo. É a imprensa brasileira que é comprada. Simples.