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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Documentário traz a fotografia do Brasil na ótica de Orlando Brito


Vítima de um câncer de intestino, o fotojornalista Orlando Brito, um dos gigantes do fotojornalismo contemporâneo,
nos deixou uma crônica visual das últimas décadas do Brasil. Registros que remontam aos anos de chumbo da Ditadura Militar. Não Nasci Para Meus Olhos Perderem Tempo, documentário sob a direção de Cláudio Moraes, resgata a alma desse que foi o grande cronista de nosso país.


Por Rita Nardelli              

                

Zé Ketti, compositor de músicas de enorme sucesso, como Máscara Negra, A Voz do Morro e Acender as Velas, terminou a vida num quartinho cedido por uma prostituta, cantando em bares da zona de prostituição em São Paulo em troca de um prato de comida.

João Cabral de Melo Neto, diplomata e poeta, autor de Morte e Vida Severina, tomava cachaça diariamente para disfarçar a dor de, em idade avançada e depois de ter acumulado tanto conhecimento, ter sido aposentado e não poder mais trabalhar pelo seu país.

Dois soldados comunicaram-se pelo olhar no momento que decidiram, por não haver outra opção, soltar-se de um cabo de aço que apresentou problemas durante um exercício militar realizado numa torre a uma altura correspondente a onze andares.

Num acidente de trânsito, Bruna, de 15 anos de idade, morre. A mãe explica assim a dor: “olha, quando eu perdi a minha filha, eu perdi também a noção das distâncias, eu perdi a precisão dos aromas, perdi a delícia dos sabores e eu perdi, sobretudo, a beleza das cores.”

Em 1977, o plenário da Câmara vazio – só havia ali um segurança da Casa, tomando conta daquele cenário – era o triste retrato de uma das medidas constantes do Pacote de Abril - o fechamento do Congresso Nacional.

Em 1989, Fernando Collor de Mello é eleito presidente da República. Todos em festa na Casa da Dinda. Menos o irmão do futuro chefe da Nação, Pedro Collor. O olhar dele já antecipava a tragédia que atingiria a família.

Em 2010, Dilma Rousseff é eleita presidente. Na transmissão da faixa presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva levanta o braço de sua sucessora. O vice-presidente eleito, Michel Temer, aplaude timidamente e sem entusiasmo a nova presidente. Já se podia antever, ali, a deterioração da relação entre os dois.

No Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff chega de uma viagem. Os guardas demoram a hastear a bandeira – que estava rasgada. Um descaso que representava um prenúncio do impeachment da presidente, aprovado dias depois.

Essas personagens e essas histórias foram registradas pelo olhar aguçado e sensível do premiado fotógrafo Orlando Brito, protagonista do documentário Não nasci para deixar meus olhos perderem tempo – Uma fotografia do Brasil por Orlando Brito.

Sobre Orlando Brito, leia também:


O filme fez parte da Seleção Oficial do maior festival de documentário da América Latina, o É Tudo Verdade – It’s All True de 2020. É construído a partir das entrevistas feitas com Orlando Brito, das fotos que ele produziu, de imagens dele trabalhando no Congresso Nacional ou registrando o colorido e o místico no Vale do Amanhecer.

Repórter fotográfico desde 1966, Brito fotografou todos os presidentes da República desde Castelo Branco até hoje. Suas fotos retratam o regime militar, os bastidores da política, a solidão dos ocupantes do Palácio do Planalto. Edição do AI-5, assinatura da Lei da Anistia, renúncia do ex-presidente Collor, eleição do presidente Lula são fatos marcantes clicados pelo fotógrafo. Nas viagens a trabalho para a cobertura de fatos políticos, sempre aproveitou os momentos que seriam de descanso para registrar a vida, os costumes, as pessoas no interior do país, em povoados de nomes desconhecidos.

Autor de diversos livros, como O Perfil do Poder, Senhoras e Senhores, Poder – Glória e Solidão e Corpo e Alma, Brito recebeu o World Press Photo Prize concedido pelo Museu Van Gogh, em Amsterdam, na Holanda, em 1979. E conquistou onze vezes o Prêmio Abril de Fotografia - a partir de 1987, foi considerado hors-concours da premiação. Também mereceu os Prêmios de Aquisição da I Bienal de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e da Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba. Participou de mais de quarenta exibições coletivas no Brasil e no exterior. Suas fotografias estão em acervos de colecionadores institucionais e privados.

Gravações tiveram lugar em diferentes sets, um deles foi no Vale do Amanhecer.
A equipe trabalhou, toda ela, de forma voluntária,
contaminada pela grandeza da trajetória de Orlando Brito
Nas entrevistas para o documentário, Brito não só relata as experiências que teve no Brasil e no exterior e que são reveladas em suas fotos, como fala sobre o papel do fotógrafo, a importância do domínio visual dos personagens fotografados e a dor do fotógrafo ao registrar a dor de alguém.

O documentário foi feito de forma independente. Todos os envolvidos no processo dedicaram-se ao filme gratuitamente, por paixão. O filme sobre o genial fotógrafo Orlando Brito já está disponível no Now, no Vivo Play e no Oi Play.


Ficha técnica:

  • Fotografia e Direção – Claudio Moraes
  • Roteiro e Entrevistas: Rita Nardelli
  • Montagem: Douro Moura
  • Produção Executiva: Claudio Moraes, Jimi Figueiredo e Ricardo Movits
  • Som Direto: Fernando Cavalcante
  • Finalização e DCP: Thiago Moysés
  • Assistente de Finalização: Radha Nicihoka
  • Fotografia Adicional: Elder Miranda e Alan Silva
  • Trilha Sonora Original: Assis Medeiros e Ricardo Movits
  • Gerência do Arquivo de Fotos de Orlando Brito: Rodrigo Botelho
  • Audiodescrição: Guilherme Bitencourt e Milena Maiave
  • Apoio: Vale do Amanhecer, Omeleteria Brasil, Mary Oliver e Ricardo Nunes Román

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Como criar roteiro para mininovelas de até um minuto no Kwai


Diretores e produtores participantes do projeto TeleKwai dão dicas para desenvolver um roteiro e produzir vídeos curtos originais e de qualidade.


Por Gabriela Menezes, da RPMA Comunicação


O Kwai, aplicativo de criação e compartilhamento de vídeos curtos, tem conquistado cada vez mais o público no Brasil com suas mininovelas. Com o lançamento do programa TeleKwai no país, a plataforma oferece aos usuários um novo formato de dramaturgia com mininovelas e minisséries produzidas na vertical. O projeto é exclusivo da plataforma para agências, produtoras e criadores de conteúdo parceiros, que criam vídeos originais de diferentes gêneros, do drama à ficção científica. Mas o formato também pode ser explorado por qualquer usuário no app, e para isso é importante criar histórias que envolvam a audiência do começo ao fim. 

Um roteiro bem produzido facilita a produção do conteúdo e pode deixar os vídeos com mais personalidade e dinamismo. Pensando nisso, o Kwai reuniu algumas dicas valiosas para quem quer produzir um bom vídeo em formato de mininovela ou minissérie, preparadas por dois participantes do TeleKwai: o ator e diretor Felipe Reis, que possui cinco canais (DistopiaMeu chapa, GuruFala ComigoCâmera de Insegurança e Golpistas!) no app, e o diretor de conteúdo da DR Produtora, Phil Rocha, que gerencia os canais O Lado ObscuroA Nossa HistóriaHistórias de AmorMensagem Inesperada e Abra o Coração na plataforma. 

Confira as dicas a seguir:

Primeiros passos

Antes de produzir qualquer conteúdo, é preciso planejar seu roteiro. Uma boa forma de fazer isto é responder às seguintes  perguntas:

· Qual será o conteúdo?

O primeiro passo é definir o assunto da sua mininovela. Se vai seguir o gênero drama, terror, LGBTQIA+, romance, histórias que sejam motivacionais com uma lição de moral, se vai ser uma nova receita, ou até mesmo retratos do seu cotidiano.

· Qual o formato?

Serão episódios aleatórios ou uma série? Se for uma minissérie é muito importante definir que cada episódio precisa terminar em um momento que gere curiosidade nas pessoas para que elas queiram ver a continuação dessa história.

· Qual o público que você quer que assista a seus vídeos?

É importante distinguir a  faixa etária, identidade de gênero e localização dos usuários que gostaria que tivessem acesso e vissem seus vídeos. Assim fica mais fácil pensar em assuntos que possam virar tema para os roteiros.

· Como?

De que forma o conteúdo será feito? Estabeleça a duração do vídeo, se ele será feito de forma narrada, com efeitos especiais, com a inserção de animações, com a participação de outros criadores, etc.

Crie um Storytelling

Depois de responder a essas quatro questões, o próximo passo é criar um storytelling, ou seja, uma breve descrição das cenas e do que acontecerá entre elas. Descreva o que irá aparecer em cada cena, qual cenário será utilizado (uma parede branca ou um local aberto, por exemplo), quem serão os personagens do vídeo, quais serão os ingredientes da   receita ou a maquiagem do tutorial de beleza. Lembre-se que é uma narrativa que precisa ter começo, meio e fim.

De acordo com Felipe Reis, para criar roteiros de ficção e mininovelas, mais do que uma ideia, é preciso uma história, com um bom personagem e principalmente um excelente conflito. “O conflito da trama normalmente vai contra o protagonista, impedindo ele de alcançar o seu objetivo, é isso que vai deixar sua história interessante. Não precisa ser uma ideia mirabolante, muitas vezes, uma ideia simples, aquela que a gente não se perde para contar, acaba rendendo grandes histórias”.

Para Phil Rocha, também é importante estabelecer estratégias para elaborar um roteiro eficiente. “É essencial estudar o formato do conteúdo antes de começar a produzir para entender a linguagem e as principais características de cada estilo. A adequação do que irá abordar ou a mensagem da produção que irá manter o público interessado durante todo o vídeo. Além disso, é preciso ser criativo e utilizar os recursos disponíveis da melhor maneira possível”, explica.

Para se destacar no feed do Kwai, o vídeo deve começar de uma maneira muito impactante, e isso irá chamar atenção de quem está rolando a tela. “Existem algumas artimanhas para a gente poder chegar nesse resultado. Uma delas é, por exemplo, começar o vídeo com uma frase bem marcante, que pode ser usada mais para frente usando o recurso de flashbacks. Digamos que iremos contar uma história de assassinato e lá no final a personagem vai falar para o assasino ‘não acredito que você matou tal pessoa’, o vídeo com essa frase no começo irá despertar a curiosidade e fará os usuários assistirem até o final”, completa Phil.

Nas mininovelas também é importante definir onde cada episódio deve terminar. A trama com final aberto tem que dar a entender que será resolvida no próximo capítulo. Isso irá atiçar a curiosidade de quem está assistindo.

Por fim, produza!

É muito importante revisar o roteiro por completo e fazer uma leitura em voz alta para ter uma percepção melhor de como ficarão as falas e as cenas dentro do vídeo. Após isso, seu conteúdo estará pronto para ser gravado e publicado. “Uma dica importante é fazer uma leitura com os atores que vão participar da cena antes de gravar, assim cada um pode adaptar o texto para falar de uma forma mais natural. Nessa leitura você já vai perceber o que funciona e o que não funciona”, finaliza Felipe Reis.

Sobre o Kwai

Um dos aplicativos gratuitos mais populares do Brasil, o Kwai permite que o público crie seu próprio conteúdo e compartilhe vídeos online de forma fácil, inclusiva e acessível, em um universo interativo que possibilita a conexão de pessoas. Com a missão de tornar a vida das pessoas mais felizes, o Kwai acredita que todos os pequenos momentos da vida merecem ser compartilhados. O app está disponível nos sistemas iOS e Android, na App Store e no Google Play . Saiba mais em: kwai.com.

 

 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Fakes news: como checar se uma informação é falsa ou verdadeira?

 

No Brasil, o WhatsApp é o principal veículo de divulgação de desinformação. Isso acontece porque o usuário continua recebendo mensagens nesta rede social mesmo que esteja sem pacote de dados. A pessoa recebe uma mensagem/vídeo apelativo como, por exemplo: mulher chorando, sem identificação de nome e local, dizendo que foi agredida por militante de partido político de esquerda e que ainda foi roubada, ela pede justiça e pede que o vídeo seja compartilhado.

Por Fátima Sousa* e Márcia Turcato*
  

Informações falsas, informações deturpadas, boatos e promessas não são um fenômeno nascido no que se convencionou chamar de fake news. Elas existem há muito tempo e têm por objetivo desacreditar alguém, ou empresas, ou instituições ou governos ou, ainda, obter ganhos financeiros. Já as promessas, geralmente feitas em época de campanha eleitoral, têm o objetivo de conquistar o eleitor com informações de interesse daquele público-alvo. Essas promessas não se concretizam. As redes sociais, por sua rapidez de comunicação e, no Brasil, especialmente o WhatsApp, catapultaram o raio de ação das fakes news.

Notícia é coisa séria

Por definição, a notícia/news não poderia vir acompanhada da expressão fake/falsa, popularizada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que escolheu a imprensa não alinhada para atacá-la com a expressão “fake news”. A notícia é uma informação apurada por um jornalista, ouvindo as partes relacionadas no tema, e publicada em um veículo de comunicação que tem nome, endereço e CNPJ. A notícia pode ter sido mal apurada, ou conter algum erro. Mas, falsa, ela não será. Além disso, quem se sentir prejudicado com a informação divulgada, sabe a quem recorrer. No mínimo, pode enviar uma carta ao veículo pedindo retratação, correção ou direito de resposta.

No caso da desinformação intencional, na maior parte das vezes, não há a quem recorrer. A desinformação é divulgada em rede social sob perfil falso, quem desinforma não se identifica e não há anexos ou links que possam confirmar aquele conteúdo. Mas o conteúdo é apelativo, tem emoção, e essa emoção é a isca que fará com que a desinformação seja compartilhada.

A mentira tem apelo emocional

No Brasil, o WhatsApp é o principal veículo de divulgação de desinformação. Isso acontece porque o usuário continua recebendo mensagens nesta rede social mesmo que esteja sem pacote de dados. A pessoa recebe uma mensagem/vídeo apelativo como, por exemplo: mulher chorando, sem identificação de nome e local, dizendo que foi agredida por militante de partido político de esquerda e que ainda foi roubada, ela pede justiça e pede que o vídeo seja compartilhado. Esse é um caso típico, não informando onde o caso aconteceu, o vídeo pode ser utilizado em todo o país, porque pode ter sido em qualquer lugar. É perfeito. Tem emoção e tem uma vítima indefesa. O que fazer?

Já sabemos que esse vídeo tem elementos comuns de uma fake news. Mas, se houver dúvida, podemos checar. Primeiro, “jogue” essa história no Google pra saber se algum veículo de imprensa tem essa “história”. Se não encontrar nada, procure nos sites dedicados a checagem de informações.

Você percebe que precisará, no mínimo, fazer uma busca na web. Se você não tiver internet, não conseguirá fazer. É disso que se valem aqueles que disseminam fake news. Sabem que a maioria das pessoas não irá checar a informação porque não está familiarizada com esse mecanismo ou porque ela não tem internet. Mesmo fakes news que estejam acompanhadas de links, como forma de dar um aparente suporte à mentira, publicam links de sites não respeitáveis, ou links “quebrados”. Na dúvida, ou se você não conseguir checar uma informação, não compartilhe.

As mentiras sofisticadas

Há outras formas de embrulhar uma mentira para presente. Circula na internet um vídeo de um suposto diretor científico de um laboratório farmacêutico. Essa pessoa diz que foi diretor por dois anos da área de pesquisa do laboratório, ele fala algumas coisas sobre a pandemia e como ela é natural e vai sumir e não recomenda a vacina contra covid-19.

Esse vídeo circula desde 2020. O laboratório já desmentiu esse “diretor”, que na verdade foi um simples funcionário do laboratório, mas o vídeo ainda circula na rede porque ele tem elementos de credibilidade: uma pessoa vestida com jaleco, identificada como pesquisador de um laboratório famoso e falando corretamente sobre a pandemia. Para checar, essa desinformação exige mais trabalho. É necessário pesquisar no Google e no portal do laboratório. Também há recurso de fazer pesquisa por tema nos portais de checagem.

Há também as mentiras que se apoiam em algum traço de verdade. São desinformações que se apropriam de algum trecho de texto, áudio ou vídeo para concluir algo completamente diferente. Há, ainda, áudios e vídeos que têm seu tempo alterado para que a voz ou a imagem da pessoa pareça bêbada ou drogada. Também há vídeos que acrescentam elementos à imagem de alguém.  Isso aconteceu com Manuela D’ávila, que recebeu “olheiras” e “tatuagens” (de Guevara e Fidel) que a caracterizaram como alguém drogada e de extrema esquerda. Ou seja, uma pessoa perigosa e não confiável.

Sites de checagem

A checagem de um conteúdo exige muita pesquisa, principalmente se ele for novo e ainda não constar do “menu” dos sites de checagem. Abaixo, os principais sites de checagem no Brasil (a maioria trabalha em parceria com portais estrangeiros):

  • Agência Lupa
  • Aos Fatos
  • Fato ou Fake
  • Projeto Comprova 

Algumas instituições públicas também têm serviço de checagem, como TSE, Fiocruz, STF e CNJ. A maioria orienta o interessado por um número de WhatsApp.


* Fátima Sousa é Enfermeira sanitarista, professora associada do Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade de Brasília.
* Márcia Turcato é Jornalista e Escritora

Papa Francisco puxa orelha dos jornalistas

Bergoglio se suma a los jefes de Estado — él también lo es —
que culpan al mensajero de los hechos negativos.
La fuerte acusación del papa Francisco a los periodistas del mundo. El sumo pontífice usó el término "coprofilia" para definir uno de los cuatro pecados en los que, según su él, suelen caer los medios de comunicación.


Por Hugo Machin Fajardo (@MachínFajardo), publicado originalmente em español no site colombiano Las 2 Orillassob o título Periodistas bajo condena papal

 


Dice el papa Francisco— porque también es el jefe espiritual de millones de católicos—  que «los periodistas —así en genérico— suelen caer en «pecados», que de ser ciertas esas acusaciones constituirían delitos en dos casos, y deshonestidades en otros dos, como «la  desinformación, calumnias, difamación, coprofilia». Este último calificativo se traduce en atracción fetichista por los excrementos. Ni más, ni menos.

Ocurre que Bergoglio-Francisco cuando vierte opiniones sobre su prójimo habla desde esa doble condición, por lo que ofrece la dificultad de que la lógica reacción de los agredidos, en este caso los periodistas, pueda interpretarse como una ofensa hecha a millones de personas que profesan el catolicismo. Él lo sabe, y se escuda en ellos.

La religiosidad latinoamericana comprende muchas otras maneras de expresarse también: budismo, chamanismo, islamismo, judaísmo, pentecostalismos, protestantismos, santería, además de las diferentes manifestaciones de la religión popular.

La libertad religiosa es reconocida como uno de los «cimientos de la sociedad democrática» por la Corte Interamericana de DH en sentencia del 5 de febrero de 2001 (La última tentación de Cristo vs Chile).

La Declaración Americana de Derechos y Deberes del Hombre (DADDH), suscrita en 1948 en Bogotá, en su artículo 3°, proclamó el derecho a la liberta religiosa.

También la Convención Americana sobre Derechos Humanos (CADH) proclama la no discriminación religiosa (Arts.1 y 27, incisos1 y 2); la libertad religiosa, declarando la dimensión positiva y negativa de dicha libertad (Arts.12, incisos 1 y 2); la libertad de asociación religiosa (Art.16°). En síntesis, el sistema interamericano de DH garantiza el respeto a la libertad religiosa y el principio de no discriminación e igualdad de todas les creencias religiosas o no. La religiosidad de la persona es un derecho humano.

Y cabe mencionar especialmente el artículo 13° de la CADH que prohíbe el discurso de odio religioso, que Bergoglio aplica al revés cuando acusa y estigmatiza ante millones de sus seguidores a los trabajadores de la prensa.

Como Jefe de Estado, Bergoglio, quizás imbuido de la tradición peronista de hostigar a la prensa, se suma a los presidentes, ex presidentes y dictadores —Trump, Bolsonaro, Rafael Correa, López Obrador, Bukele, Daniel Ortega, Maduro, Cristina F. de Kirchner—, que culpabilizan, censuran y persiguen a periodistas por las situaciones negativas, o que les cuestionen, informadas por los medios de comunicación. Hechos por los cuales no poca veces los periodistas pagan con sus vidas ejercer el oficio de informar u opinar.

Especialmente sarcástico suena el principal del Vaticano si tenemos en cuenta que sobre la mayor tragedia del último tiempo como es la guerra de agresión desatada por Rusia contra Ucrania, Bergoglio no ha sido capaz de responsabilizar con nombre y apellido a Vladimir Putin por haber invadido a un vecino, drama que hoy registra crímenes de guerra, crímenes de lesa humanidad, torturas, desaparición forzada, violación de mujeres, desplazamiento forzado para millones de ucranianos, millones de niños expuestos a graves riesgos, la destrucción material de un país y perjuicios económicos y comerciales para el mundo.

Las imágenes y testimonios aportados desde suelo ucraniano por esos periodistas cuestionados por Bergoglio —algunos de los cuales murieron por informar en tanto decenas de corresponsables siguen en riesgo—  permiten a la opinión publica tener elementos para discernir aquella realidad. La agresión del papa Francisco supone un contraste muy fuerte entre quienes arriesgan su vida por informar y quien se limita a decir que «todos somos culpables» de la guerra, o a besar una bandera ucraniana y condenar a la masacre de Bucha sin mencionar a los culpables. Claro que siempre es algo mejor respecto a su antecesor Eugenio Pacelli (Pío XII) que bendijo las armas de Mussolini y se mantuvo ajeno al Holocausto.

Solamente en Latinoamérica, la segunda región con más periodistas asesinados, en 2021 murieron 14 periodistas y en lo que va del 2022, solo en México, —uno de los países más católicos de la región— suman ocho los periodistas asesinados en impunidad.

No es el mejor contexto para atacar desde el poder —y Bergoglio vaya si lo tiene— a quienes únicamente poseen su computadora o celular para desempeñarse y, paralelamente, ser tan benigno con los criminales.

Quizás, no es posible saberlo, la información documentada y confrontada que aportan periodistas y medios de prensa sobre el abuso sexual clerical contra menores en el mundo, genere ese encono en quien, respecto a esa otra tragedia humana, poco ha hecho en sus casi diez años de pontificado.

Precisamente, en estos días en que tuvo lugar la invectiva papal, el periódico El País de Madrid — diario leído por más de un millón de lectores y el más consultado digitalmente en habla hispana— ha sido premiado por su trabajo de información y documentación acerca del abuso sexual clerical sobre menores, destacado por el jurado por «el valor fundamental de una investigación de largo aliento, sobre unos hechos ocultos y ocultados durante décadas, dando voz a personas adultas quebradas por las terribles experiencias de la infancia». Asimismo, resalta que es «una investigación que impacta en la vida de las personas, moviendo a los poderes públicos y a la Iglesia a iniciar sus propias investigaciones». Por último, ha valorado la participación de los ciudadanos quienes, a través de un correo habilitado por el diario, «han nutrido una contabilidad de más de 600 casos de abusos con más de 1.200 víctimas».


domingo, 20 de março de 2022

Lançamentos: livros jornalísticos movimentam a leitura em Brasília

 

Por Chico Sant'Anna

Dois livros de autoria de jornalistas da Capital Federal movimentam a agenda literária nesse mês de março. Filho de pandemia - Os 110 dias do diário de um pai no momento mais desafiador para qualquer família, de Diego Amorim, chefe de redação do site O Antagonista. 

A segunda obra é Nas asas da mamata, é do quarteto Eduardo Militão, Eumano Silva, Lúcio Lambranho e Edson Sardinha. O livro traz um extenso levantamento de viagens parlamentares bancadas pelo contribuinte.

A “farra das passagens aéreas”, dizem os autores, foi o maior escândalo político desde a redemocratização. Com 560 parlamentares investigados, teve mais alvos do que a Operação Lava Jato e a CPI dos Anões. A diferença é que ninguém foi punido e só uns poucos devolveram o dinheiro. “O caso ficou no passado? Em parte, sim. Em parte, não. Isso porque episódios de uso indiscriminado de passagens aéreas por autoridades continuam acontecendo hoje. A diferença é que, desta vez, eles se aproveitam de outra brecha na transparência: os voos fretados de jatinhos no Congresso e os jatos exclusivos proporcionados pela Força Aérea Brasileira ao Poder Executivo.”

Os autores compilaram dados desde 2019, início do atual governo. Foram compiladas doze 12 situações em que voos da FAB ou os jatinhos do Congresso, nos quais há menos transparência sobre passageiros e gastos; serviram para fazer viagens de propósito no mínimo duvidoso. Estimativas e custos mínimos apontam para despesas de mais de R$ R$ 2 milhões.

“A falta de transparência que existia em 2009 permitiu o escândalo das passagens aéreas no Congresso e, de certa forma, no Executivo, no TCU e no Supremo também”, afirma Militão. Geralmente, eram voos comerciais, como das empresas Gol, Latam e Passaredo. “Agora, é a falta de transparência, de novo, que permite episódios no mínimo suspeitos em 2021, desta vez na Força Aérea Brasileira e ainda no Congresso Nacional”, completa Eumano.

Em 2009, depois do escândalo, o Congresso Nacional passou a publicar todos os voos dos parlamentares, com rota, nome dos passageiros, gastos feitos e proibição de que parentes participassem das viagens. A brecha ficou para os voos fretados. Neles, ninguém sabe se o parlamentar viajou sozinho ou acompanhado. Cid Gomes (PSB-CE) se negou a dar esses detalhes neste ano.

“Na Força Aérea Brasileira, acontece algo parecido. Ninguém sabe o nome de todos os passageiros. Os relatos de parentes e amigos viajando com autoridades são confirmados em redes sociais”, destacam Militão e Eumano. E, para piorar, existe o sigilo das despesas dos voos. “Um parlamentar que deseja viajar para o exterior pela Câmara, precisa justificar o motivo da viagem, fazer um relatório e ter todas as suas despesas com hospedagem, diárias e passagens publicadas”, afirmou Militão. “Mas, se ele for ao exterior com o apoio da FAB, nada disso é exigido. E a despesa vai ficar em sigilo”, completou Eumano.

Sobre os autores

Eduardo Militão, nascido em 1978, é jornalista em Brasília desde 2000. Repórter do UOL, trabalhou no Correio Braziliense, Congresso em Foco, Piauí, Isto é e The Intercept. Ganhou um prêmio Esso, dois Embratel e dois de associação de procuradores do Ministério Público.

Eumano Silva, nascido em 1964, é jornalista, formado em 1987 na UnB. Chefiou as sucursais de Época e Isto é em Brasília. Escreveu os livros Operação Araguaia (Prêmio Jabuti), A morte do diplomata e O levante dos ribeirinhos.

Lúcio Lambranho, nascido em 1973, foi repórter no Correio Braziliense, no Jornal do Brasil e no Congresso em Foco e editor no Metrópoles, em Brasília. Recebeu os prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo Investigativo.

Edson Sardinha, nascido em 1978, é diretor de redação do Congresso em Foco. Ganhou duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog e uma vez o Embratel. Contribuiu para que o Congresso em Foco levasse o Prêmio Esso.

Serviço:

Informações de como obter o livro: Paulo Tadeu - editor@matrixeditora.com.br - Tel. (11) 99104-4471

 

Diário de pai para filho

Filho de Pandemia também traz um tema atual, trata dos dramas provocados pela Pandemia da Covid-19. Trata-se de um diário escrito de pai para filho, com relatos de cenas e sentimentos de uma família com o desafio extra de ter um recém-nascido em casa em plena pandemia. “Não é exagero dizer que se trata de um documento histórico sobre como as famílias encararam este momento tão desafiador para toda a humanidade.” – comenta Diego.

O próprio autor define assim a sua obra, convidando à leitura:

"Este diário é um presente para o meu filho. Mas é um presente para mim e para você também. Com relatos iniciados na Páscoa de 2021, em meio ao avanço da pandemia e diante da expectativa da vacinação, abro as portas da minha casa para você. Coloque a máscara, lave as mãos ou use o álcool em gel, mantenha certo distanciamento, mas pode entrar. A minha casa é também a sua. Os meus sentimentos são os seus. O meu cansaço é o seu. As minhas alegrias são as suas. Este diário une todo mundo que sabe que a vida vale a pena. Às vezes, é verdade, dói um bocado, os dias assustam, mas sempre, sempre vale a pena."

O prefácio é do ex-presidente do STF, Aires Brito. Eis um trecho:

"Diego Amorim se desnuda ou se dá por completo em seu tão inato quanto exemplar humanismo. Revela o quanto de 'Humano, demasiado humano' (para lembrar Nietzsche) é preciso botar para fora nesses dramáticos momentos em que o destino da humanidade inteira transita por um fio de navalha, permito-me dizer. (...) Extremamente preocupado com os malefícios da pandemia e sobre o que fazer para entendê-la tecnicamente e contribuir para o seu eficaz enfrentamento em perspectiva pessoal, familiar e coletiva, sobretudo.Com o que se dota de um tipo de coragem e de imaginação à moda Albert Einstein e Hannah Arendt, para quem 'É preciso fazer das dificuldades oportunidades'."

 

Serviço:

Informações de como obter o livro: Contato: (61) 98155 6857

sábado, 26 de fevereiro de 2022

UnB capacita Comunicadores Populares para prevenção de dengue, zika e chikungunya

O Distrito Federal é uma das quatro unidades federativas que tiveram as maiores taxas de incidência no Brasil. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, foram notificados 4.279 casos suspeitos de dengue até o dia 18 de fevereiro. Os dados apontam um acréscimo de 287,2% no número de casos prováveis de dengue em residentes da capital federal, se comparado ao mesmo período de 2021.






A Universidade de Brasília (UnB) vai capacitar lideranças e comunicadores comunitários no combate à dengue, zika e chikungunya. O curso, que será aberto nacionalmente, é gratuito, de extensão, totalmente a distância, com 180h/a de certificação pela UnB. As inscrições serão abertas a partir de 15 de março e entre os módulos do curso, preparados por profissionais de jornalismo, rádio e televisão, estão noções de texto e roteiro em mídia sonora; tipos de programas radiofônicos (musicais, esportivos, noticiosos, etc); os diferentes tipos de locução; estratégias de marketing e divulgação em redes sociais; operacionalização de equipamentos: mesas de áudio; o fluxo digital na comunicação comunitária; história e legislação de rádios comunitárias; edição de produtos sonoros; novas tendências em áudio: podcasts e produtos para Whatsapp e muito mais.

Além da pandemia de covid-19, a dengue, zika e chikungunya seguem sendo um problema de saúde nacional. Conforme dados do último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, até o dia 12 de fevereiro deste ano foram registrados 70.555 casos prováveis de dengue no Brasil, com um aumento de 43,5% em relação ao mesmo período em 2021. A Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 178,8 casos para cada 100 mil habitantes, seguida das Regiões Norte (64,1 casos/100 mil hab.), Sudeste (19,3 casos/100 mil hab.), Sul (13,6 casos/100 mil hab.) e Nordeste (12,4 casos/100 mil hab.). Sobre os dados de chikungunya, ocorreram 4.404 casos prováveis da doença. Com relação aos dados de zika, foram registrados 323 casos da infecção pelo vírus no país.

O Distrito Federal é uma das quatro unidades federativas que tiveram as maiores taxas de incidência no Brasil. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, foram notificados 4.279 casos suspeitos de dengue até o dia 18 de fevereiro. Os dados apontam um acréscimo de 287,2% no número de casos prováveis de dengue em residentes da capital federal, se comparado ao mesmo período de 2021.

De acordo com a coordenadora das ações de educação, informação e comunicação do Projeto ArboControl, professora Valéria Mendonça (UnB), diante do cenário epidemiológico apresentado no Brasil e no Distrito Federal, iniciativas como a do projeto são cada vez mais necessárias. Fruto de um convênio entre a Universidade de Brasília e o Ministério da Saúde, a iniciativa conta com quatro componentes e uma rede de pesquisadores nacionais e internacionais que atua em ações como formação e capacitação de profissionais de saúde; desenvolvimento de inseticidas; diagnóstico de sistemas de informação; desenvolvimento de aplicativos de vigilância; avaliação da efetividade de campanhas e ações de educação, informação e comunicação; dentre outras.

O ArboControl tem o objetivo de apresentar alternativas viáveis, eficazes em longo prazo e ambientalmente sustentáveis para o controle do Aedes aegypti. “Cada vez mais precisamos utilizar estratégias de educação, informação e comunicação a fim de nos prevenirmos de doenças e promovermos a saúde em nossas casas e comunidades. Para auxiliar nesse processo, precisamos ser protagonistas dessa mudança, que somente ocorrerá com a tradução do conhecimento a ser compartilhado entre academia, lideranças e mídias comunitárias, profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS)”, destaca Valéria.

Para mais detalhes, visite o site do projeto