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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Fakes news: como checar se uma informação é falsa ou verdadeira?

 

No Brasil, o WhatsApp é o principal veículo de divulgação de desinformação. Isso acontece porque o usuário continua recebendo mensagens nesta rede social mesmo que esteja sem pacote de dados. A pessoa recebe uma mensagem/vídeo apelativo como, por exemplo: mulher chorando, sem identificação de nome e local, dizendo que foi agredida por militante de partido político de esquerda e que ainda foi roubada, ela pede justiça e pede que o vídeo seja compartilhado.

Por Fátima Sousa* e Márcia Turcato*
  

Informações falsas, informações deturpadas, boatos e promessas não são um fenômeno nascido no que se convencionou chamar de fake news. Elas existem há muito tempo e têm por objetivo desacreditar alguém, ou empresas, ou instituições ou governos ou, ainda, obter ganhos financeiros. Já as promessas, geralmente feitas em época de campanha eleitoral, têm o objetivo de conquistar o eleitor com informações de interesse daquele público-alvo. Essas promessas não se concretizam. As redes sociais, por sua rapidez de comunicação e, no Brasil, especialmente o WhatsApp, catapultaram o raio de ação das fakes news.

Notícia é coisa séria

Por definição, a notícia/news não poderia vir acompanhada da expressão fake/falsa, popularizada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que escolheu a imprensa não alinhada para atacá-la com a expressão “fake news”. A notícia é uma informação apurada por um jornalista, ouvindo as partes relacionadas no tema, e publicada em um veículo de comunicação que tem nome, endereço e CNPJ. A notícia pode ter sido mal apurada, ou conter algum erro. Mas, falsa, ela não será. Além disso, quem se sentir prejudicado com a informação divulgada, sabe a quem recorrer. No mínimo, pode enviar uma carta ao veículo pedindo retratação, correção ou direito de resposta.

No caso da desinformação intencional, na maior parte das vezes, não há a quem recorrer. A desinformação é divulgada em rede social sob perfil falso, quem desinforma não se identifica e não há anexos ou links que possam confirmar aquele conteúdo. Mas o conteúdo é apelativo, tem emoção, e essa emoção é a isca que fará com que a desinformação seja compartilhada.

A mentira tem apelo emocional

No Brasil, o WhatsApp é o principal veículo de divulgação de desinformação. Isso acontece porque o usuário continua recebendo mensagens nesta rede social mesmo que esteja sem pacote de dados. A pessoa recebe uma mensagem/vídeo apelativo como, por exemplo: mulher chorando, sem identificação de nome e local, dizendo que foi agredida por militante de partido político de esquerda e que ainda foi roubada, ela pede justiça e pede que o vídeo seja compartilhado. Esse é um caso típico, não informando onde o caso aconteceu, o vídeo pode ser utilizado em todo o país, porque pode ter sido em qualquer lugar. É perfeito. Tem emoção e tem uma vítima indefesa. O que fazer?

Já sabemos que esse vídeo tem elementos comuns de uma fake news. Mas, se houver dúvida, podemos checar. Primeiro, “jogue” essa história no Google pra saber se algum veículo de imprensa tem essa “história”. Se não encontrar nada, procure nos sites dedicados a checagem de informações.

Você percebe que precisará, no mínimo, fazer uma busca na web. Se você não tiver internet, não conseguirá fazer. É disso que se valem aqueles que disseminam fake news. Sabem que a maioria das pessoas não irá checar a informação porque não está familiarizada com esse mecanismo ou porque ela não tem internet. Mesmo fakes news que estejam acompanhadas de links, como forma de dar um aparente suporte à mentira, publicam links de sites não respeitáveis, ou links “quebrados”. Na dúvida, ou se você não conseguir checar uma informação, não compartilhe.

As mentiras sofisticadas

Há outras formas de embrulhar uma mentira para presente. Circula na internet um vídeo de um suposto diretor científico de um laboratório farmacêutico. Essa pessoa diz que foi diretor por dois anos da área de pesquisa do laboratório, ele fala algumas coisas sobre a pandemia e como ela é natural e vai sumir e não recomenda a vacina contra covid-19.

Esse vídeo circula desde 2020. O laboratório já desmentiu esse “diretor”, que na verdade foi um simples funcionário do laboratório, mas o vídeo ainda circula na rede porque ele tem elementos de credibilidade: uma pessoa vestida com jaleco, identificada como pesquisador de um laboratório famoso e falando corretamente sobre a pandemia. Para checar, essa desinformação exige mais trabalho. É necessário pesquisar no Google e no portal do laboratório. Também há recurso de fazer pesquisa por tema nos portais de checagem.

Há também as mentiras que se apoiam em algum traço de verdade. São desinformações que se apropriam de algum trecho de texto, áudio ou vídeo para concluir algo completamente diferente. Há, ainda, áudios e vídeos que têm seu tempo alterado para que a voz ou a imagem da pessoa pareça bêbada ou drogada. Também há vídeos que acrescentam elementos à imagem de alguém.  Isso aconteceu com Manuela D’ávila, que recebeu “olheiras” e “tatuagens” (de Guevara e Fidel) que a caracterizaram como alguém drogada e de extrema esquerda. Ou seja, uma pessoa perigosa e não confiável.

Sites de checagem

A checagem de um conteúdo exige muita pesquisa, principalmente se ele for novo e ainda não constar do “menu” dos sites de checagem. Abaixo, os principais sites de checagem no Brasil (a maioria trabalha em parceria com portais estrangeiros):

  • Agência Lupa
  • Aos Fatos
  • Fato ou Fake
  • Projeto Comprova 

Algumas instituições públicas também têm serviço de checagem, como TSE, Fiocruz, STF e CNJ. A maioria orienta o interessado por um número de WhatsApp.


* Fátima Sousa é Enfermeira sanitarista, professora associada do Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade de Brasília.
* Márcia Turcato é Jornalista e Escritora

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Portais noticiosos e Google controlam 75% do tráfego de internet no Brasil

Do blog Jornalismo nas Américas

A navegação de grande parte dos internautas brasileiros começa pelos portais de notícias, segundo apresentação da agência JWT durante o evento Social Media Week, realizado em São Paulo. Sites como Globo.com, Terra, iG e UOL são responsáveis - ao lado do serviços de busca Google, Orkut e Youtube - por 75% de pageviews no Brasil, informa agência com base em dados levantados pelo instituto de pesquisa (Ibope).

Sem as ferramentas do Google, metade do tráfego de usuários brasileiros na web está centralizada em veículos de imprensa. “Eles (portais) ensinaram o brasileiro a navegar e souberam manter o tráfego”, diz Ken Fujioka, vice-presidente de planejamento da JWT, em matéria reproduzida pelo portal de comunicação Comunique-se.

O resultado desta ampla aceitação do público, como avalia a agência, enfraquece o espaço dos blogs nas mídias digitais. Os blogueiros que conquistam a audiência são incorporados aos grandes portais. “Quanto mais fragmentada a audiência, mais propício é o ambiente para que os blogs sejam influentes. E no Brasil a internet é muito concentrada", entende Fujioka.

No país, a mídia online é concentrada assim como a mídia chamada "offline". Do mesmo modo em que há cinco grandes canais de TV, no país, há também sete sites "majors". Segundo o Ibope: UOL, Terra, iG, Globo.com, Google (incluindo busca, YouTube e Orkut), Microsoft Live e Yahoo!, analisa Laís Prado no artigo “JWT avalia mídia social x tradicional”, publicado em seu blog CCSP.

Outro questionamento do estudo é se a mídia tradicional é pautada pelas mídias sociais e a conclusão é que, aparentemente, isso acontece pouquíssimo, sendo as mídias sociais mais usadas como fonte de pesquisa. O estudo levanta algumas hipóteses para justificar a relação entre as mídias sociais e as tradicionais. Pela análise publicada na Folha de São Paulo, apesar do frisson em torno das mídias sociais, a pesquisa demonstra que no país, elas ainda são muito pouco influentes, servindo mais como uma caixa de "ressonância" ao repercutir notícias geradas pela mídia tradicional.

Segundo o relatório, a maioria do que se fala em mídias sociais é de caráter pessoal, especialmente fora dos blogs - estes sim teriam um compromisso, em geral, com a busca por conteúdo original. Nos EUA, diz o estudo, isso acontece mais do que no Brasil. Blogs são fontes de informação, dão furos, investigam: o TMZ foi o veículo que avisou ao mundo que Michael Jackson tinha morrido, o Gizmodo conseguiu um iPhone 4 roubado, Barack Obama conseguiu com sucesso usar as redes sociais e os blogs movimentam milhões nos EUA (vide Huffington Post, agora comprado pela AOL).

O hábito de navegação do brasileiro ainda passa bastante pelas homepages dos portais, que tiveram a competência de criar esse hábito e de mantê-lo até hoje e portanto são poucos os blogs independentes com audiência relevante, aponta o estudo.

Para elaborar a pesquisa, a JWT realizou entrevistas e analisou o arquivo das reportagens de 2010 do "Jornal Nacional" e das revistas "Época" e "Veja". Foram analisadas 7.418 matérias. Nas mídias sociais, foram analisadas as ferramentas Google Trends, Google Em Tempo Real e os relatórios de assuntos populares divulgados no final do ano pelo Twitter e pelo Facebook.