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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Le Canard Enchaîné: nascido para incomodar

Por Matías M. Molina | Para o Valor, de São Paulo


"Le Canard Enchaîné" é um curioso anacronismo. É um semanário satírico, quase centenário, publicado em Paris, que circula às quartas-feiras. É irreverente, impertinente e atrevido. A tradução literal de seu nome é "O Pato Acorrentado". Mas sugere algo mais. Desde o século XVII, um "canard" era na França uma publicação irregular, com notícias sensacionalistas ou de credibilidade duvidosa e também a própria notícia falsa.

"Le Canard Enchaîné" é um observador independente na imprensa francesa. Trata com humor o que outros jornais levam a sério. Recorre ao sarcasmo, à paródia. Seu mote é "A liberdade de imprensa se perde quando não se usa", e o "Canard" nunca deixou de usá-la. É rara a edição em que não denuncia um escândalo ou alfineta um político importante. Segundo a revista alemã "Der Spiegel", é a única publicação que os políticos franceses temem realmente. Anatole France disse que era o único jornal sério de sua época e o único que lia.

Tem apenas oito páginas de tamanho grande. É impresso em duas cores, preto e vermelho, em papel jornal. A apresentação gráfica é antiquada. É ilustrado com desenhos, mais comunicativos, opinativos e corrosivos que as fotografias - que não publica. Algumas seções atravessaram as décadas praticamente intactas. "La mare aux canards" (A lagoa dos patos), a mais antiga, criada em 1916, publica frases e fatos que seus autores prefiririam esquecer.

A redação do "Canard" é pequena, de 16 pessoas. Mais da metade não usa computador ou máquina de escrever. Prepara seus textos com caneta-tinteiro.
Num mundo crescentemente digital, o jornal pouco se interessa pela internet, embora tenha feito algumas concessões. No ano passado, abriu um site para ocupar o endereço que, alegou, escroques tentaram surrupiar. Mas não expõe seu conteúdo, apenas o fac-simile das primeiras páginas dos últimos números. "Nosso trabalho é informar e distrair nossos leitores com papel jornal e tinta. É um belo trabalho, suficiente para manter nossa equipe ocupada."

Como declarou o então redator-chefe ao "The New York Times": "Se colocássemos nossas matérias na internet, quem iria comprar o jornal na quarta-feira? Acreditamos no papel impresso". Além disso, o meio não é apropriado: "iPads são excelentes para 'zapear' pelo conteúdo, não para ler". Com o mesmo objetivo de evitar que a identidade do jornal fosse usurpada, abriu uma conta no Twitter, na qual divulga alguns temas da edição da semana. Quem quer ler, paga €1,20 na banca.

O "Canard" nunca publicou um único anúncio. Afirma que seus jornalistas não precisam ficar preocupados com que alguém possa cancelar uma programação de publicidade. Não tem mecenas ou grupos econômicos que lhe deem apoio. A única receita operacional da empresa, a SA Les Éditions Maréchal, é obtida com a venda do jornal a cada semana e do trimestral "Les Dossiers du Canard Enchaîné". Fica longe dos bancos e se recusa a fazer dívidas. Não aceita sócios externos. As ações estão nas mãos dos empregados, que não podem vendê-las e, quando deixam a empresa, têm que devolvê-las, para evitar que caiam em mãos desconhecidas.

Quem achar que o "Canard" enfrenta crises econômicas periódicas e mal consegue subsistir, que vive ameaçando fechar e que tem uma redação de jornalistas abnegados que aceitam salários miseráveis, não podia estar mais enganado. O "Canard" é rico e sua redação é, provavelmente, a mais bem remunerada da imprensa francesa.

Apesar de suas idiossincrasias e de seu anacronismo - ou, talvez, por causa deles -, poucas publicações na França e no mundo conseguem alcançar sua rentabilidade. A empresa tem receita anual superior a €30 milhões e lucro líquido que oscila entre €4 e 5 milhões. Seu último prejuízo foi registrado em 1982, quando demorou em reajustar o preço. Os lucros não são distribuídos, mas incorporados às reservas, que chegam a uns €115 milhões. O dinheiro está prudentemente investido. A empresa possui dois imóveis em duas das áreas mais valorizadas de Paris e o resto está aplicado em títulos de renda fixa.

Essa rentabilidade é fácil de explicar: custos baixos e circulação elevada. Redação muito pequena, papel e impressão baratos, gastos com marketing praticamente zero. Nos últimos anos, as vendas oscilaram entre 400 mil e 500 mil exemplares. As revistas semanais "Le Nouvel Observateur" e "L'Express" vendem pouco mais de 500 mil e "Le Point", 425 mil, com estruturas e custos muito superiores.
O que leva todas as semanas centenas de milhares de franceses às bancas atrás do "Canard" é a irreverência bem-humorada, as charges e caricaturas maliciosas, as informações sobre o lado obscuro do mundo da política e das finanças. O jornal descobriu que nada fere mais a arrogância dos poderosos do que o riso ante suas vaidades expostas. O humor lhe permite publicar coisas que, ditas de outra maneira, poderiam ser muito duras.

Usa uma linguagem direta e de fácil entendimento pelo francês médio. Tem valores em comum com seus leitores e uma espécie de cumplicidade com eles, o que os faz sentirem-se membros de um clube especial.
O "Canard" zela por sua independência. Seus jornalistas não podem investir na bolsa, escrever para outras publicações ou aceitar comendas oficiais. E têm que pagar a entrada do cinema ou do teatro para criticar um filme ou uma peça.

Na pequena redação, mais de metade dos 16 jornalistas não usa computador ou máquina de escrever, e prepara seus textos com caneta-tinteiro.
Desde a fundação, o jornal é conhecido, segundo seu historiador, Laurent Martin, pelo não-conformismo, republicanismo, pacifismo, anticlericalismo, antimilitarismo e por resquícios ainda presentes de um suave anarquismo. Tudo isso, permeado por ceticismo. É intransigentemente republicano.
Durante um tempo, namorou com o comunismo, sem aderir a ele. Esteve sempre colocado à esquerda, o que não impediu que a esquerda se tornasse um de seus alvos e que desconfiasse dele. Já foi chamado um "objeto político mal identificado".
Nos anos 1950, um escritor de extrema-direita disse do "Canard": "É o mais sério dos semanários de esquerda (...), de bem longe, é o que exerce a influência mais duradoura sobre a política deste país, faz e desfaz reputações".

Críticos mais ativistas, que veem na imprensa não apenas um meio de informação, mas também de ação, acham que o jornal nada propõe para mudar concretamente as coisas, que a lucidez do "Canard" não leva a nada e que seus apelos à liberdade, à verdade e ao saber não conduzem à responsabilidade ou ao engajamento. Afirmam que, no fundo, sua crítica é estéril. Também foi acusado de sentir nostalgia de um passado que nunca existiu e de ser um jornal excessivamente "franco-francês", preocupado quase exclusivamente com os assuntos do país.

É hoje o principal praticante do "jornalismo investigativo" na França. Não quer saber a quem uma informação vai beneficiar, mas se é verdadeira, se pode ser comprovada e se é importante políticamente. Mas não publica tudo que sabe. Não divulga informações sobre terrorismo ou espionagem. Em questões políticas, tudo é impresso, salvo a vida pessoal dos políticos. Notícias sobre quem dorme com quem animam as reuniões da redação, mas não são publicadas.

Os principais informantes estão dentro do próprio governo: nos ministérios - não raro, os próprios ministros -, nas várias agências, nos serviços secretos, nas forças armadas e até no Elysée. Como diz Laurent Martin, a relativa marginalidade do jornal e sua independência institucional lhe permitem acolher informações sensíveis que outros meios de comunicação não podem ou não querem divulgar.
O "Canard" não permite que um advogado leia os textos antes da publicação para evitar processos por injúria ou difamação. Parte do princípio de que um advogado é prudente por natureza, enquanto o jornalista precisa testar os limites. O "Canard" costuma ser processado mas raramente perdeu um processo nos últimos anos.
A lista dos políticos abatidos em pleno voo é longa. Nos últimos anos, caíram vários ministros e secretários de Estado. Um caso notório é o da ministra das Relações Exteriores, Michèle Alliot-Marie, durante a Presidência de Nicolas Sarkozy. Ela e a família passaram as férias na Tunísia voando no jato de um empresário a quem ofereceu apoio.

O "Canard" desvendou dezenas de casos que abalaram governos e empresas. Descobriu que o primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas não pagara imposto durante quatro anos por causa de várias isenções legais. Um diretor da Peugeot se recusava a aumentar os salários dos empregados em 1,5% quando o jornal divulgou que ele reajustara seus próprios vencimentos em 49,6%. Processou o jornal e perdeu.
Há também o caso dos diamantes que o imperador da República Centro-Africana, Jean-Bedel Bokassa, deu de presente ao então ministro da Fazenda, Valéry Giscard d'Estaing, mas divulgado quando era presidente da República. Mais recentemente, o grupo Bouyges, um dos maiores da França, abriu um processo por difamação e pediu uma indenização de €9 milhões depois que o "Canard" informou sobre um inquérito na Justiça envolvendo o grupo em corrupção e tráfico de influência. Perdeu, e teve que indenizar o jornal.
O governo chegou a cair no ridículo quando tentou espionar o "Canard". Agentes dos serviços de segurança, fazendo-se passar por encanadores, foram surpreendidos colocando microfones ocultos na redação. O jornal publicou o nome de vários arapongas e deu ao incidente o nome de Watergaffe. Posteriormente, afirmou que Sarkozy, que tem verdadeira obsessão com a imprensa, mandou os serviços secretos espionarem alguns jornalistas.
É difícil encontrar um político importante na história recente da França que não tenha sido objeto de seu humor ferino e em quem o "Canard" não tenha pregado um apelido demolidor.
Quando ocupava a Presidência, François Mitterrand era "Tonton" ou "Dieu" (Deus). Sarkozy virou "Sarkoléon" (mistura de Sarkozy com Napoleão), "Sarko", "le petit Nicolas", em homenagem a sua baixa estatura, ou "notre super président". Jacques Chirac era "Jacques Chirioutte", "Chichi", "Jacuou le Rockant". Antes de ser presidente, François Hollande era "Monsieur Royal", em homenagem a sua ex-companheira, Marie Ségoléne Royal; eleito, Hollande virou "Pèpère" (da sigla PR, presidente da República), e sua atual companheira, Valérie Trierweiler, "Mèmère". Marion Le Pen, a líder da extrema direita, é "Marionnette".

Charles De Gaulle era "Mongénéral", tudo junto, o que levou seus auxiliares a separarem cuidadosamente as duas palavras, quando se dirigiam a ele, para evitar que fossem identificados como leitores do "Canard". Era também "Le Roi" (O Rei), comparado a Luís XIV, e lhe foi dedicada uma seção extremamente popular, "La Cour" (A Corte), com seus nobres e barões. De Gaulle se referiu ao "Canard" como "este maldito pássaro". Com seu sucessor, Georges Pompidou, a seção mudou para "La Régence" (A Regência).

O "Canard" publicou os diários fictícios de pessoas próximas ao poder. Entre eles, "Le journal de Cécilia S.", numa referência à primeira mulher de Sarkozy, sucedido por "Le journal de Carla B.", com reflexões e observações ingênuas e bem-humoradas, atribuídas a Carla Bruni, atual mulher de Sarkozy. Foi substituída pelo falso diário "Si je mens, de Valérie T." numa evidente referência a Valérie Trierweiler, a atual companheira de Hollande, mas durou pouco tempo.

Le "Canard Enchaîné" foi fundado em setembro de 1915, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por Maurice Maréchal, jornalista que escrevia para a imprensa de esquerda. Seu objetivo era informar, divertir e denunciar. Era herdeiro dos "canards" publicados na França durante vários séculos. Queria destoar e caçoar do conformismo e da complacência do jornais com a censura e aliviar as penas de um país em guerra. O nome foi escolhido depois que o jornal do futuro primeiro-ministro Georges Clemenceau, "L'Homme Libre", mudou seu nome para "L'Homme Enchaîné", em protesto contra a censura.
Logo em seu primeiro número, o jornal deu o tom que o identificaria durante toda sua trajetória. Ante uma imprensa que publicava como verdadeiras notícias censuradas e pouco confiáveis, o "Canard" declarava a intenção de somente "inserir, depois de uma verificação minuciosa, notícias rigorosamente inexatas. Todos sabem que a imprensa francesa, sem exceção, desde o começo da guerra, só comunica notícias implacavelmente verdadeiras. Pois é! O público já tem bastantes! O público quer notícias falsas. E as terá. Para conseguir esse belo resultado, a direção de 'Le Canard Enchaîné' não recuará ante nenhum sacrifício".

Também desde o primeiro número, se recusou a inserir publicidade. Mas fez uma curiosa campanha de promoção: "Jovens mulheres que querem casar, só casem com um leitor do 'Le Canard Enchaîné!'"
AP / APPara o "Canard", Sarkozy (à esquerda) era Sarkoléon; Hollande, que já foi Monsieur Royal, hoje é "Pèpère" e sua mulher, Valérie Trierweiler (ao fundo, à esquerda, com Carla Bruni) é Mèmère
A censura foi implacável e várias edições circularam com espaços em branco. O que não impediu que o "Canard" denunciasse os que lucravam com a guerra e queriam prolongá-la. Eram os "mercantis": fabricantes de armas e munições, intermediários astutos, especuladores de toda ordem e os comerciantes arrogantes que passaram a formar uma classe de "novos ricos". Denunciava a má qualidade do pão, a falta de carvão. Em meio à escassez e ao sofrimento, a denúncia, a ironia e o sarcasmo atraíam leitores. Em 1918, imprimia 40 mil exemplares por semana. Com o fim da censura, mudou o nome para "Le Canard Dechaîné", (O Pato Desacorrentado) mas só durante oito meses.
A década de 1920 foi um período difícil. A maioria dos jornais surgidos durante a guerra desapareceu. O "Canard" teve que trocar algumas penas para sobreviver. Era anticonformista, se revestia de um certo moralismo e denunciava a corrupção sem perder o humor.
Denunciou os profissionais do patriotismo e guardava distância dos partidos e dos políticos, atacando-os indistintamente, mas defendeu os comunistas e a União Soviética. Deu um apoio inicial à Frente Popular de Léon Blum, mas logo se decepcionou.
Seu pacifismo e sua preocupação com os "mercadores da morte" o impediram de perceber a ascensão do nazismo. Um dos jornalistas viu em Hitler um antigo combatente e, portanto, um partidário da paz na Europa. Segundo o "Canard", quem alertava contra o nazismo queria levar a França à guerra. Apoiou a invasão da Tchecoslováquia e da Áustria pela Alemanha. Nesse período, a circulação cresceu. Em 1929, imprimia 85 mil cópias, 275 mil em 1936 e 200 mil em 1939, ano em que começou a Segunda Guerra Mundial.
Quando a França foi derrotada, em 1940, o "Canard" deixou de circular. Só voltou às bancas em 1944. Maurice Maréchal tinha morrido; sua viúva, Jeanne, tomou conta da empresa. Vários jornalistas que colaboraram durante a ocupação alemã foram excluídos. No início do pós-guerra, a tiragem disparou, chegando à media de 523 mil em 1946 e a 647 mil em junho desse ano, para cair precipitadamente até 103 mil em 1953.
A causa da queda foi a Guerra Fria. O apoio do "Canard" aos comunistas e à URSS alienou muitos leitores. Um novo redator-chefe, Ernest Raynaud (que assinava R. Tréno), esquerdista, mas não stalinista, mudou a orientação. Ficou menos preocupado com a política e mais com as mudanças na sociedade. Pela primeira vez, o "Canard" reconheceu os expurgos realizados na URSS. Vários comunistas saíram da redação e muitos deles deixaram de comprar o jornal.
Os leitores voltaram com a cobertura das guerras coloniais francesas na Indochina e na Argélia, às quais o "Canard" se opunha. Queriam informações que a maioria dos jornais não publicava e que o "Canard" passou a fornecer. Isso mudou as características do jornal. Até então, opinava com ironia sobre a vida pública, a partir de informações já conhecidas. Era um jornal de opinião, não de informação. Com as guerras coloniais, precisou procurar suas próprias notícias. Este foi o princípio das investigações do "Canard atual".
O "Canard" foi duro com os políticos da Quarta e da Quinta Repúblicas e agressivo contra De Gaulle, de quem temia a concentração do poder. Só admirou, e com reservas, Pierre Mendès-France. Atacou duramente Chirac e Giscard d'Estaing; seus leitores o puniram pela condescendência com o socialista Mitterrand nos primeiros tempos de seu governo. A circulação caiu ligeiramente no último ano: o apagado e circunspecto Hollande é um alvo menos óbvio para um jornal satírico do que o irrequieto Sarkozy.
E o "Canard" no futuro? Sua situação econômica continua mais do que confortável. Mas conseguirá adaptar-se?
Um depoimento de Régis Debray, que foi assessor na Presidência de Mitterrand, pode ser esclarecedor. Ele menciona em suas memórias "o medo da quarta-feira de manhã, dia da aparição de 'Le Canard Enchaîné', o jornal oficial da paróquia". E acrescenta que o "Canard" "mantém seus leitores plenamente informados de nossas canalhices, sem se deixar impressionar por nossos belos discursos (totalmente engessados em valores e ideias)".
As palavras de Régis Debray deixam claro que uma sociedade precisa de um jornal, em tinta e papel ou em versão digital, que, como o "Pato" atrevido, mantenha a canalha na linha. É mais importante do que nunca.

Matías M. Molina é autor do livro
 "Os Melhores Jornais do Mundo",
 em segunda edição.
Email: matias.molina@terra.com.br

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Necronomía: O desabafo do chargista espanhol Jose Rubio Malagon

Recebo do amigo TT Catalão mostras do excelente trabalho do jornalista e humorista gráfico espanhol Jose Rubio Malagon. É uma pequena amostra do que foi publicado na obra Necronomia, editada por Edicoes De Ponent, de Madrid.

Como salienta TT Catalçao, trata´se de um desabafo do jornalista gráfico ante a encruzilhada do euro e o colapso da Europa, especialmente a agonia espanhola. 
Com um olhar sarcástico incomum, Malagon aborda temas como a Ditadura Financeira, Inflação, as agencias de rating, preços (vietnã), demissões (sinuca), flexibilidade de emprego (golf), ministerio da economia (pasta), comissões bancarias (toureiro), capibalismo,canibalismo promovido pelo capitalismo (máquina sangra), o desenvolvimento insustentável (pescador), o dialogo social (baloon), dentre outros.

Abaixo, trago algumas das críticas espanholas ao trabalho de Jose Rubio Malagon.


Necronomía: El trabajo de Malagón en Necronomía (Edicions de Ponent, 2012) nos habla de conceptos financieros globales y de sus protagonistas. Términos que desde hace algunos años nos resultan familiares y que han hecho que gran parte de la ciudadanía, sin quererlo, se haya hecho experta en economía, hablando con naturalidad de primas de riesgo, inflación, agencias de ratingy de activos tóxicos.
La exposición que presentamos está formada por 20 originales elaborados a lápiz y tinta sobre papel. En ella podrás ver el método de trabajo que emplea Malagón y el resultado final del mismo.

Do Portal rtve-es

Desde hace 15 años, José Rubio Malagón es uno de los humoristas gráficos más importantes, colaborando con diversos medios como Marca, 20 Minutos, El Economista, Lainformacionn.com, El Mundo, ABC, Tiempo, y El Jueves. Y se ha convertido, por méritos propios, en uno de los mejores cronistas de la crisis económica con sus acertados chistes, sin palabras, que se han recopilado en varios libros de humor. El último es Necronomía: El lado más oscuro de la economía (Edicions de Ponent).
"Necronomía -asegura Malagón- es una especie de diccionario visual o ilustrado de la economía en la cual estamos inmersos. Este libro resume en clave de humor negro, conceptos económicos globales y sus protagonistas".
Un título que nos recuerda a un libro maldito, el Necromicón inventado por Lovecraft para sus narraciones de terror: "Si es un juego de palabras del famoso Necronomicón, que de joven me llamó mucho la atención -asegura Malagón-. El subtítulo del libro resume el interior: El lado oscuro de la Economía, todo en esta vida tiene un lado oscuro, hasta la economía".
"De hecho el lado oscuro de ésta se ha hecho visible y bien visible en estos años de crisis. Una economía que arrolla todo lo que tiene delante, sin un ápice de humanidad, con resultados crueles y lamentables que leemos en las noticias día a día, noticias llenas de historias amargas sobre ciudadanos que son despojados de todo, por una economía salvaje y codiciosa que no se ruboriza y que se jacta de su impunidad".
La crisis también le ha afectado

"Muchas de las obras las he ido publicando en diferentes medios - afirma Malagón - como El juevesEl Mundo y, sobre todo, en el digital www.lainformacion.com, donde estuve haciendo la viñeta diaria sobre economía durante los últimos dos años y medio, con la crisis estando de lleno.Trasprescindir estos de mi colaboración, por la crisis, se cierra el círculo, vi que era un momento idoneo de reunir dicho material y añadirle unos cuantos más inéditos para hacerlo más atractivo a un futuro lector".
En cuanto a si la crisi se podía evitar, Malagón asegura que: "Llevo 15 años publicando viñetas por diferentes medios de comunicación, he trabajado en muchos proyectos económicos por lo que el tema económico siempre ha estado presente. Si es cierto que viendo chistes antiguos, ya en el 2007 ya se decía que esto explotaba o se iba ha hundir, pero las consecuencias tan amargas como las vivimos podías intuirlas pero para nada verlas como hoy en día".

"No me resulta dificil hablar de economía - comenta Malagón -, de hecho hay muchos conceptos económicos que en estos últimos años nos son familiares, todos nosotros sin quererlo nos hemos hecho expertos en economía, hablamos de primas de riesgo, de inflación, de agencias de rating y de activos tóxicos con total naturalidad, como quien habla del tiempo. Más difícil ha sido la actualidad, han sido tantas noticias y tan importantes que a veces no sabía que tema elegir. Otras veces los chistes se quedaban obsoletos, porque se iban sucediendo acontecimientos mucho más importantes y había que rehacer las viñetas".
"Los humoristas tenemos que estar al pie del cañón"

"Tengo varios estilos a la hora de trabajar -confiesa Malagón-, dependiendo en el medio que trabaje, unos con aire más desenfadado y caricaturesco y otros con un tono más realista y negro, este último es el estilo utilizado para Necronomía. El estilo se forja dibujando mucho, al principio te pareces a muchos y poco a poco vas viendo cosas en las que te sientes a gusto y que poco a poco forman parte de tu estilo, de un estilo más personal. Lo fundamental no es un estilo diferenciado del resto, lo eshacer buenos chistes, si además tienes un estilo personal, mejor".

"Los humoristas - continúa - reflejamos con imágenes y textos una opinion particular sobre las cosas que vemos y el lector se siente identificado con ellas y las comparte,somos un poco Pepito grillo. El humor es una estupenda válvula de escape para muchas personas que ven resumidos su rabia, su indignación de las situaciones diarias que viven o leen".
Por eso Malagón admira a todos los humoristas gráficos: "A todos, sé lo dificil que estar todos los días al pie del cañón, sea cual sea tu situación personal y decir algo que sea ingenioso o interesante".
En cuanto a por qué no usa bocadillos en sus chistes, Malagón asegura que: "Siempre me ha gustado el poder de las imágenes, me gusta la poesía visual y los imágenes conceptuales, me gusta que lean mis trazos y que saquen cada unos sus conclusiones, a veces diferentes a la idea con las que las dibujé".

"Me siento orgulloso del chiste del rescate a Bankia"

Entres sus miles de chistes, Malagón asegura que uno que le llena de orgullo es: "El chiste sobre el rescate a Bankia, donde se ve un pobre pidiendo con la mano y tras él una mano enorme de Bankia, sale del cajero. Hay chistes que lo haces y los publicas en el instante perfecto y tienen vida propia, la gente lo comparte por todos los lados, lo he visto en pancartas en manifestaciones, como ejemplos en cursos, en powerpoints, etc. Me siento orgulloso que una imagen mía resuma un sentimiento general y que se expresen con ella".
Malagón nos ha avanzado sus proyectos: "Ahora mismo estoy preparando nuevos proyectos para el mes de septiembre que será calentito, me temo, informativamente hablando. Esperando un par de libros a ver si salen y un par de proyectos periodísticos a ver si llegan a ver la luz".
Mientras podemso disfrutar de Necronomía, una de las visiones más lúcidas e irónicas de la difícil situación por la que atraviesa la economía española.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Programa de web-Tv utiliza o jornalismo e ironia para cobrir política candanga


Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal vira pauta do vlog Pronto Postei . Deputados são meio evasivos nas suas justificativas de voto
Meio na linha CQC, o brasiliense ganha na Internet um programa de TV que se propõe a aprofundar a cobertura da Câmara Legislativa do DF. Segundo o responsável pela iniciativa, o jornalista, blogueiro e apresentador, Eldo Gomeso projeto #ProntoPostei, utiiza o jornalismo com entretenimento para falar de  assuntos sérios. 
O projeto começou no dia 8 de julho, com uma gravação feita com a cantora Thathi. As gravações são feitas de um dispositivo portátil. Na mais recente edição, o programa saiu as ruas de Brasília para perguntar aos brasilienses, o que é o PDOT. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal acaba de ser votado pela CLDF. Foi aprovado com 17 votos favoráveis na Câmara Legislativa e aguarda sanção do governador do DF. O resultado colhido pelareportagem? A maioria dos entrevistados não sabia o que é PDOT ne, que alterações no ordenamento das regiões do Distrito Federal: Urbanas e Rurais, foram aprovadas.
A edição do #ProntoPostei, dirigido  Eldo Gomes, conta com a participação especial de Leiliane Rebouças, blogueira, que integra a equipe do Adote Um Distrital, projeto que fiscaliza o trabalho dos deputados distritais.
Confira no final do vídeo a “dança do PDOT”


O programa é polêmico, porém, através do humor com inteligência tem o objetivo de levar assuntos de interesse público para o público internauta. Veiculado oficialmente no canal do YouTube, o projeto já conta com 17 produções audiovisuais curtas no ar – conhecidas como vlogs, que além de utilizar uma linguagem diferente de produção audiovisual, tem a meta de não ultrapassar dos 5 minutos, sempre de forma descontraída e divertida. 
Mais sobre o Vlog #ProntoPostei
O vlog é uma variante de blogs, que é feito com conteúdo audiovisual. Um canal no youtube, ou até mesmo, outro compartilhamento de vídeos, que apresenta algum conteúdo. O Vlog #ProntoPostei nasceu de uma brincadeira, de gostar de fazer vídeos, sem produção ou com, inusitados e as vezes do nada, falando sobre conteúdos interessantíssimos ou não. Então, é assim, sem mais nem menos, derrepente e ele nasce e quando vejo “Pronto”, já postei, destaca o idealizador do projeto, Eldo Gomes.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

The Clinic: a inacreditável história da mais famosa e irreverente revista chilena

Do Opera Mundi

Dizem por aí que bom jornalismo é coisa séria. E quanto mais investigativo, mais denso e carrancudo tem de ser o repórter. Tudo isso pode até ser verdade. Desde que você não trabalhe para a revista mais lida do Chile.

O satírico The Clinic é hoje a publicação semanal mais influente do país mais tradicionalista e conservador da América Latina. O negócio é redondo como um pote de ouro no fim do arco íris: dá dinheiro, tem prestígio, é influente e está recheado de mulher pelada. É pouco? Acrescenta aí: um enorme bar de três andares num dos bairros mais boêmios de Santiago leva o nome da revista e reúne todos os dias em suas mesas o que, sem maior cuidado, poderia ser chamada de a nata da mocidade local.

Como ninguém é imune ao escárnio, um encontro entre Piñera e Berlusconi é um prato cheio para a revista

Para o padrão brasileiro, é como se o Pasquim renascesse e roubasse o lugar da Veja como a revista mais vendida do país – só que menos panfletária, mais leve, antenada. Toda semana, você veria nas bancas, na primeira página, alguma montagem grotesca de photoshop ironizando as figuras mais sisudas de Brasília. Dentro, haveria um ensaio fotográfico de alguma beldade capaz de revelar segredos de alcova de meia dúzia de figurões do mundinho empresarial. Tudo produzido por um bom time de repórteres investigativos. Junte-se a isso o bar de três andares, lembra dele? É uma espécie de bunker estiloso da boemia, erigido na esquina da Vila Madalena com os Arcos da Lapa. E, de uns anos para cá, rendendo rios de dinheiro.

O Opera Mundi passou uma manhã de outono com um dos donos deste improvável negócio, o empresário e escritor chileno Patricio Fernández. A entrevista foi feita na redação do semanário, que funciona no alto de um edifício antigo, na zona central de Santiago, de frente para o imponente Museu de Belas Artes.

"Pato", como é conhecido, instalou no meio desta zona nobre uma verdadeira metralhadora giratória. Camuflado entre as folhas que em junho caem como chuva em Santiago, ele e sua turma de 25 jornalistas miram e acertam entre os olhos das mais sólidas instituições chilenas: as Forças Armadas, o Partido Comunista, a Igreja, as igrejas, os fãs de Allende e de Pinochet, os mineiros soterrados em Atacama, as famílias de nome e sobrenome, os populistas e os adoradores de pobres de vitrine.

"Sinceramente? Sempre achamos que o próximo número seria o último. Mas a coisa foi fazendo sucesso sem que planejássemos nada. Hoje, vendemos 35 mil exemplares nas bancas, toda semana", diz Pato, enquanto ajeita os óculos de Woody Allen no rosto. "Isso não era pra ser sério", pontua num volume mais baixo, quase se desculpando.

No Brasil, 35 mil exemplares podem até não ser muito. Mas o Chile inteiro cabe dentro de São Paulo. Noves fora, é como se 1 em cada 85 lares chilenos tivesse um exemplar do The Clinic.

Reprodução/The Clinic
A 'morte de Osama bin Laden', pelo olhar do The Clinic

A revista nasceu em 1998, como um jornalzinho de quatro páginas distribuído de graça, sem publicidade. Era, na época, o material mais irreverente e depravado jamais editado em papel jornal na história do Chile.

O país vinha saindo de uma ditadura militar sangrenta. Entre o golpe de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet, e o fim da ditadura, em 1990, foram mais de 3 mil mortos e desaparecidos num espaço de 17 anos, sem contar os milhares de exilados políticos e a geração de chilenos que nascia no exterior, desarraigados de qualquer idéia de lar. O ambiente não era para piada.

A geração que gerou o The Clinic havia passado maus bocados na mão dos militares. Tanta juventude contida só podia mesmo desaguar numa catarse coletiva com o fim da ditadura. Sátira, crítica mordaz e um pouco de autodepreciação serviram de vetor para o jornalismo que emergia das profundezas de um caldo escuro, composto por densos rancores da censura, perseguição, brutalidade, moralismo, tortura e uma paranóia permanente, que custava passar.

Reprodução/The Clinic

Sátira crítica à Olimpíada de Pequim, em 2008

"Na verdade, acho que nem se tratava de jornalismo. Éramos apenas um grupo de amigos, jornalistas, artistas, intelectuais, pintores, gente criativa que juntava material e punha o panfleto para circular", conta Pato.

No ano de nascimento do The Clinic, o juiz espanhol Baltasar Garzón havia conseguido impor o primeiro constrangimento político e legal ao intocável general Pinochet. Ao deixar o Chile para buscar tratamento médico numa clínica de Londres, o ex-ditador acabou detido pela Scotland Yard no dia 16 de outubro daquele ano. A polícia londrina britânica agia com base num pedido internacional de busca e extradição movido pelo jurista espanhol. Era inacreditável que isso pudesse acontecer com quem, por quase duas décadas, havia exercido poder absoluto de vida e de morte contra todos os chilenos.

Reprodução/The Clinic

Sexta edição do The Clinic, tratando do tema que deu origem ao nome da revista

Pinochet permaneceu 503 dias em prisão domiciliar, na clínica londrina. Todos os dias, várias vezes ao dia, as TVs chilenas emitiam boletins ao vivo, transmitidos por repórteres que tinham atrás de si um letreiro que dizia "The Clinic". O nome da revista chilena nasceu daí. Sua alma, entretanto, vinha sendo gestada há muito tempo.

A gênese do The Clinic foi obsessivamente anti-pinochetista. Era como se o ditador encarnasse sozinho todo o mal da humanidade. Mas sua morte, em dezembro de 2006, mostrou que a publicação havia consolidado identidade própria.

Com o tempo, a revista comandada por Pato foi achando o tom. "Esse negócio de fazer piada com coisa séria é coisa séria", pondera. "Na dúvida, sempre nos guiamos pela receita do poeta Nicanor Parra, que nos dizia sempre: entre o vulgar e o pedante, prefira sempre o vulgar. É como se equilibrar num precipício todo dia".

Apesar do enorme desafio, o The Clinic nunca foi alvo de nenhum processo. "Acho que o pessoal sabe que, se nos processar, a piadaria vai comer solta. Talvez seja melhor deixar passar", diz Pato.

Uma das maiores mostras de que o semanário prefere a vulgaridade ao pedantismo está no concurso de nudismo promovido em 1998. O primeiro campeonato chileno de strip-tease terminou com um vencedor inusitado: o operário da construção civil que ficou de botas e completamente nu diante dos jurados, num dos principais teatros de Santiago. O vencedor preferiu trocar o prêmio oferecido pelo The Clinic – uma passagem aérea de ida e volta para o Rio de Janeiro – por dinheiro.