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sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Marketing político: brasiliense se destaca no cenário nacional

lio Pontes é indicado ao maior prêmio do Marketing Político brasileiro 

 

O brasiliense Júlio Pontes, 29, foi indicado ao 3º Prêmio Camp da Democracia, a maior honraria do marketing político brasileiro. A premiação ocorrerá no próximo dia 23 de agosto, às 17h, em São Paulo, durante o Digital Talks, principal evento de negócios do universo digital.

O prêmio é dividido em categorias Eleitorais, que abrange o período eleitoral de 2022; e Trabalhos Governamentais/Institucionais. A colocação só será conhecida no dia do evento, juntamente com a entrega dos troféus.

 Independentemente da categoria e da colocação já me sinto orgulhoso por mim e pelos colegas. Trabalhamos muito duro e o reconhecimento é gratificante, afirma Júlio Pontes. Ao todo, foram mais de 5.000 votos do júri composto pelos associados CAMP e especialistas convidados.

Atualmente, Júlio Pontes, coordenador do núcleo digital do União Brasil, e sua equipe disputam o prêmio em cinco categorias.
Conhe
ça os trabalhos:

1. Eleitoral

1.1 Melhor vídeo para internet.

2. Trabalhos Governamentais/Institucionais

2.1. Melhor ação digital para governo, partido ou mandato

2.2. Melhor vídeo para internet

2.3. Melhor peça estática

2.4. Melhor uso de humor

sábado, 22 de outubro de 2016

Minas Gerais tem a sua "bancada parlamentar do rádio"​

Em 64  anos, rádio de Minas Gerais "elege" 24 parlamentares


Por Carlos Eduardo Cherem, publicado originalmente no portal UOL

Uma das rádios mais populares entre os mineiros, a rádio Itatiaia tem ajudado a alavancar a carreira política de vários profissionais que participam ou participaram de sua programação. Já são 24 os integrantes da "bancada da rádio" ao longo dos seus 64 anos de história.

Os dois últimos foram Álvaro Damião (PSB), repórter de esporte, e Catatau da Itatiaia (PSDC), comentarista sobre direitos do consumidor, que foram eleitos vereadores em Belo Horizonte no início do mês.Uma das rádios mais populares entre os mineiros, a rádio Itatiaia tem ajudado a alavancar a carreira política de vários profissionais que participam ou participaram de sua programação. Já são 24 os integrantes da "bancada da rádio" ao longo dos seus 64 anos de história.
Além dos novos vereadores, há atualmente o apresentador João Vítor Xavier (PSDB) e locutor esportivo Mário Henrique Caixa (PV) que são deputados estaduais, e o apresentador de programa policial Laudívio Carvalho (SD), que é deputado federal.
Fundada em 1952, já foram 12 profissionais de comunicação eleitos para a Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, outros seis eleitos para Assembleia Legislativa de Minas, três para a Câmara Federal e um para a Câmara Municipal e Assembleia.
Junia Marise, por exemplo, além de vereadora, foi deputada estadual e federal, senadora e vice-governadora de Minas Gerais. E um dos mais conhecidos integrantes políticos da rádio é o jornalista Hélio Costa (PMDB), que foi deputado federal por dois mandatos, senador e ministro das Comunicações. Costa também se candidatou ao governo em 2010, mas acabou perdendo para o senador Antonio Anastasia (PSDB)
 "A rádio (Itatiaia) não incentiva, nem coloca obstáculos", afirma o proprietário da Itatiaia Emanuel Carneiro. "É direito do profissional participar do processo democrático", diz o radialista.
 Para Carneiro, o fato de diversos nomes da rádio ter sido eleito revela a "intimidade" com que os locutores têm com a população de Belo Horizonte. "A atenção que damos, em toda a programação, sobretudo no jornalismo e esporte, à opinião das pessoas, faz com que tenhamos intimidade com a população", diz o executivo.

Essa relação de "intimidade" com o ouvinte, na avaliação de Carneiro, é reforçada pela possibilidade de opinião dos comentaristas nos programas, e pelo fato de os repórteres estarem sempre nas ruas da capital mineira.

As paróquias do município
"Eles (os repórteres e locutores) vão para as paróquias, vão para as feiras, acompanham os casos de polícia. Eles trabalham nas ruas, não ficam na redação. Isso reforça a relação com a população, estão sempre presentes aos fatos. Isso faz diferença entre ter ou não ter penetração", diz Carneiro.

"Não vejo problema nenhum, deles serem candidatos. Se voltam (para a rádio) ou não, se forem eleitos, é decisão de cada um".

"Quase todos que se candidataram e perderam (a eleição), voltaram para a rádio. Alguns que vencem a eleição, às vezes não voltam por causa do acúmulo de atividades. Porém, se quiser voltar, pode voltar", afirma o executivo.

"Faz parte do jogo democrático".
O deputado federal Laudívio Carvalho (SD) explica que, embora não consiga manter o programa diário "Itatiaia Patrulha", às 17h, que tinha na rádio, após sua eleição em 2014, com as atividades legislativas que teve de assumir, ele continua participando de diversos programas da Itatiaia, sempre que pode.

"Mantenho contato com as pessoas, através da rádio, isso é muito importante. Participo direto dos programas, sempre emitindo a minha opinião", afirma o deputado.

"Meu voto é de opinião. Meu voto é de quem ouviu durante 35 anos a minha opinião, sobretudo sobre segurança, na Itatiaia", diz Carvalho.

"Me enterrem com meu radinho ligado na Itatiaia"
A professora da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Nair Prata, diretora da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação) e vice-presidente da Associação Brasileira de História da Mídia, conta que Juvenal Rosalvo Bispo, 87, morador de Belo Horizonte, poucas horas antes de morrer em 2008, teve frustrado seu último pedido em vida: ter um rádio na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) no hospital onde estava internado para ouvir a programação da Itatiaia.  O filho dele tentou, mas não conseguiu entrar com o aparelho "escondido" no hospital.

No dia seguinte, em 11 de novembro de 2008, o jornalismo da rádio Itatiaia deu ampla cobertura ao enterro de Bispo no Cemitério da Paz, em Belo Horizonte.

"O filho, com a concordância da viúva e de outros parentes, colocou no caixão, junto ao corpo do pai, um rádio ligado na Itatiaia, com pilhas novas", diz a professora.

"A Itatiaia representa Belo Horizonte. Representa Minas Gerais. Não há qualquer outro órgão de imprensa no Estado que tenha essa condição", afirma Prata.

A especialista explica que não é somente a audiência da rádio na região metropolitana de Belo Horizonte que, segundo ela, a Itatiaia tem o primeiro lugar há décadas (com 94% da audiência na programação esportiva), que explica o sucesso dos seus locutores nas urnas.

Prata lembra que Belo Horizonte não é sede de nenhuma das grandes redes de televisão, que estão concentradas no eixo Rio-São Paulo e isso incomoda a população. "A última emissora genuinamente mineira, com forte programação local e de jornalismo, a TV Itacolomi, acabou no fim da década de 1970, causando grande comoção na população, que se sentiu órfã", diz.

Assim, explica a professora, quando a Itacolomi acabou, a rádio Itatiaia soube assumir o papel de "representar" a população, identificando-se como defensora dos interesses de Minas Gerais.

"O slogan da TV Itacolomi era "a TV de Minas". A Itatiaia adotou o slogan "a rádio de Minas" e soube incorporar muito bem esse papel de representante dos interesses da cidade, dos moradores", afirma.

"Mas não é só isso", diz a especialista. "O fato de ter duas redações, de jornalismo e de esportes, funcionando 24 horas por dia, com diversas equipes de repórteres na rua, mantendo uma cobertura ágil e de qualidade das notícias locais, sustenta também o prestígio da Itatiaia que é alguma coisa inabalável, pelo menos até hoje", afirma.

"Qualquer líder político, empresário, sindicalista, morador de rua, dona de casa, motorista de táxi que vá falar com a cidade, o faz pela Itatiaia", afirma Prata.

"Os locutores, apresentadores e repórteres da rádio, por tudo isso, são bastante conhecidos e prestigiados. E alguns deles se candidatam e conseguem ser eleitos. Outros não. Há também muitos que se candidatam, mas perdem a eleição", diz a pesquisadora.

A bancada da rádio Itatiaia em 64 anos

1. Alberto Rodrigues – vereador

2. Aldair Pinto – vereador

3. Álvaro Damião – vereador

4. Antônio Roberto – deputado federal

5. Catatau da Itatiaia – vereador

6. Dênio Moreira – deputado estadual

7. Dirceu Pereira – deputado estadual

8. Edson Andrade – vereador

9. Eduardo Lima – vereador

10. Eli Diniz – vereador

11. Fernando Sasso – vereador

12. Hélio Costa – deputado federal, senador e ministro

13. João Vítor Xavier – vereador e deputado estadual

14. José Lino Souza Barros – vereador

15. Junia Marise – vereadora, deputada estadual e federal, senadora e vice-governadora

16. Laudívio Carvalho – deputado federal

17. Mário Henrique Caixa – deputado estadual

18. Mário de Oliveira – deputado federal

19. Nelson Carvalho – deputado estadual

20. Olavo Leite Kafunga Bastos – vereador

21. Tancredo Naves – deputado estadual

22. Vilibaldo Alves – vereador

23. Wânia Carvalho – vereadora

24. Wellington de Castro – deputado estadual

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Opinião: Empresas perdem sentido e os jornalistas, seus empregos

Cartaz afixado nas ruas de Rio Branco, Acre
Por Carlos Tautz, publicado originalmente no Observatório da Imprensa


Antes de tudo, minha solidariedade às centenas de profissionais demitidos pelas empresas convencionais de comunicação. E, se isso ajudar de alguma forma, saibam que suas demissões pouco têm a ver com as razões apresentadas pelo patronato.
Nada de queda de faturamento, concorrência com a internet, diminuição do número de anunciantes e leitores etc etc.
A verdade é outra e discutir alguns de seus aspectos mais amplos ajuda a entender o cenário em que nos encontramos.
A mais importante razão para o fechamento em massa de postos de trabalho é o posicionamento político radical da indústria de comunicação. A maior parte do que se noticia ou se deixa de noticiar nestes meios, em especial em matéria de política e de economia, está sujeita a este posicionamento, e não a tradicionais critérios jornalísticos.
Em grande medida, a informação publicada é um ato de fé e de interesse corporativo, que se enquadra em um sistema de ideias. Quem lê ou ouve uma notícia tem de se esforçar para separar o fato objetivo de sua interpretação ideológica.
Sempre foi assim na América Latina. Na ausência de instituições político-partidárias capazes de tecer uma narrativa lógica de sua forma conservadora e reacionária de ver o mundo, entram em ação os conglomerados de mídia para ocupar esse espaço.
Antes, reuniam-se na Sociedade Interamericana de Imprensa para jogar a sua parte na Guerra Fria. Agora, organizam-se no Grupo de Diários Américas para combater os mandatários que sucederam os governos eleitos na onda neoliberal dos anos 1990. Seus alvos preferidos são os governos de Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai (este deposto por uma articulação em que as empresas de comunicação tiveram papel destacado), Peru, Venezuela e Uruguai.
Não é de se estranhar, assim, o que revelam pesquisas de confiança do leitorado. Elas apontam que boa parte do que é publicado vêm rapidamente deixando de fazer sentido para seus leitores, enfastiados de uma cobertura que se caracteriza por uma visão pré-concebida da realidade, recheada de preferências particulares e, muitas vezes, pouco vinculada à realidade factual.
Outras fontes de informação passam, então, a produzir sentido – como os inúmeros informativos gratuitos distribuídos pela internet, celulares etc. Ainda que eventualmente parciais, muitos deles assumem que posição defendem. Ao contrário da mídia convencional, não se arrogam o status de oráculo da verdade, de bastiões da informação crível e de guardião das instituições democráticas.
Blogs, sites e que tais têm seu valor justamente por serem apenas o que são, como atestam seu crescente impacto informativo. Por que então optar pela velha mídia convencional ideologizada?
É emblemático – inclusive por razões históricas – que o mais recente passaralho de grandes proporções ocorra n´O Globo. Ele é uma espécie de núcleo duro ideológico da holding Globo, a maior de sua área no Brasil, que por sua vez inspira politicamente os demais grupos do setor. Mais cedo ou mais tarde, as principais posições políticas do grupo Globo acabam mimetizadas pelas demais empresas.
É a segunda vez em 2015 (a primeira ocorreu em janeiro) que O Globo varre de seus quadros, numa onda só, dezenas de profissionais de imprensa – outras empresas do grupo fizeram o mesmo, mas dissimuladamente. Somando os dois tisunamis, foram quase 80 profissionais da redação mandados embora.
Os concorrentes miméticos d´O Globo seguem caminho semelhante, às vezes por razões distintas. No Rio de Janeiro, foi o caso do recentemente falecido Brasil Econômico, de O Dia e do provedor de acesso à internet IG, pertencentes à Portugal Telecom (PT). A PT investiu em mídia no Brasil buscando influência política para operar a telefônica Oi, em que detém cerca de 30% do capital votante. Sabe-se lá o porquê, a posse dos veículos de comunicação perdeu sentido para a PT, que não hesitou em fechar o BE e deixar o tradicionalíssimo O Dia em estado de alerta.
Em um ano, perto de dois mil postos de trabalho de jornalistas foram fechados no Brasil.
Pelo seu peso específico, o grupo Globo – pertencente à família mais rica do Brasil, segundo a Forbes – é o ator emblemático nesse movimento de perda de sentido das empresas de comunicação e dois momentos são particularmente especiais para exemplificar a repulsa à cobertura de O Globo e a consequente e imediata queda de sua audiência.
O primeiro é a capa do jornal em 17 de outubro de 2013, um dia após a PM ter desocupado a escadaria da Câmara dos Vereadores do Rio, onde centenas de manifestantes se reuniam pacificamente havia semanas. O Globo criminalizou preventivamente e violentamente os manifestantes. Desconsiderou que, culpados ou não, eles ainda precisariam ser julgados pela Justiça.
As consequências foram imediatas. Primeiro, repórteres que vão às ruas cobrir a realidade que a direção do jornal despreza queixaram-se do tratamento editorial das prisões. As caixas de email da redação foram entupidas de mensagens reclamando do tratamento dispensado aos manifestantes (todos foram soltos por falta de provas). E, nos dias seguintes, multiplicou-se por quase 20 o número médio de pedidos de cancelamento de assinaturas.
O jornal não reorientou sua cobertura e simplesmente optou por bloquear os sistemas de recebimento de e-mails e de pedidos de cancelamento.
O segundo momento se deu no início de agosto de 2015.
Um dos herdeiros do grupo Globo, João Roberto Marinho, tomou a iniciativa de procurar a Dilma e a bancada do PT no Senado para informar-lhes que o grupo desembarcara da tese do impeachment – contrariando a verdadeira cruzada pelo impedimento da governante em que seus veículos, a tevê à frente, estavam empenhados desde a posse até aquele momento.
Com efeito, viu-se um abrandamento na ferocidade das críticas a Dilma e ela recebeu generosos minutos no Jornal Nacional para que, pela primeira vez, pudesse se defender dos ataques que recebia.
As áreas de inteligência do governo federal circularam a informação de que essa mudança de posição se deve ao fato de a Globo ter sido escolhida pelos maiores grupos econômicos instalados no Brasil como porta-voz de uma posição de manutenção da ordem democrática. Eles possuem interesses valiosíssimos no País e o impedimento de Dilma poderia afetá-los, em um momento de turbulências internacionais.
Se esta versão se verifica ou não, é outra estória. O fato, objetivo, é que aconteceram as reuniões em Brasília e Dilma ganhou uma valiosa trégua capitaneada pelo mais importante grupo de mídia do País.
Assim, do dia para a noite, aquela que era achincalhada pelo noticiário do grupo Globo transformou-se naquilo que nunca deveria deixar de ter sido: apenas mais uma governante, cuja administração precisa ser escrutinada permanentemente por jornalistas, e não o Judas midiático a quem se imputam de chofre todos os crimes.
Com variações de escala, método e impacto político, situações desse tipo já ocorreram em muitas outras redações País afora. As maiores invariavelmente combinam cobertura conservadora com a publicação de colunistas reacionários e agressivos. Aliás… Quantos colunistas progressistas publicam na imprensa diária?
A sociedade é plural e tem direito a uma comunicação idem. Se não a encontra nas fontes convencionais, procura essa pluralidade em outras fontes.
A segunda grande razão central para o cíclico (e crescente) descarte em massa de postos de trabalho para jornalistas é a opção de os veículos de comunicação agigantarem seus departamentos de entretenimento e transformarem seus veículos noticiosos em meros cadernos divulgadores da sua própria indústria do lazer.
Entretenimento e relações públicas se disfarçam de jornalismo, usando-lhe as técnicas e a credibilidade individual de vários profissionais de imprensa. Vários deles e delas abandonam a redação e passam a estrelar de reality shows a programas de amenidades. Deixam se ser ótimos repórteres e se transformaram em apresentadores enfadonhos e arrogantes.
Jornalistas que insistem em desvelar as relações de poder passam a ser peças indesejáveis e altamente descartáveis. A extinção de postos de trabalho integram-se à lógica desse setor de informação-entretenimento (infotainment, como um teórico estadunindense já chamou).
O próprio jornalismo passa a ser indesejado e inviável, se for entendido como uma forma de investigação e de vigilância sobre as relações entre o Estado e as corporações. Dessa maneira, por exemplo, fica impossível o grupo Globo cobrir as fraudes na CBF. Há décadas, ambos são sócios nas transmissões de futebol.
Entretanto, por mais sombrios que sejam, esses não são os únicos futuros possíveis para a nossa profissão. Quem a entende como uma forma de intervir na realidade tem vários e promissores exemplos alternativos, mesmo entre as empresas de comunicação que operam rigorosamente dentro dos limites do mercado de notícias.
Há experiências de organizações de jornalistas independentes – como a Agência Pública no Brasil e o International Consortiun for Investigative Journalism nos EUA. Mas, o exemplo ótimo de empresa jornalística lucrativa e crítica – que vem rapidamente se recuperando de prejuízos em anos passados e batendo recordes internacionais de audiência – é o inglês The Guardian.
Não à toa, foi ao Guardian que Edward Snowden denunciou o sistema mundial de espionagem montada pela NSA estadunidense. O Guardian é uma prova concreta de que o jornalismo é viável sob qualquer ponto de vista.
A hora da demissão dói tanto que parece que nunca irá acabar. Quanto mais laços profissionais e de amizade pessoal se criam nos locais de trabalho, mais dramático e longo é esse momento triste. Para que ele sirva de lição, precisa ser compreendido como de fato é: não um ponto final. Mas, um ponto de partida para recriar o sentido do jornalismo e de jornalistas.

domingo, 27 de julho de 2014

Opinião: Rússia, Venezuela, Argentina e Irã rompem hegemonia midiática‏

Por FC Leite Filho, publicado originalmente no blog, Café com Política

O esforço de reportagem da televisão Russia Today (rt.com) para contestar a insistência da mídia ocidental em responsabilizar o presidente Vladimir Putin pela queda do voo MH17 da Malasya Airlines, na Ucrânia, matando 298 pessoas, já produziu um recuo americano. Washington acabou tendo de descartar o envolvimento direto dos russos na tragédia e atribuiu a responsabilidade a um equívoco dos separatistas pró-russos que atuam na área sinistrada. No Brasil, a revista Veja chegou a publicar a capa de sua edição da semana passada encimada pelo título “A CULPA DE PUTIN”.
Por sua vez, a Telesur, o canal multi-estatal (Venezuela, Cuba, Argentina, Bolívia, Uruguai e Equador) volta a ser destaque, com o lançamento ontem de sua multiplataforma em inglês destinada aos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio e Ásia, com enfoque nas guerras da Síria e Ucrânia  e da matança de Israel na Palestina.
Como se sabe, a Telesur já havia desmoralizado, com uma cobertura de primeira linha, a versão americana de que não tinha ocorrido um golpe militar em Honduras, em 2010. Suas câmeras mostraram como o presidente Mel Zelaya foi retirado de sua casa, no meio da noite, de pijana, e colocado por um grupo de policiais em um avião militar que o deixou sozinho na pista do aeroporto da Costa Rica. Ultimamente, o chamado canal  do sul,  já vinha desfazendo manipulações da mídia ocidental, através dos correspondentes próprios despachados para a Líbia e a Síria.
Num âmbito ainda mais continental, a TV Pública da Argentina alcançou uma audiência superior a 49% de audiência nos principais jogos da Copa do Mundo no Brasil e sustenta um programa diário, o 678, também com rating considerável, denunciando a campanha de desestabilização que movem os grande grupos de comunicação privado Clarín e La Nación contra a presidenta Cristina Kirchner. Além da TV Pública, o governo implantou o sistema de TV Digital com uma meta de atingir 40 canais de alcance nacional, dos quais já estão funcionando o Encuentro, destinado a questões culturais, Cinema, Patatá (infantil), Esportes e Ciência e Tecnologia.
Finalmente, o Irã, com a sua Press TV, em inglês e árabe, e a Hispantv, em espanhol, também vem trabalhando há mais de cinco anos neste olhar alternativo das notícias, através de informativos sustentados por uma rede de correspondentes espalhados nas principais capitais, inclusive da América Latina. Todos esses serviços informativos são acessíveis pela internet e redes sociais, inclusive com transmissão streaming (direta) em canais de vídeo, como o Youtube, o que aumenta ainda mais sua penetração, sobretudo depois da habilitação dos celulares, hoje responsáveis por cerca de 40% de todo o acesso digital.
Opção em inglês – Com sede em Caracas, a Telesur entrou ontem no ar com uma multiplataforma em inglês (já vinha há nove anos transmitindo em espanhol) e que, em breve incluirá o árabe e o mandarim. Para isso, a plataforma utiliza uma equipe de jornalistas, intelectuais, cientistas políticos, artistas e jovens bandas musicais. Entre os jornalistas, figuram Tariq Ali, célebre ativista paquistanês residente há muitos anos em Londres e que passará a responder pela cobertura na Europa, e Jorge Gestoso (ex-expoente da CNN en Español), que ficará a cargo das notícias geradas a partir de Washington, além do pensador Noam Chomsky (veja vídeo).
A ação destas plataformas multimídias de Moscou, Caracas e Buenos Aires , que incluem serviços de TV aberta, cabo, internet e streaming (Youtube e outros serviços de direto de vídeo), permitem deduzir que a comunicação alternativa começa a se tornar uma realidade e que se pode estar próximo o equilíbrio do noticiário,. Este até aqui  fixava a versão dos fatos a partir da ótica dos Estados Unidos e da Europa, sem levar em conta o resto do mundo, incluindo a Rússia, a China, a Índia e América Latina, com população muito maior do que o chamado mundo ocidental.
Este papel alternativo chegou a ser ensaiado pela Rede Al Jazeera, do Catar, que, no início de suas transmissões, em 1996, oferecia uma visão mais consentânea do mundo árabe, mas depois foi arrastada pelos americanos, que têm naquele país sua maior base militar no Oriente Médio. Sua versão  preponderante não difere muito da de Washington e da União Europeia, como se fora uma CNN, BBC ou France24.
A função das estatais Russia Today,  Telesur, TV Pública Argentina e Press TV, assumem grande importância, na medida que o mundo deixa de ser unipolar, com domínio exclusivo dos Estados Unidos, para transformar-se em multipolar, ou seja, com vários polos de poder, como a China, a Rússia, e a América Latina, dotados territórios ricos em energia e recursos minerais e sobretudo água potável abundante, condições de que carece o chamado primeiro mundo.
A realidade desse novo cenário internacional ficou evidente na recente reunião dos BRICS, bloco de países constituído pelo Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, realizou entre si nos dias 14 e 16 de julho, em Brasília e Fortaleza, e com os chefes de Estado dos 12 países da América do Sul, que formam a UNASUL – União das Nações Sul-Americanas.
As discussões foram produtivas e resultaram na constituição do Novo Bando de Desenvolvimento e do Fundo de Reserva de Emergência de 100 bilhões de dólares para atender a projetos dos paeises membros e associados dos BRICS, além de projetos para a constituição de uma rede de internet própria, de modo a evitar a atual centralização nos Estados Unidos, e de redes de instrumentos de mídia capazes de fazer frente aos congolmerados privados de comunicação que sufocam e desmoralizam os seus governos.
Com efeito, a manipulação midiática mostrou seu lado mais despótico e lesivo à soberania desses países emergentes na cobertura, tanto da queda do avião da Malásia na Ucrânia, quanto da última invasão e massacre da Palestina, por parte do governo de Israel, este com total respaldo americano e europeu. O caso do vôo MH17 merece uma apreciação específica. Antes, no comando de uma ofensiva midiática internacional, envolvendo o próprio presidente Barak Obama e o secretário de Estado John Kerry, os meios de comunicação ocidentais procuraram impingir a noção de que a Rússia e seu presidente Vladimir Putin eram os únicos culpados, sem dar qualquer espaço para a versão dos acusados ou mesmo do benefício da dúvida.
Tampouco mostrou qualquer prova de suas afirmações, a não ser vídeos grosseiramente manipulados pelo governo pró-ocidental da Ucrânia e que foram desmentidos. Assim tinha ocorrido com a invasão do Iraque, da Líbia e da Síria, como aliás sempre se comportou a chamada mídia hegemônica, quando não havia vozes alternativas para apresentar a verdade factual.
Recorde-se que o secretário Kerry chegou a dizer que os americanos tinham imagens comprovando a derrubada do avião por um míssil soviético terra-ar manobrado por militantes pró-russos. Cadê as imagens autênticas? Nunca apareceram.
O trabalho insistente da rt.com, que já se transformou numa das redes internacionais a cabo de grande audiência, só suplantada pela BBC nos Estados Unidos, e já tendo alcançado um bilhão de acessos no Youtube parece estar eendendo frutos . É que ela vem alardeando a insuficiência de provas da narrativa dos americanos e ainda a possibilidade de que a tragédia do MH17 tenha sido fruto de uma provocação da Ucrânia com o fim de desmoralizar a Rússia. O fato acabou levando Washington a engolir os fatos como eles realmente podem ter ocorrido, a julgar pelas hesitações ultimamente demonstradas pelos porta-vozes do Departamento de Estado. (Veja vídeo em inglês)  Tanto é assim que o Departamento de Estado, além de, agora, descartar a participação de Putin e do Kremlim no abatimento do vôo malaio,  vem alegando, em tom mais moderado, que a ação contra o MH17 pode ter sido produto de um equívoco no manuseio do míssil dos separatistas pró-Rússia.
Veja também:

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Análise de palavras chaves revela comportamento editorial da grande mídia

Com base em informações da Adnews

A prisão dos réus no caso mensalão trouxe uma velha discussão aos blogs e veículos jornalísticos: os veículos de comunicação estão defendendo algum lado? Em seus perfis nas redes sociais, comunicólogos de diversas áreas discutem a cobertura da mídia nos escândalos do colarinho branco. A grande questão: os grandes veículos mantêm um equilíbrio?
Uma forma de avaliar o comportamento editorial da mídia é avaliar os rótulos que ela utiliza ou dá prioridade em seus conteúdos.

O Adnews mostra abaixo quais os termos que alguns dos principais veículos utilizam para discutir escândalos famosos do meio político. Os resultados são referentes a buscas feitas na segunda-feira, 18/11/2013. Os números sugerem como trabalha cada um dos veículos citados e qual linha editorial eles seguem.

Será que todos os veículos respeitam o artigo 3º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros que diz: "A informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo"?

Confira na tavbela abaixo os conceitos preferenciais de cada um dos principais meios de comunicação da grande imprensa brasileira. Os veículos estão ordenados em ordem alfabética. Vale lembrar que os resultados podem incluir comentários dos leitores nas notícias e não levam a audiência dos sites em conta.

TERMOS MAIS UTILIZADOS PELA GRANDE IMPRENSA
Termo
Mensaleiros
Privataria tucana
Mensalão mineiro
Quadrilha petista
Mensalão tucano
Quadrilha tucana
CPTM
Propinoduto Tucano
Ação penal 470
Mensalão
Mídia
Brasil 247
5.480
8.820
522
83
1.790
119
601
303
24.400
10.100
Carta Capital
257
286
885
00
686
0
665
3.510
7.330
3.420
Época
53
01
04
02
01
0
10
0
09
162
Estadão
2.450
144
722
53
379
0
935
05
4.680
254.000
Folha
7.680
167
455
45
14.900
02
323
03
495
321.000
G1
1.300
223
924
29
218
0
779
09
25.600
366.000
IstoÉ
2.390
329
686
40
3060
05
1.450
1330
9.260
7.650
Veja
52.700
664
751
1.450
395
03
333
22
10.900
178.000