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quinta-feira, 20 de março de 2025

Mangue Jornalismo: uma experiência sergipana por uma outra comunicação

Diante da conjuntura local sergipana, a Mangue Jornalismo estabeleceu um tripé que a sustenta: a) independência editorial e financeira de governos, empresas privadas, grupos religiosos e partidos políticos; b) publicação de uma reportagem por dia de temas locais que são atravessados pelos direitos humanos; c) transparência completa de suas ações jornalísticas, administrativas e financeiras, inclusive se submetendo a um controle público de um conselho de leitoras e leitores da Mangue.


Bem longe dos grandes centros nacionais, no quase invisível menor estado do Brasil, uma experiência de um outro jornalismo vem sendo realizada. Na esteira do surgimento de mídias independentes nos últimos anos, brotou em Aracaju, capital de Sergipe, a Mangue Jornalismo, um pequeno coletivo de jornalistas com o propósito de propor uma relação comunicativa no tratamento das informações de modo diferenciado e potente.

“Tinha concluído o mestrado e o doutorado em Comunicação e o caminho quase natural seria a universidade. Entretanto, optei por exercer essas formações acadêmicas de modo mais coletivo, convidando comunicadores para a vivência de um jornalismo radicalmente independente e de qualidade, incidindo no sistema de mídia local, na formação de jovens jornalistas e de leitores e produzindo impacto político”, diz Cristian Góes, fundador da Mangue.

Print da página web do Mangue
Jornalismo, que também
 pode ser acessado no celular
No final do ano de 2022, alguns jornalistas liderados por Cristian criaram o Centro de Estudos em Jornalismo e Cultura Cirigype, organização sem fins lucrativos que preparou a chegada em 19 de abril do portal Mangue Jornalismo (www.manguejornalismo.org). A Mangue surge precedida de estudos e planejamento, com identificação das dificuldades e potencialidades.

Para entender o jornalismo da Mangue é preciso olhar o contexto local. A imprensa local - emissoras de rádio e tv, jornais e sites - ou é controlada por grupos políticos ou religiosos ou do governo. Geralmente, todos estão juntos e formam um sistema só, sendo muito bem remunerado pelo poder público. “Nessas condições não há jornalismo, não tem apuração nem vozes críticas. A sociedade recebe publicidade travestida de notícias. A omissão e inversão de temas e acontecimentos favorece o sistema político e econômico local”, informa Cristian.

Diferentemente de outros estados, em Sergipe não existia mídia independente, ou seja, havia um vácuo em que uma camada mais crítica da sociedade local não tinha acesso a um jornalismo com mínima apuração, ético e que revelasse questões que o sistema local não queria abertas. Para atender essa demanda reprimida, a Mangue Jornalismo surge tendo por base uma política editorial assentada na defesa e promoção dos direitos humanos.

O nome Mangue faz referência a Sergipe que, como grande parte do litoral nordestino, foi um grande mangue, sendo destruído desde as invasões europeias do século XVI. “Mangue é lugar de produção e reprodução da vida diversa, plural, das sobrevivências conectadas, um lugar de potência de vida. Mangue aponta para discussão em torno da sua importância nas mudanças climáticas e exige um compromisso do jornalismo. Mangue em cidades como a nossa aponta para resistência, insistência, existência sempre ameaçada pelo capital”, justifica Ana Paula Rocha, repórter e gestora de projetos da Mangue

Mangue jornalismo: reunião do Conselho
de Interlocutores Externos,
analisando, criticando, sugerindo pautas.

Diante da conjuntura local, a Mangue Jornalismo estabeleceu um tripé que a sustenta: a) independência editorial e financeira de governos, empresas privadas, grupos religiosos e partidos políticos; b) publicação de uma reportagem por dia de temas locais que são atravessados pelos direitos humanos; c) transparência completa de suas ações jornalísticas, administrativas e financeiras, inclusive se submetendo a um controle público de um conselho de leitoras e leitores da Mangue.

 “Isso mesmo, não aceitamos receber verbas de publicidade de governos nem de empresas privadas, focamos em reportagens de temáticas que são silenciadas em Sergipe e estabelecemos uma proximidade maiores com nossa audiência com a instalação do conselho de interlocutores externos da Mangue, que se reúne de três em três meses para avaliar de modo crítico o jornalismo e as ações da Mangue. É uma ação de profunda escuta da Mangue”, resume Cristian Góes, doutor em Comunicação e Sociabilidade pela Universidade Federal de Minas Gerais.

A sobrevivência da Mangue tem ocorrido com o apoio direto (Pix) de leitores, assinantes, participação de editais internacionais de fomento ao jornalismo independente e parcerias públicas pontuais - sem contrapartida - com sindicatos de trabalhadores.

 “Nesses quase dois anos, a evolução da Mangue foi algo extraordinário e muito além do que nós tínhamos projetado. Hoje, somos realidade na imprensa local, com incidência no estado, principalmente em razão da insistência em trazer um material jornalístico investigativo, de impacto, de qualidade”, conta Paulo Marques, jornalista e gestor de artes e tecnologia da Mangue.

Nesse curto período, além do site com reportagens publicadas diariamente, de segunda a sexta, a Mangue ainda tem outros produtos, como a newsletter semanal gratuita Catado da Mangue; a Agenda Mangue Cultural (publicada toda sexta); o ebook de download gratuito “Água: um direito humano essencial não pode ser privatizado” (2024, sobre a luta pela privatização da água em Sergipe); a Revista Paulo Freire, produzida em parceria com o Sindicato dos Professores Públicos de Sergipe.

A Mangue também produz e entrega o minicast Caldinho de Sururu, que é semanal, com temas de destaque da semana; o minicast Antessala, que é quinzenal sobre bastidores das reportagens e só para assinantes; Charges (tirinhas) publicadas no Instagram; e o livro impresso exclusivo da Mangue Jornalismo intitulado: “Borracha na cabeça: o golpe e a ditadura militar em Sergipe” (2024).

Para a Mangue, o jornalismo não é um mero espaço de divulgação de acontecimentos, mas um lugar de relação, formação e de incidência na vida das pessoas, da cidade, na agenda da sociedade. Pela Mangue, por exemplo, já passaram vários estagiários de jornalismo - uma contribuição direta com a formação de novos jornalistas.

Em 2024, quase não houve nada que lembrasse os 60 anos do Golpe Militar em Sergipe e a Mangue publicou durante o ano 19 reportagens sobre o tema com foco local, bem como um livro com bom impacto/incidência local sobre o tema, movimentando a cena política.

Em maio de 2024, por exemplo, a Mangue denunciou com exclusividade que Sergipe era o único estado fora do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Três dias depois da reportagem, o governo do estado assinou a adesão ao sistema.

Desde o nascimento, a Mangue não descansa em denunciar a altíssima letalidade policial em Sergipe, que executa uma política pública de morte alegando-se “confronto”. Quando a Mangue começou a divulgar esses casos, com grande repercussão e sem recuar, sinalizou que continuaria atenta e divulgando esse escândalo. “Essa vigilância, compromisso e coragem do jornalismo salva vidas. O fato é que, depois que começamos a divulgar isso, ocorreu uma redução oficial no número de mortes em confronto. Não sei, mas tenho a impressão de que com o nosso trabalho talvez acabamos salvando pelo menos uma ou duas vidas. É para isso que a Mangue existe”, constata Paulo Marques.

Paulo apresenta dados coletados e monitorados pelo Google Analytics. Nos últimos 12 meses, foram mais de 85 mil usuários ativos e 165 mil visualizações no site. A rede social principal (Instagram) da Mangue saiu de pouco mais de 6 mil seguidores para 11,2 mil. A conversão de assinaturas em nossa newsletter (Catado da Mangue) chegou a 500%.

Cristian Góes revela que a Mangue já teve 15 jornalistas, mas hoje só conta com cinco e a equipe divide as contas e o saldo mensal. “O grande desafio é a sustentabilidade, fazer com que muita gente que apoia a Mangue também seja responsável pelo financiamento da organização. As pessoas dizem: ‘gosto demais do jornalismo de vocês, amo o trabalho da Mangue’, bom mas é preciso virar a chave e apoiar com algum recurso. O que a gente arrecada hoje é suficiente para pagar as contas, mas ainda não é possível remunerar nosso trabalho. Esse é um enorme desafio”, afirma.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Vida de desempregado, por Ricardo Kotscho


Então, não tem outro jeito: depois de uma breve folga na Semana da Criança para curtir os netos na praia, comunico à praça que estou de volta ao mercado, como se diz. Qualquer trabalho honesto na minha área me interessa.

De uma hora para outra, os telefones param de tocar.
Ligam apenas alguns velhos amigos para perguntar o que aconteceu e dar um abraço.
Também rareiam as mensagens no correio eletrônico.
É como se você tivesse sido desligado do mundo: te tiraram da tomada, sem aviso prévio.
Estou desempregado pela primeira vez na vida, desde que comecei a trabalhar em jornalismo, com 16 anos.
Hoje faz uma semana que acordo de manhã sem ter o que fazer.
Não há mais anotações na agenda, nenhum compromisso.
É uma sensação muito estranha, de vazio absoluto.
Você descobre que o trabalho não é só teu ganha-pão para pagar as contas no final do mês.
No meu caso, sempre foi a própria razão de viver, minha ligação com o mundo.
Escrever para contar e comentar o que está acontecendo é a única coisa que aprendi a fazer.
Desde o meu primeiro emprego, nunca tinha sido demitido.
Foi uma paulada que não esperava, agora que estou próximo de completar 70 anos, com mais de 50 de carreira.
Nem sei por onde começar a procurar um trabalho novo.
Ao contrário da maioria dos outros 13 milhões de brasileiros sem trabalho, nem adianta distribuir meu currículo porque sou tão antigo que os possíveis empregadores já me conhecem.
O mar mercado, como sabemos, não está para peixe.
O fato de ser um profissional reconhecido e respeitado, que já trabalhou nas maiores empresas de comunicação do país, de repórter a diretor de redação, não é garantia de nada.
Enquanto a maioria das empresas do ramo reduz salários ou passa o facão sem olhar em quem, o mercado em geral busca mão de obra barata para substituir os que ganhavam salários melhores.
Esta é a realidade, e é com ela que precisamos lidar.
Para não me ver parado, minha filha Mariana Kotscho, também jornalista já veterana, abriu espaço em seu Facebook para publicar o que eu tiver vontade de escrever, enquanto monta uma plataforma independente para o meu blog, o Balaio do Kotscho, que está no ar desde 2008. Ela também criou aqui no Facebook uma página para o Balaio do Kotscho, assim já tenho onde publicar o que escrevo enquanto o site está “em construção”.
Já temos até endereço novo em casa própria: www.balaiodokotscho.com.brMinha filha caçula, a roteirista Carolina Kotscho, que está estreando o Musical “2 Filhos de Francisco”, já falou com a mãe para nos ajudar no que for preciso.
Por enquanto, é o que temos.
Sempre fui empregado, nunca tive negócios ou outras rendas fora do salário.
O que ganho de aposentadoria do INSS mal dá para pagar o plano de saúde.
Então, não tem outro jeito: depois de uma breve folga na Semana da Criança para curtir os netos na praia, comunico à praça que estou de volta ao mercado, como se diz.
Qualquer trabalho honesto na minha área me interessa.
Se alguém estiver interessado em patrocinar meu novo site, é só entrar em contato com minha empresária Mariana Kotscho.
Bom feriadão pra todos.


Vida que segue.
Abraços,

Ricardo Kotscho

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Opinião: A profissão de modelo no Brasil, seu significado, suas interpretações e mitos

Por Breno Ruins*

Em períodos de crise econômica e política sem precedentes que o país atravessa, nunca se viu uma discussão tão profunda sobre temas relevantes como a corrupção, fraudes, a atuação e atrito dos três poderes (judiciário, legislativo e executivo). Toda essa incerteza e insegurança bloqueiam o fomento de investimentos estrangeiro e nacional na iniciativa privada e consequentemente na economia brasileira. O país restringe a capacidade de gerar postos de trabalho, uma ação primordial para diminuir a desigualdade social e fazer a nação prosperar.

A projeção do PIB (Produto Interno Bruto) é de apenas 1,5% ao ano, segundo balanço de instituições. Este cenário gera caos e desordem. Estudos indicam que são mais de 12 milhões de desempregados e entidades alertam que a recessão bate a porta dos brasileiros, a engrenagem da economia não se movimenta, não havendo consumo, diminui a produção, sem produção se reduz a mão-de-obra e assim todos os setores que regem a economia são prejudicados diretamente.

Nesse período de final de ano, a discussão da sociedade economicamente ativa não é mais o que comprar no natal, ou para onde viajar. Mas sim em poupar recursos financeiros, para quitar dividas contraídas nesse período de desemprego e recessão.
Moda e produção
O setor da moda, que atuo é afetado nessa realidade lamentável. Trata-se de um ciclo. Se não se vende produtos e serviços como: calças, camisas, cosméticos, viagens não há necessidade de peças publicitárias, propagandas, marketing e ações do gênero, o que inviabiliza possíveis trabalhos em eventos, desfiles e campanhas publicitárias, tornando o setor cada vez mais escarço para atuar profissionalmente.

Pretendo nesse artigo revelar parte desse setor, o meio que atuo que abrange a moda, o mercado publicitário, seu conceito, suas expectativas e frustrações. Como ele seduz e pode ser cruel para aqueles que não conseguem interagir. Alerto como a profissão de modelo encontra-se cada vez mais frágil. Para onde o setor caminha e quais as perspectivas, oportunidades e desafios.

Pretendo sensibilizar os empresários do setor, que retém os meios de produção, para que notem as barreiras da carreira, que pode ser consolidada ou não de acordo com o perfil do interessado e as demandas que o mercado oferece para aqueles que como eu, preiteiam se atualizar e se adequar constantemente as estas exigências. Um sistema tripartite de cooperação mutua entre empresário, agência e modelo. Para se desenvolver um bom trabalho é preciso estar preparado, se atualizar, e isso gera custo, é preciso investir, mas os cachês, infelizmente não correspondem as expectativas na maioria das vezes, estão congelados, não possuem aumento algum, nem se quer o reajuste da inflação do período.
Conceito 

Um modelo (do francês médio modelle) é uma pessoa com papel social para promover, exibir ou advertir produtos comerciais (notadamente roupas de moda), servir como ajuda visual para criadores de campanhas publicitárias, desfiles e eventos, ou posar para fotografia. O objetivo não é a pessoa em si ou sua personalidade, mas sim outra personagem mais ou menos definida (pelo diretor de cena, que pode ser o fotógrafo, ou pintor, ou escultor ou o desenhista de uma determinada campanha, evento ou desfile, ou todos estes em conjunto), para o qual o modelo normalmente representa emprestando sua aparência física.


Mercado
Para se tornar um modelo, alguns pré-requisitos indispensáveis são exigidos por a maioria das agências no mercado. Contudo, as exigências dependerão de cada segmento (moda, publicidade ou arte), visto que modelos artísticos ou de provas tendem a ter um perfil mais específico ou exigente. No quesito altura, um(a) modelo precisa ter pelo menos 1,70 m, sendo, contudo, a altura ideal entre 1,74 e 1,79 m.

No mundo contemporâneo é preciso improvisar, ser polivalente, ou seja, realizar uma fusão de determinadas aptidões, físicas e intelectuais para exercer com excelência a profissão. Em determinados segmentos que se apropriam de sua imagem para usar como exemplo em uma ação publicitária. Muitos modelos que estão no mercado conciliam atuar na passarela, eventos, fazer teatro, estudar idiomas, desfile e concursos de beleza, cujo foco principal é utilizar sua imagem para um determinado produto ou serviço.

Minha experiência
Muitos alienados percebem a profissão como um seguimento que expressa glamour, fama e sucesso, e consequentemente a possibilidade de aquisição de bons rendimentos financeiros. Isso existe sim, mas a meu ver para uma parcela pífia, que representa cerca de 1% dos profissionais do setor.

Não é fácil ser modelo, existe assédio nas propostas para participar das campanhas, é preciso ter bom-senso, flexibilidade para se sobressair em situações adversas, onde podem surgir propostas indecentes e levianas, tendo em vista que você coloca a venda a sua ‘beleza’, sua imagem.

Apesar de minha pouca idade tenho muito a dizer e agregar para aqueles que pretendem iniciar carreira nesse meio. Posso dissertar amplamente sobre o tema, mais em uma sinopse resumo os seguintes tópicos de minha vasta experiência como modelo para interagir e refletir: 

·         Distinguir e ter consciência das possibilidades que se pode exercer como modelo, tendo clareza dos requisitos básicos para seguimentos de: desfile, evento, teatro, peça publicitária, campanha e afins;
·         Abrir mão de parte de sua vida pessoal, pois não existe um horário, local, ou momento periódico. Você precisa estar em qualquer lugar, em qualquer situação sem férias regulares;
·         Ser flexível e desprovido de preconceito. Ter consciência de que você é um profissional, e esta propenso para qualquer campanha como: cerveja, cigarro, times de futebol etc;
·         Saber que existe um prazo de validade, você só fica no mercado enquanto for comercialmente favorável, depois de uma determinada idade o auge acaba;
·         Se adaptar, hoje você faz uma campanha de ‘uso de preservativos’, amanhã uma participação em uma campanha de cunho religioso, contra o uso de preservativos, ou uma campanha de cerveja e no outro dia uma campanha para indústria farmacêutica de um remédio que combate o alcoolismo;
·         Tenha humildade com todos, paciência para aprender, saber ouvir a todos sem exceção, muitas vezes a pessoa que você supõe não ter potencial algum é aquela que pode te surpreender mais adiante e ter destaque, por isso seja autêntico;
·         Ter planejamento, aonde você quer chegar, como pretende chegar e em quanto tempo.

Em resumo é preciso saber trabalhar com as oportunidades, que muitas vezes são escassas e destas identificar uma possibilidade de asserção da carreira. Muitas vezes estas oportunidades surgem quando menos esperamos, em circunstâncias aleatórias e rotineiras do cotidiano, como no supermercado, academia, universidade etc... No meu caso, recebi minha primeira proposta para modelar, na rodoviária de São José do Rio Preto-SP, aos 18 anos de idade, por um bokker que me abordou.
Em particular temos uma vida comum a qualquer outro cidadão, mas temos o estereótipo da ‘beleza’ (o que vendemos através da nossa imagem?), os padrões que a sociedade impõe para se sobressair e ser bem sucedido em um sistema neoliberal e capitalista, onde só os melhor obtém a vitória com a realização de seus sonhos. Vendemos uma imagem ‘ideal’, que deve transmitir esse padrão de beleza, e agregado a ela a sensação de felicidade e bem estar e acima de tudo de realização pessoal, profissional e familiar, somos um exemplo ser seguido e copiado. Ou seja, para que o consumidor final seja aceito na sociedade e feliz, ele precisar ter o produto ou serviço que ofertamos com a nossa imagem.

Destaco aqui essa analise relevante da minha percepção do mundo da moda, no intuito de contribuir para conscientizar e alertar os profissionais envolvidos do setor. Estou convicto que posso ir mais além, tenho foco e disciplina para projetar e alcançar minha asserção profissional, subir cada degrau desta tão árdua carreira, porém gratificante. Estou aberto a novos desafios profissionais, como por exemplo: entrevistas e realização de palestras motivacionais, que incentivem e sanem dúvidas de adeptos e profissionais envolvidos nesse setor.

*Breno Ruis é modelo, graduado em administração de empresas e Mister Men Universo 2016

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A mídia e revoada dos passaralhos


Por Camila Rodrigues, Bruno Fonseca, Luiza Bodenmüller e Natalia Viana, no sítio Pública:

O maior orgulho de Vera Saavedra Durão foi ver a filha virar jornalista. Isso porque ela própria, Vera, dedicou 35 anos à profissão, com a garra de quem cumpre uma missão. “Você quer que as informações sejam publicadas da melhor forma possível, que aquilo ali venha a público. A gente se entrega”, diz Vera. “Se minha filha seguiu o mesmo caminho é sinal de que ela viu valor nisso”.

A jornalista, hoje com 65 anos, abraçou a reportagem com a mesma paixão que lutou contra a ditadura, como militante da Vanguarda Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), onde foi companheira de Dilma Rousseff. Ficou dois anos na prisão; quando saiu, atuou como repórter de Economia nos então principais jornais do país – O Globo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo.

Em 2000, fez parte da equipe que fundou o jornal Valor Econômico, onde ficou por 13 anos. “No início eu cobria muito tudo, o empenho era muito grande para manter o jornal, com furos, afinal ele precisava se firmar. A gente fazia muita coisa”, lembra Vera, que traz dessa época a lembrança de uma úlcera duodenal sangrante, que surgiu quando fazia uma cobertura particularmente tensa para o Valor. “Perdi dois litros de sangue, e eu nem sabia, até que caí desmaiada. Eu me alienei tanto naquela cobertura, me estressei muito”, conta a jornalista, respeitada por sua competência e dedicação pelos colegas e fontes.

No dia 24 de maio passado, Vera foi demitida sumariamente, junto com mais de 20 colegas do Valor, jornal que pertence ao Grupo Folha e às Organizações Globo. “Fui apanhada de surpresa, não podia imaginar que eu podia entrar numa lista negra, para ser cortada de uma maneira tão brusca”. A surpresa foi ainda maior porque acabara de vir à tona que ela fora alvo de espionagem da empresa Vale S.A., segundo denúncia de um ex-gerente de segurança, caso ainda investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Mas Vera, que estava de férias, nem chegou conversar com a direção do jornal sobre a denúncia. “O jornal não teve contato comigo sobre isso. Mandei email para a chefia para conversar sobre isso, mas acabou a gente não conversando porque eu fui demitida”, conta.

“Depois de 13 anos trabalhando para engrandecer o jornal achei que teria direito a um período sabático e não a uma demissão”, diz ela. “O meu raciocínio sobre os meus direitos era o da minha classe, que é a dos jornalistas, dos que ‘carregam o piano’, e não dos acionistas, donos do jornal, que querem ver o resultado imediato do nosso trabalho”. Vera lembra de uma fonte empresarial que lhe dissera, em 2005, que merecia um bônus já que por causa de uma série de reportagens suas, o Valor passou a ser lido no Japão. “Eu disse que jornalista não tinha bônus, só ônus”.

Enquanto Vera ainda tenta digerir a demissão na sua casa do Rio de Janeiro, a mil quilômetros dali Flávio José Cardoso, de 51 anos, atende clientes de um belo restaurante à beira mar na ponta de Sambaqui, em Florianópolis. Há quatro anos, ele escrevia os editoriais do jornal mais lido de Santa Catarina, o “Diário Catarinense”, com 40 mil exemplares diários. Hoje, é garçom.

A guinada em sua vida começou em 2010, quando mudou o editor-chefe do jornal. Ele deixou de ser editor de Opinião e foi “promovido” a subeditor de Geral, seção que inclui de polícia a comportamento. “Passei a editar também o caderno Mundo, sozinho. Depois de um tempo, me colocaram para escrever matérias especiais todos os dias”. Além das reportagens e da edição, ele passou a fazer a diagramação, montar tabelas, procurar fotos. Se antes trabalhava das 13h às 19h, passou a ficar no mínimo 12 horas dentro do jornal, todos os dias – e estava sempre atrasado. “O trabalho que estava fazendo era para ser resolvido por oito ou dez pessoas. Entrava às 13h e saía a 1h, 2h da manhã, todos os dias. Não parava para comer; comia um salgado, enquanto digitava”. Isso quando o editor não falava, em alto e bom som para todo mundo ouvir, coisas como “Eu já te expliquei isso. Uma pessoa com um neurônio entende”.

Flávio aguentou a situação por um ano. “Isso leva o indivíduo a um nível de estresse que ele começa a se achar incompetente para executar as tarefas que faz há 20 anos”. Durante esse período, teve lesões nos tendões das mãos e na córnea, porque usa lentes de contato e ficava muito tempo exposto ao computador e ao ar condicionado. “Quando voltei de licença por causa da lesão, o editor-chefe teve a cara de pau de dizer que eu inventei a doença!”. Entrou com um processo contra o Diário. Hoje, embora seja garçom, colabora com uma revista especializada em economia. E não largou o jornalismo – ainda.

As histórias de Vera e Flávio não são exceção entre os jornalistas brasileiros; o que é raro é algum deles vir a público denunciar essa situação. Acúmulo de tarefas, assédio moral, hora extra não-remunerada, insegurança sobre o próprio futuro são males que infestam a indústria das notícias no Brasil. Embora sejam fruto de decisões empresariais que já duram alguns anos, nos últimos meses a situação se agravou com diversos grandes cortes de pessoal – os chamados “passaralhos”.

Uma ave que acaba com tudo

Passaralho é um jargão agressivo para as demissões em massa nos meios de comunicação. Remete a pássaros, revoadas de algo que destrói tudo por onde passa. De março a maio de 2013, eles passaram sobre redações grandes como Estadão, Valor Econômico, Folha de S. Paulo e já sobrevoam a editora Abril, a maior do país, além de atingir a maioria dos jornalistas em redações menores, como Brasil Econômico e Caros Amigos. Isso, somente dentre as empresas sediadas na cidade de São Paulo. No estado inteiro houve demissões no jornal A Tribuna, o maior da região da Baixada Santista, e na Rede Anhanguera de Comunicações (RAC), que domina as regiões ao redor de Campinas, Ribeirão Preto e Piracicaba.

Considerando apenas os jornalistas registrados em carteira e somente na cidade de São Paulo, foram registradas 280 demissões homologadas de janeiro a abril desse ano, 37,9% a mais que no mesmo período de 2012, quando foram registradas 203 homologações por conta de demissões. Ou seja, tudo indica que 2013 será pior que o ano passado, quando mais de 1.230 jornalistas foram demitidos de redações no Brasil. Os motivos, em geral, foram “reestruturações”, que nada mais são que novas formas de organizar o trabalho usando menos pessoas e mais tecnologia.

“É um ponto fora da curva”, diz Paulo Totti, que, com quase 60 anos de jornalismo, também foi vítima do corte no Valor. Totti usa a expressão para explicar que, na indústria do jornalismo, os trabalhadores mais experientes são descartados facilmente e substituído por recém-formados – o oposto do que acontece em outras áreas. “Em nenhum outro ramo da economia se vê atitudes semelhantes. Os administradores têm a preocupação de manter a sua mão-de-obra qualificada”, diz Paulo, que sempre cobriu economia, e com excelência. Em 2006 foi vencedor Prêmio Esso, o mais respeitado do jornalismo brasileiro, com uma série sobre a economia chinesa. Meses antes de ser demitido, havia se oferecido para fazer oficinas com cada uma das editorias do Valor, para ajudá-las a melhorar a qualidade dos textos. “Há, claro, uma certa surpresa, já que a demissão não decorre de uma maior ou menor dedicação ao trabalho. Mesmo um jovem fica meio intranquilo quanto ao seu futuro. Pior: se o cara desempenhar bem suas funções, ele pode ter um aumento de salário, e esse aumento causa a sua demissão”.

Aonde os donos de jornais querem chegar?

Paulo Totti, que no momento considera a única opção que lhe foi dada pelo jornal – virar colaborador freelancer – compartilha um receio que se espalha nas redações com a mesma rapidez que o voo dos passaralhos. “Temo que isso esvazie o conteúdo do jornal. E esse é o sentimento de todo corpo de gente que integra o setor redação em todos os jornais brasileiros”, explica ele. “Não sabemos bem aonde os donos dos jornais querem chegar. A decisão no Valor, por exemplo, partiu da pressão de pessoas que integram o conselho administrativo do jornal, representantes dos acionistas. Nenhum deles tem no seu currículo alguma passagem pelo jornalismo”.

Os cortes de pessoal se devem a um investimento milionário em um serviço de informações financeiras em tempo real, o Valor Pro. Esse investimento começou a ser feito há cerca de três anos, quando os funcionários foram avisados que a redação seria unificada. “Fomos avisados de que nos dois anos seguintes ninguém teria aumento salarial. Ao mesmo tempo, todos teriam que escrever para as três plataformas: tempo real, site e impresso”, diz um jornalista que sobreviveu ao último corte no jornal e que prefere não se identificar. Segundo o repórter, o clima da redação está ruim; além do trauma provocado pelas demissões, sobrou excesso de trabalho para todos. “O site, que antes era cuidado por cada editoria, agora é alimentado por pessoas de um ‘mesão’ digital, que não tem muita familiaridade com alguns assuntos. No impresso, a cada dia está uma briga por espaço e o número de páginas está sendo reduzido”.

Também a Folha de S Paulo anunciou uma reestruturação na última semana, com o fim do caderno “Equilíbrio” e o reagrupamento de outros cadernos em três núcleos de produção. O número de jornalistas demitidos foi de 24. A direção comunicou à ombundsman, Suzana Singer, que “as redações do futuro deverão ser cada vez mais enxutas, assim como o produto impresso”. Entre os demitidos estão nomes do porte de Andreza Matais, ganhadora do Prêmio Esso de jornalismo 2011 pela série que demonstrou o enriquecimento do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. “Aos que acreditam que o jornalismo de qualidade faz bem à democracia resta torcer para que a travessia dê certo”, resumiu Suzana Singer, em artigo na Folha.

A Pública falou com um dos jornalistas cortados do Grupo Folha, da área de cultura, que pediu para não ser identificado. “Ao chegar à redação um dos colegas comentou que haveria corte e, cerca de 20 minutos depois, fui chamado para ser avisado de que seria desligado da empresa. A justificativa? Corte de gastos. Tinham de ter uma meta x de gastos, e a minha saída ajudaria a atingir tal meta”.

“Eu tenho pena de quem ficou e de quem está entrando no jornalismo”, diz, com certa serenidade, o repórter fotográfico Lula Marques, premiado jornalista da sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo. No dia 1º de abril, ele acordou comemorando o aniversário de 26 anos de jornal. À tarde, foi comunicado que estava demitido. “Me falaram que eu estava ganhando muito, mais que o editor de fotografia de São Paulo, que meu nome estava na lista há dois anos e que não dava mais para me segurar na empresa”. Desde novembro de 2011 – quando a empresa cortou 10% dos seus jornalistas – os cortes, discretos e sem alardes, são constantes na Folha. Tanto, que Lula diz que já estava preparado. “Saí com um equilíbrio emocional bom, porque já estava me preparando para isso. Nos últimos dois anos, as pessoas que estavam com o salário lá no alto foram todas embora. Sabia que um dia ia chegar minha vez”.
Tensão na Abril

Era sexta-feira, dia 7 de junho, quase no final do expediente, e o clima no prédio da editora Abril S.A, zona oeste de São Paulo, estava pesado por conta dos rumores de um grande corte, previsto desde a morte do presidente do grupo, Roberto Civita, em 26 de maio. “Olha, está muito tenso e é uma tensão diferente. Eu já vivi outras demissões coletivas, mas antes era assim: os diretores das redações estavam plenamente por dentro de quantas pessoas deveriam ser cortadas de cada revista, enquanto os ‘peões’ estavam morrendo de medo. Agora não, ninguém sabe de nada direito, nem os diretores”, disse à Pública uma jornalista, que também pediu não ser identificada por medo de represálias.

Pouco depois, seis executivos foram demitidos, junto ao anúncio de que o grupo passaria por uma “reestruturação”, com agrupamento de unidades de negócios, reduzidas de dez para cinco. O objetivo, segundo a empresa, era a “racionalização dos recursos”. Há boatos de que 11 revistas deixarão de circular – entre elas nomes lendários como Playboy, Capricho e Contigo. É a senha para o passaralho. “Deve acontecer na próxima semana”, diz a mesma jornalista. “Eu acho que, se na semana que vem já anunciarem qual revista vai ser cortada, o clima vai melhorar. Não saber o que vai acontecer que é estranho. A gente faz piada o tempo todo, tipo, estou me matando pra fazer esse editorial de moda e se a revista acabar amanhã…”

“Entre os jornalistas, nesse momento o clima é de intranquilidade aguda”, diz Paulo Zocchi, diretor jurídico do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e que trabalha na redação da revista Quatro Rodas, da editora Abril. “Tá todo mundo morrendo de medo. Na minha redação, que é de uma faixa etária um pouco mais velha, tá todo mundo falando: ‘vamos ver se segunda-feira vamos estar aqui’”. A jornada dupla de Paulo – na revista e no sindicato – está ainda mais atribulada desde as últimas demissões. Toda vez que corre um boato de demissão, o sindicato é acionado, e pede uma reunião de emergência na empresa, para negociar.

Foi o que aconteceu em abril, na negociação com o Estado de São Paulo – de desfecho inesperado. O Estadão anunciara a redução da quantidade de cadernos diários para apenas 3, a extinção do caderno Link, sobre tecnologia, e do caderno de Negócios. Ao mesmo tempo, passou a privilegiar as plataformas digitais, com o lançamento do novo aplicativo do Estadão, adaptável a qualquer dispositivo móvel. Segundo conta Paulo Zocchi, na quinta-feira, dia 4 de abril, ele recebeu uma ligação avisando sobre boatos de demissão em massa no Estadão. “Hoje, a redação tem 250 jornalistas. O boato era de que 100 seriam demitidos na segunda ou na terça-feira da semana seguinte”. O sindicato solicitou uma reunião de emergência com a direção do Estadão, mas o jornal não respondeu e começou a demitir já no dia seguinte, sexta-feira. No total, foram 31 demitidos.

“Na sexta-feira, 12 de abril, fizemos uma assembleia na empresa, e desceram 90 pessoas. O objetivo era reverter todas as demissões. Até que uma das trabalhadoras demitidas disse que não queria ser reintegrada”, lembra ele, revelando sua surpresa. No fim da assembleia, em que estavam 14 dos 31 demitidos, nenhum deles queria voltar a trabalhar no Estadão. “As pessoas se sentiram descartadas, afetadas emocionalmente de uma forma tal que elas não queriam voltar”.

Um dos demitidos, repórter com cerca de cinco anos de profissão, não disfarça sua revolta. Segundo ele, os rumores de cortes eram constantes no jornal, espalhando um “clima de terrorismo”: “O jornal esperava que os jornalistas continuassem a manter a quantidade e a qualidade de trabalho com menos pessoas, impossível. Jornalistas acumularam funções e a qualidade, como os leitores puderem observar, caiu”. Ao ser demitido, ele foi procurado por um dos diretores, “para deixar claro que eu não estou sendo demitido pela sua falta de competência, que é uma questão de corte de gastos”, lembra. “Querem que você não se revolte e não sai baixo astral, que saia feliz e tranquilo. Te apoiam, mas dizem: ‘vai lá’”.

Como a maioria dos jornalistas demitidos, ele prefere não se identificar publicamente. Quase nenhum dos entrevistados, principalmente os mais novos, quiseram se expor. “Sabe como é, o mercado é muito pequeno e eu posso ter dificuldade para conseguir trabalho”, diz um deles.

Do Sul ao Norte do Brasil

Na ilha de Santa Catarina, o nome do passaralho é mais poético: chamam de “barca”, como aquela, dirigida por Caronte, que levava as almas ao inferno, ou Hades, na mitologia grega. A última barca do Diário Catarinense, o maior jornal do Estado, aconteceu no dia 21 de março e levou cerca de 20 profissionais da redação. Poucas pessoas souberam. A divulgação mais ruidosa do caso foi um e-mail do jornalista Célio Klein anunciando, aliviado, sua demissão após 25 anos de casa. Nela, ele se diz alegre por ter saído do jornal, mas expressa “profundo pesar pela situação”: “É muito grave e difícil não se ver outra saída que não a de abrir mão do trabalho do qual se gosta e ao qual se dedicou a maior parte da vida”. A carta prossegue: “Em uma empresa de comunicação, questionar, alimento do jornalismo, não é permitido. Em uma empresa de comunicação que tem a educação como bandeira, que implica justamente pensar de forma autônoma, pensar não é permitido. Em uma empresa de comunicação que exalta a democracia, vende a diversidade de opiniões, a participação dos leitores como case de ação, de sucesso, divergir não é permitido”.

Semanas depois, em abril, o jornal “A Crítica”, no Amazonas – um veículo da RCC (Rede Calderaro de Comunicação), que tem filiadas à Rede TV!, ao SBT e à Record. – demitiu aproximadamente 15 pessoas, entre repórteres, editores e fotógrafos do jornal impresso e do site. A repórter especial Elaíze Farias, vencedora do prêmio Imprensa Embratel 2013, foi uma das cortadas. “A justificativa oficial é de que o jornal acabou com esse cargo”, diz ela. “Não sei quais foram os critérios”.

Com quase 20 anos de experiência, Elaíze dedicou metade deste período a produções de reportagens sobre questões sociais e ambientais da região. Ela lembra de uma das últimas reportagens que fez, sobre um casal de índios matis que estava sendo acusado de tentar cometer ‘infanticídio’ contra seu filho doente em Manaus – o que foi completamente desmentido por eles. “Para conseguir entrevistar este casal, me desloquei de lancha pelo rio Solimões (uma hora) de Tabatinga até outro município, Benjamin Constant, e dali peguei um táxi-lotação (meia hora), viajando pela estrada até Atalaia do Norte, onde os índios matis estavam. Fiz o retorno de carona, na moto de um indígena, porque não havia mais táxi disponível entre Atalaia e Benjamin, até novamente voltar a Tabatinga. E precisava chegar antes das cinco da tarde, pois as lanchas que fazem a travessia do rio em Benjamin operam até neste horário. Ou seja, foi um gasto extra que precisei utilizar. Depois de uma jornada de oito dias, voltei a Manaus. Bom, é assim que se faz jornalismo na Amazônia”.

Para ela a maior preocupação é ter que deixar de realizar reportagens como essa. “Fiquei muito frustrada por, após a minha saída, estes temas terem ficado parados, na minha própria gaveta de pautas. Elas continuam guardadas, para quando eu tiver algum espaço e logística para viabilizar”.

Sobre o silêncio que cerca as demissões, Elaíze diz: “No geral, a notícia das demissões ficaram restritas ao boca-a-boca e às redes sociais – eu, por exemplo, fiz um comunicado pelo Facebook e por e-mail aos meus amigos, companheiros de luta, organizações sociais e fontes”, comenta. “Hoje se fala muito nas crises dos jornais impressos e na sua dificuldade de se adaptar aos novos tempos e às notícias publicadas nos portais de internet. O enigma é: a mídia vai se conseguir se reinventar, se ressignificar, para continuar sobrevivendo? Cabe a todos nós, os que estão dentro e os que estão fora das redações, passar a refletir”, acredita.

Para o pesquisador José Roberto Heloani, da FGV, a esperança é a de que os jornalistas comecem a ter maior consciência e maior interesse nessas questões. “É isso que chamo de luz no fim do túnel. E isso vai fazer com que as pessoas comecem a perceber que a saída não é individual. A saída é coletiva”. Neste ano, em São Paulo, houve pelo menos quatro casos de organização de jornalistas contra demissões: “O Vale” e “Bom Dia”, de São José dos Campos; do “Jornal da Cidade de Jundiaí”; do “Brasil Econômico”; e a dramática greve da pequena redação de “Caros Amigos”, que se autodenomina “a primeira à esquerda” que terminou com demissões e ações na Justiça (veja box).

O jornalista Audálio Dantas, que presidiu o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog e foi o primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, tem uma avaliação mais pessimista. “Por mais que se lute, o panorama dos meios de comunicação concentrado em poucas mãos contribui para que as lutas sejam enfraquecidas”, diz Audálio, que considera a regulação da propriedade dos meios de comunicação essencial no debate sobre o futuro da profissão: “Há a necessidade de se regular, porque nós temos esse fenômeno: o sujeito faz o trabalho para o veículo impresso, a empresa faz uma adaptação do mesmo texto e o trabalho de um profissional é aproveitado em quatro meios”.

Nesse cenário, ele diz, não há mais distinção entre bons profissionais e medianos. “Antes os grandes jornais tinham esses cuidados de preservar os bons jornalistas. Hoje, não se distingue os profissionais e vão todos no mesmo diapasão”, observa Dantas, que identifica um ciclo vicioso para a profissão: para aproveitar o rendimento máximo – em termos quantitativos – as empresas mantêm o jornalista dentro da redação, fazendo matérias por telefone e por e-mail, o que resulta em um número maior de matérias, mas de pior qualidade. “A grande vítima, depois do jornalista, é a apuração. A qualidade da informação, que é o que garante historicamente a credibilidade, está prejudicada”.

Para os mais jovens, porém, a sensação é de que as mudanças são ainda mais profundas, como diz o jovem profissional, recém demitido do Estadão: “A justificativa [de cortes de papel e demissões] é a financeira. Se você acompanha o jornal, deve ter percebido que as editorias enxugaram, algumas sumiram… O jornal inteiro ficou menor. A sensação, dentro e fora da redação é de que o jornal está apenas adiando o seu fim”.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Governo isenta meios de Comunicação de recolher cota patronal do INSS sobre folha salarial

Baseado no Tela Viva News

Empresas jornalísticas e de radiodifusão - rádio e TV - e portais de Internet são incluídos em medida provisória de desoneração de encargos sociais. Deixarão de recolher R$ 1,2 bilhão.

Além de já contarem com um tratamento fiscal que isenta de impostos várias atividades da indústria jornalística, os setores de radiodifusão e as empresas de comunicação social – entre elas os grupos de mídia – estão agora isentas de recolher a parte patronal das contribuições previdenciárias calculada sobre a folha de pagamento. Elas estão entre os 14 setores incluídos na medida de desoneração da folha de pagamentos, de acordo com a Medida Provisória 612 publicada em edição do Diário Oficial da União (DOU) da última quinta, 4. 

Desoneração da mídia

A desoneração funciona da seguinte forma: o governo elimina a contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamento em troca de uma contribuição de 1% sobre o faturamento. O benefício governamental deve representar um reforço de caixa para os donos de meio de comunicação da ordem de R$ 1,2 bilhão, mas não há nenhuma contrapartida obrigatória, como a de manter ou de elevar o nível de emprego nestes meios de comunicação. Pelo contrário, grandes empresas jornalísticas do país tem promovido nos últimos meses demissões de jornalistas e radialistas em grande quantidade.

Tradicionalmente, as empresas de comunicação figuram entre os maiores devedores da Previdência Social. No passado, empresas como a Rede Tupi, TV Manchete e Gazeta Mercantil, dentre muitas outras,  quebraram deixando dívidas enormes para com a seguridade social.

No ano passado já haviam sido desonerados pelo governo 42 setores da economia do Brasil. A desoneração para os novos setores entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2014 e o governo estima uma renúncia fiscal de R$ 5,4 bilhões no primeiro ano. No caso do setor de comunicação social – que abrange a radiodifusão, os portais de Internet e as empresas jornalísticas – a desoneração será de R$ 1,2 bilhão. 
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou que essa medida reduz o custo da mão-de-obra, aumentando a competitividade das empresas, sem reduzir direitos dos trabalhadores. "Essas medidas reduzem custo das empresas e dão mais competitividade a elas", disse Mantega, em entrevista coletiva nesta sexta, 5, em São Paulo. O ministro destacou que a economia mundial segue conturbada e demanda que o Brasil reduza custos de suas empresas para que elas possam investir e competir.



domingo, 7 de outubro de 2012

Crise: El Pais de Espanha prepara pacote de demissões

A crise financeira bate às portas do jornal El País, do grupo Prisa. A agência France Press anunciou que, a partir desta terça-feira, 9/10, o jornal anunciará uma demissão de 150 empregados, redução salarial dos que ficarem empregados e antecipação de aposentadorias de outros.
Serão afetadas principalmente as redações de Madri e Barcelona. Não está descartada a redução de pessoal do El País na América Latina e em Portugal. Na Espanha, o El País possui 466 empregados e as demissões representam, portanto, cerca de um terço do plantel.

O grupo Prisa teria sofrido um baque nas receitas da ordem de 53 milhões de euros, apenas no segundo semestre do ano. Segundo a Federação dos Jornalistas da Espanha, desde o início da crise, em 2008, 7.901 jornalistas espanhóis perderam seus empregos, sendo que deste total, 3039 teriam sido demitidos neste ano.

Veja abaixo, em Francês, a íntegra da nota publicada pela France Press no portal TV5 Monde


La direction du quotidien espagnol El Pais a annoncé vendredi à son personnel un plan social comprenant une réduction d'un tiers des effectifs, soit environ 150 personnes, a indiqué une source présente à la réunion.
Le plan social, qui prévoit aussi des départs en préretraite et une baisse des salaires, sera dévoilé en détail mardi, a précisé la direction du journal dans un communiqué.
"Les mesures annoncées sont un plan de préretraites, une réduction d'effectifs dans les bureaux du journal en vue d'un changement de modèle, une réduction des effectifs dans les rédactions de Madrid et Barcelone, et une baisse des salaires", selon le texte.
Le plan social comprend une réduction d'effectifs d'environ 150 personnes sur un total de 466 salariés, a précisé une source qui a participé à la réunion de la direction avec des représentants du comité d'entreprise.
Ces mesures sont "douloureuses" mais "inévitables", ont indiqué les dirigeants présents dont le président du groupe Prisa, auquel appartient le journal, et de El Pais, Juan Luis Cebrian, selon le communiqué.
Prisa, le premier groupe de médias espagnol, avait annoncé en juillet une perte nette de 53,09 millions d'euros au deuxième trimestre, après une perte nette de 0,37 million d'euros sur la même période de 2011, en raison de provisions et d'une baisse de revenus publicitaires en Espagne et au Portugal.
Lourdement endetté, Prisa avait annoncé en janvier 2011 qu'il allait supprimer 2.500 emplois en Espagne, au Portugal et en Amérique latine, soit 18% de ses effectifs.
Selon la Fédération des associations de journalistes espagnols (FAPE), 7.901 journalistes ont déjà perdu leur emploi dans le pays depuis le début de la crise en 2008, dont 3.039 depuis janvier 2012.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Espanha: crise já provoca demissões de Jornalistas

Publicado originalmente em http://www.telesurtv.net
 
El gremio de periodistas en España acusa al Gobierno de Mariano Rajoy de ejecutar numerosos contra trabajadores de empresas nacionales de radio y la televisión, por el simple hecho de criticar la política de austeridad impuesta sobre la sociedad para cumplir exigencias de la Unión Europea y refinanciar a los bancos.
El diario The Guardian reseña denuncias hechas por periodistas españoles, quienes denuncian haber sido cesanteados de la radio nacional RTVE y del canal de televisión, luego de ser interrogados sobre las duras medidas de austeridad que han dado lugar a manifestaciones masivas y huelgas de los trabajadores de diversos sectores.
El último caso polémico es el de la presentadora de RTVE Ana Pastor, quien señaló que quieren deshacerse de ella por el trabajo que hace sobre las medidas de recortes económicos.
El canal emitió una declaración el día sábado diciendo que Pastor se iba luego de rechazar una oferta de trabajo como presentadora de un programa nocturno. Sin embargo, ella afirmó que "el jefe de prensa me dijo que debíamos pensar en mi futuro. No quiso decir que estaba despedida, pero sí lo estaba”.
Pastor, conocida por sus entrevistas exclusivas, señaló que su despido demuestra claramente que a los políticos "no les gustan las entrevistas incómodas."
En junio de 2012, el Gobierno español reemplazó la cabeza de las noticias de RTVE, Fran Llorente, acusándolo de parcialidad política.
El empeoramiento de la crisis de la eurozona de la deuda ha aumentado los costos de financiación de España y el país está buscando un plan de rescate de la Unión Europea similar a la de Grecia recibió.
Las medidas de austeridad tienen el propósito de calificar a Madrid para recibir el préstamo de la troika europea, Banco Central Europeo, Unión Europea y Fondo Monetario Internacional.
Días atrás, la presidenta de la Federación de Asociaciones de Periodistas de España (Fape), Elsa González, estimó que para mediados de septiembre habrá unos ocho mil periodistas despedidos.
"Los periodistas están acosados por el paro y la precariedad a causa de una gestión nefasta (...) Hay varias televisoras y emisoras de radio con la espada de Damocles encima", expresó.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Passaralho no A Tarde da Bahia

Do Jornalista & Cia

Na 2ª.feira (16/7), o Grupo A Tarde divulgou o corte de 81 empregados, 23 dos quais jornalistas. O anúncio, feito pelo Departamento Jurídico da empresa, acontece em circunstâncias incomuns: a própria empresa solicitou uma reunião com os sindicatos dos jornalistas e dos empregados administrativos das empresas jornalísticas e explicou a inevitabilidade das dispensas.
Sem notícia de postura semelhante por parte de outros grupos de mídia, a atitude visou, segundo o comunicado oficial, assegurar a transparência do processo e os direitos dos funcionários. Os colaboradores demitidos só serão conhecidos nesta 4ª.feira (18/7).
É a seguinte a íntegra do comunicado:
“A Empresa Editora A Tarde S/A informa que serão adotadas todas as medidas legais com relação aos seus empregados. A dispensa de uma parte do quadro funcional é necessária para a empresa manter-se competitiva no mercado. A Tarde convocou os dois sindicatos, Sadejorba e Sinjorba, para o diálogo, numa clara demonstração de respeito aos direitos dos seus colaboradores, e, além disso, protocolou junto ao Ministério Público do Trabalho requerimento para intermediação nas negociações, com audiência designada para o dia 17 de julho de 2012, às 10h”.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Folha, Band, IG e Diário do Grande ABC demitem jornalistas


Por Anderson Scardoelli e Jacqueline Patrocinio, do Comunique-se*

Nos dois últimos dias, quatro veículos de comunicação diminuiriam seus quadros de funcionários. Com a decisão das diretorias de Folha de S. Paulo, TV Bandeirantes, Portal IG e Diário do Grande ABC, jornalistas foram dispensados. Editores, repórteres, colunistas e produtores fazem parte da lista de corte das empresas de comunicação – além de profissionais que não têm ligação com o jornalismo.
A sexta-feira, 6, começou com a confirmação de que ao menos cinco jornalistas foram dispensados da Folha, jornal que desde o final do mês passado cobra pelo conteúdo produzido na versão online e que, de acordo com o editor executivo Sérgio Dávila, vai investir na melhoria da qualidade do noticiário. Claudio Ângelo e Lucio Vaz (repórteres da sucursal de Brasília), Carolina Vilanova (repórter de ‘Mundo’) e Lucia Valentim (repórter do caderno ‘Ilustrada’) deixaram a equipe. Ex-correspondente nos Estados Unidos e ex-secretário de redação, Vaguinaldo Marinheiro também deixou a publicação.
Na Band, as demissões aconteceram na quinta-feira, 5. A emissora dispensou 21 profissionais de sua equipe no Rio de Janeiro e deixou de produzir o ‘RJ Acontece’. A direção do canal afirmou, por meio da equipe de comunicação, que "houve ajuste no efetivo". O veículo citou, entretanto, que as dispensas ocorreram "frente às mais de 120 contratações realizadas nos últimos meses".
Sob o comando do grupo português Ongoing desde abril deste ano, o IG deve passar por reformulação na estrutura responsável pelo conteúdo. O primeiro passo já está sendo dado e atinge colunistas, blogueiros e profissionais que mantêm páginas independentes atreladas ao portal. Conforme o Comunique-se teve acesso, a direção do site enviou cartas para informar a decisão de não continuar com as parcerias. O veículo define o comunicado como “notificação – aviso prévio de rescisão contratual”.
O Diário do Grande ABC, impresso que circula em setes municípios da região metropolitana de São Paulo, também promoveu dispensas no decorrer das últimas semanas. O primeiro a sair foi o editor da seção ‘Setecidades’, Wilson Moço. Nesta sexta, duas repórteres, um ilustrador e um contratado da equipe de arte deixaram o jornal.
Além das demissões nesses quatro veículos, o Jornal da Tarde dispensou cerca de 20 profissionais no início da semana. De acordo com o Meio e Mensagem, o diário pertencente ao Grupo Estado pode deixar de circular aos domingos.
*Com colaboração de Tathiana Marchi, gerente de Marketing e Pesquisa do Grupo Comunique-se.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Coelhinho da Páscoa traz demissões de jornalistas em Brasília

Com base no Jornalismo & Cia

Não foi 1º de abril. Às vésperas da Páscoa a TV Bandeirantes no Distrito Federal e o Jornal de Brasília protagonizaram mais um passaralho. Na última 6ª.feira (30/3), cerca de 20 jornalistas foram demitidos.
No jornal, as informações dão conta de que saíram ao menos oito profissionais, entre eles Valdeci Rodrigues, editor de Brasil. O diário, a propósito, já há algum tempo vem tentando negociar com o Sindicato a regularização dos contratos de trabalho de grande parte de seus funcionários.
Na Band, mais de dez funcionários teriam sido dispensados com a descontinuação dos programas Jogo Aberto, apresentado por Fábio Santos, com três assistentes na equipe; e Band Cidade 1, apresentado por Cláudia Toledo, que contava com o apoio de oito profissionais. Neste caso, o programa saiu do ar, segundo
fontes da própria emissora, para que o Brasil Urgente pudesse ser ampliado, seguindo o sucesso de audiência alcançado nos últimos anos 

domingo, 7 de agosto de 2011

Rádio Record demite seus principais astros

A Rádio Record demitiu na sexta-feira, 5/8, todo o seu elenco de programas de variedades, entre eles nomes populares do "dial" como Gil Gomes, que se notabilizou no programa de TV Aqui Agora, Paulo Barboza, e Leão Lobo.
A rádio não se pronunciou sobre o número total de demissões. No entanto, confirma que eles não integram mais o elenco da emissora. Segundo algumas informações, a emissora passará a transmitir só música e boletins jornalísticos, mas outros informes apontam que serão 24 horas de religião a partir da meia-noite de sábado. A mudança de trajetória visaria, segundo fontes da empresa, a atender as expectativas do mercado do Rádio AM brasileiro.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Desemprego: Portal IG demite 10% de sua redação

Do Jornalismo & Cia
O iG promoveu neste início de semana um corte de 23 postos diretos de trabalho em sua área editorial. Deixaram a empresa,conforme apurou o J&Cia, 13 profissionais das equipes de redação e dez colaboradores do suporte a conteúdo, todos eles, portanto, com funções editoriais.
Algumas notas publicadas em sites na 3ª.feira (14/6) divulgaram que foram 30 demissões. A diferença, para os 23 apurados por J&Cia, pode estar no corte de frilas, que efetivamente foi previsto e acontecerá. De todo modo, considerando uma equipe da ordem de 230 profissionais, o enxugamento atingiu 10% da força editorial do portal.
A medida está vinculada à decisão do iG de abolir a cobrança por provimento, embora no comunicado enviado aos funcionários seu presidente, Pedro Ripper, cite adicionalmente outros fatores. Suas palavras:
“Com o objetivo de continuarmos crescendo com rentabilidade de forma sustentável, mesmo após a mudança para o modelo de provedor gratuito, temos trabalhado duro para evoluir o modelo de negócio do iG. No contexto desse movimento, algumas decisões difíceis se fazem necessárias. Mais do que um movimento isolado de gratuidade de um serviço que até então era pago, esta mudança marca um novo ciclo onde o iG gradualmente se desvincula do negócio de acesso e se foca exclusivamente no que é o seu futuro: serviços e conteúdos online. Para tanto, nosso modelo de gestão precisa evoluir, balanceando resultados no curto, médio e longo prazos”.
Os rumores sobre o corte circulavam o mercado havia mais de uma semana. A decisão surpreendeu e mexeu tanto com os que saíram, quanto com os que ficaram, até pelo bom momento de mercado e as excepcionais expectativas de crescimento para o País nos próximos anos. A esperança é de que muitos dos que estão saindo venham a obter uma recolocação rapidamente.
E os próprios companheiros já entraram em ação, buscando identificar oportunidades para eles. Crescendo desde que o novo projeto começou a ser implantado por Eduardo Oinegue, em agosto de 2009 – ele, a propósito, deixou o iG em março passado – , a redação sofre seu primeiro revés. Volta a ter, como apurou o J&Cia, o tamanho original daquele projeto e sem as vagas que se foram incorporando, sobretudo nas ampliações de equipe provocadas em 2010 pelo efeito Copa de Mundo e eleições.
Claro, com o natural desgaste que um movimento desse tipo acarreta. Desgaste, aliás, que pode ser conferido no desabafo que um dos profissionais do portal fez ao J&Cia: “Estamos todos arrasados por quem saiu e absolutamente decepcionados, pois o projeto editorial no qual
acreditamos e investimos está sendo destruído nem bem completou um ano”.
Mesmo com o corte, segundo apurou J&Cia, a empresa manterá todos os projetos em desenvolvimento com vistas a 2011 e 2012, entre eles os canais que serão lançados no segundo semestre (Jovem, iGirl, Games e Tecnologia, além dos especiais programados para as
várias editorias).