Então,
não tem outro jeito: depois de uma breve folga na Semana da Criança para curtir
os netos na praia, comunico à praça que estou de volta ao mercado, como se diz.
Qualquer trabalho honesto na minha área me interessa.
De uma hora para outra, os
telefones param de tocar.
Ligam apenas alguns velhos
amigos para perguntar o que aconteceu e dar um abraço.
Também rareiam as mensagens no
correio eletrônico.
É como se você tivesse sido
desligado do mundo: te tiraram da tomada, sem aviso prévio.
Estou desempregado pela
primeira vez na vida, desde que comecei a trabalhar em jornalismo, com 16 anos.
Hoje faz uma semana que acordo
de manhã sem ter o que fazer.
Não há mais anotações na
agenda, nenhum compromisso.
É uma sensação muito estranha,
de vazio absoluto.
Você descobre que o trabalho
não é só teu ganha-pão para pagar as contas no final do mês.
No meu caso, sempre foi a
própria razão de viver, minha ligação com o mundo.
Escrever para contar e comentar
o que está acontecendo é a única coisa que aprendi a fazer.
Desde o meu primeiro emprego,
nunca tinha sido demitido.
Foi uma paulada que não
esperava, agora que estou próximo de completar 70 anos, com mais de 50 de
carreira.
Nem sei por onde começar a
procurar um trabalho novo.
Ao contrário da maioria dos
outros 13 milhões de brasileiros sem trabalho, nem adianta distribuir meu
currículo porque sou tão antigo que os possíveis empregadores já me conhecem.
O mar mercado, como sabemos,
não está para peixe.
O fato de ser um profissional
reconhecido e respeitado, que já trabalhou nas maiores empresas de comunicação
do país, de repórter a diretor de redação, não é garantia de nada.
Enquanto a maioria das empresas
do ramo reduz salários ou passa o facão sem olhar em quem, o mercado em geral
busca mão de obra barata para substituir os que ganhavam salários melhores.
Esta é a realidade, e é com ela
que precisamos lidar.
Para não me ver parado, minha
filha Mariana Kotscho, também jornalista já veterana, abriu espaço em seu
Facebook para publicar o que eu tiver vontade de escrever, enquanto monta uma
plataforma independente para o meu blog, o Balaio do Kotscho, que está no ar
desde 2008. Ela também criou aqui no Facebook uma página para o Balaio do
Kotscho, assim já tenho onde publicar o que escrevo enquanto o site está “em
construção”.
Já temos até endereço novo em
casa própria: www.balaiodokotscho.com.brMinha filha caçula, a roteirista
Carolina Kotscho, que está estreando o Musical “2 Filhos de Francisco”, já
falou com a mãe para nos ajudar no que for preciso.
Por enquanto, é o que temos.
Sempre fui empregado, nunca
tive negócios ou outras rendas fora do salário.
O que ganho de aposentadoria do
INSS mal dá para pagar o plano de saúde.
Então, não tem outro jeito:
depois de uma breve folga na Semana da Criança para curtir os netos na praia, comunico
à praça que estou de volta ao mercado, como se diz.
Qualquer trabalho honesto na
minha área me interessa.
Se alguém estiver interessado
em patrocinar meu novo site, é só entrar em contato com minha empresária
Mariana Kotscho.
Bom feriadão pra todos.
Vida que segue.
Abraços,
Ricardo
Kotscho
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