Da Redação do FNDC
A defesa do caráter público da Rádio e TV Cultura, bem como a valorização e manutenção dos profissionais que nelas atuam, foram reivindicadas pelos sindicatos dos Radialistas e dos Jornalistas de São Paulo. A manifestação ocorreu durante reunião com o presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora das emissoras paulistas, João Sayad, realizada na manhã da última quinta-feira, 12. Durante a noite houve o lançamento do movimento “Salve a Rádio e TV Cultura”.
O encontro dos sindicalistas com a diretoria da Fundação foi motivado pelas recentes declarações de Sayad sobre reformulações na programação das emissoras, a rescisão de contratos com outras empresas públicas e o consequente corte de funcionários (confira). Segundo o diretor do Sindicato dos Radialistas de São Paulo, Sérgio Ipoldo, Sayad admitiu a crise financeira da Fundação e confirmou a reformulação da grade de programação televisiva com fim dos programas Vitrine, Manos e Minas e Login.
O setor de jornalismo também passará por mudanças editoriais, deixando de ter uma cobertura factual para dar ênfase a debates e entrevistas. O fato deve provocar, de acordo com o radialista, mais demissões, além das cerca de 450 previstas com o encerramento dos contratos com a TV Justiça e TV Assembléia (leia mais aqui). As reformulações já foram aprovadas pelo Conselho Curador da entidade.
Ipoldo saudou a disposição de Sayad em disponibilizar espaço na grade para um debate com a sociedade sobre o papel da televisão pública. Também participaram da reunião o presidente o do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), o presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT/SP), Adi Santos, e o diretor de Comunicação da Central, Daniel Reis, além de representantes dos funcionários.
Em plenária realizada durante a tarde, os trabalhadores das emissoras decidiram manter reuniões permanentes às quintas-feiras e solicitar às assessorias jurídicas dos Sindicatos dos Radialistas e Jornalistas uma análise sobre as possibilidades de brecar as demissões. Além disso, uma comissão de funcionários irá auxiliar as direções das emissoras no mapeamento dos profissionais contratados como pessoas jurídicas para regularizar o vínculo e inibir futuras ações trabalhistas.
Campanha para salvar as emissoras
O lançamento do Movimento Salve a Rádio e TV Cultura ocorreu na noite do dia 12, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo (confira aqui). Entre as ações definidas pelo movimento, estão a criação de grupos de trabalho, a elaboração de uma carta aberta para que a sociedade tome conhecimento da atual situação das emissoras, a realização de audiências públicas, a criação de abaixo-assinado e a de um blog. Quem desejar aderir à campanha deve escrever para salvertvcultura@sjsp.org.br.
Ipoldo espera que as ações dos sindicatos possam mobilizar a sociedade junto com os trabalhadores para “definir qual é o papel da rádio e TV pública que queremos e assim preservar esse patrimônio”. O radialista salienta que essa é uma luta difícil quando se prevê, nas posturas do governo estadual, a intenção de extinguir as emissoras públicas em São Paulo.
Próximas ações marcam luta
Na tarde desta sexta-feira, os sindicatos dos Radialistas e Jornalistas se reúnem com os funcionários da TV Assembléia. O término do programa Manos e Minas será pauta de audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo no dia 24 de agosto. No dia 31, às 19h, ocorrerá no auditório da PUC/SP um debate sobre comunicação com os candidatos ao governo paulista, em que a crise da Cultura deve ser a principal pauta. O encontro é uma iniciativa da Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão.
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