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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Opinião: 30 anos de RBS em Santa Catarina

Por Elaine Tavares, do Jornal Brasil de Fato, em 14/08/2009.

Três décadas de monopólio da informação, coisa altamente nefasta para a democracia, para os próprios trabalhadores e para a vida cultural de um povo

A Rede Brasil Sul faz 30 anos em Santa Catarina. Por conta disso, todos os dias, as sua emissoras de televisão mostram propagandas que retratam seus funcionários sorridentes, felizes e cheios de otimismo. Essa felicidade só se explicaria pelo fato de ali, naquela empresa, eles venderem a sua força de trabalho e por isso receberem um parco salário (com exceção dos figurões que ganham muito bem). Nestes tempos bicudos, ter um emprego já é coisa para se comemorar, daí se poder entender aquela alegria toda na telinha. Tirando isso – a vida mesma de quem trabalha na empresa – o que sobra é o saldo de três décadas de monopólio da informação, coisa altamente nefasta para a democracia, para os próprios trabalhadores e para a vida cultural de um povo.

Anos 70 – Santa Catarina é prisioneira do conservadorismo

Quando a década de 70 principia, vem carregada de mudanças em todo o planeta. O maio de 68 detonara revoluções culturais, o movimento hippie cresce, as lutas populares de libertação em Portugal e nas colônias da África apontam novos rumos, a derrota dos Estados Unidos no Vietnã enche de esperanças o movimento socialista. Mas, no Brasil, a ditadura militar recrudesce sob a mão dura do general Médici, vivendo uma espécie de contra-mão da história. São tempos duros, de massacres de lideranças estudantis e políticas. Neste contexto cresce a influencia da empresa de Roberto Marinho que, aliada aos militares e ao grupo estadunidense Time-Life, começa a consolidar no país uma rede comunicacional com o objetivo de criar “uma identidade nacional”. São tempos de “milagres” e do silêncio das vozes críticas. Santa Catarina não foge do diapasão. Mergulhada no conservadorismo, alterna-se entre o domínio das famílias Ramos e Bornhausen.

No campo da comunicação, apesar de a televisão já ter chegado ao Brasil nos anos 50, em Santa Catarina a população conta com apenas dois canais. Um deles é a TV Coligadas, com sede em Blumenau que, naqueles dias, transmitia o sinal da rede Globo, embora tivesse liberdade de produzir programação local. O outro canal fica em Florianópolis e retransmite o sinal da TV Tupi, sendo conduzido pelo clã Ramos/Bornhausen. De fato, tanto uma emissora como a outra estava nas mãos das oligarquias estaduais e serviam para respaldar o regime que por aqui tinha fortes aliados. Mas, por conta do atraso político, estes grupos conservadores não perceberam as mudanças que aconteciam no mundo da comunicação. Capitaneada pelo grupo Marinho, a proposta era de encarar esse setor como mais um braço da indústria, capaz de gerar não só riquezas, mas também – e principalmente - mais-valia ideológica. E foi aí que a RBS entrou com força total.

O grupo RBS

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