|
Portal do New York Times trouxe como manchete “Presidente do Brasil convoca as tropas federais para reprimir protestos” |
Na cobertura dos órgãos internacionais de
imprensa sobre o “Ocupa Brasília”, no dia 24 de maio, destacam-se, por um lado,
a violenta repressão e, particularmente, o decreto autorizando a utilização das
Forças Armadas, que, como muitos jornais destacaram, não foi suficiente para
conter as manifestações.
Por outro lado, e de forma mais significativa,
praticamente jornais do mundo inteiro enfatizaram a crescente debilidade do
governo Temer, os rachas em sua base aliada e a concreta possibilidade de que
ele renuncie ou seja deposto através de um processo de impeachment ou como resultado
dos processos que estão em curso na justiça eleitoral.
Em especial, chamam à atenção as análises
feitas nos jornais e sites que enfatizam os aspectos econômicos. Nestes (vide
particularmente os exemplos das agências Reuters e Bloomberg, abaixo), refletindo
as preocupações do mercado e investidores estrangeiros, há comentários
abertamente favoráveis ao afastamento de Temer, considerada a única de se
conter a crescente instabilidade no país e, inclusive, de se garantir a
aprovação das reformas exigidas pelos representantes do capital mundo afora.
|
A manchete da agência Britânica, que distribui notícias para todo o mundo, foi sob a manchete “Temer, do Brasil, utiliza exército quando manifestantes entram em batalha contra a polícia”. |
Reuters: Uma das principais agências de mídia
do mundo noticiou a ocupação de Brasília sob a manchete “Temer, do Brasil,
utiliza exército quando manifestantes entram em batalha contra a polícia”. E
vale a pena reproduzir várias partes do artigo já que ele serviu como base para
matérias publicadas em jornais do mundo inteiro.
Segundo a agência “manifestantes que exigem a
renúncia do presidente brasileiro Michel Temer encenaram batalhas sem tréguas
contra a polícia e atearam fogo em um prédio ministerial em Brasília na
quarta-feira, levando o líder atingido por escândalos a mandar o exército para as
ruas”.
Ainda segundo o texto, “a polícia disparou
saraivadas de gás lacrimogêneo, granadas de atordoamento [de efeito moral] e
balas de borracha para deter dezenas de milhares de manifestantes enquanto eles
marchavam em direção ao Congresso para pedir a derrubada de Temer e o fim de
seu programa de austeridade”.
Destacando que estes foram os protestos antigovernamentais
mais violentos desde 2013, a Reuters afirma que a manifestação “forneceu mais
combustível para a crise” detonada pelos escândalos de corrupção “que
aumentaram as chances de que o Brasil assista à segunda queda de um presidente
em menos de um ano”.
Como exemplo da crise política, a agência
destacou que, enquanto os cordões policiais tentavam conter os manifestantes “o
mais importante aliado de Temer, o PSDB, se encontrava para discutir se
continua a apoiar o presidente e se preparar para uma transição pós-Temer”.
Mencionando que 49 pessoas foram feridas, o
artigo relata que “Temer aprovou um decreto permitindo que as tropas
auxiliassem a polícia a restaurar a ordem em Brasília (…) dando aos soldados
poderes policiais e o direito de fazer prisões nas ruas”. Uma decisão que foi
tomada pelo gabinete de Temer “depois de que a polícia foi subjugada”.
De forma bastante significativa, a Reuters
utilizou como um dos subtítulos da matéria (ou seja, com destaque) a frase
“Temer não está mais governando”, atribuída à analista política Sonia Fleury,
da Fundação Getúlio Vargas, que também defendeu que a crise é profunda e que
“mais protestos violentos podem ser esperados em um país onde o descrédito com
os poderes políticos estabelecidos é generalizado”.
A Reuters também destaca que as acusações de
corrupção “atingiram fortemente os mercados financeiros em função das dúvidas
sobre se o Congresso irá aprovar as medidas de austeridade destinadas a tirar o
país da pior recessão de sua história” e lembra que Temer pode ser destituído
do cargo pelo Tribunal Eleitoral, no dia 6 de junho, quando o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) irá julgar ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.
E prossegue: “Os partidos dos principais
aliados de Temer estão divididos entre abandonar sua coalizão imediatamente ou,
primeiro, chegar a um acordo em torno de uma figura de consenso para
substituí-lo e salvar seu projeto de reformas. As medidas favoráveis ao mercado
são consideradas vitais para restaurar a credibilidade das empresas e o
investimento necessário para acabar com uma recessão de dois anos”.
Por fim, lembrando que “não há nenhum
candidato claro para substituir o presidente sob ataque”, o artigo destaca que,
fora do prédio do congresso, contudo, “a mensagem cantada pelos manifestantes
era bem clara: “Fora Temer! Eleições gerais, já!”.
Bloomberg: A empresa sediada em Nova York é um
dos principais provedores mundiais de conteúdo para o mercado financeiro, com
terminais de informações presentes em quase 100% dos bancos, fundos de
investimentos, corretoras e seguradoras no mundo, o que faz dela uma das
principais porta-vozes dos interesses do grande Capital e dos investidores
estrangeiros.
Sob a manchete “Prédio ministerial brasileiro
é incendiado quando protestos se tornam violentos” e o subtítulo “Protestos
violentos contra Temer sacodem o mercado”, o site da investidora apresenta um
vídeo com uma entrevista com Hernan Yellati, Diretor do Departamento de Estudos
Estratégicos da Barclays Investiments (um banco multinacional e empresa
financeira, sediado na Inglaterra). E a primeira pergunta que lhe é feita é
bastante significativa e dá o tom para a entrevista: “Qual é a probabilidade de
que Temer renuncie ou que seja obrigado a renunciar?” (pergunta que permanece
no ar, como legenda, durante quase todos os seis minutos da entrevista).
A resposta: “Eu acredito que a pressão
continuará a aumentar, como nós vimos na semana passada (…). Nós achamos que
isto é um cenário ruim para a economia; é um cenário ruim para as reformas”
que, obviamente, são defendidas pelo representante da Barclays.
Na sequência, uma das entrevistadoras, em tom
bastante irônico, comenta que, mesmo que a Suprema Corte prove a culpa de Temer
nos escândalos de corrupção, não é muito provável que Temer sofra um
impeachment, em função, nas palavras dela, “das, digamos, características
próprias do Congresso brasileiro”, o que leva Yelatti a afirmar: “Eu acho que o
impeachment é o cenário menos provável (…). Eu acho que ou a Suprema Corte toma
uma decisão contra o presidente ou haverá uma renúncia e, neste caso, haverá
eleições indiretas, feitas no Congresso, e o principal evento será em outubro
de 2018, quando o Brasil terá eleições gerais”.
Comentando que isto parece um tempo muito
longo para que se chegue a uma decisão, as apresentadoras apresentam gráficos
destacando a entrada e saída de capitais do país, que, na análise do
investidor, mostram que a “questão chave, no momento, é a volatilidade
[instabilidade]” e que o mercado continuará instável enquanto se espera pela
renúncia ou por uma decisão da Suprema Corte, concluindo com uma afirmação
contundente: “Obviamente, uma renúncia seria um acontecimento positivo e todo
mundo está vendo isto como o cenário mais provável”, mas se isto significar um
atraso ainda maior na agenda das reformas, isto levará a mais efeitos negativos
pela frente.
No restante da entrevista, comentando dados
sobre a desvalorização do Real e outros aspectos econômicos, o representante da
Barclays defende a Reforma da Previdência como um dos aspectos fundamentais
para dar segurança aos investidores estrangeiros.
New York Times: um dos principais jornais dos
Estados Unidos trouxe como manchete “Presidente do Brasil convoca as tropas
federais para reprimir protestos”, comentando que a decisão foi tomada depois
do presidente ter sido “sitiado por protestos” pedindo por sua saída.
Citando fontes oficiais, o jornal noticiou que
a manifestação contou com a participação de 35 mil pessoas motivadas
principalmente pela divulgação das gravações da JBS que fizeram com que
houvesse “acentuada queda no mercado financeiro brasileiro” e detonaram “uma
investigação de Temer e apelos generalizados para que ele renuncie”.
Mencionando a evacuação dos prédios
ministeriais e a suspensão das sessões no Congresso, o jornal fala sobre os
violentos confrontos com a polícia e destaca que manifestantes foram feridos
pelas bombas de gás ou balas de borracha (também nas manifestações que
ocorreram no Rio de Janeiro).
Além disso, o NY Times destaca a
impopularidade das reformas apresentadas por Temer, a realização da greve geral
em abril e o fato de que o presidente está numa ofensiva contra os delatores da
JBS, acusando-os de terem adulterado e manipulado as gravações.
Citando o professor de Ciências Políticas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Jairo Nicolau, o jornal destaca que
protestos como os do dia 24 de maio podem se agravar: “Eu vejo estas
manifestações como uma radicalização que irá se tornar ainda mais séria. Há uma
enorme insatisfação”.
|
O também britânico, The Guardian, ressalta que “Michel Temer está se recusando a renunciar, enquanto os protestos contra a sua permanência no governo estão levando a confrontos físicos com as forças policiais." |
The Guardian: Um dos principais jornais da
Grã-Bretanha reproduziu o conteúdo distribuído pela agência internacional de
notícias Associated Press. No artigo, intitulado “Presidente do Brasil luta
para se manter no poder na medida em que a crise política se aprofunda”, é
destacado que “Michel Temer está se recusando a renunciar” enquanto os
protestos contra a sua permanência no governo estão levando a confrontos
físicos com as forças policiais.
Lembrando que “mesmo antes dos escândalos
virem à tona, a popularidade de Temer já estava em baixa, em parte em função da
oposição às reformas econômicas”, o jornal destaca que vários de seus
assessores foram pegos pelas investigações que já levaram lideranças
empresariais e políticos de destaque para a cadeia.
O jornal também destaca que somente um dos
cinco assessores especiais de Temer continua no cargo depois que Sandro Mabel
(do PMDB de Goiás), igualmente envolvido em denúncias de corrupção, pediu
exoneração, na véspera do protesto, alegando motivos familiares
Referindo-se aos protestos em Brasília como um
“esforço pra barrar as reformas”, onde os manifestantes “gritavam ‘Fora Temer!’
e carregavam cartazes exigindo eleições presidenciais diretas imediatamente”, o
artigo também descreve a repressão: “Policiais com equipamentos antimotim,
alguns a pé, com escudos, e outro a cavalo, se alinharam próximos ao congresso.
Nas imagens da TV, a polícia pode ser vista jogando gás lacrimogêneo e de
pimenta contra os manifestantes e detendo outros que tentavam romper o cordão”.
Em um editorial (ou seja, num texto que
expressa a opinião do jornal), publicado no dia anterior e intitulado “O ponto
de vista do The Guardian sobre a corrupção no Brasil: o povo merece se
expressar”, o jornal defende que, diante do crescente escândalo, “uma solução
política rápida não resolverá os problemas” e faz uma análise da Operação
Lava-jato e da atual situação de Temer.
Em um dos trechos, o jornal afirma que “Temer
nega ter feito qualquer coisa de errado, insistindo que as gravações foram
adulteradas e dizendo que renunciar seria uma admissão de culpa”, mas que, na
verdade, outras “considerações estão, sem dúvida, pesando sobre sua cabeça –
particularmente o fato de que ele iria perder as proteções legais”, que tem
como presidente.
Depois de se referir a vários aspectos da
Operação, desde a saída de Dilma, e afirmar que “a política brasileira tem sido
inteiramente desacreditada”, o jornal traz a seguinte conclusão, referindo-se à
capacidade de resolução da crise, seja através do Congresso Nacional ou do
judiciário: “Muitos legisladores (parlamentares) têm segredos próprios para
esconder e alguns já se queixam de que a investigação tem sido ruim para a
reputação e a economia do Brasil”, o que tem feito que alguns busquem uma saída
através da tentativa de “de persuadir o presidente a renunciar”.
E continua: “Mas o problema é o escândalo, não
o inquérito, e será muito pior para o Brasil se ele for abafado. Os
legisladores (parlamentares) também não deveriam escolher o substituto de
Temer, pois foram eles que o escolheram e as pesquisas mostram uma demanda
esmagadora por eleições. Um público já desencantado pode, de outra forma,
afundar-se na apatia ou, a longo prazo, recorrer a uma figura autoritária de
extrema-direita como Jair Bolsonaro, que joga o cartão da anti-política. Os
políticos brasileiros jogaram o país nesta bagunça. Agora, deveriam deixar que
os 143 milhões de eleitores tivessem uma palavra a dizer sobre como sair dela”.
ABC News: A agência que distribui conteúdo
para jornais e emissoras de televisão nos Estados Unidos noticiou que “Tropas
são chamadas na capital do Brasil. Presidente sob pressão”, relatando que o
decreto autorizando colocar soldados nas ruas foi cancelado na quinta-feira,
depois de críticas à decisão considerada “excessiva e meramente como um esforço
para [o presidente] manter-se no poder enquanto há uma crescente exigência para
que ele renuncie”.
O artigo, que fala em 45 mil pessoas nos
protestos de quarta, refere-se ao incêndio em dois ministérios, à evacuação dos
prédios federais, aos 49 feridos, “incluindo um a bala” e afirmando que “a
popularidade de Temer está em queda livre desde que ele assumiu o poder”, em
uma situação em que “alguns brasileiros consideram sua presidência ilegítima,
devido à forma em que ele chegou ao poder e seus esforços para passar uma série
de reformas econômicas para limitar o orçamento, afrouxar leis trabalhistas e
reduzir os benefícios previdenciários fizeram dele uma figura ainda mais
impopular”, para além das denúncias de corrupção envolvendo vários de seus assessores.
Destacando que “muitos brasileiros querem que
o presidente saia de um jeito ou de outro e estão exigindo que ele renuncie ou
sofra um impeachment”, o artigo relata os vários pedidos, neste sentido,
encaminhados para o congresso, particularmente o feito pela Organização dos
Advogados do Brasil (OAB).
No final, a ABC News ressalta que “alguns
observadores estão preocupados com o fato de que, se Temer conseguir continuar
na presidência, a crise política irá levar o governo brasileiro à paralisia
exatamente no momento em que a o país tenta sair de uma profunda recessão”.
EFE: A principal distribuidora de serviços de
informação para os países de língua espanhola traz um vídeo mostrando a
“destruição” de um dos prédios ministeriais de Brasília sob a manchete “Violência
explode durante protestos em Brasília e no Rio de Janeiro”, destacando que, na
capital, a polícia “usou gás lacrimogêneo para conter dezenas de milhares de
manifestantes que marcharam, na quarta-feira, para exigir a renúncia do sitiado
presidente do Brasil”.
Abordando vários aspectos da Operação
Lava-Jato, das delações da JBS e do esquema de propinas que envolve Temer e
seus dois predecessores imediatos, Lula e Dilma, a agência afirma que a
possibilidade de “permanência de Temer no poder parece ser bastante frágil dado
que ele perdeu o apoio de um poderoso parlamentar de seu próprio partido, o
PMDB”, referindo-se ao senador Renan Calheiros que, segundo o artigo, teria
declarado para uma estação de rádio, na quinta, que Temer deveria renunciar.
|
A emissora de rádio e televisão da Grã-Bretanha, BBC News, destacou as fortes críticas feitas em relação à medida. |
BBC News: A emissora de rádio e televisão da
Grã-Bretanha trouxe como manchete “Temer revoga decreto de envio de tropas para
Brasília”, destacando as fortes críticas feitas em relação à medida.
Le Monde: um dos mais importantes jornais da
França noticiou: “Brasil: exército é utilizado contra manifestações em oposição
ao presidente Michel Temer”. Apesar de, erroneamente, afirmar que a
manifestação foi convocada por vários sindicados e pelo PT, o artigo destaca o
ato pelo “Fora Temer” reuniu cerca de 35 mil pessoas (ou 100 mil, segundo os
organizadores) “que semearam o caos em Brasília” e cita o analista político da
Consultoria Hold, André César, comentando o decreto que autorizava o envio do
Exército: “é uma medida extrema que demonstra que o governo perdeu o controle”.
|
De linha editorial conservadora, o francês Le Figaro destaca que no “Brasil: as ruas querem a saída do presidente” |
O jornal ainda lembra que, colocado “no centro de graves acusações de corrupção, o presidente tenta se agarrar ao poder, tentando evitar a deserção de seus aliados políticos. Mas as negociações foram interrompidas por causa do caos em todo o Congresso, onde os parlamentares podiam ouvir as explosões de granadas de efeito moral na frente do prédio do Legislativo.”
Afirmando que as “exigências para que o chefe de estado se demita estão se multiplicando” e o que o presidente rejeita firmemente esta opção o artigo lembra que, no entanto, a continuidade de Temer no poder está “ameaçada em função de uma possível ruptura na sua coalizão”, além dos processos que correm no Supremo e dos vários pedidos de impeachment.
O artigo também destaca a crise está atrasando a implementação das reformas e tem produzido estragos na economia, dando como exemplos a queda das ações na Bolsa de Valores e a desvalorização do Real.
Le Figaro: Reproduzindo material distribuído
pela Agence France-Presse (AFP), a principal agência de notícias em língua
francesa, o jornal traz a manchete “Brasil: as ruas querem a saída do presidente”,
destacando que a exigência para que Temer renuncie tem ganhado força diante das
graves acusações de corrupção e a rejeição às propostas de reformas
apresentadas pelo governo.
|
O espanhol El Pais trouxe uma sequência de fotos do confronto com a polícia e destaca que “o presidente brasileiro foi acusado de obstrução da justiça |
El País: Sob a manchete “Uma manifestação
multitudinária exige, em Brasília, o fim do governo Temer” o site do jornal
espanhol destacou que “o presidente brasileiro foi acusado de obstrução da
justiça e o Supremo está considerando condená-lo por corrupção”. Além disso,
apresentando uma sequência de fotos do confronto com a polícia, o El País
afirma que os protestos chegaram a paralisar a sessão da Câmara dos Deputados e
que a decisão de colocar o Exército nas ruas causou críticas, dentro e fora do
governo, sintetizando o dia 24 de maio em uma frase: “A tensão devido à crise
política no Brasil balançou o coração político do país, convertido em campo de
batalha”.
Em uma outra matéria publicada no final da
noite juntamente com um vídeo sob o título “Os protestos contra o presidente
Temer paralisam o governo do Brasil” , o jornal sintetiza o clima em Brasília:
“Convocadas por sindicatos, movimentos sociais, dezenas de milhares de pessoas
tomaram Brasília no início da tarde de quarta para protestar contra as reformas
liberais do governo e exigir a renúncia do presidente Temer, que está sob
suspeita de graves delitos de corrupção. Foi um dos maiores protestos dos
últimos anos na capital do país, na imensa Esplanada dos Ministérios. Tudo
acabou em uma paisagem quase bélica, com colunas de fumaça preta, pedras e
balas de borracha voando em meio ao som de detonações de fuzis.”
El Clarin: O jornal argentino destacou “Michel
Temer envia as Forças Armadas para conter a violência em Brasília”, noticiando
que a multidão com cerca de 35 mil pessoas saiu de forma ordeira do estádio
Mané Garrincha, mas foi detida por uma barreira, quando “a polícia começou a
jogar gases lacrimogêneos” e também a disparar balas de borracha que ferindo
vários manifestantes.
No dia anterior, em uma matéria intitulada
“Debilitado, Michel Temer não consegue com que o Senado vote leis-chaves”, o
jornal argentino destacou: “A continuidade do presidente brasileiro, Michel
Temer, com uma sobrevivência mais prolongada do que se imaginava no início, tem
seus reflexos não só na economia como também na vida parlamentar”, destacando
como a tentativa de votar aspectos das reformas Trabalhista e Previdenciária,
em comissões do Senado, acabaram em pancadaria.
O jornal cita um senador, sem identificá-lo,
que teria afirmado que “este é o retrato de um governo que não pode se
sustentar mais e precisa que se façam sessões e que se vote a toda a velocidade, sem nenhum debate” para concluir
que “o certo é que Temer nem sequer contar, no Senado, com todos os
parlamentares de seu partido”, dando como exemplo Renan Calheiros (o líder do
PMDB) que teria declarado: “É incrível que um governo com este nível de
rejeição queira fazer uma reforma fundamental de forma unilateral. Isso não vai
ocorrer. Não pode acontecer”.
*Graduado em História e Mestre em Ciências da
Comunicação/Cinema é professor universitário de História da Arte e Metodologia do
Ensino de História.