Texto e foto por Chico Sant'Anna
Muitas famílias de baixa renda, beneficiárias do
Programa Bolsa Família correm o risco de ficar sem acesso à televisão aberta
digital. Tudo em decorrência da implantação da Internet 5G no Brasil, que vai
usar frequências hoje utilizadas pelas transmissões analógicas de televisão.
Essas localidades perderão a transmissão analógica e ainda não contam com a digital.
O Tribunal de Contas da União estima que 1.300 municípios - praticamente, 1/4 das cidades brasileiras - podem ficar sem
qualquer conexão com o Brasil, pois não terão mais sinal de TV. São Municípios
de pequeno e médio porte, desprovidos de meios de comunicação próprios e
dependentes das transmissões satelitais de rádio e tv.
Isso é que os
técnicos denominam apartheid tecnológico. O sinal analógico é de fácil captação
pelas antigas antenas parabólicas. Muitas cidades não possuem canal local.
Outras, as prefeituras criaram canais repetidores para redifundir o sinal
captado nos satélites. Mas com o sinal digital, também as prefeituras teriam
que comprar novos equipamentos para se adequarem às mudanças tecnológicas.
Há ainda problemas
geográficos. Localidades em que o relevo ou a vegetação, como na Amazônia, não
favorecem a transmissão do sinal digital. Na França, quando da implantação da
TV digital, cerca de 500 lares ficaram sem acesso a TV. O governo criou uma
espécie de bolsa televisão, concedendo a essas famílias um abono que
permitissem que elas assinasse serviços pagos de televisão.
Nos Estados Unidos,
também houve esse fenômeno. Em 2009, 2,8 milhões de lares no país não conseguiram
se adaptar para receber os sinais de transmissão digital. O Impacto também
afetou 21 pequenas e médias emissoras locais, que sem dinheiro para se adaptar
à nova tecnologia, tiveram que encerrar suas transmissões.
Para evitar que isso
aconteça, o TCU recomendou ao ministério das Comunicações, que crie um
planejamento para o desligamento do sinal analógico dos municípios que ainda
não possuem a transmissão de TV digital, viabilizando às populações que contam
atualmente com a transmissão analógica da televisão aberta a continuidade de
acesso, no mínimo, aos mesmos canais em tecnologia digital.
Para mais detalhes sobre a migração para o canal
digital, leia também:
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digital: 500 mil lares sem televisão, na França
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Digital: Governo francês teme apartheid tecnológico
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Digital: Emissoras pedem adiamento do fim do sinal analógico
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Digital: fim da TV analígica pode ser prorrogado
Japão
completa transição do sistema de TV analógica para digital
Para o TCU se o cenário atual permanecer da forma
que está, após ocorrer a migração da transmissão analógica para digital
prevista para o final de 2023, cerca de 1.300 municípios ficarão sem qualquer
sinal de TV, deixando seus moradores sem acesso à TV aberta.
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