A timidez em relação à TV Globo, talvez derivada do poderio comunicativo da emissora, não se limita aos grandes jornais.
Por Dorgil Silva, jornalista
Com a força das publicações nas redes sociais, blogs e
sítios da Internet, dificilmente a Globo escaparia de ir ao banco dos réus
esclarecer uma série de dúvidas que pairam sobre a lisura da empresa e de seus
donos, os irmãos Marinho.
Entre as dúvidas, estão a sonegação fiscal, a criação e
manutenção de empresas de fachada no exterior, além de operações escusas em
contratos que envolvem organizações do futebol. Como concessionária de um
serviço público, pode ter de dar explicações à sociedade não apenas por meio de
seus veículos, mas também ante a Justiça.
O Jornal noturno da própria emissora noticiou nesta terça
(14) que a TV Globo fora acusada de
pagamento de propinas para transmissão de jogos de futebol internacionais. A
revelação constava em depoimento do empresário argentino Alejandro Burzaco à
Justiça dos Estados Unidos, prestado ontem.
Mas o assunto não é novo. Por ocasião do depoimento do
ex-ministro Antonio Palloci, há meses, já se comentava essa possibilidade de
delação, que reiteradamente aparece em blogs e outras criações na Internet há
anos.
A timidez do
jornalismo brasileiro em relação à acusação contra a TV Globo
Enquanto o principal jornal norte-americano, The New York Times, fez matéria sobre a
delação de Burzaco, o jornalismo comercial brasileiro é supertímido quanto ao
tema. Os jornais de amplitude nacional que publicaram hoje na capa a notícia da
delação de ontem são apenas o Globo, da mesma organização da TV Globo, e a Folha
de S. Paulo.
Nada trazem sobre o assunto as capas desta quarta (15) dos
jornais Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, Estado de Minas, Zero Hora,
Correio do Povo, Correio da Bahia, Diário de Pernambuco, Meia Hora, O Dia,
Correio da Bahia.
As instituições
investigativas oficiais também são tímidas em relação à Globo
A timidez em relação à TV Globo, talvez derivada do poderio
comunicativo da emissora, não se limita aos grandes jornais.
A operação Lava-Jato, os procuradores da força-tarefa, integrantes
do Ministério Público Federal, até agora não divulgaram qualquer iniciativa
para verificar alguma responsabilidade da emissora, cuja apuração parece
limitada a órgãos internacionais. Pode ser discutido o cabimento de uma ação
popular, mas ninguém tomou a iniciativa de solicitar.
O Jornal da Globo divulgou que a emissora patrocinou uma
investigação “interna” e constatou que não houve pagamento de propinas. É esperado
que as redes sociais, blogs e sítios não se deem por satisfeitos com a
declaração e acompanhem e divulguem com muito interesse cada passo da
investigação de esfera internacional.
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