A
rádio que já foi “a cara de Brasília”, um dos mais importantes espaços de
manifestação das artes locais, e da música, em especial, agoniza nos ares da
cidade como outros espaços culturais – dentre eles, o Museu de Arte de
Brasília – MAB. Hoje, a Rádio Cultura FM (100,9 MHz) é vista não como uma
emissora pública, mas como rádio chapa-branca. Além disso, fala baixinho, pela
falta de equipamentos e de funcionários. Até a data de hoje, 25/3, estava sem
comando, mas um novo diretor deve assumirproximamente, trata-se de Nilo
Bairros, jornalista concursado da Rádio Senado.
A emissora, sob o comando do Governo do Distrito Federal (GDF), vê sua programação transformada num espaço misto de palanque e carro-de-som para fazer propaganda política das atividades governamentais.
Três secretarias têm boletins na grade da emissora: secretaria de Segurança Pública, secretaria da Copa e secretaria de Saúde. São “noticiários” de 5 a 10 minutos, espalhados por diversos dias e horários, que fazem propaganda das ações dessas secretarias. A chapa branca desta rádio que se apresenta como “emissora pública” inclui ainda “pílulas sonoras” com informes de dois conselhos: o de Desenvolvimento Social e o da Juventude. Pouco jornalismo, muita propaganda.
Neste aspecto a Cultura já foi pior. Por quase 3 anos, ela veiculou às terças-feiras, às 8 horas, o programa “Conversa com o governador, reproduzido em outros dias e horários. No caso, eram “entrevistas” com o governador Agnelo Queiroz, quando ele “prestava contas” das suas atividades. Na verdade, uma encenação. Na “entrevista”, o repórter lia perguntas feitas pela equipe de governo e que o governador já as conhecia. As respostas, também previamente preparadas, eram lidas pelo governador.
O programa, sob produção da secretaria de Comunicação do GDF, não é original. Essa propaganda chapa-branca, camuflada como jornalismo, era uma imitação de programa similar feito pelo ex-governador José Roberto Arruda, que perdeu o cargo e chegou a ser preso por causa do seu envolvimento com o “Mensalão do DEM”. No passado, até o ex-presidente general João Figueiredo uso desta técnica, só que na TV Globo, para tentar obter mais popularidade.
A emissora, sob o comando do Governo do Distrito Federal (GDF), vê sua programação transformada num espaço misto de palanque e carro-de-som para fazer propaganda política das atividades governamentais.
Três secretarias têm boletins na grade da emissora: secretaria de Segurança Pública, secretaria da Copa e secretaria de Saúde. São “noticiários” de 5 a 10 minutos, espalhados por diversos dias e horários, que fazem propaganda das ações dessas secretarias. A chapa branca desta rádio que se apresenta como “emissora pública” inclui ainda “pílulas sonoras” com informes de dois conselhos: o de Desenvolvimento Social e o da Juventude. Pouco jornalismo, muita propaganda.
Neste aspecto a Cultura já foi pior. Por quase 3 anos, ela veiculou às terças-feiras, às 8 horas, o programa “Conversa com o governador, reproduzido em outros dias e horários. No caso, eram “entrevistas” com o governador Agnelo Queiroz, quando ele “prestava contas” das suas atividades. Na verdade, uma encenação. Na “entrevista”, o repórter lia perguntas feitas pela equipe de governo e que o governador já as conhecia. As respostas, também previamente preparadas, eram lidas pelo governador.
O programa, sob produção da secretaria de Comunicação do GDF, não é original. Essa propaganda chapa-branca, camuflada como jornalismo, era uma imitação de programa similar feito pelo ex-governador José Roberto Arruda, que perdeu o cargo e chegou a ser preso por causa do seu envolvimento com o “Mensalão do DEM”. No passado, até o ex-presidente general João Figueiredo uso desta técnica, só que na TV Globo, para tentar obter mais popularidade.
Baixa potência
O
uso como instrumento de propaganda política do GDF não rendeu benefícios para
emissora. Nem em termos de equipamentos, nem de recursos humanos. Hoje, a Rádio
Cultura não tem quadro de funcionários ( são somente três jornalistas – alguns
cedidos de outras pastas do GDF ) e apenas dois operadores de som para garantir
as 24 compor seu quadro de funcionários foi anunciado agora, no
último ano de Governo. Criada na década de 1980, somente agora a emissora está
realizando seu primeiro concurso público: serão três jornalistas e três
radialistas, quantitativo profissional considerado tímido ainda.
Como dito na abertura, a emissora está já há cerca de dois meses sem direção, desde a exoneração de Maria Alice Campos, e aguarda a chegada do novo diretor, que tem um perfil jornalístico forte.
Horas no ar.
Antes de assumir o cargo, Maria Alice era dirigente da Frente Nacional pela Valorização das TVs Comunitárias do Campo Público (Frenavetc). Leiga em rádio, teria sido indicada para fazer da Cultura FM isso que ela é hoje: chapa-branca.
A bem da verdade, pelo menos seis meses antes de Maria Alice sair a Rádio Cultura já era o que é hoje: um silêncio, ou um ruído branco no dial. O sinal da Rádio Cultura FM é quase inaudível. Para ouvir a rádio no dial, em 100,9 MHz, é preciso aumentar o volume – a potência é pouca e o sinal é mono quando deveria ser estéreo. E não adianta procurar o sinal na internet. A emissora que foi vanguarda ao transmitir na internet, hoje se encontra limitada à velha forma tradicional de transmissão. Isto é, quando todo mundo ouve rádio no celular, ipod, tablets em geral, a Cultura FM se limita à transmissão via ondas hertzianas.
Falar em migração para o sistema digital é um idioma desconhecido dentre os que definem os rumos da Cultura FM, de Brasília.
O fato é que a Rádio Cultura FM, “a rádio que toca Brasília”, como se dizia antigamente, já não é mais vanguarda no jornalismo cultural. Ela foi, provavelmente, a primeira emissora de Brasília a reconhecer o brilho de Renato Russo, a ousadia de Cássia Eller, a categoria de Zélia Duncan, a criatividade de Hamilton de Holanda, para citar uns poucos artistas daqui.
É verdade que o rock de Brasília não se tornou conhecido nacionalmente por causa da Rádio Cultura, mas foi ela quem mais deu espaço a essas bandas e esses cantores que marcaram a cidade e sua história. E não somente o rock e o choro. A Rádio Cultura tocou os primeiros CDs de Lenine, Chico César, Mestre Ambrósio, Zeca Baleiro, Chico Science, entre tantos bons artistas hoje reconhecidos nacionalmente. E fez isso mesmo quando tinha governantes de reputação questionável.
A Rádio Cultura sempre superou esses momentos tristes de sua história, fazendo o que parecia ser sua missão: tocar Brasília. Hoje, porém, ela não toca mais Brasília e se encontra numa das situações mais críticas da sua história.
A Cultura FM nasceu nos idos de 1980 graças aos esforços de alguém que pelo menos entendia de cultura, o governador José Aparecido de Oliveira. Usando seus poderes políticos, Aparecido venceu a disputa com a Universidade de Brasília para ter a frequência. Originalmente, a rádio se instalou no Palácio do Buriti, sede do GDF. Posteriormente, foi transferida para o subsolo do Teatro Nacional e hoje opera a partir do Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul.
Em sua história a Rádio Cultura foi chapa-branca em três governos. Quem inaugurou a programação chapa branca na Cultura foi o governo Cristovam Buarque (1995-1998). Em seguida, vem Joaquim Roriz (1999-2002). Ao suceder Cristovam Roriz manteve o seu modelo chapa-branca, quando a Rádio Cultura chegou ao mais baixo nível de programação ao promover o populismo barato, tocando o que de pior o mercado da música pode vender.
Finalmente, em 2010, Agnelo Queiroz assume o GDF e disso decorre a terceira experiência de rádio chapa branca, em vigor até hoje – obra da sua equipe de comunicação e Secretaria de Cultura (a quem a rádio estava afeta). Depois de seis meses à deriva (sem nomear dirigente para emissora), finalmente a Rádio Cultura tem um comando.
E deu no que deu.
Hoje, a Cultura FM não é mais referência na cidade. Na prática, ela não existe. Uma emissora FM que deveria valorizar a cultura e a boa música tem sinal fraco e ruído permanente o que afasta a audiência. Quem ouve uma rádio assim? Enfim, graças ao GDF, ao governo Agnelo, à secretaria de Cultura e a de Comunicação, a Cultura FM sumiu, desapareceu entre as nuvens nubladas de Brasília.
Como dito na abertura, a emissora está já há cerca de dois meses sem direção, desde a exoneração de Maria Alice Campos, e aguarda a chegada do novo diretor, que tem um perfil jornalístico forte.
Horas no ar.
Antes de assumir o cargo, Maria Alice era dirigente da Frente Nacional pela Valorização das TVs Comunitárias do Campo Público (Frenavetc). Leiga em rádio, teria sido indicada para fazer da Cultura FM isso que ela é hoje: chapa-branca.
A bem da verdade, pelo menos seis meses antes de Maria Alice sair a Rádio Cultura já era o que é hoje: um silêncio, ou um ruído branco no dial. O sinal da Rádio Cultura FM é quase inaudível. Para ouvir a rádio no dial, em 100,9 MHz, é preciso aumentar o volume – a potência é pouca e o sinal é mono quando deveria ser estéreo. E não adianta procurar o sinal na internet. A emissora que foi vanguarda ao transmitir na internet, hoje se encontra limitada à velha forma tradicional de transmissão. Isto é, quando todo mundo ouve rádio no celular, ipod, tablets em geral, a Cultura FM se limita à transmissão via ondas hertzianas.
Falar em migração para o sistema digital é um idioma desconhecido dentre os que definem os rumos da Cultura FM, de Brasília.
O fato é que a Rádio Cultura FM, “a rádio que toca Brasília”, como se dizia antigamente, já não é mais vanguarda no jornalismo cultural. Ela foi, provavelmente, a primeira emissora de Brasília a reconhecer o brilho de Renato Russo, a ousadia de Cássia Eller, a categoria de Zélia Duncan, a criatividade de Hamilton de Holanda, para citar uns poucos artistas daqui.
É verdade que o rock de Brasília não se tornou conhecido nacionalmente por causa da Rádio Cultura, mas foi ela quem mais deu espaço a essas bandas e esses cantores que marcaram a cidade e sua história. E não somente o rock e o choro. A Rádio Cultura tocou os primeiros CDs de Lenine, Chico César, Mestre Ambrósio, Zeca Baleiro, Chico Science, entre tantos bons artistas hoje reconhecidos nacionalmente. E fez isso mesmo quando tinha governantes de reputação questionável.
A Rádio Cultura sempre superou esses momentos tristes de sua história, fazendo o que parecia ser sua missão: tocar Brasília. Hoje, porém, ela não toca mais Brasília e se encontra numa das situações mais críticas da sua história.
A Cultura FM nasceu nos idos de 1980 graças aos esforços de alguém que pelo menos entendia de cultura, o governador José Aparecido de Oliveira. Usando seus poderes políticos, Aparecido venceu a disputa com a Universidade de Brasília para ter a frequência. Originalmente, a rádio se instalou no Palácio do Buriti, sede do GDF. Posteriormente, foi transferida para o subsolo do Teatro Nacional e hoje opera a partir do Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul.
Em sua história a Rádio Cultura foi chapa-branca em três governos. Quem inaugurou a programação chapa branca na Cultura foi o governo Cristovam Buarque (1995-1998). Em seguida, vem Joaquim Roriz (1999-2002). Ao suceder Cristovam Roriz manteve o seu modelo chapa-branca, quando a Rádio Cultura chegou ao mais baixo nível de programação ao promover o populismo barato, tocando o que de pior o mercado da música pode vender.
Finalmente, em 2010, Agnelo Queiroz assume o GDF e disso decorre a terceira experiência de rádio chapa branca, em vigor até hoje – obra da sua equipe de comunicação e Secretaria de Cultura (a quem a rádio estava afeta). Depois de seis meses à deriva (sem nomear dirigente para emissora), finalmente a Rádio Cultura tem um comando.
E deu no que deu.
Hoje, a Cultura FM não é mais referência na cidade. Na prática, ela não existe. Uma emissora FM que deveria valorizar a cultura e a boa música tem sinal fraco e ruído permanente o que afasta a audiência. Quem ouve uma rádio assim? Enfim, graças ao GDF, ao governo Agnelo, à secretaria de Cultura e a de Comunicação, a Cultura FM sumiu, desapareceu entre as nuvens nubladas de Brasília.
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