Os EUA vêm bancando, secretamente, pelo menos desde 2005, grupos contra o governo da Síria, e inclusive um canal de televisão por satélite, a TV Barada, segundo telegramas agora divulgados pelo site WikiLeaks. Os telegramas secretos revelam que apenas um desses grupos, o “Movimento pela Justiça e Desenvolvimento”, sediado em Londres e que opera a TV Barada, recebeu do Departamento de Estado US$ 6 milhões desde 2006. Não há dados sobre quanto custou à CIA. Iniciada no governo de W. Bush, a operação continuou sob Obama. Desde 18 de março, a Síria foi atingida por demonstrações e violência de gangs armadas.
Um desses telegramas, datado de abril de 2009, dizia o óbvio: que as autoridades sírias considerariam “quaisquer fundos dos EUA indo para grupos políticos ilegais como equivalente ao apoio à troca de regime” – isto é, à derrubada do governo Assad. Ou, dito de outro jeito, que quem recebia esse dinheiro era agente da CIA. O documento se referia ao apoio a “facções anti-[governamentais], tanto dentro como fora da Síria”. A TV Barada – o nome é em referência a um rio que corta Damasco -, começou justo a transmitir em abril de 2009. O “movimento” de Londres era considerado por Washington como constituído por “ex-membros liberais e moderados da Irmandade Muçulmana”. A TV Barada também transmite “programação” feita por outro grupo, dos EUA.
“Não estou sabendo de nada disso”, jurou o diretor de jornalismo da TV Barada, Malik al Abdeh. Ele asseverou que “um empresário sírio independente” é que fornece o dinheiro, mas acabou admitindo que ele, e o irmão, Anas, fazem parte do board do “movimento” de Londres pela derrubada de Assad. Provavelmente o empresário sírio independente trabalha naquela conhecida repartição da Virgínia.
Telegrama de fevereiro de 2006 registra um encobrimento sobre o dinheiro da CIA, alegando que “nenhum dissidente dentro da Síria estava querendo pegar o dinheiro, com medo de prisão ou execução por traição”. Na época, o governo Bush anunciara US$ 5 milhões “para acelerar o trabalho dos reformadores na Síria”. Já com Obama, ao mesmo tempo em que punha em ação esses grupos, os EUA encenavam uma “normalização” das relações com a Síria, enviando o primeiro embaixador em seis anos.
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