O jornalista Jáder de Oliveira morreu na quarta-feira na Inglaterra, aos 76 anos de idade, após uma batalha contra o câncer. Correspondente internacional na Grã-Bretanha desde 1968, Jáder trabalhou por 31 anos na BBC Brasil, antes de assumir o posto de correspondente da GloboNews, onde atuou nos últimos anos.
Amigos e colegas descreveram Jáder de Oliveira como um profissional equilibrado, uma referência no jornalismo internacional e esportivo, duas áreas a que se dedicou inteiramente nas suas mais de quatro décadas baseado na capital britânica.
“Jáder de Oliveira era sinônimo de jornalismo responsável, ponderado, lúcido”, diz o diretor da BBC Brasil, Rogério Simões, que conheceu Jáder nos anos 90. “Eu era correspondente da Folha de S.Paulo em Londres, e seu trabalho pela BBC na época era uma referência para mim. Ele conhecia como poucos a vida na Grã-Bretanha, o cenário político e econômico.”
O jornalista Lucio Mesquita, ex-diretor da BBC Brasil, lembra que o então colega tornou-se extremamente conhecido entre o público brasileiro. "Era comum eu visitar o Brasil em nome da BBC e encontrar ouvintes e jornalistas perguntando pelo 'Jáder da BBC de Londres', devido à sua popularidade."
Mesquita também considera o trabalho de Jáder como de grande importância para a expansão da BBC no Brasil, por meio de parcerias com rádios locais. "Ele foi um dos pioneiros da BBC quando a organização buscava mais impacto no Brasil através de boletins enviados para emissoras brasileiras, reforçando sua popularidade como o principal jornalista da BBC Brasil na época."
Esporte
Natural de Minas Gerais, Jáder de Oliveira iniciou sua carreira no Serviço Brasileiro da BBC em setembro de 1968, um mês depois da chegada a Londres do jornalista e escritor Ivan Lessa, de quem tornou-se amigo pessoal.
Em um período em que a atividade jornalística no Brasil era limitada pela censura imposta pelo regime militar, Jáder tornou-se uma das vozes mais importantes vindas do exterior para o Brasil.
A partir de Londres, cobriu as principais áreas do noticiário, mas seu maior interesse era pela cobertura esportiva, que incluiu Fórmula 1 nos tempos de Emerson Fittipaldi e as campanhas da Seleção Brasileira na Europa.
No final dos anos 90, Jáder foi peça fundamental num esforço para garantir a sobrevivência do Serviço Brasileiro da BBC, em uma época em que as transmissões da corporação em línguas estrangeiras sofriam drásticas reduções orçamentárias. Diante da ameaça de corte, ele obteve apoio formal de deputados brasileiros ao serviço, mensagem que foi então passada ao comando do Serviço Mundial da BBC.
Rádio
Apesar da sua dedicação ao conteúdo jornalístico, sempre tratado por ele com rigor e precisão, Jáder de Oliveira era apaixonado por uma forma específica de se apresentar a notícia: o rádio. Grande conhecedor do meio, Jáder produziu e apresentou uma série especial para a BBC Brasil sobre a história do rádio brasileiro.
Jáder entrevistou várias personalidades, como o então presidente Fernando Henrique Cardoso
Ao apresentar o início da série, antes de falar dos profissionais que introduziram o rádio no país, ele disse: "Hoje no Brasil, dentre todos os veículos de comunicação de massa, o rádio é sem dúvida o mais imediato. Mas, para chegar até os dias de hoje, muita coisa aconteceu. E não poderíamos deixar de lembrar, nesta série que se inicia, dos pioneiros que trouxeram para o Brasil o veículo de comunicação sem fio."
“Jáder tinha pleno domínio da linguagem do rádio, sua voz passava tranquilidade e ao mesmo tempo mostrava autoridade sobre a informação. Era um meio no qual ele se sentia completamente à vontade”, lembra Rogério Simões.
Mesmo enfrentando o câncer, Jáder de Oliveira continuou trabalhando e encontrando colegas em compromissos profissionais até poucos meses antes de sua morte.
Além de BBC e GloboNews, sua carreira em Londres reuniu colaborações com inúmeros outros veículos brasileiros, como o jornal Correio Braziliense e a rádio CBN. Ele deixa esposa e dois flhos.
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