Paralisação na Empresa Brasil de Comunicação fortalece luta em defesa de plano de carreiras: Funcionários reivindicam proposta que garanta autonomia e valorização dos empregados
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Trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizaram uma paralisação, nesta terça-feira (9/12), nas sedes da empresa em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís para cobrar um Plano de Carreiras que valorize e garanta a autonomia do corpo de empregados da empresa e defender também o fortalecimento da comunicação pública. Foi um ato político histórico que mobilizou parte importante da empresa, ampliou a cobrança sobre a diretoria e deu visibilidade para a questão.
Em Brasília, cerca de 80% dos jornalistas pararam. Cinco das seis redações ficaram praticamente vazias. Radialistas fundamentais para a produção de conteúdo da empresa, como editores de imagem, também cruzaram os braços. No Rio de Janeiro mais de 80% dos funcionários concursados aderiram à mobilização, entre jornalistas e radialistas. Foram paralisadas boa parte de áreas como controle mestre, suíter da TV, operadores de câmera e edição de imagem. Na reportagem a paralisação foi de 100% - tanto na TV quanto nas rádios e agência.
Em São Paulo, houve adesão de quase 100% dos jornalistas da sucursal, que são responsáveis pela produção de conteúdo da agência, rádio e TV. Também houve forte paralisação das equipes de externa, com repórteres cinematográficos e auxiliares. Os serviços administrativos e jurídicos foram interrompidos com a participação de 100% dos concursados dessas áreas. O piquete que se manteve na porta da empresa também contou com o apoio de radialistas do setor de operações que defendem avanços no Plano de Carreiras.
Em São Luís, a mobilização agregou metade do corpo funcional, que realizou um ato simbólico em apoio à paralisação, com faixas e cartazes. Essa foi a alternativa encontrada para a participação desses funcionários, que não puderam cruzar os braços devido à falta de apoio dos sindicatos da região.
Pela defesa da comunicação pública
A ausência dos trabalhadores ficou nítida. Em vez das mais de 100 matérias veiculadas diariamente pela Agência Brasil, pouco mais de 20, muito de agências internacionais, foram ao ar. Os telejornais tiveram que ser alimentados largamente por links e pela participação de comentaristas. Imagens de celular foram usadas, já que os repórteres cinematográficos também aderiram fortemente à paralisação. Nas emissoras de rádio, programas deixaram de ir ao ar e foram substituídos por música. Muitas informações relevantes não foram divulgadas pela EBC.
Porém, mais que impactar a produção de conteúdo da casa, os trabalhadores cobraram a diretoria e levaram a luta pela valorização para além dos muros da EBC. A causa ganhou visibilidade nacional por meio do apoio de diversos parlamentares, de personalidades e movimentos sociais, inclusive com uma proposta de realização de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. A paralisação foi notícia em mais uma dezena de veículos da imprensa.
A programação da paralisação envolveu rodas de conversa sobre o Plano de Carreiras e debates sobre desafios da comunicação pública e o conteúdo produzido pela EBC. Em protesto silencioso, trabalhadores de Brasília ocuparam a reunião do Conselho Curador que discutiu o Plano de Trabalho da EBC para 2015. Nela entregaram um manifesto aos diretores e conselheiros e dialogaram sobre as reivindicações relacionadas ao Plano de Carreiras e à construção de uma gestão participativa de fato na EBC. A participação levou a uma discussão sobre a necessidade de contribuir com o plano, mesmo que a direção não tenha envolvido os trabalhadores neste processo. Para isso foi criado um Grupo de Trabalho que formulará propostas que serão apresentadas posteriormente ao Conselho Curador e à direção da empresa.
A estratégia de chamar a atenção para nosso pleito e cobrar do governo federal a valorização da principal empresa pública de comunicação do país resultou também em uma reunião com a Secretaria-Geral da Presidência da República. Houve o compromisso de dialogar com a empresa sobre o assunto. Foi feito um diálogo com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República para entregar as propostas dos empregados e marcar uma agenda com o ministro.
São vitórias que só foram obtidas por conta da paralisação, a qual também fortaleceu a unidade dos trabalhadores. A mobilização deixou claro que os empregados têm justas reivindicações trabalhistas, mas compreendem que devem ir além e lutar pelo fortalecimento da comunicação pública. Afinal, a valorização do trabalho destes profissionais está relacionada à construção de um sistema público robusto, que conte com profissionais estimulados e respeitados, recursos para a produção de conteúdos e capacidade técnica para que chegue aos lares de todos os brasileiros.
Infelizmente, a diretoria da EBC não respondeu até agora se vai chamar os trabalhadores para debater o resultado do Grupo de Convergência e o Plano de Carreiras, de forma geral. Segundo informado ontem (9), está sendo feita uma análise técnica e jurídica da proposta do grupo e, devido aos atrasos na conclusão dos trabalhos, a Diretoria Executiva não pretende discutir o tema neste ano.
Esse segue sendo um pleito central: a diretoria deve dar uma resposta se vai ouvir ou não os trabalhadores sobre o Plano de Carreiras e se vai acolher as propostas formuladas por eles. Diante do quadro, a mobilização e a pressão continuarão. Agora ainda mais animada pela certeza de que estamos unidos e que só mobilizados conseguiremos ser valorizados e construir a comunicação pública que desejamos. Porque só quem luta conquista.
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