Da Agência Senado
Com conteúdo impactante, comovente e, principalmente, real, a produção Em Busca da Verdade, da TV Senado, lançada em junho deste ano, conquistou o 37º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Documentário de TV. O filme retrata as graves violações de direitos humanos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985) e que foram investigadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Dirigido pelos jornalistas Deraldo Goulart e Lorena Maria, ambos da TV Senado, o documentário, com 58 minutos de duração, apresenta as principais investigações feitas pela CNV e pelas Comissões Estaduais da Verdade, revelando como funcionou a estrutura de repressão no país naquela época.
Entre os aspectos tratados no documentário, estão os casos do sapateiro Epaminondas, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que morreu sob tortura em 1971, do ex-deputado Rubens Paiva, dado como desaparecido, e do ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Stuart Angel, também morto durante o regime.
Trabalho coletivo
Lorena destaca que o trabalho é resultado de um esforço conjunto de toda a equipe: “É um prêmio da TV, como um todo. Não existe trabalho individual aqui”. Para compilar as cerca de 3,4 mil páginas produzidas pela CNV, foi necessário criar filtros para selecionar os conteúdos retratados na obra, explica a servidora.
— Os casos que entraram no documentário foram os que tinham o relatório oficial parcial na comissão. Ao todo, foram o de três pessoas e, em apenas um deles, havia sido encontrado o corpo da vítima — explicou.
Por sua vez, Deraldo destaca que a possibilidade de produzir esse trabalho é de extrema importância, e o reconhecimento advindo do prêmio é valioso.
— Se você não tem o reconhecimento, acaba desmotivado. Sem dúvida, esse prêmio fortalece o nosso núcleo, que, apesar de pequeno, é valoroso — afirmou.
Ao defender a premiação ao documentário da TV Senado, o professor Vitor Blotta , da Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP), elogiou o o trabalho, que “realmente cumpriu um serviço público fundamental de destrinchar questões ainda não tão claras do regime militar”.
— Louvo o esforço, que é tanto do poder público, dos meios de comunicação estatais, quanto deve ser também do jornalismo de meios sociais, principalmente porque há essa demanda pra questão do direito à informação, das pessoas que com certeza, a maioria, não conseguirá acessar os documentos diretamente do relatório da Comissão — destacou o professor.
O prêmio é organizado por um conjunto de entidades, tais como: Instituto Vladirmir Herzog, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre outras. O resultado foi anunciado na quarta-feira (30) e a premiação acontece em 20 de outubro, às 20h, no Teatro Universidade Católica de São Paulo (Tuca).
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