Por Alberto Perdigão, em O Povo Online
Professores de Comunicação de todo o País estão unidos na campanha Inclui Comunicação Pública, pela inclusão da disciplina Comunicação Pública nos cursos de Jornalismo e afins. A campanha foi lançada no dia 6 de setembro passado, no Rio de Janeiro, durante o XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), dando à mobilização a visibilidade e pautando o tema da comunicação pública como uma necessidade e uma oportunidade ao ensino superior e ao País.
A comunicação pública é um tipo de comunicação a que estão obrigados todos os órgãos públicos da União, estados e municípios, pela Constituição de 1988 (incisos XXXIII do art. 5º e II do § 3º do art. 37) e pela Lei de Acesso à Informação (arts. 1º e 2º). É um modelo de comunicação de terceira geração, mais republicano e democrático, que se amplia e se aprofunda, em relação à comunicação institucional, unívoca e burocrática, que se instalou nos governos militares e que ainda resiste na gestão pública.
Pois bem: a campanha Inclui Comunicação Pública está sensibilizando outros professores, coordenadores de cursos e chefes de departamento de Comunicação. Quer alcançar também o Ministério da Educação e o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, neste momento em que se discute a reformulação dos currículos. E pretende ainda que a discussão ultrapasse os muros da faculdade e da formação do jornalista, para se estabelecer como uma questão da sociedade brasileira.
Salvas algumas exceções de alguns poucos estados, tradicionalmente, os cursos de jornalismo do País formam profissionais voltados a atender os meios privados, sem levar em conta a demanda reprimida de comunicação do País de 5.561 municípios, de 27 unidades federativas e da União, nos seus três Poderes, e não obstante a necessidade de informação centrada no interesse público de base territorial, condição à participação cidadã, ao controle social, à prevenção e combate à corrupção.
Há disciplinas de Assessoria de Comunicação e de Comunicação Corporativa, não de comunicação pública. Há disciplinas de rádio, de televisão, não de radiodifusão pública. É como se um médico se formasse sem conhecer o SUS; como se um professor fosse preparado para ensinar só nos colégios particulares; como se um administrador ou contador só tivesse formação para atender empresas, e não entendesse de gestão pública ou da contabilidade aplicada ao setor público.
Se você acha que ter também outro tipo de jornalista pode ajudar a construir outros tipos de sociedade e de gestão pública, então, você também está na campanha. Conheça nosso manifesto, manifeste-se e assine a nossa petição .
*Jornalista, professor, membro da coordenação da campanha Inclui Comunicação Pública
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