Além de bons e caros advogados, mormente caros por terem tráfego facilitado na estrutura do Judiciário, os contraventores brasileiros tem inovado nos últimos anos: agora contam com o apoio de profissionais de comunicação a assessorá-los.
Houve um tempo no qual os bicheiros do Rio mantinham uma relação no mínimo estranha com a imprensa. Uma espécie de aliança tácita na qual havia uma nunca confessada troca de favores. Eram os tempos românticos do jabá, onde o protegido era poupado em notícias.
Mas não foram os bicheiros ou outros contraventores que criaram o jabá, mas apenas se assenhoraram e profissionalizaram uma relação espúria de troca.
Lembro que no episódio da Daslu, foi contratada uma empresa especializada em tratar situações de risco junto a imprensa (aqui compreendidas todas as ferramentas de comunicação). Administrar estas situações de crise é, por sinal, um dos grandes filões hoje para profissionais que se especializaram na chamada troca de favores insitucionais. Mais do que os “cases” publicados e estudados, há tantas outras performances notáveis. E que, por revelarem o lado podre e perverso da administração de crises, jamais são revelados.
O aspecto inovador e inusitado dos últimos anos foi um trabalho “de escada”, se assim fosse possível tipificar, que contraventores colocaram em andamento – com o respaldo de pseudos comunicadores, com interface nas redes sociais onde se valem de uma gama de fakes ou mesmo de contratados para ampliar a repercussão de suas ações.
É como se de repente Al Capone tivesse contratado um jornalista para mostrar, via mídia, que ele não era este monstrengo todo e, ao mesmo tempo, pelo porta voz, tratasse de disseminar ataques contra quem o atacava – através de informações que são descontextualizadas e apresentadas mais para ameaçar do que para informar, mais para jogar todo mundo na mesma vala do que para ajudar a elucidar crimes e condutas criminosas.
Por esta, nem Dom Corleone, o mais irreal dos mafiosos, esperava: os contraventores brasileiros acabaram criando algo que nem mesmo Hollywood tinha imaginado...
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