Do portal Portugal Digital
O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro quer conhecer as origens do capital investido pelo grupo português Ongoing na aquisição de vários jornais. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o grupo liderado por Nuno Vasconcellos é suspeito de contonar a legislação brasileira, que limita a participação de estrangeiros em veículos de comunicação a 30%.
O MPF de São Paulo quer saber, de acordo com a Folha, como se processa a participação do Ongoing no capital da Ejesa, uma empresa liderada por Maria Alexandra Almeida e Vasconcellos, brasileira, casada com o investidor português Nuno Vasconcellos, que detém 70,1% do capital.
A Empresa Jornalístico Econômico S.A. (Ejesa), na qual o Ongoing tem participação minoritária (29,9%), é proprietária dos jornais Brasil Econômico, O Dia, Meia Hora e Marca, este último em parceria com o grupo espanhol Marca.
Segundo a Folha, com base numa representação apresentada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), o procurador Márcio Schusterschitz Araújo abriu investigação para apurar a origem dos investimentos nos jornais da Ejesa.
Nos últimos meses, grandes grupos de comunicação brasileiros têm vindo a intensificar as pressões, inclusive junto do Congresso nacional, para tentar impedir o crescimento do Ongoing/Ejesa no Brasil. A pressão de grupos como Globo, Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, por meio da ANJ, levou a Ejesa a abandonar a entidade associativa das empresas jornalísticas.
A participação de capital estrangeiro na mídia brasileira foi o tema de uma sessão da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, realizada em julho. Na altura, o debate esteve focado no grupo português e no controle do portal Terra pela espanhola Telefónica.
A vinda a público da informação de que o Ongoing está interessado na aquisição de um canal de televisão e que a Ejesa prepara o lançamento, no início de 2011, de um jornal em Brasília, tendo para tal adquirido o título Jornal Alô Brasília, do empresário Hélio Queiroz, levaram ao recrudescimento dos ataques ao investimento luso, quer em artigos publicados nos veículos que controlam, quer, agora, com a apresentação de representação junto do Ministério Público Federal.
Em Setembro, a revista Veja enviou dois jornalistas a Lisboa para fazer uma reportagem sobre o Ongoing e as relações do grupo português com José Dirceu, o ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula.
Na sua edição desta quarta-feira, a Folha de S. Paulo diz que no caso da TV aberta os planos do grupo Ongoing "também estão adiantados". Segundo o jornal, o Ongoing tenta comprar os 29% da RedeTV! pertencentes a Marcelo Carvalho, tendo feito uma oferta inicial de US$ 300 milhões de dólares. O interesse do Ongoing terá levado, entretanto, o empresário brasileiro a subir "velozmente" o valor exigido.
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