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sexta-feira, 14 de abril de 2017

Governo usa verba de publicidade para aprovar reforma da Previdência

"Os veículos de comunicação que aderirem à campanha a favor do projeto terão direito à publicidade federal"


A denúncia é do jornal o Estado de São Paulo. A verba da propaganda federal, que deveria ser usada com critérios técnicos e republicanos, será dividida apenas com aqueles que falam bem das ações do governo Temer.
Num período que os meios de comunicação atravessam dificuldades financeiras, principalmente os pequenos, a medida tem como objetivo usar a força do dinheiro para construir uma imagem positiva. Um dos focos prioritários são os locutores e apresentadores de rádio, em especial no interior.
O Planalto quer que esses comunicadores optem por um discurso simpático ao governo que vem reduzindo verbas sociais, quer retirar os direitos trabalhistas e ainda reformular a previdência social de forma a inviabilizar as aposentadorias.


Veja abaixo o que disse o Estadão:

"A ofensiva do governo para atrair apoio à reforma da Previdência passa agora pela distribuição das verbas federais de publicidade, principalmente em rádios e TVs. A estratégia do Palácio do Planalto para afastar as resistências à reforma é fazer com que locutores e apresentadores populares, principalmente no Nordeste, expliquem as mudanças sob um ponto de vista positivo. Os veículos de comunicação que aderirem à campanha terão direito à publicidade federal.
Com esse roteiro, o Planalto mostra que, além da concessão de cargos e emendas parlamentares, a propaganda também virou moeda de troca em busca da aprovação da reforma no Congresso. Os responsáveis pela indicação da mídia que receberá a verba publicitária são justamente deputados e senadores.
De olho na eleição de 2018, os parlamentares sabem que, ao conseguir recursos para rádios, TVs e até jornais do interior, ganham espaço para aparecer nesses meios de comunicação. O combinado é que, sendo contemplados, votem a favor das alterações na aposentadoria.
O plano para conquistar emissoras de grande audiência, na tentativa de virar o jogo, foi definido pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Nas palavras de um auxiliar do presidente Michel Temer, a tática "mata dois coelhos com uma só cajadada". Coube ao líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), receber os pedidos dos parlamentares.
Na prática, o governo intensificou as articulações políticas para enfrentar o desgaste que vem sofrendo desde o envio da proposta de reforma à Câmara. Pesquisas mostram que, nos últimos meses, a popularidade de Temer caiu ainda mais, desabando em regiões onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito campanha, como o Nordeste.
Até ontem, o Placar da Previdência feito pelo Estado indicava que, dos 513 deputados, 273 eram contra as mudanças e 100 a favor. Mesmo entre os que defendiam alterações na concessão dos benefícios, porém, 85 faziam ressalvas à proposta do  governo. Para que a reforma seja aprovada são necessários 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações.
Além dessa estratégia, o governo também vai por no ar novas propagandas para esclarecer dúvidas a respeito da reforma. Sob o slogan "Previdência. Reformar hoje para garantir o amanhã", as peças tentarão consertar o que os assessores de Temer definem como "erros" de comunicação.
Um dos vídeos dirá, por exemplo, que as pessoas não precisam contribuir com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante 49 anos para deixarem de trabalhar. A aposentadoria proporcional é paga a partir de 25 anos de contribuição."

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