terça-feira, 7 de junho de 2022

TCU teme apagão televisivo em regiões remotas do Brasil

Com o fim das transmissões de TV pelo sistema analógico, famílias de baixa renda poderão ficar sem acesso à TV digital e desconectadas do que acontece no Brasil. O Tribunal de Contas da União estima que 1.300 municípios - praticamente, 1/4 das cidades brasileiras - podem ficar sem qualquer conexão com o Brasil, pois não terão mais sinal de TV. 

Texto e foto por Chico Sant'Anna

Muitas famílias de baixa renda, beneficiárias do Programa Bolsa Família correm o risco de ficar sem acesso à televisão aberta digital. Tudo em decorrência da implantação da Internet 5G no Brasil, que vai usar frequências hoje utilizadas pelas transmissões analógicas de televisão. Essas localidades perderão a transmissão analógica e ainda não contam com a digital. O Tribunal de Contas da União estima que 1.300 municípios - praticamente, 1/4 das cidades brasileiras - podem ficar sem qualquer conexão com o Brasil, pois não terão mais sinal de TV. São Municípios de pequeno e médio porte, desprovidos de meios de comunicação próprios e dependentes das transmissões satelitais de rádio e tv.

Isso é que os técnicos denominam apartheid tecnológico. O sinal analógico é de fácil captação pelas antigas antenas parabólicas. Muitas cidades não possuem canal local. Outras, as prefeituras criaram canais repetidores para redifundir o sinal captado nos satélites. Mas com o sinal digital, também as prefeituras teriam que comprar novos equipamentos para se adequarem às mudanças tecnológicas.

Há ainda problemas geográficos. Localidades em que o relevo ou a vegetação, como na Amazônia, não favorecem a transmissão do sinal digital. Na França, quando da implantação da TV digital, cerca de 500 lares ficaram sem acesso a TV. O governo criou uma espécie de bolsa televisão, concedendo a essas famílias um abono que permitissem que elas assinasse serviços pagos de televisão.

Nos Estados Unidos, também houve esse fenômeno. Em 2009, 2,8 milhões de lares no país não conseguiram se adaptar para receber os sinais de transmissão digital. O Impacto também afetou 21 pequenas e médias emissoras locais, que sem dinheiro para se adaptar à nova tecnologia, tiveram que encerrar suas transmissões.

Para evitar que isso aconteça, o TCU recomendou ao ministério das Comunicações, que crie um planejamento para o desligamento do sinal analógico dos municípios que ainda não possuem a transmissão de TV digital, viabilizando às populações que contam atualmente com a transmissão analógica da televisão aberta a continuidade de acesso, no mínimo, aos mesmos canais em tecnologia digital.

Para mais detalhes sobre a migração para o canal digital, leia também:

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Para o TCU se o cenário atual permanecer da forma que está, após ocorrer a migração da transmissão analógica para digital prevista para o final de 2023, cerca de 1.300 municípios ficarão sem qualquer sinal de TV, deixando seus moradores sem acesso à TV aberta.

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