Uma parada cardíada, ocorrida enquanto dormia, na madrugada deste sábado 29, provocou a morte de Hebe Camargo, a mais longeva apresentadora da televisão brasileira; aos 83 anos de idade, ela lutava contra um câncer que a levou a duas internações hospitalares nos últimos meses; amiga de praticamente todas as celebridades do show bizz nacional, ela participou da primeira transmissão ao vivo da tevê brasileira, em 1950
Um espaço para os campos da Informação e da Comunicação e sobre eles abrir um debate com os leitores. Análises, artigos, avisos, concursos, publicações... Aqui você encontrará de tudo um pouco. Os textos poderão ser em português, espanhol, inglês ou francês.
sábado, 29 de setembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Concurso: USP seleciona três jornalistas
A Superintendência de
Comunicação Social da Universidade de São Paulo torna pública a abertura de
concurso público para o preenchimento de 3 (três) vagas na carreira do Grupo
Superior S1 A - Jornalista (Mídias Impressas/On line) e outras que forem
surgindo durante a validade deste edital, dentre as quais 1 (uma) fica
reservada a pessoas com deficiência, em atendimento aos preceitos da Lei nº
7.853/89 regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99.
A contratação será sob o Regime da CLT, em jornada de trabalho de 30 horas semanais. O horário de trabalho será estabelecido pela Universidade de São Paulo de acordo com suas necessidades, podendo ser diurno, noturno, misto, em regime de plantões ou em escala de revezamento.
Superado o período de experiência de 90 dias, o contrato de trabalho passará a viger por tempo indeterminado (§ único art. 445 da CLT).
O salário para o mês de agosto de 2012 é de R$ 6.040,48. O que corresponde ao salário inicial da carreira do Grupo Superior S1 A.
Para consultar o edital acesse www.imesp.com.br
A contratação será sob o Regime da CLT, em jornada de trabalho de 30 horas semanais. O horário de trabalho será estabelecido pela Universidade de São Paulo de acordo com suas necessidades, podendo ser diurno, noturno, misto, em regime de plantões ou em escala de revezamento.
Superado o período de experiência de 90 dias, o contrato de trabalho passará a viger por tempo indeterminado (§ único art. 445 da CLT).
O salário para o mês de agosto de 2012 é de R$ 6.040,48. O que corresponde ao salário inicial da carreira do Grupo Superior S1 A.
Para consultar o edital acesse www.imesp.com.br
Chile é, proporcionalmente, o país latino com mais internautas
De Medioslatinos
A partir de un análisis de 117 países, la Comisión de Banda Ancha
de las Naciones Unidas han presentado su primer informe sobre el despliegue del
servicio de banda ancha a nivel mundial, en lo que refiere a progreso,
penetración y llegada.
Según el informe "The State of Broadband 2012: Achieving
Digital Inclusion for All" el acceso a internet en los hogares ha crecido
fuertemente, junto con el uso individual, lo que desemboca en una amplitud mucho
mayor de personas que tienen la posibilidad de usar de forma efectiva esta
herramienta.
Esta tendencia se estaría registrando con más fuerza desde el 2011,
ya que las suscripciones de banda ancha móvil crecieron el doble que las
conexiones de banda ancha fija.
En América Latina, un 34% de las personas tiene
conexión a Internet, una cifra levemente superior al promedio regional de 32,4%
mundial pero con claras perspectivas de crecimiento, tomando en cuenta el boom
de internet que se ha experimentado.
El país de la región con mayor porcentaje
de internautas es Chile con 53,9%, seguido por Uruguay con 51,4%; Argentina con
47,7%; Brasil con 45%, Panamá con 42,7%, Costa Rica con 42,1%, Colombia con
40,4%, y Venezuela con 40,2% de habitantes conectados a la red. Mucho más abajo
está Paraguay con 23,9%, Cuba con 23,2%, El Salvador 17,7%, Honduras con 15,9%,
Guatemala 11,7% y Nicaragua con 10,6%.
Uruguay también se destaca por ser el
país con mayor porcentaje de casas con internet (39,4%), mientras que en Brasil
se observa el mayor porcentaje de conexiones móviles, con 20,9 %.
Información
publicada en el sitio web de América Economía. Para más detalles haga click aquí.
Comunicação Pública e Comunicação Comunitária: algumas provocações
De Elaine
Tavares, do Instituto de Estudos Latino-americanos - Adital
Podem-se separar esses dois conceitos de comunicação como sendo, o primeiro, uma comunicação feita com o controle da sociedade organizada, e o segundo, como a comunicação feita numa comunidade
específica. Mas, se fixarmos bem o olhar, vamos ver que é só uma divisão didática. Tanto uma como a outra precisa da organização comunitária. E aí é que a porca torce o rabo. Vivemos num país – e arrisco dizer – num continente, onde a participação é coisa que ainda precisa ser aprendida. Países colonizados, amordaçados, useiros e vezeiros de ditaduras militares, de governos conservadores e patriarcais. Somos uma gente muito pouco acostumada a ter espaço onde dizer a palavra. Por conta disso, estamos sempre sendo representados por pequenos grupos que, com o passar do tempo, se acham no direito de dizer o que gostamos e o que não gostamos. Democracia direta é coisa distante para nós.
Isso nos leva a questão principal que é a da comunidade. O que é isso? Como definir? O filósofo Enrique Dussel tem um conceito para comunidade que eu gosto muito. Ele diz que comunidade é o povo organizado, são as forças em ação num determinado lugar. Ora, isso nos coloca um problema, com o qual, nós, que trabalhamos com a tal da comunicação comunitária, temos de lidar todo o dia.
Vou falar da minha aldeia, para que vocês possam - se for bem sucedida – aceder ao universal. Temos uma rádio comunitária no bairro onde moro em Florianópolis, o Campeche. Ela foi criada pelo movimento organizado que se formou num momento em que a comunidade foi chamada a discutir um plano diretor. Foi um tempo rico. As pessoas se juntavam, debatiam, discutiam o bairro e, depois de muita reunião, formularam uma proposta. Foi a primeira comunidade de Florianópolis a fazer isso, nos anos 80. Mas, nesse processo, quem atuou não foi o bairro todo, eram alguns. Principalmente gente de esquerda, mas também gente nem tão de esquerda, mas que queria pensar o bairro e garantir uma vida boa. Esse movimento fez nascer um jornal impresso, o "Fala Campeche”, que passou a ser uma voz importante no bairro, dando notícias de todo o debate do plano diretor, assim como de todos os olhares que o construíram. Essa
caminhada desse povo organizada, mais tarde, acabou gestando a Rádio Comunitária Campeche.
A nossa rádio, portanto, é filha de um longo processo de organização da comunidade, de um conjunto de pessoas que, por vezes, nem está tão afinada na política, mas que se afina no desejo de coisas boas para o
bairro. É uma aliança tênue e frágil que temos de refazer a toda hora. Mas, ainda assim, temos conseguido manter a rádio viva desde 1994, com programas ao vivo desde 2004. Ali têm espaço todas as forças vivas que atuam no bairro, o que garante voz inclusive a algumas com as quais nem concordamos muito. Mas, isso é a democracia e a rádio está ali para o debate.
Isso significa que, tal qual na vida mesma, a luta de classe também se faz no âmbito da comunicação comunitária. É o nosso desafio diário. Todas as mazelas da sociedade se expressam naquele espaço. A
comunidade se vê retratada na rádio e ocupa o espaço. Então, temos de lidar o tempo todo com a contradição. De um lado, todos os pressupostos que garantem ser a nossa rádio um espaço democrático,
livre, formador de conhecimento, fomentadora dos debates e de outro, a sempre constante presença de forças que representam o contrário. Isso significa que a peleia pelas mentes e corações é diária. Assim que
fica claro o quanto esse vocábulo "comunidade” encerra de conflito, contradição e complexidade.
Comunitário e popular
Nesse sentido a comunicação comunitária se diferencia totalmente de outras propostas de comunicação popular que se fazem sem essa tensão. É o caso de outro projeto no qual tomo parte que é a Revista Pobres e Nojentas, uma revista de reportagem que busca mostrar aquilo que a mídia normal não mostra. Esse é um projeto unilateral, que existe a partir do desejo de cinco jornalistas e alguns parceiros eventuais.
Nós olhamos a cidade, as comunidades de periferia, os problemas, e decidimos a pauta.
Damos espaço para quem queremos e nos damos o direito de não dar voz a quem acreditamos que não mereça. É uma revista parcial, fincada na ideia de que aquele é um espaço dos que não têm ainda onde expressar sua voz. Ainda assim é um projeto de comunicação popular porque se faz na perspectiva do mundo popular e se distribui gratuitamente nas comunidades. Da mesma forma pode-se falar do blog "Palavras Insurgentes”, mantido por mim na rede mundial de computadores. Faço ali comunicação popular porque o mundo que retrato é o mundo popular. Mas, a edição, coordeno eu. Eu decido os temas, eu escrevo, faço minha análise, expresso minha opinião. E, ainda que seja um jornalismo feito "desde abajo”, ele depende só de mim.
Por isso que fazer comunicação comunitária é um desafio mais instigante. Porque nessa proposta estamos em grupo, fazendo coisas em perpétuo negociar. E isso não é coisa fácil. Porque fazer comunicação nas e para as comunidades é possível com uma só mão. Barbada, desde que tenhamos a convicção política e os meios de produção. Mas, fazer comunicação com as comunidades exige o descarte completo do ego, das
certezas, e da intolerância.
Dou um exemplo com o qual nos deparamos todos os dias na rádio comunitária. Nossa rádio nasceu com o firme propósito de formar conhecimento, fugir dos temas impostos pela indústria cultural, debater os problemas locais. Mas, como agir com o associado que quer ouvir na rádio a música que é sucesso nacional, ainda que alavancada pela indústria? Como propor à comunidade um gosto que é de um grupo em
particular? Essas são questões que estão sempre em pauta, discutidas à exaustão. Porque ser comunitária pressupõe estar em diálogo, e não servindo como correia de transmissão de um pensamento particular. É
claro que, nesse caso, o debate se faz ao vivo, com o ouvinte participando e tendo a chance de se contrapor.
Outro elemento da comunicação comunitária que é bem contraditório é a legalização. Hoje, em Santa Catarina temos mais de 100 rádios comunitárias legalizadas. E, conforme um trabalho de pesquisa da
jornalista Terezinha Silva, pouquíssimas desse grupo poderiam de fato ser chamadas de comunitárias. No mais das vezes são rádios religiosas ou comerciais mesmo, na maior cara dura. Algumas delas, inclusive,
extrapolando seu espaço de abrangência e adentrando no espaço da outra. Como é o caso de uma 98.3, exatamente a mesma frequência que a Rádio Campeche, que tem sede em São José e pode ser ouvida no
Campeche.
A legalização, ao mesmo tempo em que deu certa segurança para quem faz a comunicação, colocou a proposta numa camisa de força. São tantas as regras que boa parte da tesão que há em fazer comunicação comunitária se esvai. Muitas vezes, as propostas comunitárias tem uma dinâmica própria que acabam tendo de se enquadrar numa lei fria e isso afasta muita gente.
Outro elemento perturbador no mundo da comunicação comunitária é a febre dos gestores. Como o governo Lula inaugurou uma interessante lógica de financiamento de propostas populares – via os pontos de
cultura – muitas das pessoas que antes faziam comunicação como uma ação política na busca pela transformação começaram a se transformar num monstro informe chamado "gestor cultural”. Isso gerou a criação exponencial de pequenas ONGs que vão se formando com duas ou três pessoas, e essas criaturas vão se fazendo gerentes de projeto, passando a administrar os recursos públicos como quem administra uma
empresa. A ponto de o objeto em si da coisa – que é fazer rádio, fazer teatro, fazer cultura – passar a ser apenas um adereço, um detalhe, quando não um atrapalho, ficando a ação principal enredada no "gerir o
projeto”. Penso que aqui reside um nó górdio, que precisa de muito debate.
De certa forma sou muito cética quanto esse chamado avanço da comunicação comunitária no Brasil. Porque há muito que avançar em termos estruturais para que a comunicação comunitária possa de fato cumprir seu papel com mais eficácia. Por enquanto eu penso que somos apenas resistência, e muito pouco eficaz às vezes. É uma coisa importante, mas precisa dar um salto de qualidade.
Durante os debates da Conferência Nacional de Comunicação, a gente tentou fazer a discussão num outro nível, mas não tivemos eco. Seguiu hegemônica a ideia capitaneada pelo Fórum Nacional de Democratização das Comunicações, que é a proposta de democratização. Ora, democratizar a comunicação pressupõe melhorar o que aí está. E, penso que esse modelo não deve ser remendado. Ele é ruim. Precisa de um outro, novo. Claro, conspiro da proposta de Rosa de Luxemburgo de que é preciso fazer reforma e revolução, tudo junto ao mesmo tempo. E é por isso que não consigo trabalhar só com a ideia de democratização.
Há que democratizar o que for possível nesse modelo, é certo. Mas, ao mesmo tempo temos de abrir cunhas para a construção de outro modelo. Soberania comunicacional. Ou seja, a comunicação de fato na mão do povo, com todas as idiossincrasias que isso pode provocar. Por isso a experiência comunitária é tão rica, porque ali já estamos exercitando esse fazer. A soberania popular pressupõe o embate permanente dentro da comunidade, a luta de classe, viva, também no campo comunicacional.
Formar redes e tomar o poder
A república bolivariana da Venezuela foi o primeiro país da América do Sul a pensar um novo modelo de comunicação. Durante anos o governo bolivariano conversou com as forças vivas do país e conseguiu, em
2009, constituir uma lei – chamada Lei Resorte (lei de responsabilidade social em radio e televisão) – que deu nova cara para o jeito de fazer comunicação. Aqui no Brasil segue olimpicamente ignorada. Pois a lei venezuelana dá condições concretas para que a comunicação comunitária se faça, e mais do que isso, garante espaço de difusão a tudo o que é produzido nas mais remotas regiões do país.
Emissoras privadas precisam ter até 70% de programação local, e foram criadas várias emissoras de rádio e TV estatais e públicas. Ou seja, houve uma mudança estrutural (revolução) e não apenas remendo (reforma). Ali, a democratização da comunicação não significa um pouquinho mais de negros, um pouquinho mais de índios, um pouquinho mais de homossexuais no rádio e na TV. Ali está em curso um processo de soberania comunicacional.
Mudança, transformação.
É fato que esse processo não se dá de maneira isolada. O país também vem atuando de outra forma no embate da colonização mental que sempre tomou contra de "nuestra América”. Assim que a soberania
comunicacional só pode ser possível no Brasil se houver outro Brasil também. Isso, por si só já nos demarca a titânica tarefa que temos.
Nesse sentido, nós, comunicadores comunitários e populares precisamos atuar para garantir mais eficácia no nosso fazer. Isso talvez só seja possível formando redes, potencializando nossos escritos e produções de vídeo e rádio. Em Santa Catarina estamos tentando. Criamos em 2010 a Rede Popular Catarinense de Comunicação que reúne rádios comunitárias, agências de informação, blogs, jornais eletrônicos e impressos. A ideia é que cada parceiro reproduza a informação do outro, fazendo com que um fato que seria onhecido apenas no bairro ou na comunidade, possa se expandir para além de suas fronteiras. Nessa experiência vamos capengando e acertando. Por vezes alguns veículos ficam em dificuldade, não conseguem criar informação própria, mas a coisa vai indo. Um ajuda o outro, fazemos oficinas, cursos, encontros. Vamos caminhando, porque já compreendemos que sozinhos não temos eficácia, ficamos presos no gueto.
Mas, ainda assim, isso não é suficiente. Nossas redes são pequenas, regionalizadas. Como combater com esses poucos "soldados” a força de uma informação divulgada num Jornal Nacional, ou num Jornal da Record? Essas chegam a todo território nacional, em cada cantinho desse país, massivamente.
Então, nossa meta maior precisa ser aquela que o velho Brizola tanto insistiu: temos de tomar esses meios. Eles precisam estar nas mãos populares. E essa não é uma tarefa fácil. Mas, precisa estar no nosso horizonte. Nenhuma comunicação comunitária ou popular, por melhor que seja, pode prescindir desse alcance nacional, dessa penetração de massa. O espectro é público, é nosso e temos de tomá-lo. Como vamos fazer isso é o que temos de conspirar nesses encontros que fazemos pelos cantões do Brasil, sob pena de vivermos eternamente na resistência. Basta de resistir. É hora de avançar. A luta pela soberania comunicacional é a luta classista por outro Brasil. Isso significa que as pessoas que fazem a luta pela democratização das comunicações, ou pela expansão da comunicação comunitária popular precisam também fazer a luta geral, pela mudança e pela transformação radical. Caso isso não seja feito seguiremos dando remédio para o monstro... E isso, só interessa à classe dominante.
Podem-se separar esses dois conceitos de comunicação como sendo, o primeiro, uma comunicação feita com o controle da sociedade organizada, e o segundo, como a comunicação feita numa comunidade
específica. Mas, se fixarmos bem o olhar, vamos ver que é só uma divisão didática. Tanto uma como a outra precisa da organização comunitária. E aí é que a porca torce o rabo. Vivemos num país – e arrisco dizer – num continente, onde a participação é coisa que ainda precisa ser aprendida. Países colonizados, amordaçados, useiros e vezeiros de ditaduras militares, de governos conservadores e patriarcais. Somos uma gente muito pouco acostumada a ter espaço onde dizer a palavra. Por conta disso, estamos sempre sendo representados por pequenos grupos que, com o passar do tempo, se acham no direito de dizer o que gostamos e o que não gostamos. Democracia direta é coisa distante para nós.
Isso nos leva a questão principal que é a da comunidade. O que é isso? Como definir? O filósofo Enrique Dussel tem um conceito para comunidade que eu gosto muito. Ele diz que comunidade é o povo organizado, são as forças em ação num determinado lugar. Ora, isso nos coloca um problema, com o qual, nós, que trabalhamos com a tal da comunicação comunitária, temos de lidar todo o dia.
Vou falar da minha aldeia, para que vocês possam - se for bem sucedida – aceder ao universal. Temos uma rádio comunitária no bairro onde moro em Florianópolis, o Campeche. Ela foi criada pelo movimento organizado que se formou num momento em que a comunidade foi chamada a discutir um plano diretor. Foi um tempo rico. As pessoas se juntavam, debatiam, discutiam o bairro e, depois de muita reunião, formularam uma proposta. Foi a primeira comunidade de Florianópolis a fazer isso, nos anos 80. Mas, nesse processo, quem atuou não foi o bairro todo, eram alguns. Principalmente gente de esquerda, mas também gente nem tão de esquerda, mas que queria pensar o bairro e garantir uma vida boa. Esse movimento fez nascer um jornal impresso, o "Fala Campeche”, que passou a ser uma voz importante no bairro, dando notícias de todo o debate do plano diretor, assim como de todos os olhares que o construíram. Essa
caminhada desse povo organizada, mais tarde, acabou gestando a Rádio Comunitária Campeche.
A nossa rádio, portanto, é filha de um longo processo de organização da comunidade, de um conjunto de pessoas que, por vezes, nem está tão afinada na política, mas que se afina no desejo de coisas boas para o
bairro. É uma aliança tênue e frágil que temos de refazer a toda hora. Mas, ainda assim, temos conseguido manter a rádio viva desde 1994, com programas ao vivo desde 2004. Ali têm espaço todas as forças vivas que atuam no bairro, o que garante voz inclusive a algumas com as quais nem concordamos muito. Mas, isso é a democracia e a rádio está ali para o debate.
Isso significa que, tal qual na vida mesma, a luta de classe também se faz no âmbito da comunicação comunitária. É o nosso desafio diário. Todas as mazelas da sociedade se expressam naquele espaço. A
comunidade se vê retratada na rádio e ocupa o espaço. Então, temos de lidar o tempo todo com a contradição. De um lado, todos os pressupostos que garantem ser a nossa rádio um espaço democrático,
livre, formador de conhecimento, fomentadora dos debates e de outro, a sempre constante presença de forças que representam o contrário. Isso significa que a peleia pelas mentes e corações é diária. Assim que
fica claro o quanto esse vocábulo "comunidade” encerra de conflito, contradição e complexidade.
Comunitário e popular
Nesse sentido a comunicação comunitária se diferencia totalmente de outras propostas de comunicação popular que se fazem sem essa tensão. É o caso de outro projeto no qual tomo parte que é a Revista Pobres e Nojentas, uma revista de reportagem que busca mostrar aquilo que a mídia normal não mostra. Esse é um projeto unilateral, que existe a partir do desejo de cinco jornalistas e alguns parceiros eventuais.
Nós olhamos a cidade, as comunidades de periferia, os problemas, e decidimos a pauta.
Damos espaço para quem queremos e nos damos o direito de não dar voz a quem acreditamos que não mereça. É uma revista parcial, fincada na ideia de que aquele é um espaço dos que não têm ainda onde expressar sua voz. Ainda assim é um projeto de comunicação popular porque se faz na perspectiva do mundo popular e se distribui gratuitamente nas comunidades. Da mesma forma pode-se falar do blog "Palavras Insurgentes”, mantido por mim na rede mundial de computadores. Faço ali comunicação popular porque o mundo que retrato é o mundo popular. Mas, a edição, coordeno eu. Eu decido os temas, eu escrevo, faço minha análise, expresso minha opinião. E, ainda que seja um jornalismo feito "desde abajo”, ele depende só de mim.
Por isso que fazer comunicação comunitária é um desafio mais instigante. Porque nessa proposta estamos em grupo, fazendo coisas em perpétuo negociar. E isso não é coisa fácil. Porque fazer comunicação nas e para as comunidades é possível com uma só mão. Barbada, desde que tenhamos a convicção política e os meios de produção. Mas, fazer comunicação com as comunidades exige o descarte completo do ego, das
certezas, e da intolerância.
Dou um exemplo com o qual nos deparamos todos os dias na rádio comunitária. Nossa rádio nasceu com o firme propósito de formar conhecimento, fugir dos temas impostos pela indústria cultural, debater os problemas locais. Mas, como agir com o associado que quer ouvir na rádio a música que é sucesso nacional, ainda que alavancada pela indústria? Como propor à comunidade um gosto que é de um grupo em
particular? Essas são questões que estão sempre em pauta, discutidas à exaustão. Porque ser comunitária pressupõe estar em diálogo, e não servindo como correia de transmissão de um pensamento particular. É
claro que, nesse caso, o debate se faz ao vivo, com o ouvinte participando e tendo a chance de se contrapor.
Outro elemento da comunicação comunitária que é bem contraditório é a legalização. Hoje, em Santa Catarina temos mais de 100 rádios comunitárias legalizadas. E, conforme um trabalho de pesquisa da
jornalista Terezinha Silva, pouquíssimas desse grupo poderiam de fato ser chamadas de comunitárias. No mais das vezes são rádios religiosas ou comerciais mesmo, na maior cara dura. Algumas delas, inclusive,
extrapolando seu espaço de abrangência e adentrando no espaço da outra. Como é o caso de uma 98.3, exatamente a mesma frequência que a Rádio Campeche, que tem sede em São José e pode ser ouvida no
Campeche.
A legalização, ao mesmo tempo em que deu certa segurança para quem faz a comunicação, colocou a proposta numa camisa de força. São tantas as regras que boa parte da tesão que há em fazer comunicação comunitária se esvai. Muitas vezes, as propostas comunitárias tem uma dinâmica própria que acabam tendo de se enquadrar numa lei fria e isso afasta muita gente.
Outro elemento perturbador no mundo da comunicação comunitária é a febre dos gestores. Como o governo Lula inaugurou uma interessante lógica de financiamento de propostas populares – via os pontos de
cultura – muitas das pessoas que antes faziam comunicação como uma ação política na busca pela transformação começaram a se transformar num monstro informe chamado "gestor cultural”. Isso gerou a criação exponencial de pequenas ONGs que vão se formando com duas ou três pessoas, e essas criaturas vão se fazendo gerentes de projeto, passando a administrar os recursos públicos como quem administra uma
empresa. A ponto de o objeto em si da coisa – que é fazer rádio, fazer teatro, fazer cultura – passar a ser apenas um adereço, um detalhe, quando não um atrapalho, ficando a ação principal enredada no "gerir o
projeto”. Penso que aqui reside um nó górdio, que precisa de muito debate.
De certa forma sou muito cética quanto esse chamado avanço da comunicação comunitária no Brasil. Porque há muito que avançar em termos estruturais para que a comunicação comunitária possa de fato cumprir seu papel com mais eficácia. Por enquanto eu penso que somos apenas resistência, e muito pouco eficaz às vezes. É uma coisa importante, mas precisa dar um salto de qualidade.
Durante os debates da Conferência Nacional de Comunicação, a gente tentou fazer a discussão num outro nível, mas não tivemos eco. Seguiu hegemônica a ideia capitaneada pelo Fórum Nacional de Democratização das Comunicações, que é a proposta de democratização. Ora, democratizar a comunicação pressupõe melhorar o que aí está. E, penso que esse modelo não deve ser remendado. Ele é ruim. Precisa de um outro, novo. Claro, conspiro da proposta de Rosa de Luxemburgo de que é preciso fazer reforma e revolução, tudo junto ao mesmo tempo. E é por isso que não consigo trabalhar só com a ideia de democratização.
Há que democratizar o que for possível nesse modelo, é certo. Mas, ao mesmo tempo temos de abrir cunhas para a construção de outro modelo. Soberania comunicacional. Ou seja, a comunicação de fato na mão do povo, com todas as idiossincrasias que isso pode provocar. Por isso a experiência comunitária é tão rica, porque ali já estamos exercitando esse fazer. A soberania popular pressupõe o embate permanente dentro da comunidade, a luta de classe, viva, também no campo comunicacional.
Formar redes e tomar o poder
A república bolivariana da Venezuela foi o primeiro país da América do Sul a pensar um novo modelo de comunicação. Durante anos o governo bolivariano conversou com as forças vivas do país e conseguiu, em
2009, constituir uma lei – chamada Lei Resorte (lei de responsabilidade social em radio e televisão) – que deu nova cara para o jeito de fazer comunicação. Aqui no Brasil segue olimpicamente ignorada. Pois a lei venezuelana dá condições concretas para que a comunicação comunitária se faça, e mais do que isso, garante espaço de difusão a tudo o que é produzido nas mais remotas regiões do país.
Emissoras privadas precisam ter até 70% de programação local, e foram criadas várias emissoras de rádio e TV estatais e públicas. Ou seja, houve uma mudança estrutural (revolução) e não apenas remendo (reforma). Ali, a democratização da comunicação não significa um pouquinho mais de negros, um pouquinho mais de índios, um pouquinho mais de homossexuais no rádio e na TV. Ali está em curso um processo de soberania comunicacional.
Mudança, transformação.
É fato que esse processo não se dá de maneira isolada. O país também vem atuando de outra forma no embate da colonização mental que sempre tomou contra de "nuestra América”. Assim que a soberania
comunicacional só pode ser possível no Brasil se houver outro Brasil também. Isso, por si só já nos demarca a titânica tarefa que temos.
Nesse sentido, nós, comunicadores comunitários e populares precisamos atuar para garantir mais eficácia no nosso fazer. Isso talvez só seja possível formando redes, potencializando nossos escritos e produções de vídeo e rádio. Em Santa Catarina estamos tentando. Criamos em 2010 a Rede Popular Catarinense de Comunicação que reúne rádios comunitárias, agências de informação, blogs, jornais eletrônicos e impressos. A ideia é que cada parceiro reproduza a informação do outro, fazendo com que um fato que seria onhecido apenas no bairro ou na comunidade, possa se expandir para além de suas fronteiras. Nessa experiência vamos capengando e acertando. Por vezes alguns veículos ficam em dificuldade, não conseguem criar informação própria, mas a coisa vai indo. Um ajuda o outro, fazemos oficinas, cursos, encontros. Vamos caminhando, porque já compreendemos que sozinhos não temos eficácia, ficamos presos no gueto.
Mas, ainda assim, isso não é suficiente. Nossas redes são pequenas, regionalizadas. Como combater com esses poucos "soldados” a força de uma informação divulgada num Jornal Nacional, ou num Jornal da Record? Essas chegam a todo território nacional, em cada cantinho desse país, massivamente.
Então, nossa meta maior precisa ser aquela que o velho Brizola tanto insistiu: temos de tomar esses meios. Eles precisam estar nas mãos populares. E essa não é uma tarefa fácil. Mas, precisa estar no nosso horizonte. Nenhuma comunicação comunitária ou popular, por melhor que seja, pode prescindir desse alcance nacional, dessa penetração de massa. O espectro é público, é nosso e temos de tomá-lo. Como vamos fazer isso é o que temos de conspirar nesses encontros que fazemos pelos cantões do Brasil, sob pena de vivermos eternamente na resistência. Basta de resistir. É hora de avançar. A luta pela soberania comunicacional é a luta classista por outro Brasil. Isso significa que as pessoas que fazem a luta pela democratização das comunicações, ou pela expansão da comunicação comunitária popular precisam também fazer a luta geral, pela mudança e pela transformação radical. Caso isso não seja feito seguiremos dando remédio para o monstro... E isso, só interessa à classe dominante.
Conferência
proferida em Curitiba no 1º Curso Estadual de Comunicação Popular do Paraná.
10 de maio de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Brasil tem mais de 15 milhões de lares com TV Paga
Entre agosto de 2011 e agosto de 2012, foram registradas quase 3,5 milhões de novas assinaturas; participação do serviço prestado via satélite atingiu 59% e a do serviço a cabo alcançou 39,8% dos assinantes.
Da Agência Brasil e do Brasília 247
O
Brasil fechou o mês de agosto com 15,1 milhões de residências com TV
por assinatura. No mês passado foram registrados 319,5 mil novos
assinantes, o que representa crescimento de 2,16% em relação a julho
e de 30% em comparação com agosto de 2011.
Entre
agosto de 2011 e agosto de 2012, foram registradas quase 3,5 milhões de
novas assinaturas. Considerando o número médio de 3,3 pessoas por
domicílio, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o serviço de TV por assinatura alcança
aproximadamente 50 milhões de brasileiros.
A participação do serviço prestado via satélite atingiu 59% e a do serviço a cabo alcançou 39,8% dos assinantes.
O mercado de TV por assinatura no Brasil continua dominado pela Net/Embratel e Sky/Direct TV
Na terceira posição: Telefónica/Abril, e, em quarto lugar, a Oi/Portugal Telecom.
Do Portugal Digital
Brasília - Com 319,5 mil adições líquidas, o Brasil fechou agosto de 2012 com mais de 15,1 milhões de domicílios com TV por Assinatura. O crescimento representa uma evolução de 2,16% em relação a julho de 2012 e de 30% em comparação com agosto de 2011, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (27) pela Anatel, a agência reguladora de telecomunicações.
Entre agosto de 2011 e agosto de 2012, foram registradas quase 3,5 milhões de novas assinaturas. Considerando-se o número médio de 3,3 pessoas por domicílio divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os serviços de TV por Assinatura são distribuídos para aproximadamente 50 milhões de brasileiros.
Quem tem as principais fatias do mercado
O mercado de TV por assinatura no Brasil continua dominado pelas operadoras Net/Embratel e Sky/Direct TV, seguidas na terceira posição pela Telefónica/Abril, e, em quarto lugar, pela Oi, participada da Portugal Telecom. Depois da Oi, surgem operadoras locais de reduzida expressão como a GVT, a Algar - um grupo de telecomunicações fundado na região do Triângulo Mineiro (Minas Gerais) por um empresário português - e a ViaCabo.
Em agosto deste ano, segundo os números da Anatel, enquanto a Net/Embratel contava com mais de 8 milhões de assinaturas, a Oi tinha 566 mil, a Telefónica/Abril, terceira colocada, registrava 637 mil e a Sky/Direct TV, que ocupa o segundo lugar, tinha 4,6 milhões.
Cresce TV via satélite
A participação dos serviços prestados via satélite (DTH) atingiu 59% da base e a dos serviços a cabo alcançou 39,8% dos assinantes. Em agosto de 2011, os serviços DTH representavam 52% do mercado nacional e os serviços prestados via cabo possuíam 45,7% de market share.
Em agosto de 2012, o DTH, com a adição de 254,2 mil assinantes, cresceu 2,9%. O universo de assinantes que recebem os serviços via TV a cabo registrou acréscimo de quase 75 mil novas assinaturas - crescimento de 1,3% em agosto. As prestadoras de MMDS, por sua vez, perderam 9,7 mil assinantes no mesmo período, o que representou queda de 5,4% de sua base2.
Nordeste, Norte e Centro-Oeste crescem mais que a média nacional
De acordo com a Anatel, enquanto as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste apresentaram índices de crescimento acima da média nacional, as regiões Sul e Sudeste registraram crescimento inferior. Entretanto, das 3,4 milhões de novas assinaturas registradas entre agosto de 2011 e agosto de 2012, mais de 2,5 milhões ocorreram nas regiões Sul e Sudeste.
Com relação aos serviços ofertados por Unidade da Federação em agosto de 2012, destaca-se o estado de São Paulo, com mais de 5,9 milhões de assinaturas.
TV por Assinatura chega a 25,5% dos domicílios do Brasil
Em agosto de 2012, os serviços de TV por Assinatura estavam presentes em 25,5% dos domicílios no país, de acordo com estimativas da Anatel. Apesar do crescimento observado nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, a região Sudeste ainda lidera esse indicador, com a presença desses serviços em 36,6% dos domicílios.
Entre as Unidades da Federação, destacam-se o Distrito Federal e os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por terem registrado desempenho acima da média nacional, quanto à densidade dos serviços de TV por Assinatura.
Urgente! Termina hoje, 28/9, seleção de Comunicador para Unesco
Atenção profissionais de Comunicação, em especial os publicitários. A Unesco está selecionando um consultor para trabahar por um período de oito meses com a tarefa de elaborar a Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra crianças e adolescentes, junto a secretaria de Direitos Humanos da presidência da República. Mas o prazo para envio de candidaturas termina nesta sexta-feira, dia 28, e existe apenas uma vaga.
O candidato deverá ter graduação em Comunicação Social e experiência mínima de 5 anos na elaboração campanhas publicitárias de mobilização social, peças, publicações e materiais de divulgação.
O selecionado terá dentre outras tarefas, as seguintes:
Os interessados deverão enviar o CV até o dia 28/09/2012 as 18h pelo seguinte endereço eletronico : cooperacaointernacional@sdh.gov.br
Mais detalhes, clique aqui.
O candidato deverá ter graduação em Comunicação Social e experiência mínima de 5 anos na elaboração campanhas publicitárias de mobilização social, peças, publicações e materiais de divulgação.
O selecionado terá dentre outras tarefas, as seguintes:
- Elaborar o planejamento 2013 - 2017 para Campanha Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
- Criar a proposta de identidade visual para a Campanha Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
- Desenvolver layout de peças e propor estratégias de divulgação para a campanha de carnaval 2013;
- Desenvolver layout de peças e propor estratégias de divulgação da campanha em datas comemorativas e festas regionais em 2013.
- Elaborar documento avaliativo sobre o alcance da Campanha Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Os interessados deverão enviar o CV até o dia 28/09/2012 as 18h pelo seguinte endereço eletronico : cooperacaointernacional@sdh.gov.br
Mais detalhes, clique aqui.
Jornalista da TVE-RS recebe indenização por falta de liberdade profissional.
Por Dirceu Arcoverde/TST
Uma jornalista da Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão no Estado do Rio Grande do Sul (RS) será indenizada em R$ 10 mil por danos morais após a comprovação de ato de cerceamento da liberdade profissional por parte da Fundação. A decisão, por unanimidade, foi tomada pela Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que ao negar provimento ao recurso da Fundação manteve a condenação imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS). A Fundação opera uma emissora pública de televisão, a TV Educativa (TVE) do Rio Grande do Sul.
A jornalista em sua inicial narra que foi escalada para fazer uma matéria para a TVE sobre a troca da direção da Secretaria de Transparência do Estado do Rio Grande do Sul. Na matéria seriam entrevistados o recém-nomeado para o cargo e a secretária demissionária. A jornalista destacou que a ex-secretária, ao pedir demissão, havia criticado publicamente o Governo do Estado por este não haver estruturado a Secretaria. As críticas segundo a jornalista foram amplamente divulgadas pela imprensa gaúcha à época.
Após pronta a reportagem sobre a troca de secretários, a jornalista foi informada que sua matéria não seria veiculada e que estaria afastada, a partir daquela data, do jornalismo político, sendo proibida a sua presença no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
O fato segundo a jornalista repercutiu em toda imprensa gaúcha. O presidente da TVE a época ao ser perguntado sobre os fatos que levaram a jornalista a ser afastada do jornalismo político, acusou-a de "não possuir "padrão técnico" para trabalhar na reportagem política". A jornalista se refere ao fato como "inacreditável", já que possuía mais de 15 anos de experiência na área, era concursada e especializada em televisão pela Universidad de Alicante, na Espanha e formada em Documentários para televisão pela Universty of London e Westminster University, ambas no Reino Unido.
Diante dos fatos a jornalista afirmou estar sendo alvo de intimidações e constrangimentos, externados através de humilhações e da proibição de livre exercício da sua profissão. Pedia indenização no valor de R$ 45 mil por danos morais.
A 17ª Vara do Trabalho de Porto Alegre negou o pedido da jornalista. Na sentença o juízo observa que os fatos narrados pela jornalista de fato ocorreram, porém não ficou comprovado que estes tenham atingido de forma negativa sua intimidade, honra ou imagem. O Regional entretanto reformou a sentença e condenou a Fundação por danos morais em R$ 10 mil acrescidos de juros. Para o Regional a prova testemunhal provou o dano causado à dignidade profissional da jornalista, caracterizado através da entrevista do então presidente da TVE.
A Fundação diante da condenação recorreu por meio de recurso de revista ao TST. O seguimento do recurso foi negado pela vice-presidente do TRT da 4ª Região que não constatou a ocorrência de violação a dispositivo de lei ou da Constituição Federal que autorizassem o exame pelo TST. Com isto a Fundação ingressou com o agravo de instrumento agora julgado pela Turma.
Na Oitava Turma a relatora ministra Dora Maria da Costa negou o pedido da Fundação sob o fundamento de que o Regional havia fixado corretamente o valor da condenação, observando a culpa e o porte econômico da jornalista e da Fundação, bem como a proporcionalidade em relação a extensão do prejuízo. A ministra salientou ainda que os acórdão trazidos no recurso para o confronto de teses são inservíveis, por não tratarem dos mesmos fatos que são discutidos no recurso.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Livro sobre rádio é finalista do Prêmio Jabuti
O livro 70 anos de Radiojornalismo no Brasil – 1941- 2011 é um dos finalistas do Prêmio Jabuti 2012, na categoria Comunicação. Publicado pela Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e organizado pela professora Sônia Virgínia Moreira, o livro é fruto de um trabalho coletivo do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Com 22 textos, a obra reflete sobre os 70 anos do radiojornalismo brasileiro, inaugurado com o Repórter Esso.
Dentre os 22 autores que contribuíram para a obra está o editor deste blog, jornalista Chico Sant'Anna, que escreveu artigo sobre o de produzir informação sem jornalistas, com grande dependência nas fontes.
A professora Sônia explica que o rádio, como é conhecido hoje, teve início no Brasil em 28 de agosto de 1941, data da primeira edição do Repórter Esso, transmitido em ondas médias e curtas pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Antes, funcionara de modo experimental na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, com a voz que se tornaria a marca principal do programa: a do locutor gaúcho Heron Domingues. A professora lembra que, das principais contribuições do Repórter Esso, três merecem ser assinaladas: “Introduzir no Brasil o noticiário com linguagem própria para o rádio; instituir, nas emissoras de rádio, horários pré-determinados para os jornais falados e organizar um Manual de Produção, o primeiro destinado à elaboração de noticiário radiofônico no Brasil”.
Os artigos do livro 70 anos de Radiojornalismo no Brasil – 1941- 2011 são apresentados em quatro seções. Na primeira parte, intitulada Jornalismo de Rádio: referencial histórico, cinco autores abordam momentos distintos do jornalismo radiofônico. Luiz Artur Ferraretto traça uma evolução do radiojornalismo a partir do Repórter Esso até o momento de convergência de mídia; Valci Zuculoto analisa o modelo presente na origem das notícias para o rádio; Flávia Bespalhok relata o surgimento e a evolução do jornalismo na Rádio Continental do Rio de Janeiro; Ana Baumworcel resgata período singular da cobertura jornalística no rádio ao recuperar as formas de resistência do discurso sonoro na Rádio Jornal do Brasil AM; Pedro Vaz reconstrói depoimentos e imagens que marcaram o Repórter Esso.
A segunda seção do livro – A notícia, a reportagem, o repórter de rádio – reúne os artigos de Nélia Del Bianco sobre as transformações do jornalismo e da notícia considerando as tecnologias digitais; de Francisco Sant’Anna sobre o principal e mais premente desafio do jornalismo de rádio hoje no Brasil – o de produzir informação sem jornalistas, com grande dependência nas fontes; de Dóris Haussen, sobre a circulação da informação em emissoras de rádio no Brasil, na Argentina e no Uruguai; de Débora Lopez sobre o Repórter Esso e o modelo de sínteses radiofônicas contemporâneas; de Júlia Oliveira Silva e Patrícia Rangel sobre o papel e as possibilidades da série de reportagens e do documentário no rádio; e o de Leandro Olegário, que aponta a influência do Repórter Esso em dois exemplos de sínteses noticiosas de emissoras gaúchas.
Na terceira parte, dedicada a Linguagens e Públicos do rádio e do radiojornalismo, Mágda Cunha analisa o papel do ouvinte no rádio; Cida Golin, Ana Laura de Freitas e Natália Pianegonda exploram formatos do jornalismo cultural no rádio; Marcelo Cardoso apresenta considerações sobre as narrativas no rádio; Edgard Patrício relata experiência de radiojornalismo educativo; e Dioclécio Luz aborda o jornalismo nas rádios comunitárias.
A quarta e última parte do livro está reservada a Análises Regionais. Luciana Miranda apresenta dados históricos e contemporâneos do radiojornalismo no Pará; Vera Raddatz compara os programas jornalísticos de emissoras situadas nas fronteiras dos estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul; Eliana Albuquerque analisa as formas de produção e os desafios que se apresentam para os jornalistas e o jornalismo em emissoras do sul da Bahia; Moacir Barbosa de Sousa registra as etapas de desenvolvimento do radiojornalismo da Paraíba; Graziela Bianchi e Marta Maia comparam a recepção de programas jornalísticos em emissoras das cidades de São Paulo e Porto Alegre; e o grupo de autores formado por Nair Prata, Wanir Campelo, Waldiane Fialho, Ângela de Moura e Sônia Pessoa apresenta o resultado de levantamento inédito realizado nas instituições de ensino superior de Belo Horizonte para detectar as formas de abordagem do rádio em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs).
O Prêmio Jabuti
A história do Prêmio Jabuti começa por volta de 1957, quando a Câmara Brasileira do Livro decidiu premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano. A primeira premiação ocorreu no final de 1959, quando foi laureado, por exemplo, o escritor Jorge Amado, na categoria Romance, pela obra Gabriela, Cravo e Canela.
A primeira edição do Jabuti premiava apenas sete categorias, hoje são 29, contemplando todas as esferas envolvidas na criação e produção de um livro, passando pela tradução, ilustração, capa e projeto gráfico, além das categorias tradicionais como romance, contos e crônicas, poesia, reportagem, biografiam comunicação e livro infantil. Por sua abrangência, o Jabuti é considerado o maior e mais completo prêmio do livro no Brasil.
A apuração da segunda fase do 54º Prêmio Jabuti será realizada no dia 18 de outubro e a cerimônia de premiação acontece no dia 28 de novembro, em São Paulo.
SERVIÇO
Livro: 70 anos de Radiojornalismo no Brasil – 1941- 2011
Organizadora: Sônia Virgínia Moreira
Contato: soniavm@gmail.com
África é tema de série de documentários na TV Brasil
A segunda temporada do Nova África estréia no dia 27 de setembro na TV Brasil. O programa foi criado em 2009 e a sua finalidade é tornar a África mais conhecida dos brasileiros, apresentando, debatendo e explicando a sua realidade. A proposta do programa pode também ser traduzida como uma oportunidade de mostrar aos brasileiros um continente que está em constante e rápida transformação.
Esta nova temporada do Nova África vai mostrar o continente africano a partir do olhar de seus filhos. A partir de relatos pessoais, temas como política, economia, cultura popular, tecnologia, meio ambiente, turismo, saúde serão abordados em 26 capítulos de 26 minutos cada um. Com uma linguagem jornalística, objetiva e isenta o programa parte do individual para o coletivo, do contemporâneo para o histórico e, assim, vai visitar o passado e o presente dos povos africanos e fazer a conexão com outros lugares, principalmente, com o Brasil.
Veja aqui o vídeo com a chamada do programa
Muitas novidades vêm com
a nova temporada. Os temas são explorados por três repórteres que visitaram 30
países africanos para produzir os 26 programas. Dina Adão é a primeira repórter
africana em uma TV brasileira. Nascida na Guiné Bissau, a repórter traz para o
programa o conhecimento e a intimidade com temas da África. Dina Adão já
trabalhou na Rádio nacional da Guiné Bissau e foi apresentadora do Jornal da
Noite na TV de seu país. A série conta ainda com Aline Maccari, que já teve
passagem por vários outros canais de televisão brasileiros, e com o músico e
documentarista Márcio Werneck.
Os três repórteres do
Nova África vão mostrar aos brasileiros uma África que está em constante
transformação. Nova África traz ao público brasileiro um continente que é
reconhecida em todo o planeta por seus grandes contrastes. Com quase um bilhão
de habitantes, o continente africano apresenta taxas de crescimento econômico
superiores à média mundial e representa quase um quinto da população mundial. A
trilha original do programa é do músico Moreira Chonguiça. Moçambicano e
ganhador de diversos prêmios internacionais, o saxofonista criou uma trilha
envolvente e que vai marcar os telespectadores.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Brasil: TV paga chega a 21% dos lares com TV
Do Tela Viva news
A penetração da TV por assinatura chegou a 21% dos domicílios brasileiros com televisão no final de 2011. Com base nos dados calculados pelo PTS, combinados com as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) a penetração do serviço saltou de 9%, em 2006, para 21%, em 2012.
O cálculo só foi possível após a divulgação do PNAD 2011, nesta sexta, 21, pelo IBGE. Como em 2010 não houve a pesquisa, não era possível saber a evolução do número de domicílios com TV no Brasil, o que impedia o levantamento preciso da penetração da TV paga.
Se for tomado por base o total de assinantes de TV paga em julho (14,802 milhões de domicílios), sobre o total de domicílios com TV de dezembro do ano passado, a penetração seria de quase 25%.
Ano-base | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2011 |
Domicílios com TV (1) | 50.800.000 | 53.218.000 | 54.753.000 | 56.043.000 | 59.381.000 |
Assinantes de TV | 4.539.677 | 5.334.083 | 6.250.387 | 7.465.861 | 12.681.110 |
Penetração | 9% | 10% | 11% | 13% | 21% |
Silvia Faria é a nova diretora da Central Globo de Jornalismo
Egressa da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde se formou em 1979, a jornalista Silvia Faria é a nova diretora da Central Globo de Jornalismo. Ela substitui Ali Kamel, que foi promovido a diretor geral de Jornalismo e Esporte da TV Globo, conforme anúncio feito essa semana.
Antes da Globo, na trajetória profissional de Sílvia, destacam-se o trabalho como jornalista de economia na Folha de São Paulo, e chefe da assessoria de imprensa do Banco Central. Na Globo está há onze anos, período em que foi chefe de redação, diretora de jornalismo de Brasília e, mais recentemente, diretora executiva de jornalismo da CGJ.
Erick Bretas é o novo diretor executivo de jornalismo da TV Globo, assumindo o lugar de Silvia. Já Miguel Athayde assumirá a direção regional de Jornalismo da Editoria Rio.
Antes da Globo, na trajetória profissional de Sílvia, destacam-se o trabalho como jornalista de economia na Folha de São Paulo, e chefe da assessoria de imprensa do Banco Central. Na Globo está há onze anos, período em que foi chefe de redação, diretora de jornalismo de Brasília e, mais recentemente, diretora executiva de jornalismo da CGJ.
Erick Bretas é o novo diretor executivo de jornalismo da TV Globo, assumindo o lugar de Silvia. Já Miguel Athayde assumirá a direção regional de Jornalismo da Editoria Rio.
Opinião: Propaganda nos governos tucanos
Por José Dirceu, publicado originalmente no Blog do Noblat em 21.09.2012
Está se tornando uma marca comum aos governos tucanos os altíssimos gastos realizados com publicidade, ao que parece, investimentos tidos como prioridade para os Estados e prefeituras que administram, em detrimento de recursos destinados a áreas problemáticas como Saúde, Educação e Segurança, mobilidade urbana.
Segundo divulgação recente do jornal Folha de S. Paulo, entre 2007 e 2011, o governo do Estado de São Paulo gastou R$ 608,9 milhões com publicidade. Para efeito de comparação, esse montante corresponde a 30% do que gastou o Governo Federal no mesmo período e seis vezes o investimento da Secretaria da Cultura em 2011!
E não é apenas o exagero do valor das verbas destinadas à publicidade o que chama a atenção. O jornal revelou também que a principal agência que atende o governo do Estado desde 2007, a Lua Propaganda, tem como sócio o publicitário Rodrigo Gonzalez, filho de Luiz Gonzalez, marqueteiro responsável pelas campanhas eleitorais de Geraldo Alckmin e José Serra, inclusive pela atual campanha de Serra à Prefeitura de São Paulo.
A Lua Propaganda responde ainda pela publicidade da Dersa (empresa rodoviária controlada pelo governo do Estado) e do Nota Fiscal Paulista, programa vitrine dos tucanos em São Paulo.
Em 2009, sob o governo estadual de Serra, os gastos com publicidade somaram R$ 173 milhões em anúncios, quase o triplo do empregado em 2007, início de sua gestão.
Porém, o auge do esbanjamento foi em 2010, ano em que Serra realizou sua campanha derrotada à Presidência da República: R$ 17,6 milhões por mês. Em 2011, primeiro ano do atual mandato de Alckmin, o gasto anual caiu 55% em relação a 2010, mas ainda 17% maior do que em 2007.
Mas o descalabro das verbas gastas com publicidade pelos governos do PSDB não se restringe a São Paulo. Em junho deste ano, o governo de Minas Gerais, de Antonio Anastasia, gastou R$ 4,5 milhões de recursos da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) com a campanha Minério com mais Justiça, destinada a defender a revisão dos royalties de minério.
A campanha durou dois meses, com peças publicitárias veiculadas em diversos meios de comunicação, inclusive inserções em redes de TV aberta e a cabo.
Causa estranhamento a alocação de tal quantia em uma única ação publicitária, quando, todos sabem, o governador mineiro vive reclamando da falta de recursos e da suposta falta de investimentos federais no Estado.
Já a atual gestão tucana do governador do Paraná, Beto Richa, reservou R$ 143,5 milhões para gastos em comunicação e publicidade somente para este ano. O valor destinado à área de Comunicação Social, R$ 52,1 milhões, multiplicou quase cinco vezes em relação ao que foi gasto pela pasta em 2011, R$ 11,6 milhões.
No Diário Oficial do Estado, Richa justificou os gastos afirmando que o governo pretendia "resgatar a confiança da população no governo do Paraná e aumentar a autoestima dos paranaenses em relação ao seu Estado".
Será que para atingir esse objetivo não seria muito mais produtivo investir em Educação, Cultura, Saúde e resolver objetivamente os problemas que afetam não só a confiança, mas também a dignidade da população?
Da publicidade governista em São Paulo, não surpreende, mas também não deixa de ser relevante o fato de que apenas uma emissora a Globo tenha recebido R$ 210 milhões, ou 49,5% de total aplicado em TV entre 2007 e 2011, e o correspondente a 34,5% da verba total, mesmo com sua audiência em declínio: caiu de 41% em 2007 para 38% em 2011.
A distribuição da veiculação feita em mídia impressa também não causa surpresas: Estadão, Folha e Veja foram os maiores agraciados com a publicidade tucana no período.
Vale lembrar que, em julho deste ano, o PSDB apresentou uma representação à Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) pedindo a investigação de patrocínios de empresas públicas a sítios e blogues cujos conteúdos considera ofensivos à oposição.
Em um evidente atentado à liberdade de expressão, o partido tentou intimidar empresas estatais e governos que anunciam em veículos sem ligações com os mesmos oligopólios midiáticos que tanto têm se beneficiado dos recursos publicitários de suas administrações.
Não é preciso muito esforço para entender o que os governos tucanos, especialmente em São Paulo, pretendem maquiar com tanta propaganda: a má administração em seus governos, incapazes de apresentar políticas e projetos para atender as reais necessidades da população.
Assim, nessa lógica perversa, levam ao pé da letra a máxima de que "a propaganda é a alma do negócio", investindo alto para mostrar aquilo que deveriam ter feito e não fizeram.
As opiniões aqui expresssas são de responsabilidade de seu autor
Argentina: Clarín tem até 7/12 para se adequar a lei anti-monopólio da mídia
Do blog Café com Política e da revista Brasil 247
O Grupo Clarín, que edita o jornal do mesmo nome e é o maior monopólio de rádio, televisão e internet da Argentina, talvez mais abrangente que a Rede Globo, no Brasil, tem até o dia sete de dezembro para desfazer-se de 216 de seus 240 concessões de TV a cabo, uma de suas quatro TVs abertas e algumas de suas dez estações de rádio.
Se o grupo não tomar a iniciativa a presidente da argentina Cristina Kirchner já fixou a data para cassar a concessão para explorar televisão por assinatura do grupo Clarín, o mais importante conglomerado de mídia do país vizinho. Será em 7 de dezembro.
A decisão é decorrente da aprovação, em 2009, de uma Lei de Meios Audiovisuais pelo Congresso argentino, a chamada Ley de Medios, que impede monopólios na área de comunicação. Cristina Kirchner fixou o 7 de dezembro como a data para o início da vigência da lei.
A lei limita a no máximo 24 o número de concessões de TV a cabo a cada empresa (o Clarín tem 240, além de dez emissoras de rádio e quatro canais de TV aberta). Para celebrar o fim do monopólio, a Casa Rosada trata o 7 de dezembro como o 7D, “D de diversidade, D de democracia”.
Segundo o site de O Globo, o governo poderá valer-se de ” uma intervenção estatal à força”, se o Clarín não cumprir o disposto no artigo 161 da Lei de Medios, a Lei da Mídia, que dividiu em três as concessões do circuito rádio-elétrico argentino: um terço para as empresas privadas; um terço para as entidades dos governos federal, provinciais e municipais; e um terço para os setores da sociedade: universidades, sindicatos, movimentos sociais etc.
Veja o vídeo abaixo
(Do site O Globo) -”Durante a transmissão do campeonato nacional de futebol, a TV estatal exibiu um vídeo acusando o grupo Clarín de violar os três poderes do Estado. E o governo confirmou, ainda, a decisão de garantir o cumprimento da Lei de Meios Audiovisuais, aprovada em 2009 pelo Congresso, a partir de 7 de dezembro. Ou seja: trata-se de um ultimato para que a empresa — crítica da presidente Cristina Kirchner — venda ou devolva suas licenças de transmissão.
A data é a prevista pela Corte Suprema de Justiça para a entrada em vigor do artigo 161 dessa polêmica lei, que prevê o chamado “processo de desinvestimento” da mídia. A legislação obriga os representantes do setor a se adequarem a regras que limitarão, por exemplo, a no máximo 24 o número de concessões de TV a cabo a cada empresa (o Clarín tem 240, além de dez emissoras de rádio e quatro canais de TV aberta).
O vídeo da Casa Rosada dura quase cinco minutos e está dedicado integralmente à queda de braço do governo com o grupo. “Agendem em seu calendário o dia 7 D, D de diversidade, de democracia. Nesse dia, depois de três anos de sua aprovação no Congresso, entra finalmente em vigor um dos artigos mais importantes da Lei de Meios Audiovisuais, que garante mais pluralidade de vozes”, diz a propaganda.
‘Sem expropriar ou estatizar’
O vídeo foi a primeira ação do novo diretor da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA), órgão que regula os meios de comunicação do país, o deputado Martin Sabatella — cuja nomeação ao cargo foi contestada por parlamentares da oposição. Segundo analistas, ele foi designado pela presidente para liderar uma etapa crucial da guerra com o Clarín.
Na propaganda, a Casa Rosada assegura que o governo “não vai expropriar ou estatizar meios de comunicação, mas vai garantir o cumprimento de uma lei que democratiza a informação”. Não fica claro, porém, o que acontecerá em dezembro. Nas últimas semanas, circularam rumores até sobre uma intervenção estatal à força.
A legislação é motivo de ampla polêmica na Argentina. Imediatamente após a aprovação de lei, a discussão em torno do artigo 161 foi parar nos tribunais. Para o grupo Clarín, a norma viola os direitos adquiridos por suas empresas, que controlam licenças de rádio e TV concedidas pelo Estado com prazos de vencimento que superam os previstos na lei kirchnerista. Com esse argumento, o grupo recorreu à Justiça sob a alegação de inconstitucionalidade e obteve uma liminar que suspendia a implementação até dezembro de 2013. Em maio passado, porém, sob pressão do Executivo, a Corte Suprema antecipou o prazo para dezembro deste ano.
— No dia 7 de dezembro não deveria acontecer nada, porque o processo não está resolvido; nossa demanda continua sem obter uma resposta da Justiça — explicou Martin Etchevers, gerente de relações institucionais do grupo.
Segundo ele, mesmo se o artigo 161 entrasse em vigor no dia 7 de dezembro, a lei só começaria a valer no prazo de um ano, conforme o estabelecido pelo texto da legislação, para que as empresas se adequem às novas regras:
— Teríamos mais um ano para obter uma sentença favorável.
A posição do grupo é clara: a Corte Suprema tomou uma decisão sobre a liminar, mas não encerrou a discussão sobre a constitucionalidade do artigo 161 que, segundo fontes do Clarín, é violado por outros grupos de mídia — inclusive aliados do kirchnerismo”.