Temos um jornal gratuito editado pela Prefeitura de Caracas, contando com a iniciativa do prefeito Jorge Rodrigues (PSUV) para que as comunidades caraquenhas tenham um porta-voz, um meio impresso, através do qual informar-se e também manifestar suas demandas, reclamações e expectativas, e sobretudo, compartilhar as experiências das organizações comunitárias, de transformação revolucionária que têm ocorrido paulatinamente, com muitos problemas, dificuldades, com ritmos dissimilares, mas que são, da mesma forma que o jornal, expressões de que na Venezuela estão ocorrendo mudanças revolucionárias.
Essa é também uma maneira de saltar, ou driblar o cerco midiático que as empresas de comunicação que editam jornais, que difundem seu sinal através da rádio e da televisão exercem em relação ao governo venezuelano e também às distintas gestões de prefeitos e governadores em cada um dos estados.
No caso de Caracas, em particular, inclusive alguns Diários que parecem identificados com a revolução, por exemplo,” Últimas Notícias”, que tem um diretor que é afinado com o presidente Chávez, porém, mantém no âmbito de Caracas uma oposição sistemática e de hostilidade à gestão do prefeito Jorge Rodrigues. Portanto, este jornal, “Ciudad Caracas” (CCS) permite um oxigênio jornalístico no sentido de que a prefeitura tem um lugar onde pode comunicar à população os avanços da sua gestão, suas diversas iniciativas, e suas posições públicas.
Porém, não é um jornal institucional, mas um jornal de informação geral. Se você ler suas páginas verá que há informações internacionais, desportivas, culturais, seções dedicadas às mais diversas áreas de interesse dos jovens, receitas de cozinha, temas sobre a luta pelo meio ambiente, uma infinidade de conteúdos que não permitem dizer que é um jornal institucional. E possui mecanismos que fazem parte da espinha dorsal de um grande jornal de participação das pessoas na confecção do próprio diário.
Há pessoas que desde as distintas comunidades escrevem como se fossem jornalistas, e contam, relatam ao resto da cidade, os fatos que estão ocorrendo na comunidade. Falam sobre o andamento dos conselhos comunais, das reuniões técnicas sobre o abastecimento da água, dos Comitês de terras urbanas, dos Comitês de saúde, que estão no quotidiano da Venezuela, porém não são visibilizados pela imprensa tradicional capitalista.
Há o maior interesse em que suas experiências sejam divulgadas neste jornal e nós preferimos divulgar essas notas que sejam feitas pelas pessoas simples, onde apareçam o nome do autor e a proveniência. Também o cidadão, como indivíduo tem a oportunidade de fazer denúncias no jornal; há pedidos e reclamações à burocracia, como aos fautores do poder capitalista privado. Refiro-me aos ministérios, aos gabinetes e institutos da própria prefeitura.
Aqui no jornal publicamos queixas, denúncias e reclamações do povo contra organismos da própria prefeitura de Caracas. Tratamos sim de dar uma resposta oficial, de modo que o responsável de uma determinada situação irregular se comprometa publicamente com a solução de um problema determinado. Publicamos, ao mesmo tempo, reclamações sobre o que fazem ou deixam de fazer as empresas privadas como as de telecomunicações, os Bancos, que na imprensa capitalista normalmente são intocáveis. Estamos abertos a esse conteúdo.
Nós lutamos pelo socialismo e pela libertação, pela independência e pela igualdade. Quanto a isso somos claros perante os nossos leitores. Nós estamos com a revolução, apesar de que dentro da mesma existe um amplo campo para exercer o jornalismo. Não quer dizer que um jornalismo militante deixe de olhar os problemas quotidianos das pessoas, ao contrário, o jornalismo revolucionário deve ter um paradigma novo, muito próximo às angústias quotidianas das pessoas. Os problemas que existem na nossa sociedade, inclusive sob governos revolucionários que pretendem transformar a sociedade. Creio que não contribui um militante que se faça de cego ou mudo diante dos problemas quotidianos do povo.
O jornal é gratuito e se editam 120.000 exemplares diários. Estão todos os dias na rua, de 2ª. à 6ª. feira. De sábado a domingo baixamos a tiragem a 60.000. Isso porque o jornal é destinado fundamentalmente às pessoas que estão indo ao trabalho, às universidades, aos colégios, caminhando pela cidade. São distribuídos fundamentalmente nas estações de metrô de Caracas; nas portas de metrô bem cedo na manhã, se encontram nossos difusores distribuindo o jornal.
Temos mais de 100 difusores com seus respectivos supervisores que controlam que o jornal esteja efetivamente sendo distribuído. Nós temos também 1.400 pontos de distribuição em instituições públicas, nas universidades, nas companhias de aviação, enfim, em infinidades de lugares onde as pessoas podem recolher um exemplar do jornal, e estamos muito felizes de ter uma grande aceitação entre os venezuelanos que na sua maioria não liam antes jornal. Abrimos a possibilidade de que pessoas que não eram leitoras de jornal, possam começar a sê-lo.
A prefeitura dá os recursos. O prefeito esclarece que não se trata de um gasto, mas de um investimento para contribuir a que os caraquenhos e caraquenhas exerçam seus direitos a estar informados e informar. Este é um investimento, não é um gasto. Também temos espaços para que organismos do estado paguem com propaganda institucional. Isso ajuda a mitigar os altos custos que significa imprimir um jornal. Temos raramente publicidades privadas. Estamos por discutir isso. Não estaríamos de acordo, por exemplo, em publicidades sobre licores, nem jogos de azar. Dependendo do caso, se abre à publicidade privada, mas raramente.
Nós começamos a distribuir este jornal fora da área do município. Portato, nos expandimos em direção ao que chamamos a Grande Caracas, que vai além do município Libertador, a Los Teques, às chamadas cidades dormitório, Guarena Guatire, cidades mirandinas; enfim, o jornal se está expandindo em direção à periferia.
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