Decréscimo da autoestima e insatisfação corporal surgem da pressão por padrões de beleza. Quanto maior o engajamento na rede social também maior é a influência negativa
Da Ascom do Uniceub
O Instagram é uma rede social que vai além da informação
dinâmica. A vitrine social mostra pessoas, lugares e situações como sinônimo de
pertencimento social, sucesso e felicidade plena. Por vezes, distorce a imagem
da realidade e acaba frustrando homens e mulheres, sobretudo o público
feminino. Com base nos efeitos psicológicos causados pela rede, a estudante de
Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Stephanie Popoff, realizou
uma pesquisa com 118 mulheres de 18 a 54 anos e usuárias assíduas do Instagram,
para identificar a relação entre o uso da rede como comportamento de risco
associado aos transtornos psicológicos e alimentares em jovens adultas.
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Os resultados são impactantes: das 118 mulheres
entrevistadas, 83,9% relataram ter tido diagnóstico de transtornos
psiquiátricos, sendo os transtornos de ansiedade os mais prevalentes na amostra
51,5%, seguidos por transtornos de humor 24,2%. Outras 14,1% participantes
afirmaram ter diagnóstico de transtornos alimentares. “A utilização excessiva
de alguns conteúdos recomendados pelo algoritmo do Instagram pode influenciar
para o surgimento de transtornos alimentares, considerando que a insatisfação
corporal é um fator de risco para a manifestação de transtornos alimentares”,
explica Stephanie.
Orientador do projeto e professor de Psicologia do CEUB,
Daniel Barbieri destaca que pelo fato da rede social estar integrada à vida das
pessoas, provoca diferentes graus de engajamento, de modo que as pessoas
consideram uma parte significativa da vida e se importam com as reações. “As
pessoas que postam muitas informações são diretamente afetadas pelas reações
estabelecidas – o que se relaciona à autoestima das mulheres com maior
engajamento nas redes sociais”, considera. “Mulheres que são mais engajadas no
Instagram podem passar o dia inteiro sofrendo publicações de outros
engajamentos”, alerta Daniel.
A partir da interpretação dos dados, as informações pessoais
- fotos, momentos históricos – são aquelas mais sujeitas a gerar os julgamentos
estéticos e alimentares. “De fato, as redes sociais são interessantes em vários
contextos, por possibilitar a comunicação entre as pessoas, mas tem uma faceta
perigosa, que é potencialmente danosa à saúde mental”, considera Daniel. De
forma complementar, a estudante de Psicologia do CEUB arremata: “O mais crítico
é porque a rede opera como propagadora de determinados ideais de beleza que,
muitas vezes, são insustentáveis ou até mesmo inexistentes”.
Maior engajamento e
menor autoestima
A pesquisa da aluna do CEUB se propôs a investigar de que
maneira o uso do Instagram está relacionado à autoestima e a satisfação
corporal de mulheres adultas, tendo em vista que a plataforma utiliza
estritamente a imagem corporal como ferramenta de interação entre os usuários.
Também buscou correlacionar o uso exacerbado do Instagram como comportamento de
risco associado aos transtornos alimentares em jovens adulta.
Para essa apuração, a pesquisadora entrevistou 118 mulheres
adultas, de 18 a 54 anos e usuárias assíduas do Instagram por meio de três
questionários distintos. Entre pontuações que significam “discordo totalmente e
concordo totalmente” as mulheres responderam sobre os conteúdos preferidos e se
sentem pressionadas por determinados tipos de padrão.
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