terça-feira, 27 de outubro de 2020

Livro: Serra Pelada em três tempos na objetiva de André Dusek

Em tempos em que a Amazônia está nas manchetes dos jornais e nas polêmicas diplomáticas internacionais, é sempre bom dar uma olhada no passado para se pensar o futuro. Falar que a Amazônia é uma imensidão virou lugar comum, mas sem deixar de perder a sua veracidade, mas um retrato da transformação ocorrida nos últimos 40 anos em um dos trechos da Região - talvez o mais famoso  - pode se concretizar a partir do OURO BRUTO Serra Pelada em três tempos. A obra tem como fio condutor o relato, por meio de imagem e texto, do repórter-fotográfico, André Dusek, que visitou, em três momentos, o maior garimpo a céu aberto do mundo durante os seus 40 anos de existência.

Os moradores de Brasília poderão desfrutar esse mergulho histórico visual a partir do dia 14. É quando acontece o lançamento na Banca da Conceição (Ceiça), na SQS 308.

As imagens

Foi o acaso que levou o novato fotógrafo do jornal Correio Braziliense, a passar dois dias dentro de Serra Pelada.  Para registrar o que nunca havia visto, o repórter contava com apenas 100 fotogramas, distribuídos em cinco filmes preto e branco. Ali estavam mais de 25 mil garimpeiros que, no início dos anos 80, vinham dos quatro cantos do país tentar a sorte de encontrar fortuna e fama em uma verdadeira corrida do ouro.


A repercussão das imagens publicadas pelo Correio Braziliense foi grande. Naquele momento, ainda em plena ditadura militar, o Brasil não conhecia Serra Pelada e menos ainda o que se passava naquele lugar. O material impactante foi replicado por veículos de imprensa nacional e internacional, como a revista francesa Photo Reporter.

Em 1996, desta vez pela revista Isto E, André voltou à Serra Pelada.  A ideia era cobrir o retorno frustrado (o garimpo havia sido fechado em 1992) de milhares de garimpeiros atraídos pelo boato da


descoberta de uma nova jazida de 150 toneladas de ouro. Na chegada, os garimpeiros viram que a historia era outra: o ouro descoberto pela empresa Vale do Rio Doce, que tinha o direito de lavra na região, estava a 430 metros de profundidade e o ouro seria extraído por maquinas, sem contar com a força de trabalho daqueles homens. Além da revolta, o que se viu foi um enorme lago onde nos anos 80 havia uma cratera de onde se penduravam centenas de escadas, que transportam milhares de homens, e que um dia foi uma montanha. Dessa vez o registro foi a miséria, a desesperança e a

revolta daquela gente.

Em 2019, Dusek retornou ao local levando debaixo do braço suas fotos de 1980. O repórter mostra como a vida no garimpo vai se reinventando a partir de historias fundadoras, materializadas que ele “devolve” aos sucessores dos personagens iniciais. Neste momento, os personagens fotografados na primeira incursão ao garimpo, tornam-se protagonistas e não apenas objetos das fotos.


Dados sobre o autor

André Dusek nasceu no Rio de Janeiro em 1956 e mudou-se para Brasília em 1975, onde fez sua vida profissional por mais de 40 anos. Formou-se em Jornalismo na Universidade de Brasília, UnB, em 1979 quando já fotografava para as revistas Manchete e Fatos&Fotos. Trabalhou no jornal Correio Braziliense, no começo dos anos 1980. Presidiu a União dos Fotógrafos de Brasília e tornou-se membro da agência AGIL Fotojornalismo, quando cobriu toda a Assembleia Nacional Constituinte de 1987/88. Entrou na década de 90 trabalhando no jornal O Estado de São Paulo e depois transferiu-se para a revista IstoÉ, onde foi repórter fotográfico até 2006. Neste ano voltou a integrar a equipe de fotógrafos do Estadão em Brasília, onde trabalhou até 2018.

Atualmente Dusek reside em Florianópolis-SC, onde se dedica a projetos pessoais.

Serviço:

Livro: OURO BRUTO Serra Pelada em três tempos - Fotos e textos André Dusek

Capa dura 21cm x 21cm, 136 páginas, composto de 81 fotografias (51 PB + 30 COR)

Texto bilíngue português/inglês - Produção independente

Lançamento em Brasília: Dia 14/11, às 16h. Banca da Conceição (Ceiça), na SQS 308.

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