sexta-feira, 9 de março de 2018

O dia em que o JB voltou a circular

Por Romário Schettino 

Mal acabou o carnaval da Tuiuti, surge no Rio de Janeiro o “muso” do verão de 40 graus/2018: A volta do Jotabê. Hoje, domingo, 25 de fevereiro, os cariocas tiveram a felicidade de se reencontrar com o seu jornal mais querido: o velho/novo Jornal do Brasil impresso.

Quem que já nasceu com o smartphone nas mãos pode achar estranho tanta festa por um jornal impresso. E comemoração foi o que se viu neste domingo nas ruas do Rio. Diante dos montinhos de jornais colocados no asfalto liberado a pedestres, por toda a Orla de Ipanema, muita gente se surpreendia: "O Jornal do Brasil voltou!" E levava seu exemplar para folhear na praia, como nos velhos tempos.

E o “muso” veio cheio de novidades, prometendo a tão esperada diversidade de opiniões, as versões dos fatos como eles são, tudo escrito por um time de jornalistas da pesada: Hildegard Angel, Jan Theophilo, Otávio Costa, Romildocomemoração  Guerrante, Gilberto Menezes Côrtes, Marcelo Auler. Muitos já de cabeça branca, mas com o espírito em pleno século XXI. Hildegard diz que se sente uma Benjamin Button. 

Ziraldo, o caratinguense à esquerda, fala em defesa de espaços para a juventude. O JB pode ser de novo a porta de entrada inteligente para a invenção jornalística, tão perdida na grande imprensa de nossos dias.

Os artigos de estreia, todos de saudação à volta do jornal, são assinados por gente de esquerda e de direita, além de detentores de cargos públicos. Tem Lula, Benedita da Silva, Lindbergh Farias, Sarney, Rodrigo Maia, Crivela, Temer, Marco Aurélio e muitos outros. O artigo de Lula diz que a "democracia precisa de muitas vozes" e torce para que o JB volte a ser referência de jornalismo que um dia foi "e que a democracia brasileira tanto necessita". A edição é uma retrospectiva histórica relevante para o momento, e foi redigida por personagens contemporâneos dessa trajetória.

A coluna da Tereza Cruvinel como sempre, certeira. Profissional qualificada, é dela a frase de estreia que destaco: “O Brasil da polarização raivosa precisa reaprender o convívio na divergência e libertar-se das bolhas de pensamento único”.

Acho que não será apenas mais um jornal na banca pra gente escolher. O conteúdo deve ser a diferença. O editorial de primeira página afirma: “Estamos de volta sem qualquer vínculo ou comprometimento com setores da economia, o que dará ao leitor a certeza de que praticamos um jornalismo profissional e isento”. Esse é o grande desafio, pois na economia neoliberal a independência tem um preço elevado. Mesmo assim, numa espécie de carta ao povo brasileiro, o JB, na palavra de seu presidente Omar Resende Peres, promete: "Defenderemos a livre economia".

Todos nós vivemos e aprendemos com o JB. A novidade editorial se esgotou nas bancas antes do meio-dia. Nas calçadas de Ipanema a surpresa empolgou quem não sabia do lançamento. Muita gente queria saber: “Como faço para fazer uma assinatura?”

Embora, seja um jornal de âmbito nacional, o JB é essencialmente carioca. O ritual de comprar jornal no jornaleiro faz parte da rotina de qualquer um até pela facilidade urbanística do Rio, que tem uma banca em cada esquina.


Já o brasiliense, informado pelas redes sociais, ficou esperando o jornal chegar. Disseram que o Jornal do Brasil será impresso na gráfica do Jornal de Brasília e estará nas bancas a partir desta segunda-feira (26/2). Que seja bem-vindo lá também!

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