Mal acabou o carnaval da Tuiuti, surge no Rio de Janeiro o
“muso” do verão de 40 graus/2018: A volta do Jotabê. Hoje, domingo, 25 de
fevereiro, os cariocas tiveram a felicidade de se reencontrar com o seu jornal
mais querido: o velho/novo Jornal do Brasil impresso.
Quem que já nasceu com o smartphone nas mãos pode achar
estranho tanta festa por um jornal impresso. E comemoração foi o que se viu
neste domingo nas ruas do Rio. Diante dos montinhos de jornais colocados no
asfalto liberado a pedestres, por toda a Orla de Ipanema, muita gente se
surpreendia: "O Jornal do Brasil voltou!" E levava seu exemplar para
folhear na praia, como nos velhos tempos.
E o “muso” veio cheio de novidades, prometendo a tão
esperada diversidade de opiniões, as versões dos fatos como eles são, tudo
escrito por um time de jornalistas da pesada: Hildegard Angel, Jan Theophilo,
Otávio Costa, Romildocomemoração
Guerrante, Gilberto Menezes Côrtes, Marcelo Auler. Muitos já de cabeça
branca, mas com o espírito em pleno século XXI. Hildegard diz que se sente uma
Benjamin Button.
Ziraldo, o caratinguense à esquerda, fala em defesa de
espaços para a juventude. O JB pode ser de novo a porta de entrada inteligente
para a invenção jornalística, tão perdida na grande imprensa de nossos dias.
Os artigos de estreia, todos de saudação à volta do jornal,
são assinados por gente de esquerda e de direita, além de detentores de cargos
públicos. Tem Lula, Benedita da Silva, Lindbergh Farias, Sarney, Rodrigo Maia,
Crivela, Temer, Marco Aurélio e muitos outros. O artigo de Lula diz que a
"democracia precisa de muitas vozes" e torce para que o JB volte a
ser referência de jornalismo que um dia foi "e que a democracia brasileira
tanto necessita". A edição é uma retrospectiva histórica relevante para o
momento, e foi redigida por personagens contemporâneos dessa trajetória.
A coluna da Tereza Cruvinel como sempre, certeira.
Profissional qualificada, é dela a frase de estreia que destaco: “O Brasil da
polarização raivosa precisa reaprender o convívio na divergência e libertar-se
das bolhas de pensamento único”.
Acho que não será apenas mais um jornal na banca pra gente
escolher. O conteúdo deve ser a diferença. O editorial de primeira página afirma:
“Estamos de volta sem qualquer vínculo ou comprometimento com setores da
economia, o que dará ao leitor a certeza de que praticamos um jornalismo
profissional e isento”. Esse é o grande desafio, pois na economia neoliberal a
independência tem um preço elevado. Mesmo assim, numa espécie de carta ao povo
brasileiro, o JB, na palavra de seu presidente Omar Resende Peres, promete:
"Defenderemos a livre economia".
Todos nós vivemos e aprendemos com o JB. A novidade
editorial se esgotou nas bancas antes do meio-dia. Nas calçadas de Ipanema a
surpresa empolgou quem não sabia do lançamento. Muita gente queria saber: “Como
faço para fazer uma assinatura?”
Embora, seja um jornal de âmbito nacional, o JB é
essencialmente carioca. O ritual de comprar jornal no jornaleiro faz parte da
rotina de qualquer um até pela facilidade urbanística do Rio, que tem uma banca
em cada esquina.
Já o brasiliense, informado pelas redes sociais, ficou
esperando o jornal chegar. Disseram que o Jornal do Brasil será impresso na
gráfica do Jornal de Brasília e estará nas bancas a partir desta segunda-feira
(26/2). Que seja bem-vindo lá também!
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